História This Light Between Us - Texting

Depois dos últimos dias bem agitados, estava de volta em casa e a faculdade cada dia ficava melhor. Por um milagre até meus irmãos me ligaram. Eles moravam longe do estado do Rio de Janeiro, o mais velho morava com a esposa na Flórida, por isso era difícil nos vermos. Me parabenizaram pela faculdade, e nos falamos pelo Skype por longas horas. Eram as quatro melhores pessoas do mundo.
   Meu pai pra não ficar sem fazer nada, resolveu investir uma parte do seu dinheiro num pequeno restaurante de comida italiana no shopping barra. Outra novidade era minha mãe. Ela e alguns colegas foram escalados para dar suporte em um hospital na capital do Haiti. Quando ela me contou, fiquei um pouco assustada por ser tão longe e num lugar totalmente instável, mas a vida é inteiramente dela, não devo me meter. Tanto que agora estou no aeroporto com meu pai me despedindo dela por 1 ano. Muito tempo, eu sei.

    Falava o dia inteiro com Justin por mensagem de texto. Ele era praticamente meu despertador todos os dias pra faculdade. E sexta não foi diferente. Eu iria procurar emprego depois do almoço, porque sem minha mãe aqui, eu precisava ajudar.
Levantei da cama e fiz tudo que era necessário e troquei de roupa. Coloquei uma saia longa florida, regata branca e tênis branco. Ah, me esqueci de dizer que coloquei um piercing no septo. Na verdade, depois do carnaval, me deu uma vontade repentina de mudar.
Peguei minha bolsa de pano, coloquei o celular, chaves, documentos, livros e saí.
Antes de entrar no corredor da minha sala, passei no refeitório e comprei um sanduíche aleatório pra comer antes que o professor começasse a aula. De qualquer forma, ainda faltavam 10 minutos e não tinha quase ninguém por lá. Meu celular vibrou dentro da bolsa, então soltei o que estava comendo e desbloqueei-o. Era uma mensagem

Justin: Ei loirinha
Lexi: Oi Justin
Justin: Onde você tá?
Lexi: Na faculdades, oras
Justin: E porque está usando o celular? Que feio, senhorita
Lexi: A aula não começou ainda, bocó. Estou fazendo uma refeição muito saudável agora
Justin: Você tá tomando refrigerante, né?
Lexi: Exatamente
Justin: Vai morrer com 20 anos
Lexi: Era pra você ter morrido então
Justin: Ai cala a boca
Lexi: Revirada de olhos
Justin: Vai pra aula sua piranha
Lexi: Idiota
Justin: Te amo
Lexi: Tchau
Justin: Boa aula
Lexi: Vai se foder
Justin: Super delicada
Lexi: Sempre. Preciso ir. Agora é sério
Justin: Vai lá
Desliguei o celular, terminei minha comida e me levantei indo pra primeira aula do dia: Literatura dramática, mesmo no início do curso, já estava na minha lista como uma das melhores matérias. Talvez porque mexe muito mais com a expressão de sentimentos.  Meu professor era um cara com estatura média e tinha por volta dos 47 anos. Tinha aula dele três vezes por semana, e esse era nosso terceiro encontro.
Entrei na sala junto com o professor e vi Andrew, amigo que fiz no primeiro dia de aula e que estava me relacionando muito bem nos últimos dias, sentado na penúltima cadeira da segunda fila. Sentei ao seu lado e dei "oi" discretamente junto com um sorriso de lado. Logo em seguida o professor começou a falar.
Fabiano explicou por longos minutos sobre a arte da dramatização e por fim recomendou aos alunos três livros para que escolhessem e fizessem uma peça teatral de 3 minutos sobre o tema abordado em uma das obras. Dividiu a sala em quatro grupos de cinco e um de seis. Por sorte, fiquei no grupo de Andrew. Além de mim e ele, tinham também: Clarice, Pedro e Henrique
Já tinha falado com eles algumas vezes pelos corredores, mas nada que durasse mais que meia frase. O professor tinha a próxima aula também, então o grupo se reuniu e acabamos nos conhecendo melhor. Enquanto eles discutiam suas ideias pra peça e sobre qual livro fariam a mesma, peguei meu celular e abri a caixa mensagem:
Lexi: Justin?
Justin: Já acabou a aula?
Lexi: Não, estou no meio de uma       

