Já haviam se passado três dias desde meus exames serem feitos e nada dos malditos resultados, já nem existiam mais unhas para serem ruídas, eu fazia o possível para não me estressar, e nem deixar transparecer minha preocupação, não estava sendo fácil esconder isso de Chanyeol, eu queria contar a ele mas eu não podia.
Estava conferindo meu e-mail naquela manhã cinzenta, lindo dia diga-se de passagem, até me deparar com um e-mail do laboratório que havia sido enviado na noite passada, dizendo que meus exames já estavam prontos e que eu deveria voltar ao hospital, liguei para o consultório do Yixing e descobri que teria uma consulta naquela mesma tarde, mas naquela mesma tarde eu tinha uma reunião importante muito importante, que infelizmente teria que abrir mão.
Poderia ser pior? É claro que poderia, e como dá para piorar começou a chover bem na hora em que eu estava saindo da empresa, e para melhorar Chanyeol estava na saguão conversando com uma vadia cheia de dedos para cima dele enquanto ele sorria despreocupado, claro que ele percebeu minha presença, e dispensou a vadia na hora para vir falar comigo.
-Aonde vai? – indagou curioso. Merda! Não podia falar que simplesmente sairia da empresa para visitar o Yixing, ele daria o jeito dele para me acompanhar.
-Tenho umas coisas para fazer na bolsa de valores. – respondi olhando meu relógio, se eu não saísse dali logo chegaria atrasado.
-Eu te levo, está chovendo demais. – Como assim eu te levo? Esse pessoal da revista de paisagismo não tem umas matérias para escrever não? O pior era que a bolsa de valores era no lado oposto do hospital.
-Melhor não Channie, é melhor você voltar para o seu trabalho. – respondi sorrindo. – Eu pego um táxi.
-Não, eu te levo, já fiz boa parte das coisas que tinham para hoje. – disse pegando as chaves do carro.
-Não precisa sério. – respondi selando seus lábios, mesmo sendo no meio do saguão, eu estava desesperado e precisava sair dali logo. – Tchau, até o fim do expediente. – falei e sai quase correndo para longe dele, enquanto ele observava meu comportamento atordoado.
Peguei o primeiro táxi que vi, para a minha sorte deu tempo de chegar a tempo no hospital sem atrasos.
-Boa tarde Doutor. – o cumprimentei apreensivo.
-Boa tarde. – respondeu sério.
-Então, o que dizem os exames? – fui direto.
-As suspeitas estavam corretas Baekhyun. – seriedade não combinava com ele, meu coração apertou, eu definitivamente estava fodido. – Vou enviar um pedido a seu chefe para que passe a trabalhar meio período, e recomendo que não se estresse sob hipótese alguma.
-Mas e meu filho? – indaguei mordendo meu dedão.
-Ele está bem Baekhyun, o importante é que você siga as minhas recomendações a partir de agora para que tudo ocorra bem até o nascimento dele, e tome alguns remédios. – respondeu simplista, me deixando aliviado. – Agora sob hipótese alguma lhe recomendo aquela viagem a China, pode ser perigoso. – não! Disso eu não abriria mão.
-Vou pensar Doutor. – eu não deixaria de ir, não mesmo, eu cuidaria para que tudo desse certo, e voltar para casa bem.
Depois disso ele me recomendou um monte de remédios que eu teria que tomar dali em diante é disse que eu poderia voltar para casa.
Voltei para o trabalho, quando na verdade queria voltar para casa e permanecer lá, até que todos os meus problemas sumissem magicamente. Para minha felicidade já era fim do expediente, e logo eu voltaria para casa. Para minha infelicidade meu rendimento tem caído desastradamente, nem tive coragem de levar as recomendações de Yixing até o departamento de RH, não poderia deixar de trabalhar metade do meu turno, só o faria se as coisas ficassem realmente ruins.
É assim o fiz, até a data do congresso praticamente, não mais me permitiria trabalhar em casa, eu precisava relaxar, ao menos em casa eu precisava fazer isso, a última coisa que eu queria causar era algo ruim a meu filho.
•
Algumas semanas depois...
