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História (They Long To Be) Close To You - Comprometimento


Escrita por: cluelesskaru

Notas do Autor


Demorei mil anos, mas finalmente o fim da fic!
Peço perdão desde já~

Capítulo 4 - Comprometimento


Jungkook olha de um lado para o outro ansiosamente. A estação de metrô está lotada e ele se arrepende de não ter se planejado melhor e dito para Yoongi o encontrar um pouco mais tarde. O único problema é que ele queria ver o bibliotecário o quanto antes, o que agora parece meio infantil. Ele torce para que o mais velho não pense a mesma coisa. Jungkook pausa e se força a pensar; Yoongi não estaria no meio da confusão de pessoas, certo? Ele tentaria encontrar um lugar para se sentar ou algum canto mais quieto.

Jungkook checa os bancos e depois as paredes e os pilares. Na sua segunda checagem menos apressada, ele finalmente avista o homem e o observa com atenção enquanto se aproxima. Yoongi está escorado contra uma parede, o rosto voltado para o celular, a luz da tela lançando sombras em seu rosto. Os óculos estão na ponta do seu nariz e ele veste uma camisa de botão por baixo do seu casaco de inverno quente, o cabelo a mesma confusão de ondas negras de sempre.

‒ Olá. ‒ Jungkook se escora na parede ao lado de Yoongi. ‒ Você tá muito fofo.

‒ Oi. ‒ O mais velho desvia encontra os olhos de Jungkook preguiçosamente, guardando o celular no bolso. ‒ Isso era pra ser um elogio?

Jungkook sorri, um gesto caído para um lado e tímido. Toda a ansiedade parece sumir quando ele finalmente pode olhar nos olhos de Yoongi. O jeito preguiçoso que ele parece encarar Jungkook, mas ainda sim atento, como se prestasse atenção em cada detalhe. A atenção é maravilhosa, como pequenos pontinhos de luz passeando em seu estômago.

‒ Não é minha culpa se você parece tão confortável e quentinho, hyung.

Yoongi franze o nariz e acerta o óculos no rosto, o que não ajuda muito como protesto contra o fato de o quão obviamente adorável ele é.

‒ Por que você pediu pra eu te encontrar aqui?

‒ Eu disse que ia te levar num encontro decente, não disse?

‒ Disse. ‒ Yoongi não consegue conter um sorriso, com vontade de fazer nada além de puxar Jungkook pelo cós da calça e o beijar. ‒ Pra onde a gente vai?

Beijar. Beijar. Beijar.

Mas eles estão em público.

‒ Pensei da gente assistir um filme? E depois jantar? - Jungkook coça a cabeça, meio sem jeito. ‒ Eu não sabia do que você gosta, então achei que a gente podia só ir no cinema e ver o que tá passando?

‒ Parece um bom plano. ‒ Yoongi aperta a mão de Jungkook discretamente. ‒ A gente pode sentar no fundo da sala pra eu poder te beijar?

 

 

Quando Dory aparece bebezinha pela primeira vez, Yoongi se vira, segura o rosto de Jungkook e o beija. O gesto é lento e Yoongi apenas sela os lábios nos de Jungkook, sendo envolvido pelo cheiro da colônia do mais novo e o jeito que ele arfa. Jungkook segura Yoongi pela camisa e eles se beijam num morder e puxar até terem que parar para respirar, Yoongi encerrando com um rápido selar.

Quando Dory se perde pela segunda vez, Jungkook se inclina e beija Yoongi novamente. O bibliotecário se conforma de que eles definitivamente não vão assistir esse filme. Ele ergue o braço da cadeira que separa os dois, para poder chegar mais perto e beijar Jungkook com mais intensidade. Os óculos dele pressionam contra o rosto de Jungkook e o mais novo ri baixinho antes de tirá-lo do rosto de Yoongi.

Ele segura o rosto de do mais velho, passando os lábios de leve nos de Yoongi, que sorri e coloca os braços em volta da nuca de Jungkook, sugando levemente o lábio inferior dele. Yoongi morde de leve o lábio do outro, se perdendo na sua maciez e eles se beijam assim, nesse puxar e provocar que faz os dois rirem baixinho entre cada carinho. Yoongi não consegue acreditar no jeito que se sente, como se formigasse pelo corpo inteiro.

