História They Don't Know About Us - I can't lose her

"Me desculpe se eu digo, "Eu preciso de você"

Mas eu não ligo, eu não tenho medo do amor

Porque quando não estou com você, sou mais fraco

Isso é tão errado?

É tão errado? Que você me faz forte"

— One Direction

Point Of View: Liam James Payne

Londres, Inglaterra
| Julho de 2016 |

Desligo a ligação e já sinto as lágrimas molharem todo o meu rosto.

Isso não pode estar acontecendo.

Isso não pode ser real.

Mando apenas uma mensagem pra Chloe porque eu realmente não estava em condições de falar com ninguém nesse momento, ela mesmo sendo sensível também sabe ser forte e com certeza vou precisar dela.

Espero sua resposta e ela apenas fala que vai falar com o Gustavo e vai direto pro hospital, não respondo e corro pro meu quarto trocando de roupa.

— Que porra aconteceu Liam?

— A Vanessa...ela...acidente...hospital...eu

— Ei calma, você precisa descansar, vem vamos deitar.

— Tira suas mãos de mim Cheryl. Eu não quero descansar, e eu só vou descansar quando eu tiver certeza que ela está bem! Agora me deixa!

Tento ao máximo não ser um babaca, mas por favor ela também tem que respeitar.

— O que você disse?

— Você ouviu, agora sai do meu caminho.

— Não Liam, você não vai me trocar por aquela vagabunda que só quer te usar!

— Vagabunda? VAGABUNDA QUE SÓ QUER ME USAR? VOCÊ ESTÁ SE OUVINDO? A Vanessa é minha melhor amiga desde que eu me conheço por gente, eu amo ela como uma irmã e você não vai me impedir de ir lá e ter certeza de que ela vai ficar bem. E escuta Cheryl eu só volto quando eu tiver certeza disso.

— Para de ser trouxa Liam. Não é assim que a banda toca.

— Pois pra mim é exatamente assim. Agora dá licença porque eu preciso ver ela.

— Precisa? Olha o que você está falando! Você está comigo sabia? Vai ter um filho comigo!

— E eu sei disso e mesmo assim ela é muito importante pra mim, uma irmã entende? E se você não entender isso então é porque você não é a pessoa certa pra mim.

Ela bufa e finalmente sai da minha frente.

— Eu só estou fazendo isso pelo nosso filho, porque eu não quero que ele cresça sem pai. Até lá talvez você entenda quem realmente precisa ser colocado em primeiro lugar.

Paro antes de atravessar e porta e realmente me arrependo.

Ela definitivamente precisa aprender como as coisas são entre mim e Vanessa, e nada nem ninguém nunca irá nos separar.

[...]

— Como ela está?

— Pra alguém que me deu a notícia você demorou muito pra chegar.

— Adivinha porquê.

— Cheryl?

— Sim, mas e ai?

— Nada, o Gustavo foi atrás do médico porque ele não aguentava mais ficar aqui sem notícias. Parece que ela mandou alguma mensagem pra ele, não sei, mas que deixou ele louco.

— Porque?

— Não sei, ele não me disse.

— Estranho.

— Eu sei. O que ele disse?

Ela pergunta virando e vejo o tal namoradinho de Vanessa perto da porta.

— Nada de mais, eles estão fazendo exames, ela vai precisar de fazer várias cirurgias. Ela estava sem cinto, ai o corpo dela foi arremessado pra fora, é um milagre que ela tenha sobrevivido. E mais outras coisas, mas eu não sei falar em língua de médico.

Ele fala isso e é pior do que se eu tivesse levado um tiro.

— Só isso? Não falou se ela está bem? Se corre risco de vida? Nada?

— Não.

— Mas eles tem que...

— Liam se acalma! Não vai adiantar nada ficar nervoso ou brigar agora, não vai fazer ela melhorar. Vamos agir como pessoas civilizadas e esperar por notícias!

[...]

