Acordei com dores por todo o corpo, dormir no chão não foi uma boa ideia, olhei para o lado, Jake já havia acordado, e desapareceu. Tirei os gatinhos de cima de mim e me levantei, ouvi minhas costas estralando quando me espreguicei. Fui ao banheiro e fiz tudo o que necessitava, me arrumei, dei uma geral no quarto, já era 10 da manhã, eu acordei tarde, alimentei os gatos.
Fui arrumar a prateleira de sapatos, atrás da porta, estava de costas quando a porta abriu e bateu na minha cabeça, eu coloquei a mão no lugar atingido e me abaixei, meus olhos chegaram a lagrimejar.
— Meu Deus, Maggie, desculpa. — Era Jake, ele se abaixou ao meu lado.
— Tudo bem. — Respirei fundo e me levantei.
— Ah, tenho novidades. — Ele falou animado, e eu o encarava com a mão ainda na cabeça. — Hoje vamos no zoológico. — Eu nem prestei atenção no que ele dizia, estava concentrada na minha dor de cabeça.
— Por que você abre a porta com tanta força? — Choramiguei baixo.
— Desculpa. — Ele passou a mão na minha cabeça.
— E quem disse que vamos ao zoo? — Perguntei, ele tirou dois ingressos do bolso.
— Estava tendo uma promoção, aí eu pensei: " Nossa, Maggie adoraria ver os elefantes, vou comprar. " — Ele contou isso tão animado.
— Por que você acha que eu iria adorar ver os elefantes? — Franzi o cenho.
— Oras, você não gosta de elefantes, não?
— Gosto, mas...
— Elefantes são uns amorzinhos, são grandes e fofos.
— Tudo bem... Podemos ir, depois que você ajudar a limpar o quarto. — Entreguei a vassoura para ele e sorri.
Ele inflou as bochechas, mas logo começou a limpar o pequeno corredor. Eu arrumei as coisas, enquanto ele limpava. Quando já era 12:30, aquele quarto estava limpinho, nem parecia que morava dois adolescentes desorganizados ali. Almoçamos em um restaurante baratinho, e fomos para o zoo.
Eu admito ficar empolgada para ver aqueles grandes e maravilhosos animais, mas também fico triste por eles viverem presos.
Primeiro fomos na casa das cobras. Jake arriscou a pegar uma na mão, o carinha falou que elas eram mansas, e tentou me convencer a pegar uma, o que foi em vão, eu fiquei a uma certa distância deles, até Jake sair correndo atrás de mim, com uma cobra no pescoço, eu saí correndo para fora da casa de cobras e o esperei lá, ele chegou até mim rindo.
— Eu te odeio. — Resmunguei.
— Me dá um abraço. — Ele foi para me abraçar, mas eu saí correndo de novo.
— Não encosta em mim! — Ele riu mais ainda, revirei os olhos e continuei a andar.
Próximo lugar, aquário, fomos avisados que teriam um espetáculo com golfinhos de tarde. Tinha um lugar dos pinguins, os turistas podiam alimentá-los e se eles deixassem podiam passar a mão, eu e todo meu amor por pinguins fomos alimentá-los, fiquei bons 30 minutos tentando passar a mão em um deles, até que consegui, mas alguma criança começou a gritar, porque um pinguim queria o peixe da mão dela, o meu pinguim se assustou e saiu correndo, foi bom enquanto durou, e quanto a criança, jogou o peixe pra longe e foi pro colo da mãe, eu me senti mal por rir com a situação.
Vimos mais alguns peixes e saímos, logo indo para a área dos animais terrestre e os aéreos. Chegamos nas girafas, elas eram amigáveis, uma delas se abaixou para eu passar a mão em sua cabeça. Jake conseguiu pegar um macaquinho, que a propósito era super fofo. Vimos diversos animais, até um tigre branco magnífico, que eu me apaixonei de primeira, e finalmente, os elefantes, Jake saiu correndo para ver eles, o que me fez rir.
— Olha pra eles, veja se não são maravilhosos. — Jake falou alto para mim, mas fez com que todos olhassem para ele, e ele nem ligou.
— São mesmo. — Me aproximei dele.
Um elefante brincava na água e o outro estava sendo alimentado por alguns turistas, o elefante que estava na água veio até nós, Jake estendeu a mão na esperança de conseguir passar a mão nele, e ele conseguiu, ele começou a rir feito uma criança. O elefante esguichou água em nós, e em todos que estavam perto da gente, o que fiz foi rir, já que estava encharcada mesmo, e Jake continuou passando a mão no elefante, que parecia estar gostando.
