Narrador POV
Todos sentados em volta da fogueira, zumbis ao redor, uma noite estrelada e tranquila. Um ótimo momento para todos recordarem de suas vidas, porque elas nunca mais serão como antes.
[Vinni]
~Flash Back On~
Estava sendo levado para a minha cela.
Fui condenado depois de ser pego invadindo o sistema do governo e acessando dados secretos.
Fazer o que, eu era hacker.
Encontrei meu companheiro de cela deitado na cama, ele não parecia ter feito algo grave para estar ali, no máximo um roubo.
–Eae, cara. –Tentei puxar assunto mas ele me ignorou. –Ah, entendi. Você não é muito de falar não é mesmo? Eu sou o Vinni, e você?
Silêncio de novo. Ja tava ate pensando na ideia de ele estar morto.
–Fez o que para chegar aqui? –Deitei na minha cama enquanto falava praticamente sozinho. –Ai eu fiz uma puta merda.
Soltei uma risada meio forçada.
–Deixei que o governo me pegasse... Eu não devia ter deixado rastros.
–A gente não precisa conversar. –Ele disse.
–Olha ele fala. –Silêncio.
–Lucas. –Ele disse por fim. –Meu nome é Lucas.
Ficamos quietos o resto da semana ja que ele não era muito bom de papo.
~Flash Back Off~
Olhei para Lucas que estava sentado ao lado de Jeny.
[Lucas]
~Flash Back On~
O alarme começou a tocar bem alto.
–AI QUE MERDA! –Um dos prisioneiros que estava na cela ao lado gritou.
Olhei pra Vinni que estava sentado na cama, era a nossa chance. Tinhamos nos conhecido a alguns meses quando ele chegou e achou que era uma boa ideia puxar assunto comigo o que, no fim, resultou num plano de fuga perfeito.
Ele pegou a chave que tinhamos roubado quando um dos guardas deu mole e abriu a cela, criando uma gritaria dos detendos que estavam ali perto. Ignoramos todos os pedidos de ajuda e corremos para a porta, que tinha apenas um guarda então acabamos com ele facilmente e ainda conseguimos uma arma, bônus.
Atirei em alguns guardas que apareceram para abrir caminho e Vinni desbloqueou todas as portas ate chegarmos do lado de fora. Depois de tantos dias naquele lugar não achei que veria a luz do sol tão cedo. Pegamos um carro que estava parado na estrada, o motorista parecia ter sofrido um acidente mas não estava ali, então simplesmente entramos.
Livres. Estavamos livres.
Liguei o rádio para descontrdia. mas so passavam notícias de pessoas morrendo e matando umas as outras, o que não era novidade. Chegamos a um engarrafamento que não saia do lugar
–Será que tem como o dia ficar pior? –Perguntou Vinni.
~Flash Back Off~
Olhei para Vinni que ja me encarava, provavelmente estava pensando na mesma coisa que eu. Mas nunca contariamos, esse segredo morreria com a gente.
[Bella]
~Flash Back On~
–Vem Bella, você não consegue me pegar. –Escutei meu irmão gritar.
Eu era muito mais nova do que hoje, uma criança, nem sonhava com esse dia.
–Ja estou indo, Gui! –Gritei em resposta.
Guilherme era apenas 2 anos mais novo que eu, mas ainda sim eu queria protege-lo de todos os perigos do mundo.
Começei a correr atrás dele, que fez o mesmo, rindo sem parar. Era um momento maravilhoso e sem preocupações, nada podia estragar, ate que Gui caiu sem forças e a partir daquele dia nós nunca mais corremos pelo quintal.
~Flash Back Off~
Olho todos a minha volta. Eu lhes devia uma explicação e, na verdade, devia mais do que isso.
–É minha culpa.
Todos os olhares se voltaram para mim novamente, mas dessa vez todos ficaram em silêncio.
–O ELA é uma doença degenerativa do sistema nervoso, que gera paralisia motora. Começa com tombos e com o tempo você perde a força e acaba no estado vegetativo até a pessoa morrer. Meu irmão tinha essa doença, ele perdeu as forças e tem dificuldade para se mexer. Ela tem cura, ou melhor, uma ajuda. Transplante de medula óssea. Meu irmão está em uma clínica... –Paro ao lembrar que o mundo está acabando e que talvez ele nem esteja mais la.
Quase caio mas Nando me segura e eu me recomponho.
–Ele está em um clínica para conseguir esse transplante, mas nem sei mais o que existe e o que se acabou.
Todos me olham tentando processar a ideia.
–Você acha que consegue fazer uma cura? –Nando me olha.
–Não sei, mas talvez se eu for ao laboratório e analisar o que aconteceu... Posso pelo menos achar a causa disso.
–Vocês estão malucos? Aquele lugar ta cheio de zumbis. –Vinni protesta.
–Mas agora temos armas. –Lucas fala.
–E sabemos como lidar com eles. –Jeny completa.
–Pode dar certo, entramos por onde saímos. Vai dar direto no laboratório. –Nando diz.
–Peraí, então vamos voltar para onde viemos? Estou repensando quem é mais perigoso: os zumbis ou vocês! –Paty reclamou.
Um silêncio reinou. Ela estava certa.–Eu topo. –Duda levantou a mão.
Logo em seguida todos fizeram a mesma coisa, ate Paty, mas ela deixou bem claro que não gostava nada da ideia.
Narrador POV
Eles dormiram como se nada a sua volta estivesse acontecendo, como se o mundo não estivesse acabando, mas realmente não estava.
Era um novo começo, um novo mundo, uma nova era.
A era Z.
[Lucas]
Passamos a noite naquele acampamento e Jeny quis ficar de guarda na maior parte do tempo, até dormir e eu levar um cobertor pra ela, que acordou quando o sol começou a nascer.