Min Yoongi, o bibliotecário sem graça, está beijando Jeon Jungkook, menino maravilha.

‒ Eu podia te beijar pra sempre. ‒ Jungkook suspira enquanto Yoongi passa a ponta do nariz por sua bochecha. ‒ Hyung. ‒ Ele segura o rosto do mais velho de novo. ‒ Ei.

‒ Que foi? ‒ Yoongi sussurra. Ele tinha se esquecido por um momento de que os dois estão num lugar público, mesmo que seja o fundo de um cinema quase vazio. A luz azulada da tela lança sombras no rosto de Jungkook e ele sorri de lado, apenas um pouco dos seus dentes aparecendo enquanto ele encara Yoongi. ‒ O que foi, Jungkook-ah?

O mais novo apenas balança a cabeça, ainda sorrindo.

Ele beija Yoongi, o beija de olhos abertos e semi-cerrados num sorriso. Ele beija Yoongi de olhos fechados, mãos traçando o maxilar do outro e tocando seu pescoço, ombros e costas com as pontas dos dedos. Ele beija Yoongi até as luzes se acenderem e eles se beijaram durante o filme inteiro.

E mesmo que os beijos tenham sido essa coisa pequena, de apenas se sentir perto um do outro e conhecer cada pedaço de lábios macios e línguas quentes; a boca de Yoongi está inchada e rosada e ele pigarreia quando Jungkook encontra os seus óculos no chão e os coloca no seu rosto.

O mundo fica nítido novamente e Yoongi apenas olha para Jungkook por um momento. As pessoas estão começando a sair da sala e não prestam atenção nos dois rapazes que ainda estão sentados, olhando nos olhos um do outro. Jungkook sorri tranquilo e seus olhos brilham mais do que a lua no céu lá fora.

‒ A gente acabou de se pegar durante Procurando Dory.

Yoongi dá de ombros e se levanta, puxando um Jungkook risonho consigo.

‒ Eu definitivamente vou me lembrar desse filme.  ‒ Ele perde o equilíbrio e dá risada de o quão fracos os seus joelhos estão.

 

Jungkook franze o cenho, seguindo Yoongi para fora da sala.

‒ Mas você conseguiu ver alguma coisa? Você tava sem óculos.

Yoongi se vira quando eles estão quase fora do cinema e abre um sorriso frouxo de lábios inchados e gengivinhas aparecendo.

‒ Exatamente.

 

 

‒ Meu amigo trabalha aqui, ele pode conseguir uma mesa boa pra gente.

Yoongi ajusta a sua camisa de botões e olha em volta. O restaurante é obviamente para casais tendo encontros românticos. O ambiente é pouco iluminado, com mesas pequenas e Yoongi até vê um casal comendo do mesmo prato, revezando colocar comida na boca um do outro. Eca.

Yoongi pigarreia e puxa a franja, prendendo-a entre o óculos e o rosto. Seu movimento não passa despercebido por Jungkook, mas ele desvia o olhar quando um dos garçons finalmente os nota.

‒ Jungkookie! ‒ O garçom que se aproxima veste o mesmo uniforme de calça preta e camisa branca que os outros funcionários, mas o veste muito melhor. Ele é alto, de pernas longas, pele bronzeada e olhos grandes. Quando ele sorri para Jungkook, é com um dos sorrisos mais peculiares e doces que Yoongi já viu (exceto o de Jungkook, é claro). O bibliotecário fica nervoso. ‒ Como o encontro de vocês tá indo?

‒ Vai ficar melhor ainda se você conseguir uma mesa boa pra gente? Uma das do fundo?

Jungkook sorri, pegando a mão de Yoongi e o puxando para o seu lado. Yoongi fica besta de ver Jungkook piscar charmoso para o garçom, o fazendo rir.

‒ Pra sua sorte acabaram de cancelar uma reserva da nossa melhor mesa e me deixaram dar ela pra quem desse a melhor gorjeta.

‒ E é claro que a minha gratitude é a melhor recompensa.

