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História This strange feeling - Nancy


Escrita por: laranjinhamec

Notas do Autor


Olá leitores!
Essa semana eu tive que editar alguns artigos meus e a fic tá bem atrasada. Tô escrevendo dia e noite, não é fácil!
De novo, o apoio de vocês tem sido fundamental pra mim e isso significa a vida, sério, a fic só tem crescido e eu devo tudo a vocês! vocês são incríveis! Enfim, sem mais delongas, vamos ao capítulo.
ps: tô procurando umas bandas pra ouvir e ter inspiração. Além de The 1975 e a trilha de ST, estou ouvindo muito Cage the Elephant. E vocês, tem ouvido algo legal? peixos <333

Capítulo 10 - Nancy


Hawkins – Indiana – 1982

(Nancy)

Há dois dias atrás meu mundo acabara de desabar completamente.

Eu estava esperando essa festa de Halloween a semanas. Aqui em Hawkins as coisas quase não andam. Não acontece nada de diferente ou especial. A festa é conhecida por trazer umas bandas pro ginásio da escola e deixar a gente beber um pouco de ponche. Eu estava indo pela festa, mas também estava indo por Steve.

Nosso relacionamento já não era mais o mesmo. Eu gostava de me sentir em perigo com ele, quando ele me levava em seu carro em alta velocidade, dirigia com uma mão, e na outra tocava meus seios debaixo da blusa. Ele podia ter ficado com outras garotas, mas era pra mim que ele sempre voltava no fim das contas.

Era..

Me arrumei toda para a festa. Minha fantasia era a de Dorothy, de O Mágico de Oz. É verdade que o vestido e o aventalzinho estavam dois números menores, mas isso realmente não importava. Embaixo dele eu estava usando um lingerie especial que eu tinha escolhido junto com Barb em nossa tarde de garotas no shopping. Eu estava linda, eu estava sexy, eu sabia que Steve não resistiria e teríamos a noite que eu finalmente estava esperando a meses.

Me lembro de cada detalhe da minha primeira vez com Steve. Simplesmente aconteceu, afinal, já tínhamos chegado perto tantas vezes com nossos amassos, mas dessa vez a coisa foi mais a fundo. Tínhamos acabado de voltar de uma festa na piscina na casa da Lacy Myers, a menina mais rica e popular da escola. Naquele dia o sol não saiu e o clima estava frio de gelar os ossos, mas a festa aconteceu mesmo assim. Eu estava batendo os dentes junto com ele, quando depois que os pais da Lacy chegaram, a gente correu e foi se abrigar no carro. A essa altura, as pessoas já tinham ido embora e só o carro de Steve estava parado no acostamento. Começou a cair uma chuva torrencial e não podíamos seguir adiante. Steve puxou um grande cobertor que havia no banco de trás e me puxou. Me senti completamente envolvida por ele, e algo naquele dia de nevoeiro e na gente todo molhado e tremendo de frio fez com que a ultrapassássemos os limites que sempre nos barravam. Me senti mal depois, mas avaliando todos aqueles instantes havia valido a pena cada segundo.

Não contei a Barb ainda o que aconteceu. Não me sinto inteiramente à vontade pra contar pra ela que foi com Steve, sinto que ela vai ficar muito chateada comigo, então, por enquanto tô guardando esse segredo.

Tudo o que eu consigo pensar é o quanto eu fui idiota de pensar que poderia atrair Steve de novo como antigamente. Todas aquelas memórias simplesmente doíam demais a cada instante em que me vinham a mente.

Eu estava terrivelmente enganada.

Na noite do Halloween, Steve chegou na festa, e por um instante pensei que ele era o de antes, me senti aliviada e feliz. Eu era a garota mais sortuda da escola por ter ele, uma turma de amigos populares, uma ótima amiga que sempre dava conselhos quando eu precisava, pais que deixavam eu fazer quase tudo o que eu queria. Eu tinha um mundo só meu, e Steve era o melhor que existia nele.

Depois das bandas, o pessoal foi buscar a bebida escondida no porta malas do carro de alguém, tudo o que eles conseguiram contrabandear, a gente já tinha bebido muito, enquanto alguns garotos começaram a colocar fogos nas latas de cerveja e vê-las explodir. A gente ria de tudo feito um bando de loucos. Foi quando um dos garotos sugeriu que eles pregassem uma peça de Halloween em algum dos carros estacionados lá. E só havia um carro parado na parte mais distante. Quando os garotos perceberam que era o carro dos Byers, ficaram eufóricos e queriam por o plano em prática. De repente, Steve ficou furioso. Ele já havia bebido muito, mas tentou impedir que os garotos fizessem aquilo. Então ele empurrou um deles e começou a brigar com eles enquanto eu, desesperada, tentava fazer ele parar. Eu não podia entender por que ele estava agindo assim, era só uma brincadeira idiota que todo ano os garotos, que eram amigos dele faz tempo faziam. Ele então começou a me humilhar na frente dos garotos e a falar um monte de coisas bastante grosseiras, as coisas que ele dizia quando estava bêbado daquele jeito. Dei um tapa na cara dele e saí dali muito magoada.