— Familiares de Vanessa Bittencourt?

Nós três levantamos na mesma hora esperando o médico continuar.

— Somos nós, ou quase isso. Continue.

— Bom o caso dela é grave...

— Ela vai sobreviver?

Não consigo me controlar, eu preciso saber.

— Bom, ela ainda corre risco, mas ela já sobreviveu a duas cirurgias bem complicadas. Ela está na UTI e ficará em observação por tempo indeterminado, está sedada por conta das anestesias que fizeram mal pra ela. Por enquanto não podemos afirmar nada, vamos esperar ela acordar e o resultado dos exames sair para podemos  ter certeza de tudo e avisar para vocês. Isso não ocorrerá hoje portanto podem ir para casa, vocês não podem ficar lá com ela.

— Mas nem ver?

Agora quem pergunta é Chloe e eu passo o braço pelo seu ombro tentando ser forte, coisa que eu não estou sendo.

— Posso permitir, apenas um por vez. Dez minutos. Quem será o primeiro?

Todos ficam calados, mas Chloe se manifesta e manda eu ir. Tento questionar mas ela me empurra e eu sigo o médico.

— Ela está ali. Dez minutos e o próximo pode vir.

Concordo e entro na sala, quando vejo seu estado não consigo conter as lágrimas que encorrem pelo meu rosto.

Ela estou cheia de hematomas por todo o corpo, vários cortes e alguns que deviam ser tão grandes e fundos que precisaram de pontos.

Chego mais perto e começo a soluçar quando vejo a quantidade de aparelhos que estavam ali para mantê-la viva.

E é isso que ela vai ficar, por um bom tempo.

— Hey, você provavelmente não está me ouvindo agora, mas eu queria apenas te lembrar que você é uma guerreira, sabia? Sempre jogava na minha cara que nunca tinha quebrado nenhum osso na vida, se ralava toda quando brincávamos na rua, mas nunca chorava por bobeiras, igual você fala. Lembra que você adora jogar na minha cara que eu sou um cagão que tem medo até de colher enquanto você não tem medo de absolutamente nada? Nada mesmo! Nunca vou esquecer do dia que levaram uma jibóia pra escola, todos morrendo de medo e você a única doida pra pegar a maldita cobra. Lembra quando fomos no zoológico em Londres? Que você deu comida pros leões? E na nossa viagem pra África? Que você entrou naquele caminhão que parecia uma jaula pra poder ir na habitat dos tigres, conhecê-los, mas sem mal-tratálos? Você amou a ideia e eu fiquei morrendo de medo e não fui? Lembra quando, bom, aquilo aconteceu com você e no final eu estava mais apavorado? Olha, eu estou te falando isso pra te lembrar o quanto você é corajosa, uma guerreira que nunca deixou nada nem ninguém te derrubar. Então por favor, mostre que você é essa pessoa que no fundo eu sempre quis ser e tire mais essa de letra. Eu tenho certeza que você vai conseguir, e quando você melhorar eu estarei esperando ansiosamente pra ganhar de você no fifa. Eu te amo.

— Moço?

Ouço uma voz atrás de mim e percebo que era apenas a enfermeira avisando que havia acabado meus dez minutos e eu precisava ir. Afirmei e dei um beijo na testa de Vanessa, logo saindo da sala.

[...]

— Acho melhor vocês irem pra casa agora, ela está sedada então com certeza até amanhã nós não saberemos de nada. Deixem o contato de vocês na secretaria que qualquer novidade, entraremos em contato!

A tal enfermeira avisa depois de trazer Chloe e logo se retira da sala de espera.

— Eu não vou deixar minha amiga aqui sozinha! Entre ficar no nosso apartamento e aqui, acho que prefiro aqui.

— Não, vão pra casa, eu que sou o namorado dela então eu fico.

— De jeito nenhum, eu fui o último a chegar e vou ficar. Nós podemos revezar depois, mas hoje eu fico! E Chloe é só você ir pra casa do Niall, ele já deve ter chegado em Londres, não? Amanhã vocês voltam.

