História They Don't Know About Us - Capítulo Quatorze: Tempo Para Pensar

DONNA

O mês tinha passado e eu nem tinha percebido.

Depois que Jason foi embora, passei a focar apenas em ser uma Titã e ficar deprimida nas horas vagas. No inicio eu não conseguia me concentrar em mais nada, principalmente nas missões com a equipe, mas ao passar do tempo peguei toda a minha raiva e usei isso contra a todos os meus inimigos e até que estava sendo bom. O ruim era quando eu ficava sozinha, não tinha em quem descontar tudo o que sentia e por isso eu só chorava.

Dick tinha se aproximado mais de mim e desde que soube do fim do meu relacionamento com Jason e ele não tinha tentado nada comigo o que era muito bom. Não quero mais saber de garotos, eles são um problema em minha vida.

Desde aquela noite não consigo parar de pensar o quanto eu fui idiota por ter caído nos encantos de Jason. Eu sabia que ele era problema, mas decidi ignorar isso e agora estou arcando com as consequências.

Termino de tomar o meu banho e coloco o meu pijama velho e me deito na cama. Pego o meu celular para ver se tem alguma mensagem para mim ou algo do trabalho, mas tudo está vazio. O fundo de tela do meu celular me deixa triste e eu não sei por que ainda não mudei... Acho que sou masoquista.

Apago a luz do abajur e fecho os olhos.

Espero que o sono venha rápido dessa vez e que eu não sonhe com ele.

*

JASON

Sinto saudades dela desde aquela noite em que tudo acabou.

Penso em ligar para ela agora, mas sei que não devo.

Isso tudo é para o bem dela.

Pego a foto de Donna que eu coloquei em um porta retrato em cima da mesa de cabeceira e coloco ao meu lado na cama. Eu nunca fui uma pessoa sentimental, mas as coisas mudaram de uns tempos para cá. E tudo por causa dela e de como ela fazia eu sentir que poderia ser um homem melhor ao lado dela.

Fecho os olhos e logo sua imagem vem em minha mente e isso me dá um aperto no coração. E por isso eu decido pegar o meu celular e ligar para ela.

Disco o seu número e quando estava indo apertar para ligar, alguém entra em meu quarto.

– Eu não posso ter mais privacidade aqui? – pergunto irritado.

Bruce acende a luz do quarto e fecha a porta atrás de si.

Pego o porta retrato de Donna e escondo embaixo do travesseiro.

– Não precisa esconder essa foto – Bruce fala.

Ignoro o que ele diz e olho sério para o homem que me tirara das ruas e que tinha desistido de mim no passado.

– Não quero brigar Bruce – digo.

Desde que eu voltei a morar com Bruce, nós sempre nos desentendíamos e brigávamos feio. Alfred já estava de saco cheio da gente e sempre resmungava quando se aproximava... Acho que o velho vai nos matar quando tiver a oportunidade.

A convivência com Bruce tinha se tornado insuportável e eu fazia de tudo para evita-lo.

– Também não quero brigar Jason – ele diz e fica parado em pé em frente a minha cama.

Eu poderia falar para ele se sentar, mas não queria prolongar a sua vinda ao meu quarto.

– O que você quer? – pergunto.

– Quero saber como você está – ele diz.

Reviro os olhos.

– E você se importa? – pergunto debochadamente.

Bruce me olha sério e se senta na ponta da minha cama.

Ótimo, ele vai demorar.

– Eu me importo com você – ele fala.

– Não parece.

– Jason, até quando iremos ficar desse jeito?

– Não sei.

– Você acha que eu gosto quando a gente briga? Que eu gosto de tudo isso que aconteceu com a gente? – ele pergunta um pouco alto.

Depois que descobrimos que Talia estava vindo atrás de mim, Bruce tinha ficado mais irritado e estressado pelo o que ela e Ras Al Ghul tinham feito comigo... E eu não sabia o que sentir sobre isso.

Se eles dois não tivessem me ressuscitado, eu não estaria aqui hoje. Não estaria aqui com ele ou com Donna.

Às vezes parecia que Bruce gostaria que eu estivesse morto.

De alguma forma ( no passado ) eu me sentia grato a Talia e Ras por eu estar vivo agora, mas tudo passou quando eu voltei a ser o que eu era novamente – com algumas melhoras – e que agora eles me queriam morto.

 Eu iria mata-los antes que pudessem colocar as mãos em mim.

– Bruce, não quero falar sobre isso – digo para ele.

– Mas eu quero – ele diz firme.

Reviro os olhos e seguro a minha raiva.

– Quando você morreu uma parte de mim também se foi. Eu fiquei destruído, fiquei sem rumo durante um bom tempo... Se não fosse o Alfred, Dick e Diana... Passei dias e noites buscando pistas que me levassem ao Coringa. Eu queria mata-lo, mas toda vez que eu tinha essa chance eu desistia. Se eu cruzasse essa linha, eu nunca mais voltaria a ser o que era e matar seria contra tudo o que eu prego. Para mim foi um choque descobrir que você estava vivo, não estava esperando por isso. E ver você se tornando um criminoso... A questão é que eu te considero um filho e dou graças a Deus por você estar vivo, mas odeio o fato de que eu não pude salvá-lo.