‒ Óbviamente, ‒ o garçom ri. ‒ Você deve ser Min Yoongi, o bibliotecário. Certo? ‒ Yoongi afirma para o garçom que sorri e gesticula para eles o seguirem. ‒ Meu nome é Kim Taehyung. Aqui, a mesa de vocês é no fundo.

Taehyung os leva para uma mesa baixa numa área mais reservada do restaurante, escondida de olhares por plantas e uma tela shōji. Yoongi não tem certeza se o restaurante é coreano ou japonês, já que o seu nome é alguma coisa em inglês, mas ele senta no chão e ele é aquecido, então é bem agradável.

‒ Aqui é legal.

‒  Não é? ‒  Jungkook senta ao lado de Yoongi, pressionando seu ombro no do outro. Ele não precisava se sentar tão perto e Yoongi se segura para não corar com a proximidade. ‒ Eu sempre quis trazer alguém aqui.

‒ Podia ser qualquer pessoa, então? ‒ Yoongi provoca, empurrando Jungkook com o ombro.

‒ Não. ‒ Jungkook revira os olhos e dá um beijo rápido na boca de Yoongi. ‒ Tiveram outras pessoas que eu podia ter trazido aqui, mas não trouxe.  ‒ Quando Jungkook olha, Yoongi está de queixo caído e ele precisa desviar o olhar com pressa. ‒ Mas isso não é nada demais na verdade, não é que eu tenha namorado um monte de gente! Eu só não queria o Taehyung-hyung me enchendo o saco se eu trouxesse alguém que eu não… ‒ Jungkook olha novamente e encontra Yoongi ainda de olhos arregalados. ‒ Não que a gente esteja namorando! Eu não tô tentando apressar nada! Eu só queria te trazer em algum lugar legal e--

‒ Você me beijou.

A interrupção de Yoongi faz com que Jungkook pare de falar e franzir o cenho. 

‒ Sim? Eu devia ter pedido permissão? ‒ O olhar de Yoongi ainda é chocado e Jungkook sente seu rosto esquentar. ‒ Merda, olha, me desculpa, eu… ‒ Jungkook sacode a cabeça, franja sacudindo na testa, e se afasta um pouco. ‒ É só que a gente passou um filme inteiro se beijando e você foi o primeiro a me beijar lá, mas eu pensei…

A voz de Jungkook diminui até desaparecer e Yoongi balança as mãos nervosamente, pigarreando antes de falar.

‒ Não! Me desculpa! Não tem problema você me beijar, é só que eu me esqueci que ninguém consegue ver a gente aqui e me assustei. ‒ Ele toca o braço de Jungkook e o puxa de volta para perto gentilmente. ‒ Você pode me beijar o quanto quiser, desculpa o surto.

Jungkook parece prestes a dizer alguma coisa, sua expressão confusa ainda se esgueirando em seu rosto, mas Taehyung aparece novamente com os menus e um sorriso sabido.

Eles não falam sobre isso novamente, a conversa no decorrer do jantar se mantendo animada e sobre trivialidades. Os dois se comportam, mãos e lábios comportados nos seus cantos. O restaurante serve uma mistura curiosa de pratos japoneses, coreanos e chineses. Yoongi nunca tinha ido num lugar assim e eles acabam pedindo mais comida do que deveriam. Depois de dividir a conta certinho, Jungkook e Yoongi estão de volta na rua.

‒ O que você quer fazer agora? ‒ Yoongi pergunta quando eles começam a descer o quarteirão, enfiando as mãos nos bolsos pra se proteger do frio.

A noite é levemente fria, mas as ruas estão movimentadas. Essa parte da cidade possui muitos bares e noraebangs e pessoas passam por eles como uma correnteza.

‒ A gente podia ir pra sua casa? ‒ Jungkook chega mais perto, mantendo o mesmo passo lento do bibliotecário. ‒ A gente pode assistir um filme ou alguma coisa assim.

Yoongi ergue as sobrancelhas e dá um sorriso divertido para o mais novo.

‒ Esse a gente vai assistir mesmo?

Jungkook ri pelo nariz, batendo o ombro no de Yoongi.

‒ Você já me conhece tão bem.