Justin: Porque raios você não está prestando atenção? Merece uns tapas
Lexi: É reunião de grupos. Vamos produzir uma peça teatral pra semana que vem
Justin: Que legal
Lexi: E olha que no meu grupo tem três boys maravilhoso
Justin: Sério isso, Alexia?
Lexi: Aham. O mais bonito é o Pedro
Justin: Legal
Lexi: Eu sei. Tenho que ir, até a hora do almoço
Justin: Tchau lê
Lexi: Ah, mais uma coisa
Vou procurar emprego hoje
Justin: E você serve pra alguma coisa?
Lexi: Muito engraçado
Tchau
Justin: Eu sou maravilhoso
Revirei os olhos e coloquei o celular em cima da mesa. Clarice anotava tudo em um bloquinho, até que perguntou se todos concordavam em fazer a peça sobre Dom Casmurro, já que provavelmente todo mundo já leu, e poderíamos fazer uma adaptação. Concordamos, até porque livros desse tipo são fáceis atrativos para vários tipos de público, e não tão complexos de entender a trama.
Já tinha lido Dom Casmurro diversas vezes, mas passaria na biblioteca da faculdade para procurar um exemplar para reler, com mais atenção nos detalhes, e fazer um breve resumo dos pontos importantes. Não seria tão difícil criar uma ou duas cenas baseadas na história.
Depois de um sorteio, escolhemos quem seria Bentinho e Capitu, e os outros personagens seriam escolhidos de acordo com a cena escolhida. Eu e Pedro acabamos sendo os protagonistas, e Clarice logo pulou de alegria porque gostaria de produzir uma cena com nós dois (não entendi, já que nos conhecemos realmente minutos atrás).
As próximas aulas foram bem parecidas, e quando o sinal tocou indicando o fim da última aula do dia "direção teatral" apenas fiz um gesto de "falo com você depois" pra Andrew, me despedi de Clarice e os demais com um aceno e fui direto para o carro. Liguei pro meu pai avisando que almoçaria em seu restaurante e fui para o mesmo em seguida.
            {...}

Entrei no estabelecimento e pude sentir o cheiro maravilhoso da comida que eu aprendi a amar quando era pequena. Além do meu pai, mais duas funcionárias ajudavam o local a funcionar. Quando me sentei em uma das mesas e fiz meu pedido, meu pai me viu e se sentou comigo.
- Que milagre você aparecendo aqui durante a semana - ele disse surpreso
- Oi pra você também - eu sorri
- Como foi a aula?
- Tudo certo. Hoje eu vou começar a procurar emprego
- Já disse que não precisa, mas como sei que não vai desistir, é bom pra que você crie independência financeira. Ano que vem completa dezoito anos e vai querer sair da asa dos pais
- Paaai
- Tudo bem Alê. Já fez seu pedido? - ele mudou de assunto.
- Sim
- Tudo bem, preciso voltar ao trabalho - disse e beijou minha testa
- Ok, até mais tarde.
Então ele foi, e eu esperei meu pedido por alguns minutos. Acabei me esquecendo de justin e quando liguei meu celular vi quatro mensagens suas.
Justin: Qual é o seu problema?
Lexi: O que eu fiz?
Justin: Pensei que tivesse morrido
Lexi: eu falei com você não tem nem 3 horas
Justin: Tá. Estou saindo da casa da minha mãe. Vou com Jeremy pra Los Angeles daqui a pouco.
Lexi: Você nesse luxo todo e eu indo procurar emprego andando nesse sol quente. Muito justo.
Justin: Você só reclama
Lexi: É claro
Justin: Um dia te levo em uma dessas viagens
Lexi: Até parece
Justin: Sério
Lexi: Meu pedido chegou
Justin: Você está num restaurante?
Lexi: Não, numa boate stripper. Meu pedido no caso é um gogo boy.
Justin: Sua ironia me comove, mas preciso ir
Lexi: Até depois, Justin
Justin: Até, AA