História Things We Lost In The Fire - - Immediate contact -

A cor escarlate nunca lhe capturara tanta atenção como naquele momento, o sangue escorria pela lateral do tórax da mulher marcando sua blusa e dedos, era como beijos de uma rosa, totalmente vermelhos.

 -Elizabeth? -O olhar da morena a sua frente lhe parecia preocupado-Esta me escutando? Você não pode dormir, olhe para mim! A mente da mais velha se encontrava totalmente enuviada e leve, a tentação de fechar os olhos lhe sussurrava ao pé do ouvido, ela só precisava ceder.

-Droga! - O xingamento chegou à forma de sussurro aos ouvidos da ruiva. Seus olhos verdes se focaram na mais nova e na situação que a mesma se encontrava, as mãos estendidas do modo que pudessem amparar a velha estante de livros que no momento servia de barreira protetora entre as duas e os enrrates. O plano não funcionava. O cérebro preguiçoso pela perda de sangue notou o perigo, a morte era eminente. Adrenalina, as dez letras que fariam a diferença, o coração jorrava 'litros' da milagrosa substância nas veias da mulher fazendo-a observar o quarto em busca de saída, sempre há uma saída. O olhar da mesma pairou sobre a janela de carvalho branco no canto inferior do quarto infantil.

"Bingo” pensou a mulher.

A ruiva ignorou completamente a dor que lhe atingiu ao levantar e aos tropeços se aproximou da peça de madeira na parede, os dedos ensanguentados carimbavam a tintura branca ao mesmo tempo em que a mulher esquadrinhava com os olhos toda a superfície em busca da fechadura. Um suspiro de frustração lhe escapou dos lábios ressecados língua delineou o corto no dos mesmos, ela precisava pensar. Os mortos - vivos golpeavam a porta e arranhavam a madeira em busca de uma entrada, eles eram fortes. Gotículas de suor se formavam na testa da mais nova, devido à força que a mesma aplicava no móvel que lhes protegiam.

"Maldito carro sem gasolina, maldita casa, malditos zumbis”, praguejou mentalmente a mulher ao mesmo tempo em que chutava com seus coturnos o braço de um enrrate intrometido.

 A montanha de ursinhos de pelúcia abandonados capturaram a linha de raciocínio da outra, eram a salvação, o sorriso logo brotou no rosto dela. Elizabeth se encaminhou para a pilha agarrando alguns com as mãos e carregando - os próximo a outra, com os dentes a mulher rasgara habilmente uma grossa tira de sua blusa traspassando-a pela cintura da outra que se sobressaltou.

-Mas que merda é... -Começou a mesma sendo interrompida por um bumbum fofinho de panda na altura de seu pescoço.

 -Tenho uma ideia, vai precisar confiar em mim -Respondeu a ruiva amarrando alguns animaizinhos em seu corpo.

A morena revirou os olhos através do comentário da amiga, ela iria matar as duas com seus planos, mas mesmo assim acenou com a cabeça em confirmação. As mãos da mais velha se sobre puseram sob a mão da outra, dando lhe o sinal claro. "Largue". Em contrapartida as mãos que haviam soltado a estante os errantes começaram a empurrar o móvel, encontrando uma entrada. As mulheres recuaram para próximo da janela, a ruiva firmou as mãos no cinto - fofo da companheira e a puxou, chocando - se contra a janela. Estilhaços de vidro ricochetearam em ambos os corpos,a terra dura e fria abraçou o corpo das duas. Elas haviam escapado.

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A ruiva encostada no tronco de um velho carvalho observava distraída o finos raios de sol sob a copa das árvores próximas, o silêncio era acalentador.

-Não há nada próximo além de uma estrada que vai para lugar nenhum -Resmungou a morena ao sair de dentro da trilha improvisada.

O corpo da mais nova brilhava com as finas gotículas de suor que a cobriam devido ao esforço de arrastar a melhor amiga até a clareira em que se encontravam. A outra sorriu docemente balançando a cabeça em negação.

