História They Don't Know About Us - She's Over Me

"É engraçado como os jogos viram

Quando é ele que é deixado em casa

Você vai encontrar seu verdadeiro homem"

 

— Little Mix

 

Point of View: Vanessa Louise Bittencourt 

 

Londres, Inglaterra

| Dezembro de 2015 |

 

— Vanessa?

 

Estava sozinha no Starbucks, bebendo meu frappuccino com um croissant que eu me permitir comer quando escuto uma voz conhecida.

Não pode ser.

 

— Gustavo?

 

Sorrio e já levanto cumprimentando-o. Ele é filho de uma das melhores amigas da minha mãe, ela é brasileira e sempre quando íamos lá, fazíamos uma visita pra ela e por conta da pouca diferença de idade eu e Gustavo sempre brincávamos juntos.

Quem diria que nossos sonhos daquela época se tornariam realidade e ele realmente se tornou um jogador de futebol profissional e eu uma modelo profissional.

 

— Não tinha certeza que você estava aqui, mas é bom saber disso.

 

— Nem toda modelo mora em Nova Iorque. Mas e você? O que faz aqui?

 

— Bom, eu vou morar aqui.

 

— Morar aqui? Mas você não estava no atlético mineiro?

 

— Sim, e agora estou no chelsea.

 

— O quê? Sério? Não brinca!

 

— Sério, eu também não estou acreditando. Aconteceu tudo rápido demais.

 

— Verdade, mas você já está aqui há muito tempo?

 

— Não, eu tive que esperar o brasileirão terminar. Cheguei faz uns cinco dias e estou organizando a mudança.

 

— Entendi, se você precisar de ajuda ou algo, estamos ai!

 

— Obrigada! Mas você não está trabalhando?

 

— Estou em de recesso, hoje vou fotografar uma campanha e depois só no final de janeiro!

 

— Sorte a sua, eu já tenho jogo nos primeiros dias do ano.

 

— A Premier League não para, tenso isso.

 

— Verdade, enquanto eu estiver aqui não tenho mais férias de fim de ano.

 

— Sim, mas você está jogando no Chelsea! Compensa.

 

— Claro! Espera, você torce pro Chelsea?

 

— Sim.

 

— Nossa então você podia ir na minha estreia, você vai estar aqui?

 

— Vou! Tipo estou indo pro Brasil essa semana pra passar o natal lá, mas no ano novo eu volto, o Louis vai dar uma festa e eu vou. Qualquer coisa você também passa lá.

 

— O Louis? Do One Direction?

 

— É ué.

 

— É difícil de imaginar que você é realmente amiga deles.

 

— Verdade, mas eu nem paro pra pensar nisso, eles são apenas uns garotos retardados normais.

 

— Entendi! Vou ver ainda, você viaja quando? 

 

— Na sexta.

 

— Ok, quem sabe a gente ainda se vê essa semana.

 

— Claro, meu número continua o mesmo, qualquer coisa só me ligar ou mandar mensagem, sei lá.

 

— Ok. Nossa é estranho falar em português com você tão normalmente.

 

— Até porque era maravilhoso eu falando inglês e você não entendendo nada, mas a gente brincando mesmo assim. Aqui, eu tenho que ir senão vou me atrasar. Foi bom te ver.

 

— Você também, até mais.

 

— Até.

 

Nos despedimos e eu segui meu caminho. Seria bom ter uma cara conhecida por aqui, a Chloe aproveita qualquer recesso pra viajar com o Niall e eu fico sozinha. Então seria legal ter mais alguém, já que eu realmente não sou uma pessoa de muitos amigos.

 

[...]

 

— Antes que você fale alguma coisa, você disse que qualquer coisa eu poderia ligar.

 

— Tudo bem, o que deseja querido?

 

— Você tem algum compromisso hoje?

 

— Não...Porque?

 

— A gente podia sair, tipo shopping, cinema, restaurante, sei lá.

 

— Sei...

 

— Sério, eu não vou treinar amanhã e você tinha dito que estava de férias então...

 

— Tudo bem, mas o que você sugere?

 

— O que você preferir, posso passar ai pra te buscar?

 

— Calma! - exclamo percebendo meu estado, eu estava jogada no sofá com Chloe enquanto assistíamos Orphan Black — Eu tenho que me arrumar, daqui uma hora, pode ser? Te mando o endereço por mensagem.

 

— Claro. Te vejo ai.

 

— Ok, beijo.

 

— Quem era?

 

— Um amigo.

 

— Amigo? Sei.

 

— É sério! Aqui eu vou sair.

 

— Tá bom meu amor, parece que os papéis se inverteram hoje?

 

— Pois é, mas é a vida.

 

— Tá, deixa eu me arrumar logo.

 

Falo levantando e já seguindo para o meu quarto, tomo um banho e coloco um vestido preto larguinho, lindo e confortável. Faço uma maquiagem leve e logo escuto o interfone que provavelmente era Gustavo.

