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História Through Your Eyes - Apology


Escrita por: hopelessz

Notas do Autor


Hello <3
Nem acredito que chegamos ao último capítulo, como lidar com isso? Espero que gostem do final da história e acompanhem meu novo projeto :3
Quero agradecer de coração a todos que acompanham essa história até o fim, por todos os favoritos e comentários que foram de grande incentivo.
Estou triste de terminar essa fic, mas feliz pelo rumo que ela tomou.
Enfim, boa leitura <3

Capítulo 22 - Apology


Não era preciso dizer que Youngjae estava a ponto de explodir. Daehyun tinha insistido em participar da conversa, mas seu pai fora claro ao dizer que queria conversar a sós com o próprio filho. E Youngjae, mesmo com os nervos à flor da pele e o receio consumindo cada fibra de seu ser, aceitou conversar com ele, garantindo a Daehyun que tudo ficaria bem. Pelo menos, esperava que tudo ficasse bem.

Daehyun, muito à contra gosto, se afastou deixando os dois sozinhos. O pai de Youngjae continuou em silêncio por algum tempo, observando a água da piscina, sem nenhum movimento, como um perfeito espelho. Youngjae queria se livrar daquela conversa – e de qualquer possível briga que provavelmente sairia dela – rapidamente, mas não tinha a coragem necessária para quebrar o silêncio. Quer dizer, que outro motivo seu pai teria para chamá-lo para conversar se não fosse para uma briga ou para humilhá-lo? O senhor Yoo o surpreendeu quando finalmente falou.

- Eu sinto muito. – Youngjae arregalou os olhos sem saber o que responder. Para que exatamente era esse “sinto muito”? A lista de coisas pelas quais o pai precisava se desculpar, pelo menos na cabeça de Youngjae, era extensa, e duvidava que ele tivesse uma memória boa o suficiente para se desculpar por cada coisa. Todos os aniversários, Natais e datas comemorativas que passou sozinho, todas as surras que levou para aprender o quanto o mundo era cruel e egoísta e que nunca deveria confiar em ninguém, todas as noites que chorou sozinho no quarto. Para que era esse “sinto muito”?

- Você sente muito? – perguntou tentando manter a voz sem tremer.

- Eu sei que isso deve ser estranho para você, ainda mais depois de tudo que aconteceu, mas eu realmente quero me desculpar. Por tudo.

Youngjae cerrou os punhos, mas antes que dissesse qualquer coisa, seu pai continuou:

- Sei o que deve estar pensando, eu nunca liguei para você, sei disso. Nunca prestei atenção de verdade em você ou na sua personalidade. – ele fez uma pausa. – Eu tive uma conversa com um amigo recentemente, e ele me disse algo que me fez repensar toda a minha vida. Ele disse que o filho dele andava escondendo um relacionamento com outro rapaz, e que ele já tinha descoberto há bastante tempo, mas o que o perturbava era que o filho não dizia nada. Nem uma palavra. Mesmo quando ele perguntava ao filho se ele estava namorando alguém, ele mentia. Escondia porque tinha medo. Medo do próprio pai. E adivinhe quem essa história me lembrou?

Youngjae olhou para seu pai sem reação; ele ainda mantinha os olhos fixos na água da piscina, como se o reflexo da lua nela fosse a coisa mais interessante do mundo.

- Foi quando eu percebi que tinha feito ainda pior com você. Eu fiz você ter medo, eu fiz você ter que esconder tudo de mim, eu destruí a sua confiança em mim, se é que ela algum dia existiu. – ele riu sem humor. – Desde que você nasceu, eu sempre quis que fosse o melhor de todos, queria o melhor para você. Mas não pensei que talvez o melhor para mim, não fosse o melhor para você. Sei que nunca conseguirei apagar todas as marcas que deixei, todas as minhas frustrações que deixei em suas costas, ou toda a rejeição. A única coisa que posso fazer agora é me desculpar por ser o pior pai do mundo; um pai que não conhece o próprio filho e que não merece o respeito dele.

Nessa altura, Youngjae chorava de soluçar. Ele não sabia o que fazer. O pai que ele tentou orgulhar a vida inteira, mas que nunca valorizou seus esforços, agora pedia desculpas por tudo. Tudo. Youngjae era capaz de perdoar tudo? Era capaz de passar uma borracha em tudo? Continuou ali encarando o pai com lágrimas nos olhos.

- Quer que eu perdoe tudo que já fez comigo?

- Na verdade, eu não espero que me perdoe. Não sei se eu o faria no seu lugar, mas isso não muda o fato de que deveria pedir desculpas.

- O que espera ganhar com isso? – perguntou desconfiado. Era difícil acreditar em qualquer coisa que saía da boca do senhor Yoo. Será que ele sabia falar a verdade?

- Eu o ensinei bem, não é? Bem, pela primeira vez na minha vida, não quero nada em troca.

- Por que eu deveria confiar em você? Por que eu deveria acreditar que essas desculpas são verdadeiras? Que não está dizendo isso só para me fazer “voltar ao eixo”? Quero deixar claro que é tarde demais para voltar atrás, aquele Youngjae que só queria a atenção e o carinho dos pais não existe mais!

