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História This is our place - Em manutenção


Escrita por: amidori

Capítulo 7 - Em manutenção


 

Acordei com dores por todo o corpo, dormir no chão não foi uma boa ideia, olhei para o lado, Jake já havia acordado, e desapareceu. Tirei os gatinhos de cima de mim e me levantei, ouvi minhas costas estralando quando me espreguicei. Fui ao banheiro e fiz tudo o que necessitava, me arrumei, dei uma geral no quarto, já era 10 da manhã, eu acordei tarde, alimentei os gatos.

Fui arrumar a prateleira de sapatos, atrás da porta, estava de costas quando a porta abriu e bateu na minha cabeça, eu coloquei a mão no lugar atingido e me abaixei, meus olhos chegaram a lagrimejar.

— Meu Deus, Maggie, desculpa. — Era Jake, ele se abaixou ao meu lado.

— Tudo bem. — Respirei fundo e me levantei.

— Ah, tenho novidades. — Ele falou animado, e eu o encarava com a mão ainda na cabeça. — Hoje vamos no zoológico. — Eu nem prestei atenção no que ele dizia, estava concentrada na minha dor de cabeça.

— Por que você abre a porta com tanta força? — Choramiguei baixo.

— Desculpa. — Ele passou a mão na minha cabeça.

— E quem disse que vamos ao zoo? — Perguntei, ele tirou dois ingressos do bolso.

— Estava tendo uma promoção, aí eu pensei: " Nossa, Maggie adoraria ver os elefantes, vou comprar. " — Ele contou isso tão animado.

— Por que você acha que eu iria adorar ver os elefantes? — Franzi o cenho.

— Oras, você não gosta de elefantes, não?

— Gosto, mas...

— Elefantes são uns amorzinhos, são grandes e fofos.

— Tudo bem... Podemos ir, depois que você ajudar a limpar o quarto. — Entreguei a vassoura para ele e sorri.

Ele inflou as bochechas, mas logo começou a limpar o pequeno corredor. Eu arrumei as coisas, enquanto ele limpava. Quando já era 12:30, aquele quarto estava limpinho, nem parecia que morava dois adolescentes desorganizados ali. Almoçamos em um restaurante baratinho, e fomos para o zoo.

Eu admito ficar empolgada para ver aqueles grandes e maravilhosos animais, mas também fico triste por eles viverem presos.

Primeiro fomos na casa das cobras. Jake arriscou a pegar uma na mão, o carinha falou que elas eram mansas, e tentou me convencer a pegar uma, o que foi em vão, eu fiquei a uma certa distância deles, até Jake sair correndo atrás de mim, com uma cobra no pescoço, eu saí correndo para fora da casa de cobras e o esperei lá, ele chegou até mim rindo.

— Eu te odeio. — Resmunguei.

— Me dá um abraço. — Ele foi para me abraçar, mas eu saí correndo de novo.

— Não encosta em mim! — Ele riu mais ainda, revirei os olhos e continuei a andar.

Próximo lugar, aquário, fomos avisados que teriam um espetáculo com golfinhos de tarde. Tinha um lugar dos pinguins, os turistas podiam alimentá-los e se eles deixassem podiam passar a mão, eu e todo meu amor por pinguins fomos alimentá-los, fiquei bons 30 minutos tentando passar a mão em um deles, até que consegui, mas alguma criança começou a gritar, porque um pinguim queria o peixe da mão dela, o meu pinguim se assustou e saiu correndo, foi bom enquanto durou, e quanto a criança, jogou o peixe pra longe e foi pro colo da mãe, eu me senti mal por rir com a situação.

Vimos mais alguns peixes e saímos, logo indo para a área dos animais terrestre e os aéreos. Chegamos nas girafas, elas eram amigáveis, uma delas se abaixou para eu passar a mão em sua cabeça. Jake conseguiu pegar um macaquinho, que a propósito era super fofo. Vimos diversos animais, até um tigre branco magnífico, que eu me apaixonei de primeira, e finalmente, os elefantes, Jake saiu correndo para ver eles, o que me fez rir.

— Olha pra eles, veja se não são maravilhosos. — Jake falou alto para mim, mas fez com que todos olhassem para ele, e ele nem ligou.

— São mesmo. — Me aproximei dele.

Um elefante brincava na água e o outro estava sendo alimentado por alguns turistas, o elefante que estava na água veio até nós, Jake estendeu a mão na esperança de conseguir passar a mão nele, e ele conseguiu, ele começou a rir feito uma criança. O elefante esguichou água em nós, e em todos que estavam perto da gente, o que fiz foi rir, já que estava encharcada mesmo, e Jake continuou passando a mão no elefante, que parecia estar gostando.

