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História This strange feeling - Luzes Vermelhas


Escrita por: laranjinhamec

Notas do Autor


Olá gente,
Semana agitada, atrasei e muito a fic, eu sei! podem me bater!
Estou muito feliz com todos os comentários que eu recebi da fic, vocês não fazem ideia do quando vocês
são importantes pra mim. Eu sei, isso é clichê, mas quando eu comecei a escrever nunca podia imaginar que alguém
iria gostar ou pelo menos ler um capítulo sequer, agora a fic já tem até leitores fixos! isso é tudo pra mim!
As fotos que estão saindo do Charlie Heaton e do Joe Keery só me dão mais ideias pros próximos capítulos e estão me matando de tanto amor - pra não dizer outra coisa - kkkkk enfim, espero que gostem do capítulo.

Ps: Ouvir The 1975 tem me ajudado demais a desbloquear a cabeça e escrever. Ótima banda.

Capítulo 9 - Luzes Vermelhas


   Hawkins – Indiana – 1982

 

- ESTÁ OUVINDO O QUE EU DIGO? TRAGA AQUELAS CAIXAS PRA CÁ! - grita o Carl, dono da loja e me acorda da espécie de transe em que me encontro.
- O quê? Ah, sinto muito sr. Carl, já estou indo! - Dei a volta correndo no balcão indo até a dispensa pra buscar as caixas.

Não consegui esquecer um só minuto os acontecimentos da noite anterior. Um estranho controlou meu próprio corpo de volta pra casa após pegar Will e voltarmos. Meu peito ardia da mais pura emoção e felicidade. Não pudia acreditar que eu estava com Steve em meus braços, só pra mim e mais ninguém. A maneira inesperada com que tudo aconteceu só tinha servido pra aumentar ainda mais minha adrenalina. Eu nunca tinha amado alguém e sido correspondido antes. Ou melhor dizendo, tinha encontrado alguém que realmente se importava comigo. Já me envolvi antes com garotos, com garotas. Já tinha provado do seu beijo, do seu gosto, do seu corpo. O que eu sentia por Steve era muito mais do que puro desejo cego. Tentei negar o que estava ali, escondido há muito tempo. Agora eu queria era que o mundo inteiro soubesse, ou ninguém, não importa.

 

O que importa é apenas eu e ele.

 

Mal consegui dormir aquela noite. Eu queria vê-lo o mais rápido possível, mas as horas simplesmente não passavam. Me coloquei no modo automático pra que tudo passasse com mais velocidade.

Hoje eu teria meio período de turno no Carl's e depois iria pra casa. Só teria aula amanhã, então eu teria que ser paciente e esperar. Ou será que não? Será que ele viria atrás de mim? Essas perguntas lotavam meu cérebro. Será que ele sente o mesmo que eu? Ou eu estou colocando muitas esperanças em uma noite e em algo que aconteceu tão repentinamente? Como eu nunca havia me sentido assim, eu não tinha nada pra comparar.

Voltei pra casa depois do expediente na loja. Rara ocasião em que não havia ninguém em casa, pois mamãe estava trabalhando e Will havia deixado um bilhete na geladeira e ia jantar na casa do Mike e pediu pra buscá-lo mais tarde, pois hoje o jogo de RPG iria até mais tarde. Era até hilário pensar que meu irmão mais novo tinha uma vida “social” mais agitada do que a minha. Não sei, eu gostava de ficar no meu canto, quieto às vezes. E aliás, eu estava trabalhando em algo meu nas últimas semanas.

Nosso porão estava abandonado a muitos anos. Na verdade, a gente só colocava umas quinquilharias lá. Eu havia juntado o suficiente para começar minha coleção de discos e eu queria um lugar mais reservado onde eu pudesse simplesmente ficar sozinho, curtir o ambiente sem se preocupar com nada, de repente com uma acústica legal, então eu estava construindo uma espécie de segundo quarto lá. Deu um trabalho danado tirar tudo, limpar, pintar, mas até que eu tinha feito um bom trabalho. É impressionante o que as pessoas abandonam por aí, então eu tinha conseguido recuperar umas peças interessantes e dar a elas uma vida nova. Eu queria que o lugar tivesse minha cara mesmo, apesar de ser o único que vinha aqui (Will até ajudou, mas ele já tinha o seu “Castelo Byers”).

Eu tinha achado a parte traseira de um carro abandonado perto do ferro velho da rua 5, estava lá, parecia ter caído de algum caminhão que separa peças abandonadas de carros usados. Na hora me veio à cabeça que aquilo poderia ser uma espécie de sofá pra deitar. Levei ela pro quintal e trabalhei por quase um mês. Lonnie havia me ensinado a usar a solda, então eu não era um artesão tão inexperiente assim. No fim, acho que fiz um bom trabalho. Coloquei “Surrealistic Pillow” do Jefferson Airplane no som e fiquei admirando o teto, desejando que houvesse um buraco nele para se ver as estrelas..

No dia seguinte acordei mais cedo que o normal pra ir à escola. Deixei Will ir de bicicleta com os outros garotos e fui à pé. Era uma boa caminhada, mas eu não me importei. Queria organizar meus pensamentos o máximo possível durante o caminho e isso me ajudava.

Quando cheguei ao estacionamento, tive uma surpresa. O carro de Steve não estava estacionado no mesmo lado que os carros daqueles garotos da turma dele. Isso podia ser um sinal, ou só poderia ser mais uma coincidência mesmo. Por conta da caminhada eu cheguei em cima da hora. O corredor estava quase vazio de pessoas que já estavam em suas salas.