 

 

Quando eles saem do metrô de novo, Yoongi está contando animadamente sobre um livro que ele acredita que Jungkook poderia gostar, quando o mais novo pega a mão dele, entrelaçando seus dedos sem interromper a conversa.

Yoongi para de falar, os olhos semicerrados porém ainda atentos no caminho à frente.

‒ Eu…

‒ Isso te incomoda, né? ‒  Jungkook solta a mão de Yoongi gentilmente, um olhar pensativo nos seus olhos de lua minguante. ‒  Não tem problema se você prefere ser quem inicia o contato, me desculpa, eu vou prestar mais atenção.

‒ Não é isso. ‒ Yoongi coça a nuca e suspira. Jungkook tem uma expressão aberta, como se estivesse pronto para aceitar qualquer coisa que o mais velho falasse. ‒ Não é que eu não goste de segurar a sua mão, sério, eu gosto mais do que eu deveria. É só que… Eu tenho medo. ‒ Jungkook faz uma careta como se ouvir aquilo doesse, e bosta, Yoongi só está piorando tudo. ‒  Não que você--quer dizer, ficar com você me dá medo sim, só que por outras razões bobas. Mas eu tenho medo por nós. Por causa dos outros.

‒ Hyung… ‒ Jungkook ainda tem uma expressão sofrida no rosto e agora Yoongi está se sentindo estúpido. Ele deveria apenas ter enfiado as mãos nos bolsos e dito que era só o frio. ‒ Não é tão ruim quanto você pensa, as pessoas já não ligam tanto pra isso hoje em dia.

‒ O casamento gay ainda não é legal, Jungkook. ‒ Essa é a verdade que Yoongi queria tanto ignorar. Eles pararam na saída do metrô e Yoongi puxa Jungkook para fora do caminho. É como se uma ferida em Yoongi tivesse aberto ali mesmo, onde todos podem ver e fazer tudo ainda pior. ‒ Tratamentos para curar a homossexualidade ainda existem aqui, moleque.

Jungkook parece confuso agora. Ele deixa Yoongi segurar seu braço, mas sua expressão continua confusa.

‒ Eu sei. Eu sei disso, mas as coisas estão mudando! A parada gay teve muito mais gente esse ano e--

‒ Você tava lá?

Yoongi interrompe Jungkook novamente e se sente péssimo por isso. Ele precisa parar de interromper o mais novo, ele está sendo rude e estúpido.

‒ Onde? Na parada? Claro que sim. Você não foi?

‒ Não, eu… As pessoas sabem sobre você? Seus pais? Todo mundo?

‒ Não é como se eu tivesse GAY escrito na minha testa. Mas sim, todo mundo que importa sabe, eu não planejava me esconder na faculdade e--

‒ Os seus pais sabem? ‒ Yoongi faz uma careta. ‒ Desculpa, desculpa, continua contanto; eu quero te ouvir.

Jungkook gesticula como se isso não importasse, como se essa conversa inteira não fosse nada demais.

‒ Sim, uhm, eu saí do armário pra minha mãe quando eu tinha 12 anos e ela disse que eu era novo demais pra saber. Depois eu fui e quebrei meu coração e ela disse que não tinha problema eu gostar de meninos, ‒ Jungkook dá de ombros. ‒ Desde que eles não sejam babacas.

Yoongi sorri um pouco e desliza a sua palma do braço de Jungkook para sua mão, entrelaçando seus dedos.

‒ Ela parece ser ótima.

‒ Ela é. Meu pai é bem péssimos as vezes, mas a minha sexualidade não é o problema. ‒ Jungkook desliza o dedão pela mão de Yoongi, segurando firme. ‒ E os seus pais? Eles não sabem?

Yoongi grune.

‒ Eu não me dou muito bem com eles.

‒ Desculpa.

A voz de Jungkook é cheia de simpatia e ele segura a mão de Yoongi mais firmemente, sua boca virando uma linha fina que faz com que aquela única covinha larga apareça na sua bochecha esquerda. O mais velho se sente terrivelmente enfeitiçado.

‒ Eu tô acostumado, tá tudo bem.

Yoongi cutuca a maldita covinha com o indicador esquerdo, colocando a língua para fora numa tentativa de fazer Jungkook sorrir. Não funciona.