Pego o que eu precisaria e coloco dentro de uma bolsa, calço meus sapatos, me despeço de Chloe, seguindo até a portaria.

 

— Uau.

 

Quando ele fala isso eu coro involuntariamente.

 

— Obrigada, eu acho.

 

— Você está linda, sério.

 

— Você também! Vamos?

 

Ele afirma e abre a porta do carro pra mim, logo entrando no lugar do motorista.

 

— E aí? Onde sugere?

 

— Você já tem carteira aqui, né?

 

— Claro que sim, foi a primeira coisa que eu fiz. Apesar de que ainda acho muito estranho tudo do lado contrário.

 

— Entendi, bom você não conhece nada aqui? Eu estou sem ideia.

 

— Fui a um restaurante de comida mexicana maravilhoso semana passada, um dos jogadores que me indicou e realmente é muito bom.

 

— Por mim está ótimo.

 

Ele concorda e segue o caminho, não conversamos muito e vamos até o local apenas ouvindo música. Assim que chegamos ele estaciona e depois de pedir uma mesa, a garçonete nos leva até lá e já fazemos nossos pedidos.

 

— E ai? Como está tudo no Chelsea?

 

— Maravilhoso, sabe é outra realidade. E os brasileiros estão me ajudando muito, o Oscar, Wiliam, Diego e tal.

 

— Nossa você bem que podia me apresentar a eles, né?!

 

— Interesseira! Mas quando você quiser...

 

— Nossa você é lindo!

 

— Eu sei, muito obrigada.

 

Rolo os olhos e seguimos jogando conversa fora até a comida chegar, o que não demora muito e realmente estava tudo uma delícia.

Assim que terminamos, ele paga a conta, sem deixar eu contribuir o que eu odeio, mas ok. E logo seguimos para seu carro.

 

— Sabe eu odeio isso.

 

— E eu quero ser cavalheiro, um cara legal, sabe? Que tal balada agora?

 

— Você está muito animado. Mas pode ser.

 

— Ok, vamos.

 

Entramos no carro e ele dá a partida indo pra nem sei onde.

 

— Eu estava pensando, imaginando a gente há anos atrás e agora.

 

— Eu no Chelsea e você Angel da Victoria Secrets. Nossos sonhos foram alcançados!

 

— Verdade, é estranho imaginar isso.

 

— Mais estranho do que eu sempre ler notícias sobre você em site de fofocas, e ás vezes ter fotos até de você caminhando por Los Angeles não, com certeza.

 

— Nem fala, não tem nada nesse mundo que eu odeie mais do que paparazzi, sério. São todos uns bostas que não sabem respeitar privacidade. Devia ser proibido essa "profissão".

 

— Quanto ódio garota!

 

— Você que passe um dia pelo que eu já passei que logo logo você me entende.

 

— Realmente deve ser tenso.

 

— Muito.

 

Chegamos ao local e seguimos até a parte de dentro, não estava muito cheia e resolvemos ir até o bar primeiro.

 

— Vamos dançar agora?

 

— O que? Claro que não. Eu não sei dançar.

 

— Sabe sim!

 

Ele me puxa e começa a dançar comigo, no começo eu fico meio reticente, mas logo me solto e trato de aproveitar a noite.

 

[...]

 

— Eu amei a noite, obrigada.

 

Falo assim que ele estaciona em frente ao meu prédio.

 

— Podemos repetir assim que desejar.

 

— Eu iria adorar.

 

Falo com sinceridade, porque eu realmente não me divertia assim há muito tempo.

 

— Quem sabe quando você voltar do Brasil?

 

— Sim, vamos manter contato.

 

Afirmo e ele sorri, avança para me abraçar e eu faço o mesmo, mas o pequeno espaço do carro faz com que nossos lábios se toquem por míseros segundos e eu juro que senti cada pelo do meu corpo se arrepiar. Eu sorri tímida e ele coloca sua mão em meu rosto forçando-me a olhá-lo. Sustentamos nossos olhares e por segundos eu esqueço de qualquer coisa que podia estar acontecendo em minha volta e me foco apenas no homem a minha frente.

Ele parece esperar apenas um consentimento e eu tombar a cabeça pra frente olhando diretamente pra sua boca parece ser o que ele precisava.

Segundos depois sinto seus lábios sobre os meus e sua língua pedindo passagem, que logo é cedida travando um batalha com a minha.

O beijo vai se intensificando e tudo que está acontecendo eu já não sentia a muito tempo. E como eu senti falta disso.

Nos separamos assim que a falta de ar se faz presentes e ficamos assim, parados no silêncio por longos minutos.

 

— Bom, quando eu voltar podemos sair novamente.

 

— Claro, aguardarei ansiosamente.

 

Quando ele fala isso um sorriso involuntário aparece em minha boca e ele sela nossos lábios novamente antes que eu saia do carro.

Nossa eu havia até me esquecido o quanto isso tudo era bom. Deve ter mais de um ano que eu não fico com alguém porque eu gosto da pessoa, mas sim em festas ou algo do tipo que não significa nada. 