Ficamos andando por mais um tempo, até acharmos uma praça de alimentação, pedimos qualquer coisa que matasse a fome.
— Está se divertindo? — Ele falou e bebeu um gole do suco, que eu nem vira chegar, o meu também estava ali.
— Sim, faz tempo que não venho a um zoológico.
— Depois vamos ver as lhamas. — Ele voltou a se empolgar.
— E os avestruzes. — Acrescentei.
Nossa comida chegou, comemos igual dois condenados. Dividimos a conta e voltamos a andar, o zoo estava movimentado para um dia de semana, tinha uma escola passeando ali, imagino eu, já que tinha um monte de crianças com uniformes iguais.
E chegamos à última área do zoológico, eu tentei encostar em uma lhama, mas ela desviou de mim e foi em direção ao Jake, me aproximei de Jake e tentei de novo, mas ela virou o rosto.
— Ta bom então. — Me revoltei com a lhama, o que era inútil, já que ela nem gostava de mim mesmo.
Jake estava rindo e acariciando a lhama, fui do outro lado, ver os avestruzes, eles estavam dormindo, lá longe. Demos mais uma longa volta no zoo, esperando o show dos golfinhos, era 5 da tarde e o show seria às 6. Sentamos em um banquinho e tomamos outro suco, àquela altura eu já estava morta de cansaço.
— Está cansada? — Jake me olhou.
— Eu sou sedentária, não sou acostumada a andar tanto assim. — Ele olhou para minhas pernas e bateu em minha coxa, um tapa forte, chegou até a estralar, eu soltei um grito.
— Caralho, pra que isso?
— Tô vendo seus músculos. — Ele riu.
— Não é assim que vê. — Retruquei.
Ele pegou minhas gordurinhas do lado da perna e as apertou, eu bati na mão dele.
— Para! Vou te jogar na jaula dos leões.
Ele riu e apertou minhas bochechas.
— Quando você não tem nada para fazer, costuma apertar as pessoas? — Perguntei irritada.
— Hoje é meu último dia de "férias", amanhã você vai ficar sozinha.
— Não será tão ruim. — Falei com dificuldades, já que ele ainda apertava minhas bochechas, belisquei sua mão, o que fez ele me soltar.
— Pode admitir que sentirá minha falta. — Ele sorriu.
— Nunca. — Virei o rosto.
Os megafones do parque, fizeram um barulho chamando a atenção do povo, e avisou sobre o show. Eu e Jake, fomos quase os primeiros a chegar no local, e isso significava que, os melhores lugares eram nossos, sentamos bem na frente. O show foi legal, golfinhos são fofos, e também ficamos encharcados de novo, mas isso deixou ainda mais divertido.
Voltamos para "casa", já era de noite, então apenas tomamos um banho e capotamos na cama, hoje dormimos em camas separadas. Acordei com a movimentação de Jake pelo quarto, ele andava de lá para cá se arrumando, até perceber que eu acordei.
— Bom dia. — Ele sentou na cama, pelo visto já estava pronto, apenas esperando dar o horário.
— Boa sorte lá. — Sorri e me espreguicei, logo levantando.
— O que vai fazer hoje?
— Vou adiantar alguns trabalhos. — E entrei no banheiro.
Quando sai, ele já tinha ido para sua aula, vi novamente a lista de trabalhos que Julie havia me mandado, e comecei a fazê-los. Depois de horas fazendo todos os trabalhos, umas duas jarras de café e uma pausa para o almoço - além da sonequinha, que ainda conto como almoço -, terminei todos, e já era 5:39, Jake chegaria daqui a pouco.
Hoje era sexta-feira, eu sabia que ficar de suspensão, não era uma coisa boa, mas não sei se estou preparada para voltar às aulas. Ouvi o barulho da porta, inclinei a cadeira para trás, tentando enxergar se era Jake. Era ele e mais um garoto loiro, ele era do penúltimo ano de engenharia civil.
— Maggie, Louis. Louis, Maggie. — Jake nos apresentou.
— Olá. — Falei.
— Ele vai me ajudar a fazer os trabalhos que ficaram acumulados. Pode nos ignorar.
Dei de ombros e fui procurar alguma comida, já que estava quase morrendo. O resto do dia se passou bem rápido, Louis foi embora e Jake estava quase dormindo, já era 1 da manhã, então também fui dormir.
E um novo dia começa, sábado de manhã, fui até a janela e o jardim estava cheio de gente, o que era normal, todos glorificavam a chegada do final de semana.
— Ei. — Fui até Jake e o cutuquei.
