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História This strange feeling - Bebida


Escrita por: laranjinhamec

Notas do Autor


Oi pessoas que acompanham a fic! espero que esteja tudo bem com vocês!
No último fim de semana escrevi todos os spoilers da fic no meu caderninho, ou seja, todos os rumos que a história vai tomar, ela já está finalizada na minha mente, agora só falta tempo e energia para escrever tudo e deixar vocês felizes!yay!
Essa semana foi meu aniversário (27 anos, tô véia gagá, eu sei...)
Meu muito obrigada a todos que dedicam seu tempo precioso a ler minha história e a deixar comentários, isso é muito importante pra mim, sério!
Enfim, divirtam-se!
PS: Tem foto do Charlie Heaton pelado tocando guitarra na deep web que eu sei!

Capítulo 7 - Bebida


Hawkins – Indiana – 1982
                            (Jonathan)

Eu mal podia acreditar no que havia acontecido comigo em uma semana. Já havia sofrido nas mãos dos amigos de Steve antes, mas dessa vez eu não podia acreditar no que o próprio havia feito por mim. Repassei a cena diversas vezes na minha mente, e em todas a conclusão era a mesma.

Steve se importava comigo.

E aquele sentimento de querer socar cada centímetro do seu rosto se foi assim como o atmo de raiva que tão violenta pode ser tão volátil e se converter em algo também bastante poderoso.

Amor e ódio são os dois sentimentos mais fortes que movem o mundo. Um estava dentro do outro, emaranhados, e eu não queria admitir pra mim mesmo o que estava na cara, porque sou um cara muito teimoso e fechado como um mexilhão. Nunca parei pra refletir que aquele frio na barriga que eu sentia e aquele arrepio toda vez que eu o avistava na escola significava outra coisa além da raiva de ser humilhado e ser jogado e preso dentro do armário na sexta série. Eu não admitiria nem sob pena de morte que eu achava ele um cara bonito e que meu coração disparou há uns dois anos atrás quando, em uma briga, ele caiu em cima de mim agarrando minha blusa e depois me dando um murro no olho.

Devo estar maluco.

Esses pensamentos se tornaram mais frequentes desde que fui visitá-lo secretamente na enfermaria do hospital enquanto ele ainda estava sobre o efeito de sedativos. Entrei furtivamente no quarto e dei de cara com ele dormindo e pela primeira vez pude ver a expressão mais próxima de outro Steve sem aquela marra insuportável de ser líder da gangue de brigões do colégio. Ele era só um garoto como eu. A coisa mais impressionante sobre o Steve era sem dúvida o seu cabelo. Podiam até achar engraçado com aquele topete, mas os fios castanhos brilhavam contrastando com sua pele pálida e faziam um belo conjunto. Seus cílios eram muito bonitos em contraste com a claridade do ambiente branco do hospital. Meu coração batia rápido o tempo todo desde que eu entrara no quarto como se fosse um ladrão com medo que ele acordasse ou alguém entrasse e perguntasse o que eu estava fazendo ali. Senti o impulso de segurar sua mão, aproximei meus dedos suavemente roçando as costas de sua palma, em resposta àquele contato, meu coração batia desabalado escada abaixo do meu peito. Agora tendo a certeza de que ele dormia profundamente, meus instintos gritavam por mais contato com ele. Inclinei meu corpo um pouco para ouvir sua respiração suave compassada com os bips das máquinas da enfermaria. Me imaginei como príncipe das histórias de contos de fadas e que podia despertá-lo com um beijo. Estava agora cada vez mais perto, era só questão de centímetros, eu podia sentir seu leve hálito soprando em meu rosto..

Os passos de alguém no corredor ao lado me trouxeram de volta à Terra com um estalo. Fui embora e fechei a porta atrás de mim. Passei rapidamente pela recepção do hospital sem ser percebido e caminhei devagar sem fazer barulho até a saída.

Assim que eu saí do hospital, me dei conta de que eu estava apaixonado por Steve Harrington, e que não havia nada que eu pudesse fazer a respeito disso.

Não sei por quanto tempo caminhei até chegar em casa. Quando eu cheguei já era noite, Will havia feito o jantar e minha mãe acabara de chegar do trabalho.

- Onde estava, querido?

- Fui dar uma volta depois do turno no Carl's – menti

- Pode por a mesa do jantar enquanto tomo um banho, por favor?

- Claro, pode deixar.

Will estava todo orgulhoso de si pois havia conseguido preparar a macarronada pela primeira vez sem queimar nada, inclusive os dedos.

- Ah, olha só! O grande chef Will!