Eles ficam meio reticentes, mas acabam concordando. E logo vão embora, eu vou até a lanchonete e como um sanduíche, voltando pra sala e caindo no sono sentado mesmo.

[...]

— Liam? Liam, acorda!

— Tia Denise?

— Nossa olha como você dormiu! Vai ficar com torcicolo por meses!

— Sem problemas, mas o que a senhora está fazendo aqui?

Pergunto realmente estranhando, pois a última notícia que eu tive da mãe da minha melhor amiga é que ela estava morando em sua cidade natal, no Brasil.

— A Chloe me ligou ontem, quando aconteceu. Nós já estávamos vindo pra cá de qualquer maneira, adiantei um pouco e consegui pegar férias no mês inteiro de Julho, pra poder vir pra cá e curtir trinta dias com a minha filha. Eu estava no aeroporto, prestes a embarcar e ela me liga contando tudo, eu desesperei mas já estava vindo pra cánde qualquer maneira. Chegamos e pedimos pro taxista me deixar aqui enquanto o Max foi no apartamento delas deixar as coisa e depois vem pra cá com a Chloe.

— Entendi, mas a senhora precisa descansar! Já tomou café?

Eu busco pra nós.

Anuncio já me levantando e conferindo se eu estava com minha carteira ali.

— Liam, espera. Como ela está?

— Sedada e na UTI, os médicos ainda não podem afirmar nada. Volto rapidinho, qualquer coisa me liga?

Ela confirma e eu saio, vou até a lanchonete e compro dois cafés e alguns bolinhos que tinham lá e pareciam deliciosos. Assim que eu volto pra sala de espera Gustavo já havia chegado e minutos depois chega Chloe, Niall e Max.

— Antes que pergunte, o médico ainda não deu sinal de vida. Obrigada! - ela agradece assim que entrego seu café da manhã, já comendo o meu — E vocês três podem ir lá comer! Qualquer coisa nós chamamos. Gustavo você tomou café, meu filho?

— Já, é sério. Eu só queria notícias dela.

Minutos depois que ele fala isso um médico já chega na porta.

— Bom, tivemos resultados de alguns exames e ela quebrou duas costelas, teve torções em diversas partes do corpo, porém algumas cirurgias já foram feitas. Ela também fraturou o pé e as suspeitas de trumatismo craniano já foram deletadas. É realmente um milagre e todos estamos contando com a recuperação dela, mas o senhor disse que era o namorado dela, certo? - Gustavo confirma e ele continua — Bom, eu não tenho apenas boas notícias, sinto informar que o bebê de vocês não resistiu. Mas o efeito do sedativo já passou e ela vai acordar a qualquer momento para podermos avaliar melhor sua situação. Assim que ela acordar peço que uma enfermeira busque vocês para ir vê-la. Qualquer coisa, estou por ai.

Ele se despede e sai. Mas eu tento repassar todas as palavras dele em minha cabeça, porém apenas uma ficou martelando.
Bebê? Ela estava grávida?

— Gus, vocês sabiam disso?

Finalmente ergo a cabeça e vejo ele em um canto, todo encolhido e assim que seu rosto se faz presente vejo as lágrimas inundando-o e seu olhos já bem vermelhos.

— Eu não fazia ideia tia, eu juro. Acho que nem ela suspeitava disso.

Ok, talvez a parcela de culpa que eu não estava mais por ainda não ter contado a ela que serei pai, voltou com tudo. Eu descobri tem uns dez dias, mas não é o tipo de coisa que eu esconderia por muito tempo da provável única pessoa no mundo que sabe todos os meus segredos e eu sei todos os dela.

Vejo Denise ir abraçar Gustavo, também aos prantos e eu paraliso, se eu bem conheço Vanessa e se ela já souber disso ela vai estar muito abalada.