Ele não demorou muito para abrir os olhos.
— Oi.
— Sabe que dia é hoje?
— Dia de você me deixar dormir?
— Não, dia de lavar roupa, levanta. — Puxei a coberta dele.
Ele tentou puxar a coberta de mim, aí começamos um cabo de guerra, que no final ele soltou e eu caí no chão. Ele começou a rir e acabou se levantando. Juntamos todas as roupas sujas em dois cestos, e levamos para a lavanderia. Quando chegamos lá, estava escrito em negrito e letra maiúscula " MÁQUINAS EM MANUTENÇÃO ", eu precisava daquelas roupas para semana que vem.
— Vamos levar em uma lavanderia? — Jake me olhou.
Eu suspirei e entrei na lavanderia manual.
— Ei. — Ele me seguiu.
— Olha, apresento para você. — Peguei um sabão em pó. — Sabão em pó, ele ajuda você a limpar sua roupa. — Entreguei para ele e peguei o amaciante. — Isso aqui deixa macio.
— São muitas roupas. — Ele falou desanimado.
— Apresento para você, mãos. — Coloquei minhas mãos na frente da sua cara. — Você tem duas.
— Ah, obrigado por me informar. — Ele colocou as coisas em cima de uma mesinha.
E assim começamos a lavar nossas roupas, fazia muito tempo desde que eu não faço isso, tipo, muito tempo mesmo. Paramos umas duas vezes para comer e deixar a roupa parada no sabão. Ficamos a manhã inteira lavando roupa, terminamos quando era meio dia e alguma coisa, eu já queria voltar a dormir. Estava sentada em um canto, pensando onde colocar a roupa para secar, quando apenas senti água caindo sobre minha cabeça, Jake segurava o balde e ria de minha situação.
— Você não fez isso. — Falei irritada.
Ele não conseguia me responder, estava ocupado demais rindo da minha cara.
Me levantei, peguei a mangueira e mirei em sua direção.
— Não, Maggie, isso dói. — Ele falava em meio aos risos.
Eu liguei a torneira, saiu um jato forte, acertou a coxa dele, ele gritou, diminui a pressão, não era pra machucar tanto, fiquei alguns segundos o molhando e desliguei a torneira.
— Você não sabe brincar, não? — Ele estava vindo em minha direção.
— Não.
— Então não brinca. — Ele ergueu os braços.
A porta fez um barulho de se abrindo, e um inspetor abriu a mesma, eles nos olhou, depois olhou para a bagunça no local, eu soltei a mangueira na hora.
— Limpem tudo. — Ele apenas falou isso e saiu.
Eu e Jake nos olhamos e começamos a rir, pronto agora trabalharemos em dobro, que divertido!
Nem almoçamos, ficamos até 1:30, arrumando tudo, depois subimos para o quarto e estendemos nossas roupas na varanda.
Tomamos um banho e fomos comer em um restaurante no campus mesmo, que por acaso estava cheio, sentamos em uma mesa dos fundos - a que sobrou -, e estávamos esperando um garçom.
— Comeria um boi inteiro. — Me debrucei na mesa.
— Sinto que vou desmaiar a qualquer momento. — Ele apoiou a cabeça na mesa também.
O garçom logo chegou.
— O que vocês vão querer?
— Comida. — Jake falou.
— Muita comida. — Completei.
— Ah, sim, um prato feito? — Ele franziu o cenho.
— E dois sucos de maracujá. — Jake complementou.
— Ok, já trago. — Ele saiu.
Eu e Jake estávamos com muita fome para iniciar uma conversa. Não demorou muito para que nossos pedidos chegassem, depois de comermos, ficamos um tempo olhando um para a cara do outro, quando abri a boca para falar algo, uma menina chegou gritando o nome de Jake.
Era a mesma menina daquele dia, que Jake deu meu trabalho.
— Que saudades. — Sua voz soava falsa, seu sorriso parecia falso, ela parecia um monte de átomos falsos.
Mesmo sabendo que ela não tinha culpa, pelo fato de Jake ter passado o meu trabalho para ela, fechei a cara.
— Olá, Ellie. — Jake sorriu.
— Eu não te vi a semana toda. — Ela se sentou ao lado dele.
— Eu estive ocupado.
— Dormindo? — Eles riram. — Soube que foi suspenso.
— Dormir é um grande trabalho, okay?
Ela me olhou, e pareceu finalmente perceber que eu estava ali.
— Ah, você é a Maggie, não é? — Ela sorriu, com seu sorriso que eu não conseguia simpatizar.
— Sim.