‒ Você ainda quer que eu vá na sua casa?

‒ Quero. Quero sim.

A linha se desfaz em um sorriso pequenoe Yoongi puxa Jungkook na direção certa, as mãos apertadas uma na outra.

 

 

O apartamento de Yoongi é realmente pequeno.

Jungkook fica sentado na poltrona fora do caminho enquanto Yoongi tenta arrumar um pouco as coisas e guarda o pote de sorvete que eles compraram no caminho. Jungkook não consegue sacudir essa sensação engraçada. Parece que eles estão dentro do quarto de Yoongi, mas como se ao abrir a porta de entrada, fosse ter o resto da casa do outro lado. Mas isso é mais o costume de Jungkook ainda morar com os pais. Ele gosta da kitnet e da clara independência do bibliotecário.

É aconchegante de verdade.

As prateleiras nas paredes estão abarrotadas de livros. Jungkook se levanta para checar os títulos e onde não tem prateleiras, a parede está cobertas de fotos e pôsteres. Uma imagem em particular prende a sua atenção.

‒ Você teve cabelo vermelho?

Yoongi se aproxima depois de enfiar algumas roupas no guarda roupa e ri.

‒ Sim. Eu também fingia que não precisava de óculos.

Jungkook encara a fotografia por um longo momento. Nela, Yoongi está com uma camiseta sem mangas, fazendo uma careta para o lado, como se não quisesse que a foto fosse tirada. Seu cabelo era tão vermelho quanto um morango maduro e contrastava com a sua pele branquinha.

‒ Ficava muito bom em você.

‒ Você acha? ‒ Yoongi pergunta meio incrédulo, chegando mais perto para olhar a imagem melhor. ‒ Eu só tinha perdido uma aposta idiota.

‒ Você sempre tá bonito, hyung.

Yoongi olha para o lado em choque.

‒ Yah, eu não sou bonito, sou punk rock pra caralho. Cadê o teu respeito, moleque?

Jungkook ri baixinho, se afastando para se sentar na cama, jogando o peso para trás nas mãos.

‒ Eu não tô te faltando respeito.

‒ Se esse é o caso… ‒ Yoongi se aproxima e segura Jungkook pelo queixo, puxando o seu rosto para cima delicadamente. ‒ A verdade é que você é muito bonito.

Os olhos de Jungkook estão semicerrados debaixo do olhar de Yoongi e ele morde o lábio inferior com força, soltando devagar. Yoongi assiste, quase num transe, os dentes meio grandes de Jungkook soltarem o lábio que fica vermelho e brilhante pela pressão.

‒ A gente pode se beijar de novo? ‒ A voz do outro é baixa, quase zombeteira, mas Yoongi ainda escuta o cuidado entre as sílabas, a preocupação do mais novo em não iniciar um contato que o deixasse desconfortável. Ele puxa Yoongi pelo quadril com dedos frouxos, para que Yoongi facilmente se afasta se quiser. Ele não quer.

‒ Você vai me matar do coração.

A cama de Yoongi é alta, então ele não tem que se inclinar muito para capturar os lábios de Jungkook num beijo. Dessa vez é diferente do que antes. Jungkook puxa Yoongi para que o menor fique entre as suas pernas, para colocar uma mão na nuca dele e passar os dedos longos pelo cabelo macio.

Yoongi murmura algo inteligível contra os lábios de Jungkook, se afastando para arrancar o óculos do rosto quando a lente pressiona contra a sua bochecha e o jogar para o lado com descuido. Ele se aproxima de novo, virando o rosto um pouco para o lado para os lábios se encostarem melhor.

É quase como… Não é desesperador ou uma onda de alívio. A sensação de ter a boca de Yoongi na sua novamente traz um sentimento quase de resignação para Jungkook, como se isso fosse inevitável e bolsos de felicidade se espalham pelo peito do garoto, cada um se enchendo dessa sensação que parece queimar da ponta dos lábios até o coração batendo enlouquecido.

Yoongi o segura pela cintura, passa a língua no seu lábio superior e Jungkook abre mais os lábios, soltando o ar pelo nariz ao sentir o corpo todo tremer. Yoongi é paciente, a língua acariciando a sua e mordendo os seus lábios de todo jeito, puxando, empurrando, as mãos apertando e explorando.