–Acho que eu dormi demais.
Eu sorri.
–Não tem problema, eu fiquei no seu lugar.
Ela me olhou com desconfiança mas não contrariou. Apontei o sol para que ela o admirasse também.
–É lindo. –Ela sorriu. Era a primeira vez que eu via ela sorrir.
–Como você.
Ela me olhou e ficou vermelha, num silêncio constrangedor.
–Não! Quer dizer... Sim, você é linda, é que... –Comecei a me enrolar e ela riu.
–Obrigada. –Jeny me olhou.
–Lucas! Pode me ajudar aqui? –Ouvi Nando gritar.
Não tinha momento melhor para isso.
–Vai la, ele precisa de você. –Ela levantou e pegou a arma para voltar a vigiar.
[Nando]
Fiz um mapa improvisado, mostrando a todos como era dentro do laboratório para que ninguém se perdesse. Chegando la, nos deparamos com uma surpresa que dificultaria nossos planos: o lugar estava cercado com policiais.
–Eles podem ajudar a gente, vamos falar com eles. –Paty disse.
–Claro que não, a Bella é procurada. –Duda contrariou.
–Mas não podemos passar com eles ali, vão nos ver! –Paty reclamou.
–Claro que podemos. Temos um hacker, uma oficial do exército, um atirador e uma arqueira, o que pode dar errado? –Jeny sorriu, num misto de sarcasmo e verdade.
Decidimos continuar com o plano, entrar pelos fundos e evitar sermos vistos, a prioridade era a Bella chegar ao laboratório. Entramos sem dificuldade, Jeny ia na frente para evitar qualquer possível conflito e Lucas logo atrás.
Chegamos a sala de pesquisas, mas como imaginavamos, estava trancada.
–Eu espero que você possa abrir. –Olhei para Vinni que confirmou com a cabeça.
Várias tentativas deram errado.
–O que houve? –Falei.
–Esse sistema é mais complexo, alguém deve ter reforçado, preciso de mais tempo. –Ele pegou um celular e conectou ao aparelho.
Ouvimos um barulho vindo das salas, isso não podia ser bom, Jeny fez sinal com a cabeça para que Lucas e eu ficassemos de guarda e seguiu pelo corredor.
–Vinni, não quero te apressar, mas o quanto antes entrarmos, antes sairemos. –Lucas alertou.
Jeny não voltava e a situação estava ficando tensa.
[Jeny]
Fui andando na direção do som. Estava escuro ja que so algumas luzes de emergência estavam ligadas e havia marcas de sangue em todas as paredes, mostrando que eles ja devem ter passado por aqui. Andei devagar tentando fazer o mínimo de barulho possível e ouvi um bipe contínuo que me chamou a atenção, fui seguindo ate entrar numa sala vazia com apenas uma bomba de gás dentro.
Era uma armadilha.
Respirei fundo e prendi a respiração quando ela explodiu liberando uma fumaça branca que me faria dormir se inalada. Deitei no chão para me esconder e vi dois policiais entrando com máscaras de gás. Merda.
Sabia que se eu atirasse em um, o outro viria pra cima de mim, mas eu ficaria sem ar em pouco tempo e a melhor opção era essa. Peguei minha arma e mirei no da frente, acertando na cabeça no primeiro disparo, fazendo o outro policial se virar para mim.
Levantei num pulo, chutei a arma dele e, enquanto ele corria para pegar a arma, eu corri na direção oposta para colocar a máscara quando senti ele puxar meu pe, me fazendo cair. Me debati tentando me soltar e chutei a mão dele, que me soltou por uns segundos, dando brecha para eu me esticar e puxar a máscara.
Sem ar, sem ar, sem ar.
Perdi o fôlego mais rápido do que o normal (talvez porque não conseguia manter a calma) e acabei inalando a fumaça, fazendo eu me sentir tonta. Assim que botei a máscara senti um chute sobre minhas costelas e fiquei sem ar novamente, mas eu não podia parar agora.
Puxei uma faca da minha bota e enfiei na perna dele que cambaleou para trás me dando vantagem de levantar e pegar a arma mas não consegui localiza-la porque estava tonta ainda, então peguei um pedaço de vidro quebrado no chão.
Quando ele avançou eu tentei desviar mas tomei vários socos e errei vários outros ja quase desmaiando, no meu limite.
[Bella]
–Consegui. –Vinni fez uma cara de satisfação com seu próprio sucesso.
–Muito bom. –Sorri pra ele e entrei.
A sala parecia intocada desde a última vez que estive aqui a não ser pela zumbi presa numa cama, parecia que se passaram séculos.
Peguei um pouco do remédio que eu havia feito e começei a analisar, todos entraram e fecharam a porta, ja que a sala parecia mais segura então vários olhares se voltaram para mim, me deixando nervosa.
–Ataca o cérebro e os músculos, cérebro e músculos... –Falei sozinha tentando ignorar todos a minha volta. –Cérebros... Toxinas...
Olhei para a zumbi tentando ignorar o fato de que era Luiza e que alguém ja devia ter estudado ela, que tentava se soltar a todo custo.
Se alguem ja tentou, deve ter algo aqui.
Li várias anotações que não eram minhas mas nenhuma delas estava perto de ser importante, ate que achei um raio X mostrando a parte do cérebro que a "cura" ligava, possivelmente gerando zumbis.
–Estimulam os neurônios do cérebro com tanta intensidade que... Que... –Pensa, Bella, pensa. –Estes começam a morrer.
–Excitotoxinas: alimento que mata o cérebro. –Nando completou meu pensamento do outro lado da sala.
Mas é claro!
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