- Onde você ouviu isso? – olhou para o filho pela primeira vez na conversa.

- E importa? Como espera que acredite nisso?

O senhor Yoo suspirou.

- Como eu disse, não espero que me perdoe, nem que confie em mim. Não tenho esse direito, mas achei que deveria dizer mesmo assim. Eu queria sim fazer você perceber que o que estava fazendo com a sua vida não o levaria a lugar, mas a verdade é que você só não iria para o lugar que eu queria que você fosse. Talvez sua vida agora o leve para um ligar melhor do que o que eu queria para você.

- E então? Se eu te perdoar, o que vai fazer? Vai aceitar meu relacionamento com Daehyun? Vai conseguir me aceitar como eu sou e não como acha que eu deveria ser?

- Foi difícil para mim entender, mas se essa é a sua escolha. Se esse rapaz é o que você quer para o seu futuro, quem sou eu para dizer que não? A escolha é sua afinal. – ele ofereceu um sorriso triste. – Eu passei a vida inteira tentando não ser como o meu pai, tentando te dar sempre o melhor, não queria que você passasse pelo que eu passei, nós não fomos sempre ricos, sabe? Quando era criança, não tive acesso a nada disso; as melhores escolas, os melhores professores, os melhores brinquedos, e era meu sonho poder dar isso ao meu filho.

- Eu nunca quis nada disso! Eu só queria que vocês estivessem lá! Só queria passar o Natal com meus pais, passar o meu aniversário com meus pais e queria que eles fossem nas festas da escola como os outros pais iam! Eu só não queria ficar sozinho!

- Vejo isso agora, é uma pena que demorei tanto a perceber. – pigarreou para afastar as lágrimas. – De qualquer maneira, se acha que o melhor para você e para o seu futuro está com ele, então faça o que for de sua vontade. Tudo o que posso fazer é aceitar. Admito que tentei separar os dois, mas não é preciso ser muito inteligente para perceber que você está muito mais feliz nesses últimos meses do que foi o resto da vida. Então, só faça o que achar melhor, e saiba que não serei eu a atrapalhar. Mesmo se eu não puder acompanhá-lo de perto.

Youngjae estava dividido; uma parte sua queria gritar que um simples pedido de desculpas não iria apagar sua infância destruída, nem as cicatrizes, nem os traumas. Mas ao contrário do que Youngjae pensava e dizia, aquele Youngjae de alguns meses atrás ainda existia, lá no fundo ele ainda tinha o desejo de orgulhar os pais. Quantas vezes tinha sonhado com o dia em que seu pai o veria como filho, e não como um fardo ou como troféu? Youngjae estava dividido. Pensou no que Daehyun faria.

Daehyun também não tinha um bom relacionamento com seus pais, será que, se ele tivesse a chance de fazer as pazes com eles, ele o faria? É claro que sim. Daehyun podia se fazer de forte e independente, mas no fundo era tão inseguro e carente quanto Youngjae, talvez até mais. A prova disso estava na forma como tinha lidado com o problema com Sojin. Youngjae sabia que no lugar dele, jamais teria deixado para lá. E duvidava que o outro fosse ficar chateado com ela para sempre. Se Daehyun tivesse a chance de fazer sua família voltar ao normal, o faria sem olhar para trás.

Não tinha como adivinhar se iria se arrepender de confiar em seu pai, a única coisa que podia fazer era arriscar. Ele havia dado uma chance ao mundo de provar que não era egoísta e traiçoeiro, logo seu pai também merecia uma chance. Agarrado acesse pensamento, abraçou o pai com força, que surpreso, demorou um pouco a retribuir.

Ela a primeira vez que abraçava seu pai daquele maneira, sem nenhuma câmera por perto, sem ninguém para se exibirem.

- Parece que não te ensinei tão bem assim. – a fala do senhor Yoo fez Youngjae se afastar confuso. – Ainda bem que eu não o fiz. Não consegui transformar você em mim, e isso é uma coisa ótima, porque não sei se eu seria capaz de me perdoar no seu lugar.

Youngjae sorriu.

- Também não achei que seria, agradeça ao Daehyun. – o pai riu. – É melhor eu voltar, ou eles vão achar que fui sequestrado.

- Pode ir. Ainda tem que se preparar para seu discurso.

Youngjae fez uma referência e começou a se afastar.

- Youngjae?

- Sim. – parou e olhou para trás.

- Estou orgulhoso de você.

Daehyun estava inquieto na festa enquanto esperava Youngjae voltar. Já estava na quinta ou sexta taça, quando Youngjae – o Choi – chegou com Jaebum para impedi-lo de beber mais. Por que aquela conversa estava demorando tanto? Sabia que o outro tinha que enfrentar seus problemas sozinho, mas não tinha como não se preocupar.

- Vai dar tudo certo, ele não é uma criança. – disse Jaebum fazendo Daehyun revirar os olhos.

- Se você não tivesse me dito eu acharia que estava namorando um garoto de três anos! Obrigada por me abrir os olhos! – respondeu ironicamente. Youngjae soltou um risada escandalosa que fez o clima ficar mais leve.

