História This one is different - Novidades

12/10/97
Hoje fazem exatamente um ano e dois meses que minha família foi completamente dizimada. Digamos que esse último ano não foi tão bom assim, mas está melhorado, ainda não superei totalmente, mas estou trabalhando nisso.
Também faz um ano e dois meses que Bobby me salvou, se não fosse por ele eu com certeza estaria morta. Passei os dias na casa de Bobby treinando, claro, nos dias que eu não tinha aula. Bobby me explicou tudo sobre monstros, criaturas e caçadas, ele passou todo o seu conhecimento para mim. A única coisa que ele não fez foi me deixar caçar. Até hoje, depois de um ano vivendo com ele, não fui a uma caça sequer. Como ele sempre diz “Isso não é coisa que pirralhas de 14 anos fazem você não vai fazer e ponto final. Merece mais que isso.” Ele continua dizendo que eu tenho 14 anos, fiz 15 em maio e acho que ele não acompanhou a evolução ainda. Ah, gente velha, audição ruim, visão pior ainda e a memoria equivalente a de uma formiga. É, mal posso esperar para crescer.
Hoje acordei como sempre, quase caindo da cama. Espreguicei-me e levantei, ia para o banheiro lavar o rosto e me trocar, mas a minha barriga começou a roncar e fui comer de pijama e cara suja mesmo.
-Bom dia Bobby. – Disse sorrindo para o homem que fazia panquecas na cozinha.
-Bom dia criança. Dormiu bem?
-É, pode se dizer isso. E você?
-Como um bebê. –Ele disse colocando a panqueca no meu prato.
-Aham, ta bom. E você quer que eu acredite? Ainda está trabalhando no caso daquela mulher, não está?
-Você me conhece pipes, não vou desistir até descobrir o que aconteceu com ela. –Ele disse se sentando a minha frente e se servindo com uma das panquecas.
-Sim, tudo bem, eu entendo, mas como vai solucionar isso se não dorme? Não vai conseguir pensar direito Bobby.
-Besteira, faço isso minha vida toda e sempre deu certo.
-Então tá né, se não posso te impedir, posso pelo menos ajudar?
-Pipes, você está de férias. Quero que você descanse, não precisa de mais uma coisa perturbando sua cabeça. –Ele disse enquanto comia sua panqueca com mel.
Abri a boca para falar, mas achei melhor não. Discutir não levaria a nada. Então peguei mais duas panquecas e passei nutella e mel, simplesmente as melhores coisas do mundo inteiro. Estávamos comendo em silêncio, cada um apreciando sua panqueca, quando o telefone tocou. Bobby se levantou para atender enquanto resmungava algo como “A essa hora da manhã, sério não posso ter sossego?”.
-Alô?
-Bobby, estou no meio de um caso e eu preciso deixar os meninos ai.
-Bom dia pra você também John. Onde você está?
-Mais 20km e eu chego.
-O que? E você deixa pra avisar agora? E se eu não estivesse em casa?
-É você Bobby, sei que daria um jeito. Te vejo daqui a pouco.
-Ah que que é isso virei babá agora?
Mas John já havia desligado.
Bobby olhou para o telefone e murmurou um audível “Inacreditável” e o colocou de volta no gancho.
-Quem era?
-Winchester. Vai deixar os meninos aqui por um tempinho.
-Hum. –Olhei para o meu prato e comi meu ultimo pedaço de panqueca. –Eles sabem que eu existo?
-John sim, os meninos não.
-Que lindo. –Falei colocando meu prato na pia e indo para o sofá.
Bobby já tinha me falado sobre os Winchester, na época em que Bobby me acolheu ele estava brigado com o John, mas eventualmente eles fizeram as pazes. Mesmo depois de estarem de boa um com o outro eles não se viam cara a cara há quase dois anos. Isso, é claro, também serve para os meninos, os dois filhos de John. Bobby fala deles como se eles tivessem colocado as estrelas no céu, ele cultiva um amor tão grande pelos dois que se eu não soubesse da história pensaria que eram filhos dele.
Liguei a TV e, como sempre, estava no noticiário. A notícia da vez foi às três meninas que desapareceram de dentro de seus próprios apartamentos, do mais absoluto nada. Sem sinais de arrombamento, sem digitais, sem sinais de luta e, ah é claro, não poderia esquecer da única coisa que restou das vítimas, um tufo de cabelo com sangue. Nojento. Acho que é um dos nossos casos porque normal isso não é.
Estava indo falar para o Bobby sobre o caso quando escutei uma batida na porta. Um calafrio passou por mim. Eram eles, só podiam ser.