Hoje era sem dúvidas o dia eu esperava que não chegasse ou que Baekhyun mudasse de ideia e desistisse desse maldito congresso, ele corria de lá para cá dentro do nosso apartamento, enquanto checava se não estava deixando nada para trás, e eu observava, pensando que durante praticamente uma semana eu voltaria a viver naquele lugar enorme sozinho, vendo pelo lado bom eu poderia finalmente terminar o quarto de HyunJun, era difícil fazer isso com Baekhyun dentro de casa, e eu queria fazer mistério para depois surpreendê-lo.
-Acho que estou pronto. – ele disse se jogando no sofá ao meu lado me abraçado meio sem jeito de lado, sua barriga já estava tão grande.
-Já está na hora de irmos para o aeroporto? – indaguei enquanto acariciava sua barriga, na esperança de sentir meu filho mexer enquanto fazia carinho.
-Não sei. – ele disse observando seu relógio.
Essas duas últimas semanas foram ótimas? Sim foram, Baekhyun tem deixado de trabalhar em casa por motivos inimagináveis, talvez ele tenha tomado consciência de que isso é ruim para ele agora, tem dado mais tempo para nós dois, botamos o sexo em dia, até terminar de comprar o enxoval nos terminamos, e sem nenhuma reclamação, estamos evoluindo. Ele parecia mais relaxado, eu ficava imensamente feliz em vê-lo dessa forma, ele parecia mais feliz com a chegada do nosso filho.
-Acho melhor irmos Channie, Jongin e Kyungsoo já devem estar no aeroporto. – ele disse me olhando como se analisasse meu rosto. Esses dois cuidariam dos meus dois bens mais preciosos durante o tempo em que estariam longe, até conversei com Kyungsoo por telefone, me senti uma mãe quando vai deixar seu filho passar algum fim de semana na casa de um amigo, acho que Baekhyun fez isso para me fazer me sentir mais seguro. – Ei, vai passar rápido, não fica assim. – ele disse sorrindo, enquanto começava a me apertando com seus braços.
-Eu sei. – eu disse sorrindo sem vontade, enquanto beijava o topo da sua cabeça. – Eu vou te ligar todos os dias. – a preocupação me corroía, era uma sensação horrível de insegurança.
-Eu sei que vai. – ele disse rindo.
-Ainda bem que você sabe. – eu já havia desistido de tentar faze-lo desistir, isso só levaria a discussões, quando Baekhyun estava decidido a fazer algo nada o faria mudar de ideia.
-Então vamos? – ele perguntou se levantando.
-Sim. – me levantei, e fui ajuda-lo com as malas. Eu não queria deixa-lo ir, havia um pressentimento ruim de que algo aconteceria, ou poderia ser só minha proteção exacerbada.
Baekhyun estava levando praticamente a casa em duas malas enormes, e ele ficaria só uma semana fora. Ele tentava me distrair durante o percurso até o aeroporto, parecia tão animado com aquele congresso, sem dúvidas ele amava sua profissão.
-Vai ficar tudo bem, não vai? – indaguei meio incerto a ele já dentro do saguão do aeroporto.
-Vai Channie. – disse ele me beijando. – Não precisa se preocupar nada vai acontecer, se acontecer alguma coisa eu te ligo. – liga e eu vou correndo até a China.
-Você tem mesmo que ir? – perguntei sem nem me importar com a possibilidade de haver uma discussão ali mesmo.
-Tenho, você nem vai sentir minha falta, quando menos esperar estarei de volta. – Baekhyun tentava me conformar, mas falhava desastrosamente.
-Claro que vou sentir. – disse enquanto o abraçava, permanecemos naquele acalento durante alguns minutos, eu não queria que ele fosse, meu coração estava apertado.
-Acho que tenho ir Channie. – ele disse soltando seus braços do abraço, com um olhar meio tristonho. – Vai passar rápido.
-Tchau, cuide bem do nosso garoto. – o pedi sorrindo sem vontade.
-Eu vou cuidar. – ele me disse me abraçando novamente. – Eu te amo. – disse forma de confissão próximo ao meu ouvido. – Vai ficar tudo bem.
-Eu também te amo. – lhe respondi beijando-o rapidamente, o apertando novamente.
O acompanhei até onde me fora permitido, lhe abracei forte novamente, o beijei demoradamente mais uma vez, e depois me despedi do meu filho da forma que pude. É voltei para casa com meu pobre coração despedaçado por saber que seria horrível passar todo aquele tempo sem a presença dele.