— Obrigada pelas respostas, do trabalho da semana passada.
Eu arqueei uma sobrancelha, não foi semana passada que Jake deu meu trabalho para ela, aí eu comecei a ligar os pontos, olhei para Jake com raiva estampada em minha cara, ele olhava para os lados, tentando disfarçar, olhei para ela e sorri.
— De nada.
Ela se despediu de nós e deu um beijo na bochecha de Jake, esperei ela sair, paguei minha parte e sai logo em seguida. Jake fez a mesma coisa, vindo atrás de mim.
— Ei, ei, calma. — Ele me segurou pelo braço.
— Você tem ideia do quanto me esforço para entregar um trabalho bem feito?
— Sim, mas cara, ela me pediu, pense, você está ajudando alguém.
— Eu ajudo pessoas que realmente precisam, e não essas pessoas que nem tentam se ajudar. — Elevei o tom da voz.
— O seu professor nem percebeu.
— Esse não é o problema! — Eu estava ao ponto de tacar minha mão na cara dele. — O problema é que você prometeu! — Eu gritei e coloquei o indicar em seu peito.
— Ela é minha amiga... — Ele falou baixo.
Eu o olhei indignada, e eu não era amiga dele? Ele percebeu o que acabou de dizer, e segurou meus braços novamente.
— Não, não, é claro que você também é minha amiga, mas... Amigos se ajudam, né?
— Você sabe o que é uma promessa? — O olhei nos olhos.
— Ah, por favor, é apenas um trabalho, não é necessário todo esse drama. — Ele bufou.
— Você não tá entendendo que não é por causa do trabalho?
— Uma promessa sobre um trabalho, não é algo importante.
— Uma promessa é sempre algo importante. — Me soltei de suas mãos e me endireitei, eu havia causado o maior escândalo ali.
— Para com isso. — Ele implorou com os olhos, o que quase fez eu ceder, mas eu não iria.
— Eu te desculpo, por ter passado meu trabalho. — Falei calma.
— Sério? — Ele sorriu.
— Claro. — Sorri. — Afinal, é apenas um trabalho.
Seu sorriso desapareceu, e ele começou a estranhar minha fala, eu me virei e continuei meu caminho para o quarto.
Ele me seguiu, entrei no quarto, junto dele, me deitei na cama e ele apenas me observava.
— Você estava sendo sarcástica?
Eu segurei o riso, quando ele me perguntou o isso.
— Não, eu realmente te desculpo. — Consegui impedir o riso e olhei para ele.
— Não, você aceitou muito rápido, está me zoando? Irá cortar meu cabelo enquanto eu durmo? Vai jogar minhas roupas pela janela?
— Eu nunca fiz isso.
— Não sei, não consigo duvidar de você.
— Não consegue acreditar que eu apenas te desculpo?
— Não. — Ele se sentou ao meu lado.
— Então tá, não desculpo mais.
— Não, não. Okay, tá tudo bem. — Ele me olhou nos olhos. — Né?
— Você tinha prometido.
— Há! — Ele pulou e gritou, apontando para mim. — Eu disse que você ainda estava brava.
— E por que está comemorando isso? — Arqueei a sobrancelha.
— Não estou comemorando isso, só estou comemorando o fato de eu ter acertado. — Ele suspirou. — Olha, não levo promessas como essas a sério, é algo irrelevante.
— Se você não leva isso a sério, não prometa, porque eu levo.
— Certo, me desculpa por isso.
Ele parecia triste de verdade, ou ele atuava muito bem, eu não resisto a isso.
— Desculpo, mas agora, vamos mudar o esquema. — Ele me olhou confuso. — Se passar meus trabalhos para sua amiga de novo, eu corto seu cabelo. Feito?
Ele hesitou, e pareceu pensar um pouco.
— Ela insiste tanto... — Ele mordeu o lábio inferior.
— Eu entendo que ela é mais sua amiga do que eu, mas os trabalhos são meus.
— Ela não é, eu falei aquilo, só por falar. — Ele me olhou. — Ficou com ciúmes?
— Ciúmes por você não me considerar sua "best"? — Perguntei fingindo falsamente estar interessada. — Não.
Ele riu.
— Então estamos bem?
— Sim. — Suspirei.
Ele sorriu e pulou na minha cama, me puxando com ele.
— Isso não quer dizer que você pode deitar aqui. — Falei olhando para o teto.
— Já saio. — Ele fechou os olhos.
Não demorou muito para que dormisse, e certamente ele não iria sair dali, o que me restou além de jogá-lo no chão, era aceitar e dormir também, assim fiz.
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