Com ele pode ser diferente, espero.

 

[...]

 

Sabe, não que eu não goste da minha família, mas sempre quando venho ao Brasil passo muito mais tempo com meus amigos do que com qualquer outra pessoa. Vir pra cá quase todo ano fez com que eu cultivasse algumas amizades que eu levarei pro resto da minha vida, porque não perdemos o contato mesmo eu estando a um oceano de distância. 

A cidade natal de meus pais não tem quase nada, então saímos apenas para ir no shopping e cinema, como sempre, e ás vezes saímos a noite para algum show ou balada que for boa.

Porém minhas duas semanas no Brasil passaram voando e eu logo estava voltando pra Londres. Sendo recebida por Chloe no aeroporto.

 

— Achei que você ia pra Irlanda.

 

— Claro que não, meus pais me obrigaram a ir pra casa, porque natal tem que se passar em família. - Ela fala rolando os olhos e eu rio. — Mas tudo bem, ele veio pra cá hoje, mas foi no jogo do Chelsea.

 

— E você não foi?

 

Falo realmente horrorizada, como alguém perde a oportunidade de ir em um jogo do melhor time do mundo?

 

— Eu não gosto de futebol e você sabe disso. E mesmo assim, se for pra escolher um eu torço é pro Manchester United.

 

— Menos mal, pelo menos não é o City.

 

— Claro.

 

O resto do caminho é feito em silêncio, o Heathrow é um pouco longe da cidade em si, então levamos quase uma hora pra chegar em casa.

Assim que chegamos eu deixo minhas coisas no quarto e vou direto pra cozinha onde Chloe já estava preparando uma macarronada.

 

— Você não vai me falar mais nada desse Gustavo?

 

— Como assim?

 

— Não sei, não fui eu que cheguei em casa suspirando como se eu tivesse no auge da juventude e descoberto meu primeiro amor.

 

— Cala a boca sua vaca. A gente tá conversando, só isso.

 

— Sei. Me engana que eu gosto.

 

— Já que você gosta...

 

— Vai se fuder. - Rolo os olhos e logo ouço o toque do meu celular. — É ele, não é?

 

— É, mas é só mensagem.

 

"Você vai cumprir com sua promessa?"

 

"Qual?"

 

"Temos que sair de novo"

 

"Claro, mas vem cá, você vai passar o ano novo onde?"

 

"Ainda nem tinha pensado nisso"

 

"É daqui a dois dias"

 

"Eu sei..."

 

"Vai pra festa do Louis mesmo então, eu tenho direito a levar um acompanhante"

 

"Então eu aceito ser seu acompanhante pela noite, senhorita"

 

"Você é um idiota"

 

"Sei disso"

 

"Aqui, no dia lá pras nove eu passo na sua casa e te pego, ok?"

 

"Ok, até lá"

 

"Até"

 

— O que foi?

 

— Ele vai na festa do Louis.

 

— Vocês vão passar o ano novo juntos e se beijarem a meia noite pra...

 

— Cala a boca.

 

[...]

 

Point Of View: Liam James Payne

 

— Estou bonito?

 

— Não, você tá horrível.

 

— Cala a boca Niall.

 

— Você perguntou e eu respondi, simples.

 

— Que seja, vamos logo senão elas depois falam que a gente que atrasa.

 

— Você, porque eu já estou pronto a muito tempo esperando a princesa se arrumar.

 

— Porque me esperou então?

 

— Porque eu preciso de carona que ai eu posso beber sem me preocupar, vamos logo.

 

Eu concordo e pego a chave do meu carro, seguindo até a garagem. Rapidamente chegamos ao apartamento das meninas, e como o Niall já havia ligado pra Chloe ela já estava esperando na rua, apenas ela.

 

— Eu vou te matar Liam! Tem noção de quanto tempo eu estou esperando?

 

Ela reclama e eu ignoro rolando os olhos, vendo o Niall ir se sentar atrás com ela e eu parecendo motorista dos pombinhos.

 

— Manero, cadê a Vanessa?

 

— Já foi! Há muito tempo! Vai logo.

 

Estranho mas sigo até o local da festa chegando e já procurando algum lugar pra estacionar.

Entramos e já estava bem lotado, conhecia algumas pessoas mas surpreendentemente, a maioria eu nunca tinha visto. 

Vou atrás do casal maravilha que logo acha Louis e senta onde ele estava com sua mais nova namorada e, eu acho, uma amiga dela. Ele nos cumprimenta e todos sentamos na mesa.

 

— Chloe, você não disse que a Vanessa já tinha chegado?

 

— E já chegou - Louis responde e eu o encaro — Ela ta ali.

 

Ele aponta e vejo ela rindo e dançando com um cara que eu nunca tinha visto em toda a minha vida.

O que mais dói é quando segundos depois eu vejo a cena que cortou meu coração, eles seguem no ritmo da música, ele gira ela e eles se beijam.

 

É, parece que ela me superou.

É, parece que realmente não existe nada entre nós, de nenhum dos lados.