Bruce termina de falar e olha para o chão.

Eu não estava esperando por essa.

– Bruce...

Ele olha para mim e vejo que seus olhos estão cheio de lágrimas.

– Eu te amo Jason e você sabe que eu não falaria isso para qualquer um – ele diz para mim e eu sinto um nó garganta.

Não posso chorar. Não posso chorar.

– Obrigado por dizer isso – digo e Bruce faz algo inesperado.

Ele me abraça.

Retribuo o seu abraço e me permito chorar junto com ele.

A verdade era que eu também o amava, só não tinha coragem de falar isso para ele...

– Eu também te amo Bruce.

*

DONNA

Mais dias iam se passando e eu não conseguia esquecê-lo.

Diana tinha vindo me visitar, mas não estava no clima para conversar.

Ela me observa preocupada e fala que eu devo me afastar um pouco de tudo e viajar.

Viajar seria uma boa... Focar na minha profissão de fotógrafa e me distrair enquanto fazia o que amava.

Mas não sei se eu teria coragem.

– Eu viajaria para onde? – pergunto.

– Qualquer lugar, contanto que se afaste um pouco de tudo – ela fala.

– Vou pensar – digo.

– Eu acho uma boa ideia para você – Diana fala e se senta ao meu lado no sofá.

Hoje o dia estava calmo na Torre Titã e meus amigos tinham resolvido sair, mas eu não quis ir.

Wally tentava me animar todos os dias e isso fazia com que eu o amasse mais, porém nada no mundo me animaria agora. Nem mesmo o maior pote de sorvete de creme iria fazer com que eu me sentisse melhor.

Estava gostando de ficar na fossa quando eu ficava sozinha.

Ouvimos alguns passos no corredor e era Dick.

– Boa tarde meninas – ele fala para nós duas.

– Boa tarde – Diana e eu respondemos juntas.

– Eu tenho uma surpresa para você Donna – Dick fala sorrindo e eu fico curiosa na hora.

Diana sorri para ele e acho que ela sabe o que ele está tramando.

– Que surpresa? – pergunto.

– Primeiro eu quero que você me prometa que não vai recusar – ele fala.

– Dick...

– Prometa logo – ele fala sério.

– Tá bom – digo.

– Desculpe, não entendi – ele fala enquanto se aproxima da gente com as mãos nas costas.

– Eu prometo que não vou recusar seja o que for – digo.

– Sendo assim... – ele fala e me entrega um envelope.

Abro o envelope e dentro dele tem duas passagens de avião para a Itália.

Fico sem reação.

– Está tendo uma exposição fotográfica da sua fotógrafa favorita e achei que iria gostar de estar lá para ver – ele fala.

– Que presente legal Dick – Diana fala.

– Eu... – tento falar, mas não consigo.

– A exposição é semana que vem, não pode perder – Dick fala.

– E você não pode recusar – Diana fala.

– Algo me diz que vocês são cúmplices – digo olhando para os dois que sorriem.

– Não sabemos do que você está falando... – Dick fala rindo.

Sorrio para os dois.

– Muito obrigada pelo o presente, mas não sei se devo ir – falo.

– Você vai e ponto final – Diana fala séria.

– Diana...

– Donna Hinckley Stacey Troy você vai nessa viagem e vai se distrair – Diana fala alto.

– Donna, é uma oportunidade ótima para você – Dick fala.

Eu sabia que eles tinham razão e por isso decido ouvi-los.

– Eu irei – digo.

Olho para as passagens de ida e volta e as guardo no envelope.

Dick e Diana sorriem para mim e eu abraço cada um.

– Obrigada – digo.

Essa seria uma bela forma de me distrair e focar em outras coisas.

*

De noite decido que é melhor sair do que ficar em meu quarto e por isso chamo Wally e Dick para irmos comer uma pizza.

Espero os dois do lado de fora da Torre, mas só Dick aparece.

– Cadê o Wally? – pergunto.

– Ele teve que resolver algumas coisas do casamento e pediu para gente irmos na frente – Dick fala.

Fico um pouco nervosa com isso.

Eu já tinha saído várias vezes com Dick sozinha, mas dessa vez seria diferente porquê eu sabia o que ele sentir por mim. Tomara que ele não tente nada e que Wally não se atrase.

– Vamos logo então – digo e o acompanho até o seu carro.

– Dessa vez eu escolho a pizza – Dick fala e eu rio.

– Nem pensar – respondo e ele liga o carro.

Seguimos o caminho até a pizzaria conversando sobre tudo o que era possível e pela primeira vez nessas semanas, eu sinto vontade de voltar a ser o que eu era antes.