•
Se eu deixei Chanyeol morrendo de pena? Sim, era visível a forma como ele desejava que eu permanecesse em casa e desistisse do congresso, mas eu não podia, e uma semana passa rápido, nada aconteceria tudo seguiria bem, e quando voltasse eu contaria a ele sobre o probleminha de hipertensão.
Logo me encontrei com Kyungsoo e Jongin, eles eram tão bonitinhos juntos, Kyungsoo nem parecia o mesmo, quem o via daquela forma nem imagina que ele era uma espécie de Mortiça coreana, logo nosso voo saiu, eu dormi a viagem inteira, nem vi o tempo passar.
Descobri que ficaria com o quarto inteiro para mim, Kyungsoo ficaria junto do Jongin no seu quarto, adorei saber disso, digamos que não lido bem com malas e organização juntos, assim eu não precisaria me preocupar com minha bagunça.
Não haviam dez minutos que tinha chegado naquele hotel e meu celular já tocava, nem precisava olhar para o visor para saber que era Chanyeol.
-Oi amor. – atendi sorrindo, eu sabia que isso iria acontecer, sabia que ele me ligaria o tempo inteiro, ele estava preocupado, até demais.
-Chegou bem? Como está se sentindo? – indagou rápido. – Já está descansando da viagem?
-Estou ótimo, cheguei bem e dormi a viagem inteira. – respondi sorrindo, pobrezinho. – E você como está?
-Sentindo sua falta. – respondeu meio tristonho, faziam horas que eu havia o deixado, céus!
-Calma Channie, vai passar rápido. – tentei o consolar.
-Assim espero, vou terminar o quarto do HyunJun, como distração. – respondeu após suspirar, ele estava fazendo muito mistério a respeito desse quarto, mas eu nem me sentia curioso. – Quando você voltar já estará pronto.
-Fico feliz. – respondi. – Eu vou descansar, mais tarde temos coquetel que a revista organizou para os seus funcionários de suas filiais.
-Nada de bebida! – advertiu. – E não durma muito tarde, seu dia será longo amanhã. – essa parte ele tinha razão.
-Você sabe que eu não beberia. – respondi rindo. – Pode deixar, não quero me cansar e ficar morto amanhã.
-Se cuida Baekhyunnie. – ele pediu. – Cuide bem do nosso pequeno.
-Eu vou cuidar. – garanti.
-Tchau, sinto sua falta.
-Tchau Channie, logo, logo estarei em casa. – me despedi e desliguei, indo tomar banho e comer alguma coisa para logo depois descansar.
Acabei dormindo demais, quando achei meu celular no criado mudo e olhei seu visor já haviam cinco chamadas perdidas do Kyungsoo, e faltavam apenas trinta minutos para o coquetel começar, ele deveria estar querendo saber se eu iria com eles ou não, de qualquer forma os encontraria no local, só chegaria um pouco atrasado.
Levantei preguiçoso, eu queria ficar na cama, mas fui me arrumar. Assim que estava pronto, desci, eu estava elegante diga se de passagem, eu sou modesto quando tenho motivos, mas hoje eu estava pondo inveja em qualquer inimiga.
Assim que entrei no salão logo vi Kyungsoo e Jongin em seu encalço, enquanto conversavam com Kris, o próprio, que parecia estar acompanhado de um caro elegante e tão bonito quanto eel. Ah que maravilha, Chanyeol não ia gostar de saber disso, mas ele não saberia se ninguém contasse não é mesmo? O que os olhos não vêem o coração não sente. Eu não imaginava como Kris reagiria ao perceber minha gravidez, eram quase seis meses, minha barriga já estava bem evidente. Me aproximei deles, enquanto desvia de outras pessoas que socialização ali, conhecia alguns, mas a maioria eram “caras novas”.
-Olá. – cumprimentei a todos sorridente, roubando a atenção de todos.
-Baekhyun! – Kris se exaltou vindo em minha direção me abraçar, acho que no fim permanecíamos mesmo amigos, ele me abraçou e nem pareceu perceber minha barriga, seu acompanhante me lançava um olhar de desdém, como se não gostasse do que estava vendo.
-Como você está Kris? – indaguei em meio ao abraço, o fazendo me soltar.
