História Você ainda é meu irmão - Thorki - Único.

Thor P.O.V.

Faz dois meses que ele descobriu que tudo o que lhe contaram sobre sua genealogia era uma mentira, e depois disso, nosso relacionamento não é mais o mesmo. 

Pelo que eu entendi, tudo desmoronou quando Loki ouviu uma das conversas alheias de meus pais às escondidas. Meus responsáveis fizeram de tudo para convence-lo que tudo o que tinha ouvido era uma brincadeira, no entanto, o esforço deles não adiantou nada; meu irmão não é tolo, e ao escutar aquelas palavras proferidas com tanta sinceridade, nada mais o convence o contrário.

Meu irmão sempre foi visto como estranho por todos, mas agora, dizem que ele sofre de sérios problemas mentais. Minha namorada Jane, usa outro termo para isso, ela diz que ele possui complexidades psicológicas e psiquiatras, e eu sei lá deuses o que significa isso, porém, não deve ser coisa boa. E o motivo de todos esses comentários e "achismos"- como diz ela - ? É que ele mudou muito. É certo que ele nunca foi um garoto de muitas palavras, só que agora, ele é um garoto de nenhuma palavra. Ele nunca foi de comer muito, e ontem, encontramos ele desmaiado em seu quarto por não ter comido nada há dois dias. Outro fato, é que tem sono leve, porém, ele dorme, mas volte e meia dou uma espiada a noite em seu quarto e o encontro com os olhos pregados no teto, ou seja, nem dorme mais, o que o faz ficar com olheiras roxas e profundas. Loki ama ler, principalmente os livros de magia, e isso é o que mais me preocupa; ele não leu um livro sequer esses meses. 

Tentei falar com ele - como se nada tivesse acontecido - esses dias que se passaram, todavia, a conversa não rendeu, pois eu dizia a maioria das coisas, e ele, apenas frases curtas. Toquei no assunto da sua origem, e antes que aquilo virasse um monólogo como qualquer outra conversa que insisti em ter com ele - porque com certeza só eu ia falar - lançou-me um olhar; e eu entendi.

Está sendo difícil para meus pais e eu, e tenho assesto que quem está sofrendo mais, é ele, e eu odeio vê-lo desse jeito. Se Loki está feliz, eu também estou, se ele está triste...

Eu queria poder concertar tudo isso, tentei indiretamente instiga-lo a esquecer, a aceitar, a acreditar que todos ainda o amavam, mas ele se fechou de uma forma que é impossível fazê-lo mudar de pensamento. 

Loki sempre ficou isolado boa parte do tempo, só que atualmente, ele literalmente some e aparece depois de um ou dois dias. Quando isso acontece, o procuro desesperado - na maioria das vezes, peço ajuda da minha mãe - por todos os lugares que eu me lembre, mas só volto a vê-lo quando ele decide voltar da onde foi. 

Nessa semana, conversei com meu pai pedindo a ele que falasse com Loki para parar de agir daquela maneira, ou que o induzisse a desabafar, porém, ele disse que não era necessário e logo voltou a dar atenção para os negócios de Asgard. Essa atitude de meu pai, me fez ousar a pensar se ele realmente se importa com meu irmão. E foi nesses meses que eu percebi essa irrelevância que Loki tem pra ele; tenho medo que isso seja verdade. 

- Thor - Chamou Sif - Estamos pensando em treinar táticas de guerra em um dos campos aqui perto, vem com a gente - Convidou ela.

- Eu não tenho certeza - Balancei a cabeça. Com Loki naquele estado, eu não tinha vontade de fazer absolutamente nada - Talvez alguma outra hora. 

- Não acredito no que estou ouvindo - Ela abriu os olhos surpresa - Está falando sério? - Perguntou franzindo o cenho. 

- Sim, eu não estou muito disposto, Lady Sif, mas obrigado pelo convite - Agradeci com uma leve reverência. 

- Esse drama todo é por causa do perturbado do seu irmão, não é? - Ela fez uma expressão de desgosto. 

- Senhorita, tente entender que Loki é mais importante que um treino.

- Você nunca, nunca recusa um treino - Ela bateu o pé indignada.