Ficamos andando por mais um tempo, até acharmos uma praça de alimentação, pedimos qualquer coisa que matasse a fome.

— Está se divertindo? — Ele falou e bebeu um gole do suco, que eu nem vira chegar, o meu também estava ali.

— Sim, faz tempo que não venho a um zoológico.

— Depois vamos ver as lhamas. — Ele voltou a se empolgar.

— E os avestruzes. — Acrescentei.

Nossa comida chegou, comemos igual dois condenados. Dividimos a conta e voltamos a andar, o zoo estava movimentado para um dia de semana, tinha uma escola passeando ali, imagino eu, já que tinha um monte de crianças com uniformes iguais.

E chegamos à última área do zoológico, eu tentei encostar em uma lhama, mas ela desviou de mim e foi em direção ao Jake, me aproximei de Jake e tentei de novo, mas ela virou o rosto.

— Ta bom então. — Me revoltei com a lhama, o que era inútil, já que ela nem gostava de mim mesmo.

Jake estava rindo e acariciando a lhama, fui do outro lado, ver os avestruzes, eles estavam dormindo, lá longe. Demos mais uma longa volta no zoo, esperando o show dos golfinhos, era 5 da tarde e o show seria às 6. Sentamos em um banquinho e tomamos outro suco, àquela altura eu já estava morta de cansaço.

— Está cansada? — Jake me olhou.

— Eu sou sedentária, não sou acostumada a andar tanto assim. — Ele olhou para minhas pernas e bateu em minha coxa, um tapa forte, chegou até a estralar, eu soltei um grito.

— Caralho, pra que isso?

— Tô vendo seus músculos. — Ele riu.

— Não é assim que vê. — Retruquei.

Ele pegou minhas gordurinhas do lado da perna e as apertou, eu bati na mão dele.

— Para! Vou te jogar na jaula dos leões.

Ele riu e apertou minhas bochechas.

— Quando você não tem nada para fazer, costuma apertar as pessoas? — Perguntei irritada.

— Hoje é meu último dia de "férias", amanhã você vai ficar sozinha.

— Não será tão ruim. — Falei com dificuldades, já que ele ainda apertava minhas bochechas, belisquei sua mão, o que fez ele me soltar.

— Pode admitir que sentirá minha falta. — Ele sorriu.

— Nunca. — Virei o rosto.

Os megafones do parque, fizeram um barulho chamando a atenção do povo, e avisou sobre o show. Eu e Jake, fomos quase os primeiros a chegar no local, e isso significava que, os melhores lugares eram nossos, sentamos bem na frente. O show foi legal, golfinhos são fofos, e também ficamos encharcados de novo, mas isso deixou ainda mais divertido.

Voltamos para "casa", já era de noite, então apenas tomamos um banho e capotamos na cama, hoje dormimos em camas separadas. Acordei com a movimentação de Jake pelo quarto, ele andava de lá para cá se arrumando, até perceber que eu acordei.

— Bom dia. — Ele sentou na cama, pelo visto já estava pronto, apenas esperando dar o horário.

— Boa sorte lá. — Sorri e me espreguicei, logo levantando.

— O que vai fazer hoje?

— Vou adiantar alguns trabalhos. — E entrei no banheiro.

Quando sai, ele já tinha ido para sua aula, vi novamente a lista de trabalhos que Julie havia me mandado, e comecei a fazê-los. Depois de horas fazendo todos os trabalhos, umas duas jarras de café e uma pausa para o almoço - além da sonequinha, que ainda conto como almoço -, terminei todos, e já era 5:39, Jake chegaria daqui a pouco.

Hoje era sexta-feira, eu sabia que ficar de suspensão, não era uma coisa boa, mas não sei se estou preparada para voltar às aulas. Ouvi o barulho da porta, inclinei a cadeira para trás, tentando enxergar se era Jake. Era ele e mais um garoto loiro, ele era do penúltimo ano de engenharia civil.

— Maggie, Louis. Louis, Maggie. — Jake nos apresentou.

— Olá. — Falei.

— Ele vai me ajudar a fazer os trabalhos que ficaram acumulados. Pode nos ignorar.

Dei de ombros e fui procurar alguma comida, já que estava quase morrendo. O resto do dia se passou bem rápido, Louis foi embora e Jake estava quase dormindo, já era 1 da manhã, então também fui dormir.

E um novo dia começa, sábado de manhã, fui até a janela e o jardim estava cheio de gente, o que era normal, todos glorificavam a chegada do final de semana.

— Ei. — Fui até Jake e o cutuquei.