Max volta e estranha quando vê tudo diferente de quando ele saiu, a mãe conta pra ele que também parece muito abalado e senta ao seu lado, focado em algum ponto imaginário a sua frente.

— Bom, eu ficaria louca se tivesse dois netos ao mesmo tempo pra cuidar, um em cada lado do oceano!

— Mãe!

— O quê? Você só iria fazer surpresa pra sua irmã e ela não está aqui.

— Mas o Liam, sim.

— Desculpe.

— O que tem eu?

— Bom, eu e a Amanda, minha noiva, estamos esperando um filho e gostaríamos muito que vocês fossem padrinhos. Sabe eu ainda lembro dos dias que passávamos brincando e o quanto você me ajudou em minha adaptação na Inglaterra então nós concordamos nisso. E Gustavo? Nada pessoal, mas...

— Eu entendo, vocês não serão os primeiros!

— Como?

— Nós somos os padrinhos do Freddie, filho do Louis.

— Sério? Não sabia, mas espero que você aceite.

— Claro! Vou adorar mimar o muleque ou moleca e trazer ele ou ela pro lado do United.

— De jeito nenhum! Filho meu só entra em casa se torcer pro Liverpool.

— Max, nós dois sabemos que a Vanessa não vai descansar até levar ele pro lado dela. Sua irmã sabe ser bem persuasiva quando quer.

— Não vou aguentar um torcedor dos blues.

— Então não deixe a Vanessa ficar muito tempo com esse bebê.

O clima começa a ficar descontraído, conversamos sobre assuntos variados e logo Chloe e Niall voltam. Prefiro não imaginar onde eles estavam ou o que estavam fazendo pra demorar tanto.

Assim que contamos pra eles, ambos parecem chocados com a notícia, mas aliviados pelo fato de que se até os médicos estão otimistas com a sua recuperação, então ela pode ocorrer e até mais rápido do que imaginávamos.

— Se o médico não contar pra ela, quem vai contar?

Chloe pergunta, ela ainda parece assustada com toda essa situação.

— Eu, óbvio. Eu seria o pai e acho que bom, tem que ser eu.

Ela balança a cabeça afirmando e quando a enfermeira chega pra buscar um de nós, Gustavo vai, rapidamente sumindo de nossas vistas.

Point Of View: Vanessa Louise Bittencourt 

Acordo e antes de abrir os olhos sinto uma dor tão forte na cabeça que ela parece que vai explodir.

Na verdade, tudo no meu corpo dói e estranho a claridade assim que minhas pálpebras se movem.

Tento levar meu braço à cabeça, porém o direito tem uma agulha na veia e o esquerdo está engessado. Ai eu percebo que estou no hospital e as memórias do acidente rapidamente passam em minha mente.

— Senhorita? Está tudo bem?

— Minha cabeça está doendo muito.

— Para o acidente e tudo que aconteceu, estar reclamando apenas da cabeça é algo surpreendente! Algo mais te incomoda?

— Tudo está doendo, mas consigo aguentar. O que aconteceu comigo?

— Bom, a senhora se envolveu em um aciden...

— Não, disso eu lembro. Quero saber o que eu quebrei e tudo mais.

— Duas costelas, o pé direito e o antebraço esquerdo. A pancada na cabeça foi forte e por isso nem os analgésicos estão funcionando, mas milagrosamente não houve traumatismo craniano. Por conta de algumas outras torções, retiradas de cacos de vidro e reposição de tecidos a senhora passou por algumas cirurgias, mas tudo correu bem. Também teve que levar alguns pontos em cortes espalhados pelo corpo. Porém lamento informar, seu bebê não sobreviveu, mas isso você já desconfiava, certo? Vou chamar seus familiares.

A enfermeira finalmente sai depois de jogar todas aquelas informações em cima de mim. 

Mas parece que de tudo apenas uma coisa fica martelando em minha cabeça.

Bebê? Eu estava grávida?