- Parem de ser implicantes um com o outro, daqui a pouco ele volta. Eles precisam dessa conversa.

- Tem razão, mas isso não me acalma nem um pouco.

- Bem, só o que podemos fazer é esperar, então ficar descontando nos outros não vai melhorar a situação. – disse Jaebum emburrado.

- E você ser um chato também não vai ajudar em nada. – Youngjae respondeuirritado, fazendo o outro levantar as mãos em rendição.

- Pelo visto não seguiu as minhas recomendações. – disse uma voz familiar. Minhyuk, o médico bonitão, também estava na festa. Ótimo, pensou Daehyun. O desgraçado parecia ainda mais bonito – se é que isso era possível – de terno, este era apertado nos lugares certos, tornando difícil a tarefa de falar com Minhyuk o olhando nos olhos, e evitar descer o olhar quando estava de costas. Ele tinha que ter alguma coisa feia, a vida não pode ser injusta com os outros seres humanos.

- Não iria deixar Youngjae vir sozinho, e já estou bem. – deu de ombros. – Não tinha porque ficar em casa.

- Imaginei que viria do mesmo jeito. – ele riu.

- Sabia que eu viria?

- Youngjae me contou que viriam a este evento. Mas pela sua cara parece que ele não disse nada para você. – disse ainda rindo. – Não se preocupe, Youngjae é um bom amigo, nada mais que isso.

- Você não precisa me dizer isso. – disse com a cara fechada.

- Eu sei. – ele não iria parar de sorrir. – Mas acho que você precisava ouvir. E não se esqueça de que precisa de repouso.

Minhyuk ouviu seu nome ser chamado e pediu licença antes de se retirar.

- Ele é bonito. Muito bonito, aliás. – Youngjae disse assim que Minhyuk já estava longe demais para ouvir.

Jaebum o olhou atravessado.

- O quê? Vocês não têm olhos? – Jaebum revirou os olhos e Daehyun riu.

- Está rindo de quê?

- Ele está certo mesmo. – Youngjae riu.

- Não é? De onde o conhece?

- Por quê? Está interessado? – perguntou Jaebum emburrado de novo.

- Ele é médico. – fez um breve resumo da noite anterior. – E foi que ele e Youngjae ficaram amiguinhos.

- Então a culpa é sua do Youngjae ter ficado amigo do médico bonitão. – concluiu Jaebum.

- É, parece que sim.

- Eu quero amigos assim. – Youngjae murmurou, mas os dois ouviram.

- Para quê? Já está pensando em me trocar?

- Nunca se sabe o que pode acontecer. – Youngjae deu de ombros rindo. – Não é o Youngjae ali?

Daehyun se virou rápido e encontrou Youngjae com os olhos vermelhos procurando algo pelo salão. Assim que seus olhares se encontraram, Youngjae sorriu e foi em sua direção.

- Vamos deixar vocês conversarem. – Jaebum puxou seu Youngjae dali.

Youngjae o encarou em silêncio por algum tempo, procurando as palavras certas para dizer.

- Está tudo bem? – Daehyun perguntou.

- Acho que sim. – ele fungou. – Fiz as pazes com meu pai.

Daehyun engasgou com o ar.

- O quê?!

- Tenho que ir agora, é hora do meu discurso.

Antes que Daehyun pudesse dizer qualquer coisa, Youngjae saiu correndo. Daehyun apenas observou confuso.

Youngjae parecia mais confiante ao fazer o discurso do que quando ensaiou na frente do espelho. Não sabia o que ele tinha feito antes de subir no palco, mas seus olhos não estavam mais vermelhos, estavam mais vivos do que nunca, mais bonitos do que nunca. Em algum momento, Youngjae o encontrou na multidão e permaneceram assim até o final, naquela conversa silenciosa em que só os dois se entendiam.

Daehyun não tinha mais dúvidas de que amava Youngjae e de queria passar o resto da vida ao lado dele, assim como Youngjae sabia que sua felicidade residia em Daehyun. Não existia um final feliz onde os dois acabavam separados, nem nenhuma realidade paralela onde Youngjae existia sem Daehyun, ou Daehyun existia sem Youngjae. Haviam dependentes um do outro, e não se arrependiam nem um pouco.


Notas Finais


Tô chorosa 😭
Eu prometi a mim mesma q não iria separar meu otp, e promessa mantida! Eu pensei tanto no que o pai do Youngjae poderia tramar pra tentar acabar com a vida dele de vez, mas pensei: "eu já ferrei tanto com a vida dele, acho que agora ele merece ter o que sempre quis", então achei melhor q ele finalmente tivesse o pai e a mãe do jeito que ele sempre quis.
E assim nós terminamos a história, postarei o epílogo em breve, então não me abandonem ainda!!
E como eu não poderia abandonar de vez essa história, comecei outra fic que se passa no mesmo universo, porém com couple principal 2jae (não coloquei eles aqui a toa!!), espero q gostem de What If? também:
https://spiritfanfics.com/historia/what-if-8989740
Até breve 💙


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