O beijo fica mais urgente, os pensamentos todos se empilhando na cabeça de Jungkook. Ele quer tocar também, sentir o gosto de Yoongi e conhecer a boca dele melhor do que qualquer coisa do mundo. Sem pensar muito ele coloca as mãos dentro da camiseta do mais velho, usando as pontas dos dedos para explorar a pele macia e quente, correndo o caminho desde a lombar até o topo da espinha do outro, que fica arrepiado e arqueia as costas debaixo do seu toque.

Jungkook não consegue mais respirar. É quase demais, quando Yoongi se afasta, os dois sem fôlego, os peitos subindo e descendo com força e Yoongi deixa beijos estalados e húmidos desde a bochecha de Jungkook até a sua garganta, passando a ponta do nariz bem na pintinha que Jungkook tem ali, fazendo o mais novo perder o fôlego e o puxar de volta.

Yoongi é pego de surpresa quando Jungkook sobe mais na cama, o puxando junto forte o suficiente para o fazer perder o equilíbrio e cair nos braços dele, só que apenas por um momento, porque o mundo gira quando Jungkook rola os dois até se debruçar sobre Yoongi, um sorrisinho quase convencido nos lábios inchados e vermelhos.

As mãos de Yoongi agarram os quadris de Jungkook imediatamente, totalmente ciente do jeito que o outro se encaixou entre as suas coxas abertas.

‒ O que você acha tá fazendo? ‒ A voz de Yoongi é baixa e falha, e ele odeia o quão desesperado ele soa. Jungkook não responde prontamente, em vez disso cantarola baixinho, uma única nota longa e abafada, enquanto se inclina para beijar o pescoço de Yoongi, fazendo o mais velho se contorcer sob o seu cuidado.

‒ Eu tô te beijando. ‒ Jungkook finalmente murmura, apenas para em seguida sugar num ponto terrivelmente sensível no pescoço de Yoongi, que faz um soluço escapar da sua garganta. O mais velho pigarreia, ainda tentando segurar Jungkook em uma distância segura.

‒ Quantos anos você tem mesmo?

‒ Vinte. ‒ Jungkook murmura antes de chupar a pele no espaço entre o ombro e o pescoço de Yoongi, de um jeito que com certeza deixará marcas, e Yoongi sente a sua visão desfocar por um momento.

‒ Eu tenho vinte e quatro. ‒ Yoongi solta os quadris de Jungkook, percebendo que simplesmente não tem mais força, e o outro se encaixa com facilidade entre as suas coxas, usando o joelho para empurrar o corpo de Yoongi mais para cima na cama e o forçando a se esforçar muito para não ter uma resposta tão corpórea assim. ‒ Por que a gente nunca conversou sobre isso? Eu sou muito velho pra você.

Jungkook ri contra a clavícula de Yoongi, seus lábios traçando fogo quando ele pronuncia as palavras.

‒ Você sabia quantos anos eu tinha, por que isso agora?

‒ Calma, pera, deixa eu pensar. ‒ Yoongi se senta e Jungkook sai de cima dele, com uma expressão confusa. ‒ Olha, eu não ligo quantos anos você tem, porque eu sei que você aguenta a barra e eu não sinto que tô me aproveitando de você.

‒ É claro que não, Yoongi. ‒ Jungkook esfrega o rosto com as duas mãos, como quem tenta acordar de um sono profundo. ‒ Olha, desculpa se eu me deixei levar. Não tem problema, a gente não precisa fazer nada.

Jungkook parece uma passagem de ida para o inferno. A camiseta branca é larga em volta de seu pescoço e as pupilas estão tão dilatadas que seus olhos parecem completamente pretos. Ele respira pela boca, visivelmente tão afetado pelos beijos quanto Yoongi.

‒ O quê? Não, eu… ‒ O bibliotecário ri nervoso. ‒ Eu sou o mais velho, eu que devia falar isso. ‒ Ele puxa o cabelo para longe dos olhos. ‒ Eu não sou tão delicado quanto eu pareço ser, você não precisa ser cuidadoso comigo.