Ele não demorou muito para abrir os olhos.

— Oi.

— Sabe que dia é hoje?

— Dia de você me deixar dormir?

— Não, dia de lavar roupa, levanta. — Puxei a coberta dele.

Ele tentou puxar a coberta de mim, aí começamos um cabo de guerra, que no final ele soltou e eu caí no chão. Ele começou a rir e acabou se levantando. Juntamos todas as roupas sujas em dois cestos, e levamos para a lavanderia. Quando chegamos lá, estava escrito em negrito e letra maiúscula " MÁQUINAS EM MANUTENÇÃO ", eu precisava daquelas roupas para semana que vem.

— Vamos levar em uma lavanderia? — Jake me olhou.

Eu suspirei e entrei na lavanderia manual.

— Ei. — Ele me seguiu.

— Olha, apresento para você. — Peguei um sabão em pó. — Sabão em pó, ele ajuda você a limpar sua roupa. — Entreguei para ele e peguei o amaciante. — Isso aqui deixa macio.

— São muitas roupas. — Ele falou desanimado.

— Apresento para você, mãos. — Coloquei minhas mãos na frente da sua cara. — Você tem duas.

— Ah, obrigado por me informar. — Ele colocou as coisas em cima de uma mesinha.

E assim começamos a lavar nossas roupas, fazia muito tempo desde que eu não faço isso, tipo, muito tempo mesmo. Paramos umas duas vezes para comer e deixar a roupa parada no sabão. Ficamos a manhã inteira lavando roupa, terminamos quando era meio dia e alguma coisa, eu já queria voltar a dormir. Estava sentada em um canto, pensando onde colocar a roupa para secar, quando apenas senti água caindo sobre minha cabeça, Jake segurava o balde e ria de minha situação.

— Você não fez isso. — Falei irritada.

Ele não conseguia me responder, estava ocupado demais rindo da minha cara.

Me levantei, peguei a mangueira e mirei em sua direção.

— Não, Maggie, isso dói. — Ele falava em meio aos risos.

Eu liguei a torneira, saiu um jato forte, acertou a coxa dele, ele gritou, diminui a pressão, não era pra machucar tanto, fiquei alguns segundos o molhando e desliguei a torneira.

— Você não sabe brincar, não? — Ele estava vindo em minha direção.

— Não.

— Então não brinca. — Ele ergueu os braços. 

A porta fez um barulho de se abrindo, e um inspetor abriu a mesma, eles nos olhou, depois olhou para a bagunça no local, eu soltei a mangueira na hora. 

— Limpem tudo. — Ele apenas falou isso e saiu.

Eu e Jake nos olhamos e começamos a rir, pronto agora trabalharemos em dobro, que divertido!

Nem almoçamos, ficamos até 1:30, arrumando tudo, depois subimos para o quarto e estendemos nossas roupas na varanda.

Tomamos um banho e fomos comer em um restaurante no campus mesmo, que por acaso estava cheio, sentamos em uma mesa dos fundos - a que sobrou -, e estávamos esperando um garçom.

— Comeria um boi inteiro. — Me debrucei na mesa.

— Sinto que vou desmaiar a qualquer momento. — Ele apoiou a cabeça na mesa também.

O garçom logo chegou.

— O que vocês vão querer? 

— Comida. — Jake falou.

— Muita comida. — Completei.

— Ah, sim, um prato feito? — Ele franziu o cenho.

— E dois sucos de maracujá. — Jake complementou.

— Ok, já trago. — Ele saiu.

Eu e Jake estávamos com muita fome para iniciar uma conversa. Não demorou muito para que nossos pedidos chegassem, depois de comermos, ficamos um tempo olhando um para a cara do outro, quando abri a boca para falar algo, uma menina chegou gritando o nome de Jake.

Era a mesma menina daquele dia, que Jake deu meu trabalho.

— Que saudades. — Sua voz soava falsa, seu sorriso parecia falso, ela parecia um monte de átomos falsos. 

Mesmo sabendo que ela não tinha culpa, pelo fato de Jake ter passado o meu trabalho para ela, fechei a cara.

— Olá, Ellie. — Jake sorriu.

— Eu não te vi a semana toda. — Ela se sentou ao lado dele.

— Eu estive ocupado.

— Dormindo? — Eles riram. — Soube que foi suspenso.

— Dormir é um grande trabalho, okay? 

Ela me olhou, e pareceu finalmente perceber que eu estava ali.

— Ah, você é a Maggie, não é? — Ela sorriu, com seu sorriso que eu não conseguia simpatizar.

— Sim. 