-Ótimo e você? – perguntou sorridente, perdendo o mesmo logo depois. – Aí meu Deus! Baekhyun, aí meu Deus! – Kris arregalou os olhos, lançando olhos de mim para minha barriga, ele finalmente havia percebido minha gravidez. – É-é... Isso... Ele é meu? – indagou assustado, me fazendo rir.
-Claro que não Kris. – respondi gargalhando, enquanto o cara alto que acompanhava Kris se aproximar dele é envolvendo seus braços com os dele, como se quisesse marcar território. – Nem se a gente quisesse, você ficou muito tempo aqui na China, não tem como ele ser seu. – respondi ainda rindo.
Até Kyungsoo e Jongin riam da situação, eu nem sabia que eles se conheciam, não me recordava que Kyungsoo já trabalhava na redação na época que o Kris ainda estava lá.
-Que susto. – falou depois de suspirar e por sua mão livre no peito.
-É meu é do Chanyeol. – expliquei acariciando minha barriga. – Descobri na época que... Bem, na época que nos vimos da última vez. – terminei meio sem jeito, por me lembrar do nosso último encontro.
-Ah sim, fico feliz por você Baek. – respondeu sorrindo. – Meus parabéns!
-Obrigado. – respondi encabulado.
-Vamos nos sentar amor? – o cara alto pediu a Kris após tudo se acalmar um pouco, ele não parecia muito feliz junto a nós.
-Claro! – respondeu selando os lábios do rapaz. – Então, vocês vem conosco não é? Acho que tem uma mesa livre por ali. – falou olhando pelo salão.
-Vamos. – Kyungsoo respondeu enlaçando as mãos as de Jongin.
No fim todos nós sentamos e passamos a conversar, nem percebemos o tempo passando, fui apresentado ao atual namorado de Kris, esse devia ser o outro alguém que ele me disse quando terminamos, fomos apresentados, ele era uma pessoa bem agradável, mesmo com aquele olhar meio arrogante, descobri que se chamava Zitao, mas preferia que o chamassem de Tao, ele era filho de um magnata e vivia sua vida como uma social light, era engraçado pensar nisso, Kris era alguém realmente simples, mesmo tendo algum dinheiro, e agora namorava com alguém como Tao, mas é como disse, nós não mandamos no coração, não escolhemos de quem gostar.
-Já está tarde, né? – Jongin observou. Kyungsoo já estava meio alto, ao lado dele, acho que ele era alguém fraco para bebida. – Acho melhor subirmos Soo. – sugeriu a Kyungsoo, que concordou com certa lentidão após um tempo.
-Só mais uma dose? – Kyungsoo falava arrastado, era realmente engraçado o ver naquele estado.
-Mais nenhuma dose Soo, amanhã você vai acordar de ressaca, vamos. – Jongin pediu calmamente.
-Tá, mas então eu levo a dose comigo e fica tudo resolvido. – Kyungsoo sugeriu tentando o persuadir.
-Tá bem, só vamos tudo bem? – Jongin tentava olhar nos olhos de Kyungsoo, este que estava mais concentrado em tentar terminar sua última dose.
-Tá. – Kyungsoo falou e virou todo o copo de uma vez. – Tchauzinho Baek! Olha amanhã à gente te liga, o Chanyeol pediu para eu cuidar de você. Va dormir cedo não demore muito mais aqui, certo? – Kyungsoo falava arrastado enquanto Jongin o ajudava a se levantar.
-Tudo bem, já estou indo Kyungsoo. – respondi sorrindo.
Os dois subiram, enquanto Jongin praticamente carregava Kyungsoo por conta de seu estado.
-Bem, eu também tenho que ir. – anunciei a Kris e Tão. – Não posso dormir muito tarde.
-Tudo bem Baek. – Kris respondeu com sua típica compreensão.
-Foi um prazer te conhecer Baekhyun. – Tao falou sorridente.
-Igualmente Tao. – respondi sorrindo. – Bem até mais, acho que devemos nos esbarrar por aí mais vezes.
-É acho que sim. – Kris me respondeu.
-Boa noite aos dois, até mais ver. – me despedi, me levantando da cadeira.
-Boa noite Baekhyun. – Kris se despediu.
-Boa noite, até. – Tão se despediu me dando Tchau.
Voltei para meu quarto, pensando em Chanyeol, eu já estava tão acostumado a dormir abraçado de conchinha com ele, que passar aquele noite sem ele seria bem ruim, eu sentia falta dele.
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