Yoongi encara Jungkook com um olhar ofendido falso e Jungkook encara de volta. Eles estão muito próximos. Jungkook ainda mais ou menos sentado entre as pernas esticadas de Yoongi. O mais velho está corado, com a boca pequena inchada e rosada, o cabelo preto arrepiado atrás e a camisa de botão toda torta, mesmo que seus botões ainda estejam intactos. Jungkook começa a rir.

‒ Yah! ‒ Yoongi dá um soco no ombro de Jungkook, mas mesmo que ele pare de rir, o enorme sorriso idiota continua no seu rosto.

‒ Você parece um bolinho de arroz, hyung. ‒ Jungkook murmura com carinho, passando os nós dos dedos na bochecha de Yoongi, fazendo ele bufar e pegar a mão dele para tirá-la do seu rosto.

‒ Esse não é o ponto--

‒ Tem um ponto? ‒ As sobrancelhas de Jungkook somem debaixo de seu cabelo e seu sorriso se torna convencido.

‒ Me deixa falar, seu merdinha. Eu juro…

‒ Desculpa, pode continuar.

‒ Certo. O meu ponto é que isso, isso que a gente tá fazendo, não parece que você quer só ficar comigo sem--

O quê? ‒ Jungkook puxa a mão do aperto de Yoongi, seus olhos arregalando.

‒ Calma, deixa eu falar. Não parece que você só quer ficar comigo e pronto e… Bosta. ‒ Yoongi evita os olhos de Jungkook e coça a nuca. ‒ Eu meio que realmente gosto de você e quero continuar com isso. Mas você vai começar a faculdade agora cara, você… Você não quer ficar preso comigo agora.

A expressão de Jungkook é de completo ultraje e Yoongi se sente mal por ser tão ruim com as palavras, mas não pelo o que está tentando dizer. Até o tom de Jungkook ser mais afiado do que uma faca de cozinha.

Preso com você? Isso é algum problema de insegurança seu? Eu não estaria preso com você. Hey. ‒ Jungkook puxa Yoongi pelo queixo para forçar seus olhos a se encontrarem, sua expressão dura e quase irritada. ‒ Você tá tentando me espantar falando essas merdas?

‒ Ok. Temperamento. ‒ Yoongi estapeia a mão de Jungkook para longe. ‒ Eu realmente não tô falando isso direito, desculpa. ‒ Yoongi suspira e olha bem nos olhos do outro. ‒ Meu ponto é que eu já tive toda a experiência de faculdade. Eu fiquei com estranhos, fiz muita merda, fiquei tão chapado na semana do saco cheio que não liguei pra casa por uma semana e minha mãe quase chamou a polícia… Você devia fazer todas essas merdas também, entende?

‒ Não.

Jungkook cruza os braços.

‒ Ei, não seja teimoso. Eu só quero dizer que a gente podia fazer isso diferente. Eu não quero que você pule etapas por minha causa.

Jungkook franze o cenho ainda mais.

‒ Você tá se fazendo de bonzinho porque não quer namorar comigo?

‒ Tá, isso sim soou como um problema de insegurança. ‒ Yoongi esfrega o rosto com força, forçando mais ar para fora dos pulmões. ‒ Não, babaca. É o oposto. Eu não quero que você pule etapas, porque eu tenho medo de que se eu me apegar um tico que seja a mais por você, não vou conseguir te largar mais.

‒ Então não me larga. ‒ Jungkook descruza os braços e pega a mão de Yoongi novamente, o puxando para perto. ‒ Eu não preciso ir pra lugar nenhum agora.

‒ Jungkook…

‒ Não ouse me deixar escapar, vovô. ‒ Jungkook chega mais perto, colocando a mão de Yoongi no seu pescoço. ‒ Você sabia que eu esperei ser mais de idade antes de te chamar pra sair? ‒ Ele pega a outra mão de Yoongi e a coloca do outro lado do seu pescoço. ‒ Você sabia que eu demorei um ano pra me permitir falar com você?

‒ O quê?

Yoongi segura no pescoço de Jungkook enquanto o mais novo lentamente deita sobre ele.

‒ É isso mesmo. Eu ficava te admirando de longe como o moleque colegial que eu sou desde muito antes de você me reparar.