— Obrigada pelas respostas, do trabalho da semana passada. 

Eu arqueei uma sobrancelha, não foi semana passada que Jake deu meu trabalho para ela, aí eu comecei a ligar os pontos, olhei para Jake com raiva estampada em minha cara, ele olhava para os lados, tentando disfarçar, olhei para ela e sorri.

— De nada. 

Ela se despediu de nós e deu um beijo na bochecha de Jake, esperei ela sair, paguei minha parte e sai logo em seguida. Jake fez a mesma coisa, vindo atrás de mim.

— Ei, ei, calma. — Ele me segurou pelo braço.

— Você tem ideia do quanto me esforço para entregar um trabalho bem feito? 

— Sim, mas cara, ela me pediu, pense, você está ajudando alguém.

— Eu ajudo pessoas que realmente precisam, e não essas pessoas que nem tentam se ajudar. — Elevei o tom da voz.

— O seu professor nem percebeu. 

— Esse não é o problema! — Eu estava ao ponto de tacar minha mão na cara dele. — O problema é que você prometeu! — Eu gritei e coloquei o indicar em seu peito.

— Ela é minha amiga... — Ele falou baixo. 

Eu o olhei indignada, e eu não era amiga dele? Ele percebeu o que acabou de dizer, e segurou meus braços novamente.

— Não, não, é claro que você também é minha amiga, mas... Amigos se ajudam, né? 

— Você sabe o que é uma promessa? — O olhei nos olhos.

— Ah, por favor, é apenas um trabalho, não é necessário todo esse drama. — Ele bufou.

— Você não tá entendendo que não é por causa do trabalho? 

— Uma promessa sobre um trabalho, não é algo importante.

— Uma promessa é sempre algo importante. — Me soltei de suas mãos e me endireitei, eu havia causado o maior escândalo ali.

— Para com isso. — Ele implorou com os olhos, o que quase fez eu ceder, mas eu não iria.

— Eu te desculpo, por ter passado meu trabalho. — Falei calma.

— Sério? — Ele sorriu.

— Claro. — Sorri. — Afinal, é apenas um trabalho. 

Seu sorriso desapareceu, e ele começou a estranhar minha fala, eu me virei e continuei meu caminho para o quarto.

Ele me seguiu, entrei no quarto, junto dele, me deitei na cama e ele apenas me observava.

— Você estava sendo sarcástica? 

Eu segurei o riso, quando ele me perguntou o isso. 

— Não, eu realmente te desculpo. — Consegui impedir o riso e olhei para ele.

— Não, você aceitou muito rápido, está me zoando? Irá cortar meu cabelo enquanto eu durmo? Vai jogar minhas roupas pela janela?

— Eu nunca fiz isso. 

— Não sei, não consigo duvidar de você.

— Não consegue acreditar que eu apenas te desculpo?

— Não. — Ele se sentou ao meu lado.

— Então tá, não desculpo mais.

— Não, não. Okay, tá tudo bem. — Ele me olhou nos olhos. — Né?

— Você tinha prometido.

— Há! — Ele pulou e gritou, apontando para mim. — Eu disse que você ainda estava brava.

— E por que está comemorando isso? — Arqueei a sobrancelha.

— Não estou comemorando isso, só estou comemorando o fato de eu ter acertado. — Ele suspirou. — Olha, não levo promessas como essas a sério, é algo irrelevante.

— Se você não leva isso a sério, não prometa, porque eu levo.

— Certo, me desculpa por isso. 

Ele parecia triste de verdade, ou ele atuava muito bem, eu não resisto a isso. 

— Desculpo, mas agora, vamos mudar o esquema. — Ele me olhou confuso. — Se passar meus trabalhos para sua amiga de novo, eu corto seu cabelo. Feito? 

Ele hesitou, e pareceu pensar um pouco.

— Ela insiste tanto... — Ele mordeu o lábio inferior.

— Eu entendo que ela é mais sua amiga do que eu, mas os trabalhos são meus.

— Ela não é, eu falei aquilo, só por falar. — Ele me olhou. — Ficou com ciúmes?

— Ciúmes por você não me considerar sua "best"? — Perguntei fingindo falsamente estar interessada. — Não.

Ele riu. 

— Então estamos bem? 

— Sim. — Suspirei.

Ele sorriu e pulou na minha cama, me puxando com ele.

— Isso não quer dizer que você pode deitar aqui. — Falei olhando para o teto. 

— Já saio. — Ele fechou os olhos.

Não demorou muito para que dormisse, e certamente ele não iria sair dali, o que me restou além de jogá-lo no chão, era aceitar e dormir também, assim fiz.


 



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