Fui passando devagar pelas janelas de vidro até chegar a que seria a minha primeira aula do dia, Geografia. Quando passei pela sala 5, lá estava ele assistindo aula de Literatura. O olhei por um momento distraído rabiscando em seu livro. Parecia ainda mais lindo do que na noite anterior. Ele não me viu pois o vidro ficava do lado oposto ao que ele estava, e ele estava olhando para o professor.

O resto do dia tentei achar Steve, mas não voltei a vê-lo novamente. Tivemos mais três aulas intermináveis de Química, Matemática e Ciências, mas nada. Já estava começando a achar que o que eu tinha vivido tinha sido uma alucinação. Será que eu mesmo não tinha bebido aquela garrafa de vinho e sonhado tudo aquilo? Meu caderno ainda estava em minhas mãos, mas tudo poderia ter sido uma mentira inventada pelo meu cérebro.

Ainda bastante intrigado segui para o refeitório na esperança de pelo menos ver se ele estava em algum lugar, ou do lado de fora da escola fumando, algo assim. Quando eu dobrei à esquerda no corredor vazio das salas de laboratório tomei um baita susto que quase me fez gritar. Eu estava passando bem em frente a sala de revelação, a porta se abriu e alguém me puxou lá pra dentro.

- Mas o que?

- Shhh! Não faz escândalo! – a sala estava toda escura sem a luz vermelha da revelação das fotos, não dava para enxergar nada, então eu derrubei algo no chão, a voz riu com o barulho.

- Olha, se for mais uma brincadeirinha de mal gosto eu juro que...

 

Alguém ascendeu a luz vermelha, era Steve.

 

Aquela adrenalina que eu havia sentindo a semanas retornou com uma força de corrente elétrica por todo meu corpo. Meu coração começou a bater muito rápido, com algumas falhas entre as batidas. Ele estava lá, me olhando, com uma expressão no rosto primeiramente divertida, por eu ter derrubado uma bandeja de água no chão, depois começou a me olhar no fundo dos olhos. O olhar com que tanto eu desejei que ele me olhasse, e agora ele estava simplesmente lá.

 

Não tinha sido sonho.

 

- Te assustei? – Ele perguntou com uma voz baixa e sussurrante, ele se aproximou perto do meu ouvido e começou a acariciar meu cabelo. Deus, por favor, não faz ele parar nunca.

- Eu pensei que fosse aqueles babacas, mas esquece – larguei minha mochila em qualquer canto e meus braços, ansiosos, o envolveram para um abraço. Ficamos abraçados por tanto tempo e cada momento era melhor do que o seguinte. Eu podia sentir seu perfume, passando por seus cabelos, seu cheiro, seu toque e a sensação era boa demais pra acabar.

- Te procurei o dia todo, onde você estava? – quis saber.

- Tive aula o dia todo, mas mal esperava pra te ver de novo, sei lá, achei que fosse..

- Mentira? – completei

- Ou a bebida! – nós dois rimos.

Ele se deteve por um momento em meu rosto – vem cá – sua voz tinha um tom baixo malicioso maravilhoso demais para negar.

Ele pegou meu rosto nas mãos, e eu pude sentir na pressão do seu toque o que ele iria fazer, então meu corpo inteiro se preparou pro momento seguinte, quando ele me beijou. Primeiro o contato suave dos nossos lábios juntos, depois tudo em sintonia, quando trabalhávamos juntos, abrindo nossa boca. Impossível haver sincronia mais perfeita que a nossa. Nossas línguas se encontrando e a urgência dele de sentir meu gosto e eu o dele tornava o beijo ainda melhor. Ele passava a mão por entre meus cabelos e eu enlaçava meus braços ao redor da sua cintura.

Fui tirando a sua jaqueta, enquanto ele dava beijos pelo meu pescoço me encostando na parede da sala. A luz vermelha dava um toque especial pro ambiente. Se aquilo parecia o inferno, eu queria ir pro inferno sempre.,

Deixei escapar um pequeno gemido quando ele passou uma mão por dentro do meu suéter e os amassos começaram a ficar mais sérios.

- Opa! Zona de perigo, já entendi – Ele me soltou um pouco. Mas eu não queria que ele parasse de jeito nenhum, mas podia entender o porquê dele ter feito isso.

- Não é isso, é que.. – eu fiquei um pouco sem jeito. Pude sentir as bochechas corando sem poder fazer nada.

- Não acredito que você é?.. – Ele me olhou com a expressão de surpresa com um riso de incredulidade.

- Podemos dizer que sim, algum problema nisso? – puxei minha jaqueta pra junto de mim e cruzei meus braços de forma defensiva, mas ao mesmo tempo com minha timidez aflorada.

- Ei – ele acariciou meu cabelo ao redor da orelha – nenhum. Eu te entendo, Jho, não se preocupa.

Não pude deixar de sorrir quando ele disse meu apelido.

- Eu também nunca tinha feito isso antes, só com garotas, tudo isso é muito novo pra mim – ele disse com sinceridade – então acho que não estamos com tanta diferença assim.

- Eu não sou uma de suas garotas, seu moleque atrevido! – joguei minha mochila no colo dele, que riu.

- Claro que não, você é só meu, e de mais ninguém – ele me deu outro beijo.

O sinal que marcava o fim do intervalo tocou.

- Temos que ir, depois a gente se vê tá?

- Tá, até depois – ele me deu um beijo na bochecha.

Ele saiu primeiro, depois de um tempinho eu também saí da sala. Quando eu voltei pro corredor cheio de gente, Nancy vinha andando muito rápido em minha direção e passou rumo ao banheiro me empurrando contra a parede. Pela expressão em seu rosto, pude jurar que ela estava chorando.

 


Notas Finais


Inferno é um bom nome pra essa sala?


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