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História This strange feeling - Promessa


Escrita por: laranjinhamec

Notas do Autor


Tem alguém aí ainda? :) voltei!!!

Capítulo 11 - Promessa


Hawkins – Indiana – 1982

O final de semana parece não chegar nunca quando se está no meio de uma aula de biologia em uma quarta feira chuvosa. Ainda mais quando você sabe que vai poder passar o final de semana com a pessoa que você ama.

 

Vou poder passar meu primeiro final de semana ao lado de Jonathan.

 

Minha vida que era tediosa e não fazia sentido simplesmente mudou completamente quando eu descobri meus sentimentos por ele. Ele me fez enxergar além do que eu era, do que eu poderia ser sem tentar levar uma vida vazia apenas tentando impressionar os outros para adquirir uma reputação que parecia me deixar feliz, mas me deixava destruído por dentro.

Claro, deixar aqueles antigos “amigos” teve o seu preço. Eles não ficaram nada satisfeitos com minha decisão e agora eu provava do meu antigo veneno. Agora eles me tratavam assim como Jonathan. Na segunda semana de novembro, eles pregaram uma peça em meu armário. Encheram ele uma pasta de groselha vermelha. Quando eu abri, o armário explodiu em gosma vermelha na frente da escola toda. Alguns livros e cadernos que haviam lá ficaram totalmente inutilizados, por sorte eu já havia devolvido o caderno de Jonathan e ele nunca o tirava da mochila. Pude vê-los gargalhando no final do corredor como idiotas junto com algumas pessoas que passavam pra trocar o material no fim da aula. Nancy passou por mim, porém desviou o olhar e continuou andando ao lado de Barb.

O que eu pude aprender ao longo desses dias é que as pessoas querem destruir tudo aquilo que não entendem ou com que se sentem ameaçadas. Eu não tinha um pingo de arrependimento de ter deixado meus dias de popularidade para trás. Eu não iria deixar essas piadas me abalarem, faria o melhor que pudesse por mim e por Jonathan. Nós iríamos conviver com isso juntos, apesar do nosso relacionamento ser segredo, é claro.

Fico pensando o que as pessoas fariam se descobrissem. Eram gostosos e proibidos nossos encontros furtivos na nossa sala favorita de revelação fotográfica, que havíamos apelidado de “inferno” só de zoação. As vezes ele me arrastava pra lá só pra me dar um beijo e saíamos rapidamente, outras vezes até matávamos a aula de Educação Física só pra ficar lá, conversando sobre qualquer assunto, outras ele rabiscava desenhos meus no caderno.

- Deixa eu te desenhar, só dessa vez, vai... - ele pedia

- De novo? - ele pedia pra eu ficar em outra posição – Qual é, vou começar a cobrar agora!

-Você é meu modelo principal, considere-se privilegiado – ele me lançava aquele olhar convencido que me fazia derreter.

- Daqui a pouco você vai me obrigar a fazer o que? Tirar a roupa e posar nu? - perguntei timidamente desviando o olhar.

- Olha, não seria má ideia..

Joguei minha mochila na cara dele e ele riu, adorava até quando ele dizia besteiras como aquela.

Como eu havia abandonado minha turma, meus dias de “juventude transviada” também haviam cessado. Comecei a fazer meus deveres de casa, passei mais tempo no meu quarto e em casa, para grande alegria dos meus pais. Porém ele atribuíam essa mudança à pessoa errada. Pensavam que eu e Nancy estávamos de fato firmando nosso relacionamento de uma vez.

 

- Sabe filho, a filha dos Wheeler é uma boa moça, nós ficamos muito felizes que vocês dois.. tenham se acertado não é? - mamãe deu uma piscadela para papai durante o jantar. Fingi não notar.

- Aham, é, Nancy é maravilhosa..

- Convide-a algum dia para vir jantar conosco, o que você acha? - disse papai

- É uma ótima ideia – tentei soar interessado na conversa, mas estava muito longe dali.

 

Será que se a pessoa em questão fosse Jonathan Byers eles iriam convidá-lo para o jantar?

 

Terminei o jantar e em um pulo subi as escadas até meu quarto. Observei a noite linda da janela do meu quarto enquanto estava sentado na cama, olhando pra paisagem, ao mesmo tempo distante de tudo. Tentei ouvir os barulhos noturnos da minha casa. Meus pais na sala vendo TV, minha irmã maluca dançando no quarto, os ecos surdos de alguém passando na rua..

Com um ímpeto, pulei da cama e peguei o telefone. Tirei do bolso da jaqueta um número amassado de telefone. Lembrei quando eu ligava, muito raramente, pras garotas que eu havia ficado e quase sempre me arrependia porque elas ou eram malucas demais ou eram grudentas.