-E você dizia que não havia como piorar.

Rachel fechou o rosto em uma careta ao comentário da mulher.

-E você não tinha como ser mais engraçada no momento, quem é você a encarnação do bozo? A ruiva soltou uma gargalhada gostosa que logo foi substituída por uma careta de dor, a mulher em pé se aproximou rapidamente da amiga.

-Esta doendo muito? Deixa-me ver. -A mão da morena alcançou o pedaço de pano ensopado de sangue que as duas usavam como amarra ao ferimento, a carne ao redor do corte parecia inflamar.

-É não é um dos meus melhores dias, pode ter certeza. -Zombou a mais velha enquanto se recostava novamente no tronco.

Uma ruga de preocupação surgiu na testa da outra enquanto observava a companheira de olhos fechados. Ela precisava de remédios. O leve estalo de galhos pode ser escutado pelas duas, os olhos verdes de Elizabeth se abriram em alerta.

A morena se levantou rapidamente colocando a mãos sob a katana nas costas, elas não estavam mais sozinhas. O farfalhar se tornava cada vez mais violento até a silhueta de dois homens poderem ser avistadas por ambas as mulheres. Os nós dos dedos da mais nova estavam esbranquiçados pela força que ela segurava a arma, a ruiva se levantava lentamente usando a árvore como apoio a mão restante carregava a pistola.

Os invasores surpresos levantaram as armas ao notarem as duas figuras á frente. Ninguém se movimentará. A respiração da mais velha começava a pesar, ela não iria aguentar muito mais. O estalo de uma arma sendo destravada fora ouvido, o cano gélido de uma nove milímetros pousava delicadamente sob a cabeça da ferida.

Rachel praguejava baixo, eram três desconhecidos.

-Acho que podemos resolver isso de modo civilizado - Falou o homem com roupas de xerife.

-Ô desculpe, não sabia que ainda existia civilização - Respondeu a morena de modo irônico enquanto revirava os olhos.

-Não seja engraçadinha boneca, esta na minha mira. -O homem de jaqueta de couro sem as mangas que possuía uma besta zombou. Rachel fez uma careta.

 -Daryl, quieto. Carl pode abaixar a arma.

O garoto de longos cabelos e chapéu olhou hesitante diante do pedido do outro, mas não tardou a obedecer.

-Não somos inimigos, viu? Vamos todos abaixar as armas.

 A voz do "xerife" passava confiança, a indução que ela totalizava era irresistível. Aos poucos o outro homem abaixara a contra gosto a besta cuspindo no chão em seguida. -Péssima escolha. - Disse a morena levantado um pouco mais a katana fazendo os homens a frente se retesarem.

-Rachel.

 O tom firme da voz da ruiva expressava explicitamente o que deveria ser feito. Aos poucos total as armas foram baixadas.

-Certo, eu venho em paz então. - Sorriu - se a mais nova fazendo o sinal de ET com a mão enquanto se aproximava da amiga que estava pálida pela força.

 Os três restantes relaxaram diante da atitude da outra. A surpresa no olhar de Rick ao ver o filho levar um soco no rosto fora mais rápido do que qualquer ação que ele pudesse tomar para impedir tal ato. Carl segurava o nariz de onde saia um filete de sangue, Rachel olhava orgulhosa para o estrago.

 -Para te ensinar a não apontar arma para feridos garotinho.

Daryl se adiantou ao imobilizar a morena como pode, segurando os braços da mesma para trás. Rick levantou instintivamente a arma novamente. Elizabeth levantou as mãos acima da cabeça evitando a confusão.

A pontada na costela fez a mulher dobrar - se para frente soltando um grito, os joelhos da mesma falharam e logo o rosto cálido e pintado de minúsculas sardas encontrará a terra fofa de musgos daquele vale. Os gritos da amiga se tornaram ecos distantes, a ruiva estava embriagada com as sensações a última coisa que a mulher enxergou fora olhos azuis como um céu de verão, os olhos mais lindos que ela já vira e logo depois a inconsciência.