História This Side Of Paradise - Inesperado

Não demorou muito e Marny tinha se juntado com Jessica, as duas até combinavam, eram animadas, extrovertidas, hoje eu não queria beber, apenas peguei minha taça de vinho e fiquei molhando minha boca enquanto a festa se passava diante de meus olhos. 
Maia do meu lado direito, com o ex, atual namorado dela, sabia eu que porra era aquela, e Eliza estava do meu lado esquerdo, conversando com umas amigas da faculdade. Até tínhamos conversado desde a festa na casa dela, mas havia sido brevemente, MESMO. 
Aparentemente Eliza tinha se tornado parte da minha vida, eu frequentava os mesmos lugares que ela, estávamos no mesmo siclo de amizade. Mas hoje, eu preferi manter distância, ficar na minha, curtir a festa de longe. 
Eliza dava uma olhada para mim às vezes, e incrivelmente bem na hora que eu estava olhando, o que pra mim, dava entender que eu estava encarando ela, mas ninguém dizia nada, nem uma aproximação, nem um oi. 
-Só observando o movimento da festa Jas? -Revirei os olhos mentalmente, só uma pessoa me chamava assim, Thomás. 
-Digamos que hoje eu esteja apenas observando. -Respondo, sem se que olhar para ele. 
-Quem é aquela loira ali? -Minha vontade era de cuspir o vinho que eu tinha acabado de por na boca. Sério? É alguma pegadinha comigo? Respirei fundo. 
-Aquela ali? -Fiz um gesto apenas com o olhar. 
-Sim, ela é sua amiga? -Disse Thomás.
-Sim ela é. -Disse um tanto ríspida, para ver se ele entendia. 
-Pô Jas, você nunca apresenta suas amigas pra mim. -Disse Thomás, rindo. 
-Se toca Thomás. -A verdade era que essa conversa já estava me irritando. 
-Ela é solteira? -Respirei fundo.
-Bom, eu acho que sim, mas você não faz o estilo dela. –Digo, Thomás deu risada, praticamente uma gargalhada.
-Se eu não te conhecesse bem, Jas, diria que está com ciúmes de mim. –Revirei os olhos mentalmente mais uma vez. Quando olhei para frente, Eliza estava vindo em nossa direção, que merda. Péssima hora.
-Oi... –Disse Eliza, para mim, olhando em minha direção apenas. Gargalhei por dentro, confesso.
-Ah! Você só pode ser a Eliza, que Alycia tanto fala. –Disse Thomás, fazendo com que Eliza o olhasse, ela sorriu. –É um prazer. –Ele agora estava beijando a mão dela. Sério isso? Sério que eu tô no meio disso?
-Ora, então a Alycia falou de mim para você? –Eliza me olhou de canto de olho. –Bem ou mal?
Puta merda Thomás, eu vou te matar.
-Acho meio difícil dizer coisas ruins sobre você, não? –AGRR ele oficialmente estava flertando com ela. Eu queria estar em qualquer lugar que não fosse ali, agora.
-Com licença? Eu preciso ir ao banheiro... –Digo, e saio andando.
Obvio que eu não precisava ir ao banheiro, apenas queria sair do meio daquilo.
Procurei a Marny por todos os lados, e ela simplesmente havia sumido ótimo. Eu realmente não deveria ter vindo. Rodei a festa umas três vezes, nada. Eu apenas desisti, fiquei perto de uma janela imensa que tinha, a brisa estava boa, e já era por volta da 1h da manhã, estava batendo um vento um pouco gelado. Ajudava a refrescar as ideias.
-Hum, então é aqui que você veio se esconder de mim? –Senti um soco no estomago. Por ouvir a voz da Eliza, talvez perto demais. Olhei para trás e apenas dei um breve sorriso.
-Se cansou do Thomás? –Digo, com certo receio da resposta. Mas ela sorriu.
-Ele não faz meu tipo... Quer dizer, ultimamente parece que todos os garotos do mundo perderam a graça. –Queria suspirar aliviada, mas apenas mantive minha postura, como se nada tivesse acontecido.
-Compreensível. –Digo.
-Bom, eu preciso te falar algo. –Ok agora sim eu senti um nó na minha garganta. –As aulas estão acabando, a apresentação esta chegando, sim, eu estou mega ansiosa, mas no fundo eu tenho certeza que tudo vai dar certo, todos nós nos preparamos muito para isso. Mas o foco não é esse. Um dia depois da apresentação, nós combinamos de fazer uma viagem, e nada mais justo do que você ir também, mas CLARO, se você quiser.