 

Uma voz infantil de garoto atendeu.

 

- Alô!

- Alô! É você Will?

- Sim, quem fala?

- Aqui é Steve Harrington.

- Ah! olá Steve!

- Escuta.. seu irmão estaria em casa? - hesitei um pouco antes de completar a frase, será que pareceria suspeito demais?

- Está sim, vou chamá-lo, só um instante – A voz dele se afastou e a ligação ficou abafada quando ele colocou o fone do lado do aparelho.

Esperei um pouco até que a ligação voltou

 

- Um pouco ousado me ligar, não acha? - a voz dele tinha um toque de surpresa e malícia

- O que foi? Você não gostou? Se quiser eu posso desligar – Céus, tinha feito besteira!

- Não! Não! Desliga não! Haha! - ele riu

- Ah, tá, foi mal é que eu .. estava aqui em casa e.. pensei em você – admiti

Senti ele sorrir do outro lado da linha e suspirar deliciosamente.

- Eu também estava pensando em você, obrigado por ter ligado.

- Escuta, vamos fazer alguma coisa amanhã?

- Vamos, tem alguma ideia de que?

- Ainda não!

 

Nós dois rimos

 

- Ah, espera aí tive uma ideia! - ele se empolgou

- O que?

- É surpresa! Mas acho que você vai gostar – ele fez mistério

- Hum.. espero que sim, onde eu devo te encontrar, em casa mesmo?

- Sabe onde é a campina perto da represa?

- Sei sim.

- Esteja lá às 16h, ok?

- Ok, o que devo levar?

- Me surpreenda também! - ele riu

- Tudo bem, seu convencido. Até amanhã então.

- Até amanhã, já estou ansioso!

- Eu também! Boa noite.

E Desligamos.

 

Demorei um tempão pra dormir, mas depois o sono chegou e eu tive um sonho maravilhoso com ele. Éramos só nós dois e saíamos de mãos dadas, até que as pessoas apareciam em nossa volta e sorriam e acenavam pra gente, e eu me sentia o cara mais orgulhoso por estar segurando sua mão.

Fiz questão de me arrumar inteiro pra sair de casa. Passei um tempo olhando em meu armário e pensando no que eu iria usar. Acabei escolhendo uma camisa branca que fazia algum tempo que eu não usava, ela era básica, mas com um jeans azul mais novo deixava a produção mais esportiva e bonita. Penteei meu cabelo arrumando pra cima e passei perfume e loção pós barba. Peguei minha jaqueta preta e saí do quarto.

Minha mãe estava lendo na sala, mas me viu quando eu passei em direção à porta.

- Uau! Aonde vai querido?

- É.. eu vou... - dei uma piscada sem jeito – vou ao cinema com Nancy – menti

- Ah, divirta-se! Não chega tarde, tá?

- Tudo bem, pode deixar

- Papai levou o carro?

- Não, deixou a chave, juízo heim? - ela me passou as chaves.

 

Tirei o carro da garagem dando pulinhos, torcendo pra que ninguém visse minha felicidade, ou pensando bem, dane-se!

 

Ao chegar na rua 15, pensei em dar a volta para pegar a estradinha rumo a campina da represa, mas antes resolvi dar uma passada no Carl's. Vivien cobria o turno dessa vez, Jonathan já havia saído. Passei pela sessão de bebidas e dei uma olhada nos vinhos, nenhum especial o suficiente. Deixei escapar um muxoxo de exasperação. Vendo que eu estava tentando escolher alguma coisa, Vivien veio ajudar

 

- Procurando algo especial? - ela tinha vastos cabelos ruivos e sardas.

- Na verdade, sim, mas esses estão meio sem graça – será que ela iria cobrar minha identidade? Era melhor dar o fora?

- Que tal uma garrafa desses? - ela apontou para uma das caixas que acabaram de ser despachadas lá.

 

Eram garrafas de vinho tinto. A marca? Vinho Vampiro. Perfeito.

 

Comprei o vinho e saí da pequena loja de conveniência. Ao caminhar até o carro, senti uma sensação estranha, como se alguém estivesse lá no estacionamento, porém, não avistei ninguém. Coloquei meus óculos escuros e entrei no carro.