- É o que eu sempre digo, essa é minha grande especialidade, maninho!

- Tô gostando de ver! Vai levar ainda mais elogios se conseguirmos mastigar!

- Chato! - ele olhou pra mim e mostrou a língua com aquela cara de bravinho, não aguentamos e nós dois rimos.

- Como foi a escola hoje? - perguntei

- O de sempre, tivemos que fazer um trabalho de ciências e geografia logo na semana do Halloween! Dustin perguntou a Senhora Williams se a quantidade de tarefas de casa eram um lembrete da data, pois parecia que a gente tava vivendo um pesadelo!

- Doidinho o Dustin! Sua turma vai ficar responsável por alguma coisa esse ano? - perguntei.

- Não, foi a sétima série, sorte nossa! E vocês?

- Eu vou trabalhar, então eu acho que eu vou perder um pouco da festa, sinto muito

- Tudo bem, a gente se encontra lá depois, eu ia com os meninos pro ginásio.

- Tem certeza que não vai pegar doces esse ano? Você sempre adorou

- Ah, qual é Jho! Não tenho mais idade pra isso! - Will tentava se fazer de crescido, mas eu sabia que no fundo ele continuava aquele mesmo garotinho que eu acompanhava pra recolher os doces e que tinha medo de dormir com a luz apagada.

- Tudo bem então, parceiro, eu como os doces sozinho – dei de ombros.

Jantamos a macarronada e fomos direto para a cama, no dia seguinte acordei cedo para ir à escola. Na verdade eu não ligava muito pra festa de Halloween. Na escola sempre era uma desculpa pro grupinho que eu detestava sair em carros pra beber e dar uns amassos depois do show do ginásio. Eu ficava a noite toda escorado na parede com um copo de bebida na mão só pra não desagradar minha mãe que insistia que eu fosse pra ficar de olho no Will.

Não queria ser desmancha prazeres do meu irmão, ele tinha os amigos dele, e a amizade deles era importante na vida de Will. Eu ficava muito feliz que um de nós dois se sentisse feliz em Hawkins. Pessoalmente nunca fui muito de fazer amigos. Acho que minha aparência não ajuda muito. Uma vez uma garota disse que eu parecia um procurado pela polícia, eu perguntei o porque, e ela respondeu que as pessoas não se sentiam muito à vontade perto de mim e saiu sem explicar qual o motivo.

Fui ao banheiro, lavei meu rosto e joguei água na nuca, o que eu sempre faço quando estou me sentindo meio enjoado. Sempre evito olhar para meu rosto. Vejo um garoto magro, com marcas no rosto e olhos sombreados. Meu cabelo ralo e despenteado cerca tudo como se fosse um monte de capim.

Ninguém nunca iria me querer.

O resto das aulas passou rápido naquela tarde, quando o sinal tocou, algumas pessoas gritaram e saíram correndo para casa pra se preparar pra festa do ginásio. Joguei minha mochila no ombro e passei pelo corredor dos armário. Ao virar no corredor, esperei ver Steve, mas ele não estava lá. Havia apenas Nancy e sua amiga inseparável, Barb. Ao me ver, Nancy quebrou seu sorriso e me encarou com uma expressão séria.

-O que aconteceu com Steve?

-O que? Você não sabe? Achei que estivesse falado com ele, vocês não são.. amigos?

-Ele não atendeu minhas ligações, o que realmente houve? Eu soube que ele se machucou, o que você fez? - ela estava quase me encostando na porta do armário enquanto a amiga olhava tudo meio abobada.

- Por que eu deveria ter feito alguma coisa? Olha garota, sempre foi o contrário, ele e os amigos dele sempre implicaram comigo – tentei me afastar, mas ela estava quase agarrando a frente da minha camiseta.

- Ei, ei, ei!  Nancy calma! Pega leve! - A amiga Barb tentou acalmá-la soltando a mão dela de mim.

- Ela me olhou por algum tempo desconfiada enquanto Barb falava com ela em voz baixa, a respiração fazia as contas da sua blusa subirem e descerem.

- Tudo bem então, essa história ainda não acabou, ouvi várias coisas a seu respeito, garoto, se tiver machucado Steve eu mato você.

- Você é maluca, garota! Me deixa em paz. O que aconteceu não é da sua conta.

- Como assim? Meu namorado some e não é da minha conta? Ah, que saber, você é mesmo estranho, provavelmente deve ter merecido o que aqueles garotos fizeram. Ela me deu um empurrão e abriu caminho entre mim e Barb.