‒ Não, isso não é--

‒ Não ouse escapulir por entre os meus dedos agora que eu te tenho aqui. ‒ Jungkook segura uma das coxas de Yoongi e a puxa, se colocando entre as suas pernas e o ar foge de Yoongi novamente. ‒ Eu sei o que eu quero, então me deixa ter você, porra. ‒ Jungkook pressiona a sua testa na de Yoongi, olhando bem nos seus olhos. ‒ Você não me quer aqui?

‒ Eu…

Yoongi desvia o olhar para a boca de Jungkook, parecendo perdido por um momento. Jungkook assiste o jeito que ele pressiona os lábios um no outro e consegue praticamente escutar o cérebro de Yoongi funcionando na potência máxima.

‒ Não gagueja porra, só diz logo. Eu vou embora e não te perturbo mais se você quiser.

Mas Jungkook lentamente pressiona os quadris contra os de Yoongi, friccionando as suas virilhas uma na outra e fazendo Yoongi arfar.

‒ Desde quando você tem a boca tão suja? ‒ Jungkook revira o olhos e se afasta, fazendo Yoongi xingar baixinho. ‒ Todo esse revirar de olhos também.

Yoongi move as mão da nuca de Jungkook para o seu quadril e o puxa para mais perto com vontade, fazendo o mais novo rir de um jeito quase maldoso.

‒ Foi o que eu pensei.

Mas ainda sim ele não se mexe.

‒ Volta aqui, seu merdinha. ‒ Yoongi tenta puxar Jungkook para mais perto, mas ele não se move um milímetro.

‒ Eu quero que você diga.

‒ Ai meu deus. ‒ Yoongi bufa e tenta alcançar a boca de Jungkook, mas ele só faz se afastar mais. ‒ Você é péssimo e tem muito mais autocontrole do que eu tinha quando tinha a sua idade. ‒ Jungkook ri e Yoongi sabe o que moleque está prestes a chamá-lo de vovô de novo, então ele se apressa para acrescentar. ‒ Eu não vou deixar você escapar, se isso é realmente o que você quer. Eu já fiz a minha escolha, mas você tem que fazer o que quiser.

Jungkook se aproxima de novo, pressionando o corpo contra o de Yoongi com gosto.

‒ Você ainda não disse.

Yoongi vê o prazer deixando os olhos de Jungkook embaçados e quase soluça com a quantidade de desejo pulsando no seu corpo, mas mesmo assim os dois ficam parados novamente, se encarando.

‒ Me namora. ‒ Yoongi não consegue segurar o riso que escapa logo em seguida. Mas é uma risada nervosa, de quem não entende o que o sorriso esquisito que se espalha pelo rosto do outro quer dizer

Jungkook desce o rosto até as testas se encontrarem, perto o suficiente para os lábios se encostarem, mas ainda sem se mover. ‒ Tá bom. ‒ Ele roça a boca de Yoongi, o fazendo rir de novo, mas dessa vez incrédulo. Ele pede o garoto em namoro e ele só diz um mísero “tá bom”, francamente… ‒ Mas você ainda não disse o que quer agora mais imediatamente, hyung.

Dessa vez Yoongi ri por completo, o corpo inteiro sacudindo e ele empurra Jungkook um pouco, tentando respirar entre as risadas e o peso de Jungkook em cima de si. Esse garoto não existe. Ele não pode ser real.

Yoongi consegue parar com as risadas quase histéricas e esfrega os olhos molhados, a tensão de repente fugindo de seu corpo por completo. Ele coloca as mãos na nuca de Jungkook de novo e olha bem nos olhos do mais novo para falar.

‒ Vai se foder, Jungkook. ‒ Yoongi abre um sorriso arremedado, mas rapidamente passa para uma expressão mais séria. ‒  Na verdade, acho que você devia era me foder até eu não aguentar mais.

Jungkook parece não ser afetado por um momento, até finalmente processar o que Yoongi acabou de dizer.

‒ Como é que eu poderia negar um pedido desses vindo do meu namorado?


Notas Finais


É isso aí gente, fechar de cortinas, luzes acesas e o lanterninha mandando todo mundo ir pra casa.
Espero que tenham gostado!


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