Assim que entrei em casa, tomei um banho breve e resolvi ir até a vendinha do seu Charlie para comprar algo para fazer um lanche. Assim que entrei na loja, vi seu Charlie sentado lendo um livro “Deadwood, a cidade sombria”...
-Isso é verdade?
-O que minha filha? – Perguntou seu Charlie me encarando desentendido.
-Deadwood é uma cidade sombria? –Perguntei.
-Depende de quem acreditar...-Sorriu.
-O senhor acredita?
-É...tenho minhas dúvidas... –Sorriu novamente.
-Aonde posso comprar um livro desse?
-Na verdade você não vai encontrar um desses por aqui...esse eu ganhei de uma tribo indígena quando fui a Amazônia. – Contou-me.
-Entendi...
-Ninguém venderia um livro desses por aqui... (Sorriu) acredito que se vendesse, ninguém mais viveria aqui... –Completou.
-É tão ruim assim?
-Tire você suas próprias conclusões... logo vou termina-lo e te empresto, porém, você vai ter que me prometer que ninguém mais lerá esse livro. –Disse seu Charlie.
-Tudo bem.... Eu prometo. – Falei.
Fui até a um dos freezers da loja e peguei uma lasanha congelada. Não era muito boa, porém eu não estava afim de ter mais trabalho com outra opção. Conduzi-me até o caixa...
-Você está bem? –Perguntou-me.
-Eu estou sim...
-Soube que o menino sobreviveu?
-Sim...minha mãe havia comentado comigo...estou muito feliz por nossa ação...
-Deveria estar feliz por sua ação, foi você quem salvou ele...
-Não Charlie...fomos nós... e você me salvou... obrigada. –Sorri.
-Não te salvei...nenhum dos dois iam machucar você...
-Como assim?
-O lobo alfa, não queria machuca-la, ainda não decifrei mas parece que sente a necessidade de protege-la... ele já apareceu outras vezes não é mesmo?
-Sim... mais.... Eu não estou entendendo...como o senhor sabe dessas coisas?
Charlie era mais inteligente do que eu imaginava, porém, ele estava falando daqueles bichos, como se conhecesse eles...como se pudesse vê-los muito além do que eu vejo...
-Eu vivi durante muitos anos aqui...conheço minha cidade...
-Mais aquele homem, ele estava mesmo querendo me atacar!
-Não...ele estava atacando ao menino, se quisesse atacar você, tinha feito isso enquanto teve tempo. Ele sabia que você estava o observando o tempo inteiro. Ele estava hesitante em te atacar, parecia incerto do que realmente queria...
Apenas encarei seu Charlie e minha cabeça ficou mais confusa ainda, parecia uma bola de neve, eu não sabia o que realmente estava acontecendo, ou talvez eu soubesse, porém não queria acreditar.
-Quando ler o livro, vai entender um pouco mais sobre Deadwood... –Sorriu Charlie.
Apenas assenti com a cabeça...
-Obrigada...
-De nada minha filha.... Qualquer coisa que precisar, estarei por aqui.
Eu só conhecia aquele senhor a poucos dias, porém confiava nele como se já o conhecesse há longos anos, e de alguma maneira, eu sabia que ele realmente estaria ali para me ajudar...
-Eu sei... –Finalizei, sorrindo delicadamente.
Charlie apenas assentiu com a cabeça e deu um sorriso pelo canto da boca.
Sai da loja, e caminhei pela rua, ao chegar mais próximo de casa, vi um carro branco; parecia o de Meg.
E para confirmar minha desconfiança, a vi em pé em frente a porta da minha casa, tocando a campainha.
-Oi! Estou aqui. –Alertei.
Meg virou para encarar-me, parecia assustada.
-Você está bem? –Perguntei.
-Estou... e você? –Respondeu.
-Estou bem sim. Vamos, entre comigo. –Disse abrindo a porta.
Entramos em casa e Meg acompanhou-me até a cozinha, logo peguei a lasanha e coloquei no micro-ondas para cozinha-la.
-Então, você não parece muito bem... –Admiti.
Meg encarou-me e deu um sorriso pelo canto dos lábios.
-Só estou preocupada com meu irmão, como sempre...
-O que foi dessa vez? –Perguntei.
-Na verdade eu não sei bem... mais ele não dormiu em casa ontem. –Disse Meg, sentando em uma das cadeiras que completa a mesa de jantar.
-Vocês moram sozinhos, não é?
-Moramos com minha tia, porém ela quase sempre não aparece em casa... meus pais morreram em um acidente de carro.
-Nossa...eu sinto muito. –Falei, me arrependendo rapidamente de ter tocado no assunto.
-Está tudo bem...
-Olha só...sempre que você quiser, pode vir aqui para casa... pode sei lá, dormir aqui se quiser... não tem problema, eu não quero que se sinta sozinha... e eu também não gostaria de me sentir assim...então, uma faz companhia a outra! –Sorri.
Meg sorriu, mostrando-se satisfeita com minha oferta.
-Então...estou fazendo uma lasanha, maravilhosa que deve ficar pronta em exatamente, cinco segundos! – Disse, apontando para o cronômetro do micro-ondas.
Meg sorriu novamente.
-Receita de família? –Perguntou ela.
“PIII...” –Alertou o micro-ondas.
-Com certeza! (Gargalhei) Super descongelado e cozinhado!
Gargalhamos juntas. Retirei a lasanha pronta do micro-ondas e nos servi em pratos com talheres.
Logo começamos a almoçar e assim que olhei o relógio, percebi que só faltava uma hora para meu trabalho começar.
-Meg, por que não foi a escola hoje? Não estava se sentindo bem?
-Eu estava meio ruim...
Assenti com a cabeça.
Me levantei, e Meg ajudou-me a lavar os pratos. Logo ela acompanhou-me até meu quarto e me arrumei rapidamente para ir trabalhar.
-Eu posso te deixar lá hoje! –Sorriu Meg.
-Sério?! Seria ótimo! –Sorri.
Quando terminei de me arrumar, Meg levou-me até o trabalho. Agradeci e entrei de imediato na lanchonete. Assim que Bill avistou-me, deu um sorriso de aprovação por eu estar adiantada em trinta minutos.
-Chegou cedo hoje. – Disse Bill.
-Pois é... –Sorri.
Logo deixei Bill e fui aprontar-me para o serviço. Assim que terminei, fui ajudar Sebastião com a louça...
-Aonde está a Valquíria? – Perguntei.
-Ela teve que sair para resolver umas coisinhas, mais já deve estar chegando por aí... –Respondeu Sebastião.
-Entendi...
Após terminarmos de organizar a cozinha, percebi que a lanchonete, estava começando a ficar bem cheia, então me recompus, e fui atender aos clientes.
Rapidamente, anotei todos os pedidos e Sebastião, começou a apronta-los, servi algumas bebidas e no meio disso, escutei Bill me chamando.
-Isabel, a Valquíria vai se atrasar um pouco, acha que consegue segurar as pontas no salão, sozinha? -Sussurrou
-Bill eu não vou mentir para você, eu não faço a menor ideia se dou conta ou não...
-Então vamos ver... – Afirmou Bill
-Sim, eu farei o possível. – Disse confiante.
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