História They pay me to chase you - Loucura

Eu estava enlouquecendo, simplesmente isso

Não, não era isso. Ele havia me enlouquecido.

Depois daquele beijo, a leveza com que seus lábios encaixaram sobre os meus, eu não parei de pensar nisso. Naquele momento, parecia que tudo havia parado, e apenas nós dois existíamos no meio da escuridão do mundo. Seu olhar castanho deslizando lentamente por todos os traços do meu rosto. Eu tinha uma suspeita.

Eu tinha amado aquilo

Não, loucura. Uma loucura que eu estava disposta a enfrentar. Desbravar aqueles lábios macios e quentes haviam me feito pensar duas vezes antes de querer distancia. A cada dia eu me condenava por ter parado de ir para o café. Eu quero ele. Eu quero ele perto de mim, muito perto. O que aquele beijo fez comigo? O que ele fez comigo? Eu me tornei uma confusão, a pior confusão que eu já havia sentido estava em mim, me torturando.

Cada vez que sua imagem aparecia em minha mente, toneladas de ódio e êxtase rodiavam o meu ser, me mantendo aquecida. Eu me amaldiçoava a cada minuto por amar aquele sorriso. Eu me amaldiçoava a cada minuto por amar aqueles olhos felinos. Eu só sabia me amaldiçoar, desde que conheci jimin.

Cansada, cansada de pensar e deixar minha mente transbordar de duvidas, eu me dei ao trabalho de me amaldiçoar mais uma vez. Iria para o café. Hoje, eu iria olhar naqueles olhos que tanto me assombram. Isso se ele estivesse la. Talvez ele estivesse cansado de me esperar, talvez ele não tivesse ido mais, todos esses dias. Talvez ele se sentisse da mesma maneira: confuso.

Acordei mais cedo que o normal, por isso tive que passar alguma maquiagem que cobrisse minhas olheiras. Uma roupa mais quente que o normal também ajudaria, já que o inverno havia chegado. Um moletom maior que o tamanho que eu uso, listrado. Uma calça jeans azul escura e o rotineiro all star surrado e preto.

Sentei de pernas cruzadas na sacada de meu pequeno apartamento e observei as ruas movimentadas de Seoul ganharem vida de acordo com os fracos raios de sol que aqueciam –mesmo que fosse o mínimo- o chão coberto de asfalto.

Sai de casa nervosa. Nunca havia ficado assim pensando em alguém. Para ser sincera, nunca havia sentido isso, nunca havia beijado alguém com tanto sentimento. Eu fiquei fora de mim. Parecia tudo tao errado no momento, levando em conta o ódio que eu sentia pelo garoto. Na verdade, eu não tinha um motivo certo para sentir isso. Ele apenas tinha dó de mim. Dó porque eu vim do interior para tentar a vida aqui, dó porque eu trabalhava muito puxado e não recebia o que merecia. Eu odiava que pessoas sentissem pena de mim, por isso odiava jimin

Entrei na cafeteria, com o ar quente novamente invadindo meus pulmões e o cheiro de chocolate. Como eu sentia falta disso.

Me sentei em outro banco, já que o que eu costumava me sentar estava ocupado. Estava de costas para a porta, com os olhos fechados, descansando minhas pálpebras, apenas ouvindo o som dos carros, talheres batendo e conversas baixas. O vento frio que vinha da porta sempre que era aberta incomodava, mas eu não me importei. Até que eu fui abraçada.

Pelos braços que eu mais queria sentir desde alguns dias atrás

-oi!- ele sorriu e se sentou à minha frente. Como poderia agir normalmente? Acho que ele percebeu pela minha cara de “wtf” –o que foi? –perguntou. ele chamou o garçom e pediu um café e um chocolate quente –por que ta me olhando com essa cara? –riu

-nada... –engulo seco

-entao ta... –ele olhou em volta- por que parou de vir? Senti sua falta.

-o que? -Pensei alto sem querer. Depois de me provocar daquele jeito do lado da lanchonete, me oferecer seu dinheiro sujo e ir embora sem dizer nada depois de me beijar, ele sentiu minha falta?

-é que v-voce não veio mais, e-eu achei que tivesse acontecido alguma coisa.

-alguma coisa? Você achou que eu ia sei la, me matar depois de ser beijada... por você? Quem você pensa que é? Quem você pensa que eu sou? Acha que eu vou aceitar esse seu dinheiro porque eu não tenho suficiente, ou que depois que você me beijasse eu ia me transformar em uma princesa e te ver como um príncipe encantado que caiu do ceu? –as palavras fluíram, uma depois da outra, esclarecendo em voz alta tudo aquilo que eu estava tentando deixar claro na minha cabeça. Eu achei que ele sentisse o mesmo.

-não! Você entendeu tudo errado, eu só... me preocupo com você. Só isso. Não quero que pense que esse tempo todo que eu estava com você, era para te fazer aceitar o dinheiro.

-ah, então não é isso? Park, por que mentiu para mim? Por que simplesmente disse que queria me conhecer, quando na verdade queria me convencer a pegar esse dinheiro de uma vez?

-voce é burra?

- o que você disse?! Vai tomar no seu cu, park jimin. –eu não tinha palavras suficientes para expressar o que eu senti naquele momento. Meus olhos começaram a lacrimejar e eu sai dali, tentando me convencer a não deixar que meus olhos marejados libertassem as terríveis lagrimas que estavam prestes a cair. Quando estava dando a volta na esquina, meu braço foi puxado, fazendo com que eu me virasse e ficasse frente a frente com ele.

-voce não entendeu. Eu não te chamei la para dar o dinheiro isso foi só uma desculpa. Eu te chamei la para te beijar, foi para isso.

A lagrima que estava lutando para cair finalmente correu pelo meu rosto frio, e logo um sorriso se estendeu pelas pontas de seus lábios e ele limpou minhas lagrimas com as mãos.

-desculpe se eu te confundi.

Depois disso, eu não consegui esconder o sorriso e o abracei, o mais forte que pude. seus braços envolveram minha cintura e seu rosto se encaixou em meu pescoço. Aquele cheiro adocicado dele estava me deixando mais louca do que ele já tinha me tornado.

E o pior de tudo é que eu estava adorando seu louca. Eu adorava ser louca por ele.