- Desculpa, ela não é assim, só está nervosa, sinto muito Jonathan – Barb falava com aquela voz suave de sempre, ela parecia uma boa garota e eu não podia entender o fato de que se aproximava da turma do Steve só pra agradar a melhor amiga, Nancy.

- Tudo bem, a gente se vê por aí – acenei, peguei minha mochila e saí.

Ela estava nervosa por conta de Steve. Não sabia o que tinham dito a ela. Imaginei a história que os amigos dele deveriam ter inventado pra contar pra ela. De toda maneira não poderia culpá-la, mas como é que eu iria explicar o que houve sem contar de certos detalhes que eu não queria que ninguém ficasse sabendo, como meu caderno.

Meu turno no Carl's era à tarde até o começo da noite. Como hoje era Halloween todos os funcionários da loja de conveniência tinham que usar algum adereço pra lembrar da data. Esse ano escolheram uns chapéus ridículos de abóbora pra gente usar, mas eu nem me importei. Gostava de trabalhar lá, em uma loja de conveniência dá pra observar várias pessoas e não necessariamente ter que conversar com elas, além de pagar as contas de casa e me dar dinheiro pra poder comprar meus discos e quem sabe um gravador no fim do ano.

O tempo foi passando e as pessoas entravam e saiam da loja fantasiadas carregando sacos de papel com as compras, até alguns babacas da escola entraram lá, mas logo saíram. Eu tinha que ir buscar Will às 19:00h em casa e levar pra escola.

Faltava uns dez minutos pra fechar quando a sineta da porta tocou e eu vi alguém entrar na loja. Ele estava lá, de jaqueta azul, camiseta de banda e calças jeans, um pé calçado no tênis e o outro ainda meio enfaixado fazendo ele mancar um pouco até o balcão.

- E aí, beleza Jonathan? Ei, belo chapéu! - disse Steve sorrindo.

Fiquei alguns segundos com a expressão meio abobada deixando um riso escapar no canto da boca, ele sempre era cheio de surpresas daquele jeito.

- E aí... então.. como está seu pé?

- O pior já passou, saí  do hospital, mas estou bem, acredite.

- Ele parecia despreocupado. Ao olhar pro pé dele enfaixado daquele jeito não pude deixar de sentir um aperto porque ele tinha se machucado por minha causa, ao mesmo tempo que os caras fugiram. Ficamos uns instantes intermináveis sem saber o que dizer.

- Hum, er. - pigarreei – procurando algo em particular?

- Pensei em algo para beber, talvez – ele foi até a sessão de bebidas, pensou um pouco e pegou duas garrafas de vinho.

- Boa pedida, vinho tinto – disse.

- Achei que combinaria com a ocasião, combinaria mais se fosse vinho do Conde Drácula, ou coisa assim.

- Acho difícil ter em Hawkins – sorri

- É, tem razão – Ele sorriu passando a mão nos cabelos.

Na hora de passar as bebidas, ele estava com a expressão meio tensa, e olhou para os lados na hora de embrulhar as garrafas.

- Cara, sabe que eu não tenho identidade né?

- Ah, é isso? - eu ri – relaxa cara, não vou te dedurar pra ninguém, fica de boa.

- Beleza então! - ele suspirou

- Só não deixem que te vejam com a bebida, senão vai sujar pra mim.

- Tranquilo – Ele fez que ia guardar as bebidas na parte interna da jaqueta, como se coubesse. - Valeu Jonathan, até mais

- Até, se cuida – respondi.

 

Ele pegou as sacolas e foi em direção à saída. Deu alguns passos, porém voltou de novo para o balcão.

 

-Ei, escuta.. você vai pra festa do colégio?

- Eu vou levar meu irmão, porque?

- Bem.. é que.. eu sou um perigo pra Hawkins dirigindo com esse pé maluco enfaixado, você poderia me dar uma carona, de repente?

 

A surpresa do pedido me pegou desprevenido, porém é claro que eu ia aceitar.

-Olha, eu tenho que buscar Will em casa antes de ir pra lá, você se importa?

- Não, nem um pouco.

- Ótimo, você foi o último cliente, já vou fechar aqui e a gente já vai, tá legal?

- Ok, vou ficar aqui fora.

Fechei as portas do estabelecimento e da caixa registradora, quando passei para sair da loja e peguei a maçaneta da porta de vidro, por coincidência ele estava também segurando. Nossas mãos se tocaram por um instante. Pude sentir o torpor de um litro inteiro de vinho Conde Drácula sem ter encostado uma gota na boca.


Notas Finais


E aí, gostaram? :)


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