- Meu caro amigo, aceite e vamos descontrair um pouco - Disse Fandral repousando seu braço em meus ombros, ou pelos menos tentando.

- Está bem - Cedi com um sorriso - Vamos lá.

Pegamos nossas armas e fomos em um dos grandes campos perto do castelo. Lá ficamos por umas três horas treinando, mas também brincando como se ainda tivéssemos dez anos de idade. E uma dessas idiotices que ficamos fazendo, foi proporcionar desafios malucos e estupidos uns para os outros. Desafiei Fandral a "plantar bananeira" - como diz Jane - por muito tempo. Lady Sif desafiou Hogun a comer grama, e ele me desafiou a tacar o machado certeiramente no meio de uma árvore, e esse foi o pior desafio para a pior hora. Ao lançar minha arma na árvore que estava a uns dez metros de mim, acabei quase acertando em Loki que estava passando no exato momento - provavelmente voltando depois de um de seus sumiços. 

- Loki! - Gritei correndo em sua direção.

Ao me aproximar, pude ver sua expressão  sanha e incrédula. Certamente, ele entendeu errado, achando que tentei acerta-lo de propósito.

- Loki, me perdoe, me perdoe, não foi a intenção - Implorei fazendo o gesto com as mãos.

- Seu idiota, poderia ter me matado! -Vociferou ele - Perdeu o juízo?!

- Eu sei, eu sei, mas eu juro que não foi de propósito.

- Esse lance foi tão certeiro, é óbvio que foi proposital! 

- Eu jamais faria isso, Loki - Neguei.

- Faria sim; eu sou um intruso em sua casa, não é mesmo? - Provocou ele desgostoso.

- Não, é claro que não - Neguei novamente com a cabeça - Você é meu irmão, sempre foi e sempre será.

- Mentiroso, eu nunca fui o seu irmão, muito menos sou filho de Odin.

- Não... não, não ouse dizer uma barbaridade dessas, irmão - Protestei indignado.

- Pare de me chamar de irmão! - Surtou ele - Eu.não.sou.seu.irmão.

- Acreditando ou não, querendo ou não, de sangue ou não; você ainda é meu irmão - O abracei forte, porém, ele se debateu, rejeitando meu abraço.

- Me solte, me solte! - Gritou ordenando e tentando se soltar.

- Calma, por favor, eu só quero lhe abraçar - Tentei acalma-lo, mas aquilo só aumentou sua vontade de se soltar.

- Eu não quero o seu abraço, seu grosso!

Eu não tinha mais ideias para fazê-lo parar de se contorcer, então o que me restou, foi lhe dar um leve, mas bem dado beijo em sua bochecha branca, e instantaneamente, ele parou de espernear.

- Ei, me escuta... - O fitei com um sorriso, no entanto, ele desviou o olhar e seus olhos se encheram d'Água - Está tudo bem.

- Não, não está - Ele balançou a cabeça.

- Qual é o problema? Sabe que pode contar tudo pra mim, não sabe?

- Eu... eu não estou bem - Suas pernas ficaram bambas e tive que segura-lo. 

- Qual é o problema?

- Eu estou tonto e enjoado - Ele colocou uma das mãos no abdômen.

- Acho que você ficou nervoso, mas está tudo bem, seu irmão está aqui - Sorri agradando-lhe a face e ele se debulhou em lágrimas. 

O escondi em meu peito e afaguei seus cabelos negros. 

- Eu me sinto tão diferente, tão excluído - Falou entre soluços.

- Mas você é igual a todos nós, Loki, e mesmo que fosse diferente, gosto de você do jeito que é. 

- M-Mesmo? - Perguntou olhando para mim receoso e duvidoso.

Beijei sua testa e ele abriu um sorriso entristecido, porém, era um sorriso de alívio.

- Eu te amo... - Falei.

Ele não disse uma palavra, era de se perceber que ainda estava muito desconfiado se realmente o amávamos, no entanto, seu sorriso permaneceu em seus lábios finos e rosados. 

Eu teria um longo e duro trabalho pela frente para convence-lo de que o amava mais do que todos, e eu sempre gostei dele mais do que um irmão, isso é fato. Meu amor por ele é imensurável.