-Viagem? Sério? Quer dizer, eu não posso aceitar, eu não faço parte da sua turma, nem nada...
-Alycia, eu não posso admitir que você diga isso, você sabe o problema que eu tive para arrumar uma pessoa comprometida, e que tocasse piano bem, você não me deixou na mão se quer um dia nos ensaios, e tenho certeza que sem você, nós não vamos conseguir, então eu acho justo você vir conosco. Nós vamos ficar uma semana no Canadá, você topa?
-Uou! Canadá? Eu acho que só fui uma vez para lá, e eu ainda era muito pequena, deve ser maravilhoso...
-Pois então você vai sim com a gente! –Disse uma Eliza toda empolgada.
-Meu deus! Eu preciso conferir minhas provas finais, mas acredito que todas acabam antes mesmo da apresentação... Isso não vai te atrapalhar, ou algo do tipo?
-Bom, digamos que a maioria vai levar o namorado (a), alguns vão levar os pais, amigos, e eu também tenho essa opção de levar alguém, e eu escolhi você. –Senti meu coração disparar, aff por que?
-É... incrível, mas você tem seus amigos... –Sim eu estava sem reação e sem voz.
-Ok, mas eu quero levar você. –Respirei fundo quando Eliza disse isso, e repeti varias vezes para o meu subconsciente “isso não é um flerte”.
-Sendo assim, acho que nada mais justo eu aceitar. –Digo, dou um leve sorriso de canto. Que fez com que Eliza olhasse para minha boca, por breve segundos, e em seguida olhou em meus olhos.
-Então... eu te vejo na apresentação? –Disse, depois de alguns longos minutos.
-Sim, nos vemos lá. –Eliza sorriu, virou as costas e saiu.
Mas que merda foi essa? Eu não posso me apaixonar, não posso me machucar mais, não de novo. Assim que avistei o garçom, peguei duas taças de champanhe e virei.
Respira Alycia, isso não esta acontecendo. 
Sai novamente a procura de Marny, encontrei Maia, seu rosto estava todo vermelho, ela aparentemente tinha chorado.
-Maia? O que aconteceu?
-Aly, vamos embora, por favor... –Disse Maia e me abraçou.
-Hei, shh, calma... o que aconteceu? Cadê a Marny? Cadê seu... namorado?  -Pergunto, mas ela não parava de chorar. –Maia, respira...
-Marny foi para uma outra festa com a Jéssica, e Tob me largou... sozinha, no meio da festa... –Maia dizia entre soluços.
-O que? Ele te deixou? –Revirei os olhos, e respirei fundo. Mas minha vontade era de bater naquele cara, até machucar. Eu amava Maia, infelizmente não era só como prima.
-Me leva pra casa, por favor... –Disse Maia, e voltou a me abraçar.
-Vem, vamos... –Pego e sua mão, e saímos da festa.
Entramos no carro, Maia chorou o caminho todo. Chegamos em casa e ela ainda estava ao meu lado.
-Eu posso dormir com você essa noite? –Disse Maia, puta que o pariu, meu coração batia com tanta força que eu mal aguentava.
-Maia...
-Só hoje Aly, eu prometo. –Respirei fundo, fechei os olhos e concordei. Se eu ia me arrepender disso amanhã? Claro, mas tentei não usar tanto o meu emocional nesse momento. Maia além de tudo, era minha prima, e minha melhor amiga.
Subimos para o meu quarto, de mãos dadas. Sentei na cama, com as pernas esticadas, e Maia se deitou em meu colo.
-Ninguém nunca vai me amar como você me ama Aly, desculpa por eu nunca ter retribuído isso antes. –Senti um calafrio percorrendo minha espinha. Maia levantou a cabeça e eu a beijei, não que essa fosse a decisão mais correta de ser tomada agora, mas eu queria isso, e senti que ela também. Deitei ao seu lado, e ficamos horas nos olhando, volta e meia ela me beijava.
Fiquei olhando seu rosto, e mexendo em seu cabelo, até que ela parasse de chorar e pegasse no sono.
Fiquei pensando em tudo o que aconteceu, Eliza toda empolgada e sorridente, dizendo que precisávamos ir para o Canadá, e em seguida Maia chorando, e precisando de mim... é tinha sido realmente uma noite inesperada.