 

Chegando perto da campina, comecei a caminhar até que avistei algumas luzes de lanternas penduradas. O lugar era lindo, com o reflexo do sol no lago calmo à tarde e a brisa proporcionada pela queda d'água da represa. Caminhei pela grama até avistar Jonathan sentado à sombra de um carvalho. Ele tinha armado uma toalha enorme e tinha trazido uma cesta também de picnic em um ótimo lugar de frente para o lago. Ao me ver, ele me deu um sorriso e veio me receber, mas antes que ele pudesse vir, eu corri até ele e o beijei. Senti seu cheiro e seu gosto maravilhoso em meus lábios ansiosos e saudosos por nossos momentos à sós.

- Ei, calma! A gente ainda tem a tarde toda! - ele riu. Eu o soltei dos meus braços.

- Nossa! Cara! Isso é demais! Como planejou tudo isso? - eu apontei pra decoração e a cesta de picnic.

- Bem, eu queria fazer algo especial pro nosso encontro, imaginei algo assim – ele disse timidamente

- Primeiro encontro? - perguntei

- É, a gente ainda não teve um, acho que a festa de Halloween não conta muito né? - ele riu – você tava bêbado.

 

Me lembrei do que eu tinha no bolso da jaqueta

 

- Olha só o que eu trouxe! - mostrei o vinho pra ele

- UAU! Vinho Vampiro! - ele gritou – Seu pinguço!

- Dessa vez não vou beber sozinho, vamos ficar doidões! - a gente riu

Passamos a tarde deitados sobre a toalha, jogando conversa fora, ouvindo a música de um rádio que ele também havia trazido. Abrimos a garrafa de vinho e ele trouxe taças. Ficamos assim, ele deitado no meu colo e eu no dele. Era extremamente fácil falar com Jonathan. Podíamos conversar sobre qualquer coisa. De sexo à teorias sobre extraterrestres. Conversamos também sobre o que poderíamos fazer quando saíssemos de Hawkins.

- Quero estudar fotografia na Universidade de Nova York – ele disse

- Que demais! Tenho certeza que você vai ser um ótimo fotógrafo! - eu disse

 

Ele me olhou com um sorriso triste ao mesmo tempo que ficou com um olhar distante.

 

- O que foi? Algo errado? - perguntei

- Queria ter seu otimismo, Steve - ele suspirou.

- Como assim?

- Querer é uma coisa, conseguir é totalmente diferente. Eu quero, mas sei que não tenho a mínima chance de ir pra lá. Minha família não tem grana pra isso. E as bolsas de lá são praticamente impossíveis de conseguir.

- Como assim? Você tem tanta chance quanto qualquer outro, eu vi suas fotografias, a escola toda deveria ver.

- Sem chance!

- Olha, eu reconheço um talento quando vejo um, e você tem talento, seria muita bobagem desperdiçar algo assim.

Ele apenas sorriu pra mim e me beijou

- E você, seu grande sabichão e conhecedor do futuro dos outros, já sabe o que vai fazer?

- Eu? além de ser Quackerback do time de futebol da escola? Pra que profissão melhor?

- Palhaço! Eu quero dizer, já tem ao menos algo em vista?

 

Agora foi minha vez de ficar em silêncio.

 

- Eu não sou tão bom quanto você, e inteligente muito menos. Provavelmente vou trabalhar com meu pai no mercado imobiliário, ou algo assim – sorri, mas no fundo eu me sentia meio miserável por isso. Nunca tinha pensado mais profundamente em meu futuro. Estava sendo franco com Jonathan porque eu sentia que ele não iria me julgar.

 

Ele começou a alisar meus cabelos, minha pele arrepiou com seu toque, pois aquela parte do meu corpo era sensível, me olhou nos olhos.

 

- Me promete uma coisa? - pediu

- O que? - perguntei

- Me promete que nunca mais vai se diminuir desse jeito?

Eu sorri – Tudo bem, prometo!

 

Peguei sua mão na minha, peguei uma faca que tínhamos usado no picnic e comecei a esculpir nossas iniciais no carvalho.

 

- Vamos fazer uma promessa dupla. Enquanto nossos nomes estiverem aqui, nós faremos tudo para deixar essa cidade e traçar nosso futuro, eu prometo – risquei sua inicial.

- Nós iremos ficar juntos enquanto estas iniciais ficarem aqui nessa árvore – ele riscou minha inicial.

- Isso é uma promessa – nós dissemos juntos.

Ficamos abraçados enquanto a noite caía. Enquanto eu observava a relva. Notei umas luzes estranhas vindo de dentro da floresta, mas achei que fosse só o reflexo de algo no lago e não dei muita importância. Logo a noite caiu e recolhemos as coisas do picnic. Me despedi de Jonathan com um beijo discreto e nós dois voltamos para casa. Eu não tinha tido um dia tão maravilhoso como aquele fazia muito tempo.

 


Notas Finais


Não me matem! haha :)


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