Quando voltei pra escola, encontrei Barb e disse tudo o que tinha acontecido. Ficamos conversando enquanto ela tentava me acalmar. Ela me disse que todas as coisas que provavelmente ele teria dito, foi por fraqueza ou vergonha, ele não estava em seu juízo perfeito, e ela já tinha visto ele agir de outra maneira, apesar de não gostar de Steve. Porém ela havia me deixado na dúvida.

Ao ir embora e passar pelo jardim, pude avistar ele no banco sentado de um jeito torto, provavelmente dormindo. Quando eu estava indo em sua direção, Jonathan apareceu e se sentou a seu lado. Resolvi esperar e não fui até eles. Observei tudo de longe, até que eu vi.

Eles começaram a se beijar.

Na hora pensei em ter imaginado a cena, tive que piscar pra realmente ter certeza do que eu estava realmente vendo. Mas ao juntar as pálpebras, a cena não mudou. Eles estavam realmente se beijando.

Já tinha ouvido falar sobre garotos gays antes. As pessoas diziam que eles eram sujos, que transavam com qualquer pessoa, e o pior, transmitiam doenças.

Steve nunca seria assim, aquilo não poderia ser verdade.

Me lembro de quando conheci Jonathan, me parecia um garoto ok, simpático e que tinha mudado pra Hawkins com sua mãe e irmão. Algo me fez com que eu me aproximasse dele no dia em que nos falamos pela primeira vez no dia da lanchonete, acho que algo com meu irmão me fez sentir próxima dele, porém, eu não me sentia confortável em falar com ele na escola. Sei lá, ele era tão excêntrico e parecia meio ridículo com aquela câmera e sentando sozinho no refeitório. As vezes eu até chegava a sentir um pouco de pena dele. Mas agora eu sabia toda a verdade. Deveria ser Jonathan que está influenciando Steve, pois ele está vulnerável esses dias. Ninguém sabe nada da vida que ele tinha em outra cidade, aposto que ele devia sair com outros garotos..

Senti uma dor no coração por pensar em como ele poderia ser tão sujo por estar se aproveitando de Steve, já que eu tinha certeza que ele nunca faria isso, estava bêbado e Jonathan foi lá se aproveitar, e tinha tirado até a sua jaqueta. As lágrimas quentes queimaram meu rosto, então eu não fiquei pra ver o resto.

Voltei pra casa. Felizmente não tinha ninguém em casa além de mim. Afundei no travesseiro e chorei, me sentindo abandonada e ridícula, sendo trocada por outro garoto desprezível feito Jonathan.

No dia seguinte, fui à biblioteca. Quando o assunto era sexo, nós só sabíamos o que as pessoas mais velhas nos contavam por experiência própria ou víamos escondidos nos filmes ou na TV. No caso, eu já tinha experiência, porém, não era a mais vasta do mundo. No caso, eu queria saber se havia um jeito de saber se um garoto era gay ou não. Havia uma monte de revistas de adulto na sala anexa do diretor. Aproveitei que era hora de troca de turnos e entrei lá. Havia um grande arquivo com gavetas fechadas com cadeado. Peguei as chaves no painel e abri.

No meio de um monte de revistas com mulheres nuas confiscadas dos alunos, havia também algumas com homens. Me pergunto de quem o diretor havia confiscado essas coisas repugnantes, mas em algumas traziam matérias e algumas manchetes me chamaram atenção.

“Nova doença descoberta é uma ameaça silenciosa”

“Transmitida por gays, são uma nova epidemia que chega à América”

“Gays são um perigo..”

Senti algo gelado descer pela minha garganta e uma enorme vontade de vomitar. Larguei aquelas coisas asquerosas e saí correndo em direção ao banheiro sem olhar pra nada, quando senti o impacto e quase me estatelei no chão. Era Jonathan.

Senti mais nojo ainda apenas de ter tocado nele. Cheguei no banheiro e vomitei. Me senti fraca e impotente.

Não sei por quanto tempo passei sentada no chão, incapaz de levantar. Quando levantei, lavei meu rosto e minha boca.

“Você precisa fazer alguma coisa” uma voz brotou da minha cabeça. E como por um sopro, o plano veio imediatamente pronto na minha cabeça

Eu já sabia o que fazer.

 


Notas Finais


Escrever sobre homofobia me deixa extremamente sensível. Esse capítulo foi particularmente difícil pra mim de escrever. Mas ele é necessário.


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