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História This strange feeling - Steve (pte 2).


Escrita por: laranjinhamec

Notas do Autor


Oi gente!
Eu sei que vocês estão com vontade de me matar por conta desse enorme atraso, mas minha vida tá tão merda que eu não sei mais o que fazer, só queria um tempo sussa pra escrever e não tenho. O ano começou e eu já me mudei TRÊS vezes!
Não, não esqueci a fic no churrasco
Sim, vou continuar
Calma, vai ter pegação.
Continua lendo a fic e não desiste de mim! beijos :**

Capítulo 6 - Steve (pte 2).


Hawkins – Indiana – 1982

Dizem que a curiosidade matou o gato.

Mas no caso, me deu a maior surpresa que eu já tive em muito tempo. No começo, me senti culpado por invadir os pensamentos mais profundos de Jonathan Byers, mas depois vi o quanto aquele garoto que eu julgava anormal era parecido comigo. Havia muita coisa rabiscada naquele caderno, muitas folhas haviam sido grampeadas, arrancadas, dobradas, mas todas estavam lá. Havia poemas, letras de música, desenhos – ele desenhava bem demais – e anotações soltas sobre tudo, sobre o colégio, sua vida, sobre seus sonhos.

De repente eu mesmo não me reconhecia mais.

Sempre lutei para esconder meus sentimentos. A gente aprende desde cedo que garotos não devem demonstrar o que sentem, jamais chorar, jamais fraquejar. Garotos devem dar porrada nos outros, garotos devem dar amassos nas garotas, garotos devem ser fortes, garotos devem mostrar pra Deus e o mundo o quanto são fortes.

“Garotos não gostam de garotos..”

Eu não queria admitir para ninguém que eu estava errado, que Jonathan Byers era sim um anormal e que merecia que o tratassem mal, que o chutassem, porque, afinal de contas, é isso o que a gente faz com quem não se encaixa em lugar nenhum: a gente tenta corrigir ou jogar fora.

Mas o que gritava dentro de mim e o que eu mais queria reprimir era aquela voz dentro do meu coração que dizia que Jonathan Byers me fascinava, que eu o achava mais esperto, inteligente e interessante do que eu. E que eu não queria que ninguém mais achasse isso, porque eu acabaria sozinho, jogado em um canto e esquecido. E o que eu fazia era humilhá-lo para me sentir bem.

No fundo, eu era um grande imbecil, e merecia que os outros não se importassem comigo ou que me deixassem sozinho mesmo. O que eu fazia era repugnante.

Eu nutria vários sentimentos pelo Jonathan. Inveja, admiração, fascinação, remorso.. e um ainda permanecia oculto dentro de mim sem nunca ser libertado, eu nunca iria admitir isso, nem que eu morresse..

Depois de várias páginas bagunçadas, alguma coisa me chamou atenção. Já na última folha do caderno, com uma letra meio tremida de quem escreve rapidamente e para, havia um nome rabiscando, uma inscrição.

“... Steve”

Tudo isso eram memórias distantes que começavam a entrar em foco agora... mais rápido... mais rápido...

….

A voz da enfermeira surgia distante como um alto-falante abafado no meu ouvido. Aos poucos minha visão foi entrando em foco em um ambiente inteiramente branco.

- Senhor Harrington? Está me ouvindo? Está me vendo?

- Es... estou, onde eu...

- Ainda bem que correu tudo bem, daqui a alguns instantes já pode ligar para seus pais para voltar pra casa

- O que aconteceu?

- Nós tivemos que colocar você na anestesia, um deslocamento no seu tornozelo. Algo que seria extremamente doloroso se fizéssemos sem – disse o médico, um sujeito baixinho e com traços orientais – se sente bem agora?

- Sim, obrigado.

O médico foi para os outros quartos da enfermaria para checar os pacientes. Alguém suavemente encostou a porta do outro lado do recinto.

Passei na recepção e menti que meus pais já estavam indo me buscar, fui embora a pé mesmo. Meu tornozelo ainda estava bastante dormente e dolorido, mas eu conseguia aguentar, pelo menos a dor me ajudava a distrair meus pensamentos.

Aquela situação no penhasco tinha sido um aviso. Foi uma faísca que incendiou o barril de pólvora dentro de mim. Qual o Steve eu era? O rebelde? O valentão? O romântico? O comedor?

Na verdade, nenhum deles. A partir de hoje quem decide o que ser ou não ser sou eu. Dizem que nunca é tarde para começar, espero que isso seja verdade. E resolvi que vou começar pelo mais difícil: descobrir quais são meus verdadeiros sentimentos, nem que eles estejam enterrados, ou não existam.

Ao chegar a casa, encontrei minha mãe sentada na sua poltrona lendo um livro na sala. Pensei que ela faria um escândalo, que gritaria ou faria alguma coisa do tipo. Mas, ao me ver, ela apenas me deu um longo olhar.

- Você está bem, filho?

- Estou mãe, não se preocupa.

- Deixa eu te ajudar a subir até seu quarto.

Eu ainda estava mancando um pouco, ela abriu a porta e me ajudou a deixar, pegou alguns travesseiros e pôs meus pés pra cima. Mas em vez de ir embora, ela sentou na beira da cama.

- Sabe filho.. eu tenho orgulho de você.

- O que?

- É, você pode até pensar que somos pais horríveis, ausentes, e até que há alguma razão nisso. Você já fez algumas bobagens, é verdade, mas você é um ótimo filho.

- Mãe, eu sou um grande idiota, é isso que eu sou.

- Você está dizendo isso porque as pessoas querem que você acredite nisso, filho, você é muito mais do que a turminha com quem você anda. Mas quando não está com eles, você mostra quem realmente é e é essa pessoa maravilhosa que você deveria ser sempre. Eu deveria te encher de porrada por essa irresponsabilidade que você cometeu pra ir parar no pronto-socorro, mas eu fiquei sabendo o que aconteceu porque o xerife Hopper veio aqui e contou tudo enquanto você estava sendo atendido.

Não estava encrencado agora, mas depois iria ficar com certeza.

- Meu primeiro impulso foi querer matar você porque imaginei o que você teria feito para ele vir até aqui, mas ele contou o que você fez pelo filho da Joyce.

- De um problema que eu mesmo causei

- Como assim?

- Foram aqueles idiotas da minha turma, mexeram com ele.

Minha mãe não pode conter o suspiro de orgulho, e sorriu abertamente para mim.

- É disso que eu estou falando. Você está mudando filho! E isso é maravilhoso. Agora, por favor, só não arrisque sua vida e não me deixe preocupada, eu e seu pai.

- Certo, não vai mais acontecer, eu prometo mesmo.

- Fechado. Eu vou deixar você dormir tá? Eu amo você.

- Também de amo.

Ela se afastou fechando a porta, mas voltou

-Ah, esqueci uma coisa. Você está de castigo, uma semana então nada de festa de Halloween.

- O que? Mas mãããe?

- Nada de mais. Não dá pra ouvir você daqui - ela passou com as mãos nos ouvidos e fechou a porta.

A festa de Halloween é um dos eventos mais importantes do Hawkins High School, a gente ficava o ano inteiro esperando, junto com o baile de inverno no final do ano, era uma ocasião muito aguardada por todos, seja por causa dos shows das bandas locais, a oportunidade de encher a cara socialmente ou dar uns amassos dentro do carro, todo mundo não falava de outra coisa.

Minha mãe podia até me conhecer, mas perder essa festa de Halloween definitivamente estava fora de meus planos.

 


Notas Finais


Até a próxima! (não me matem de novo!) :D


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