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História Ties - Descoberta Desagradável


Escrita por: WOF

Notas do Autor


Olá leitores...
Como vão? Que ótimo domingo para fazer vários nadas, não é mesmo?
Eu revisei, mas acho possível encontrarem errinhos
Bem, aqui estamos nós com mais um capitulo, espero que gostem.

Capítulo 3 - Descoberta Desagradável


Chorar até dormir era uma das piores coisas do mundo, a manhã seguinte então nem se conta, eu estava um caco, estava me lixando para a hora, que se dane se eu chegar atrasado, tomei um banho demorado, fiz meu café sem pressa, me arrumei sem vontade, passei umas quinhentas camadas de maquiagem na cara até tapar minha cara de destruído e parecer ter tido uma ótima noite de sono.

Naquela altura já estava passando mal de novo, então fiz aquele ritual de novo que envolvia privadas, já estava me cansando disso, espero que o médico me receite um remédio muito bom para eu me curar logo. É mesmo após toda essa enrolação sai de casa sem atraso, parece que minha vida funciona ao contrário, deu para ir de ônibus e cheguei na empresa na hora certa, sem correria, por mim todos os dias poderiam ser assim.

O elevador estava ali paradinho me esperando, disse meu andar ao ascensorista, mas uma mão gigante o segurou antes de começar a subir, e para minha surpresa era o Chanyeol, ele estava péssimo, mesmo de terno e cabelo arruma, era perceptível o quanto devia se sentindo mal, deveria estar de ressaca.

-Bom dia. – cumprimentou o ascensorista quando entrou no elevador, olhou para mim e não disse nada, simplesmente virou a cara, como se nem me conhecesse, ou estivesse decepcionado ou com raiva, eu nunca sei identificar muito bem o que os outros estão sentindo, desceu no seu andar que era antes do meu é simplesmente agiu como se não me conhecesse, o que eu fiz dessa vez?

-Bom dia. – a Senhora Sun disse como de costume.

-Bom dia Senhora Sun – e então ela passou todo minha agente, ah que ótimo eu teria reunião a manhã inteira, e a tarde tinha médico, o lado bom é que depois da consulta eu poderia ir direto para casa, o lado ruim é que eu me encontrava meio desolado e confuso, por que Chanyeol não havia falado comigo?

-Senhora Sun, você pode ligar para o escritório do Park Chanyeol?

-Claro.

-Passe para meu ramal quando ele responder. – ela já sabia qual era o procedimento, mas eu ditava mesmo assim por costume.

Me sentei na minha linda cadeira giratória, era engraçado como o ambiente ficava mais agradável sem a presença do Kyungsoo na sala, ele já estava bem atrasado, meu telefone começou a tocar, deve ser o Channie.

-Senhor Byun. – não era o Chanyeol para minha decepção. – Ele disse que não pode falar agora por que está em reunião. – mentiroso, as reuniões só começavam após as dez, que era quando de costume todos já haviam conseguido chegar a empresa.

-OK, obrigado Senhora Sun. – liga devolta e manda ele pastar, queria muito fazer isso mas não podia.

Kyungsoo entrou as pressas na sala, mas estava com uma cara ótima, o que não era de costume, para minha surpresa parecia até bem humorado, isso era bem novo para mim, dois anos dividindo sala com ele e nunca havia presenciado tal fenômeno.

-Bom dia. – ele disse. Ele me deu bom dia, isso nunca aconteceu. Algo errado não estava certo.

-Bom dia. – respondi de volta e comecei a pensar o que poderia causar toda aquela antipatia por parte de Chanyeol.

Até pegar meu celular é lembrar da noite passada e das chamadas perdidas e da mentira. Fudeu! Ele lembra, ele não estava totalmente bêbado, fudeu muito, ele lembra que eu disse que ficaria como Kris, merda. Eu só faço merda, e não tinha como reverter, fudeu. Aí, aquela vontade de chorar está voltando, mas eu não vou chorar não vou, eu tenho reunião em trinta minutos. Me concentrei nisso até ser chamado para mais uma reunião interminável com Kyungsoo bem humorado do meu lado.

♡♡♡♡

Não estava nos meus planos o reencontrar logo de manhã, ele estava ótimo, quem não estaria no lugar dele, conseguiu se resolver com o namorado que amava e o amava de forma recíproca, o que não acontecia entre eu e ele. Foi difícil o ignorar e depois mentir dizendo que estava em reunião, quando na verdade só queria ignorar ele, eu só quero ignorar tudo o que eu sinto por ele e seguir em frente, mesmo que seja difícil.

Baekhyun, meu Baekhyunnie conseguiu me magoar de verdade, eu acreditei até o último momento que ele escolheria a mim, mas ele preferiu ao Kris, eles devem ter passado a noite juntos após aquele jantar, e acordado juntos, nem gosto de pensar, enquanto eu passei a noite ouvindo Led Zepplin, bêbado e chorando como uma criança, em parte por conta do efeito do álcool e outra apenas por ter meu coração despedaçado após aquela ligação, Baekhyun não tem coração, ele parecia tão bem falando comigo no telefone, parecia tão feliz, tenho quase certeza de ter aviso risadinhas, eu sou um azarado, perder o cara que eu amo para o Yifan. Como recompensa agora estou de ressaca enquanto trabalho, a vida não é justa.

♡♡♡♡

Minha fome era descomunal, finalmente aquela reunião havia acabado, mesmo sabendo que depois eu diria tchau a tudo que comi, comi como se não houvesse amanhã. Kyungsoo estava tão bem humorado que até veio almoçar comigo, era raro isso acontecer.

Durante a reunião eu vi algo muito curioso no pescoço de Kyungsoo algo inacreditável, um chupão, eu reconheceria aquela marca roxa de longe, aquilo com certeza era um chupão estava me coçando para perguntar.

-Então Kyunsoo, o que fez ontem à noite? – perguntei retoricamente, no meio da nossa conversa descontraída, percebi ele ficando desconfortável, mas logo se recompôs.

-Na-nada. – respondeu com um fio de voz, ele estava mentindo. Sou um ser humano horrível, e não me orgulho disso.

-Sei. – concordei no mesmo tom que eu havia usado antes, aproximando minhas lindas mãos daquele colarinho para conferir, e sem dúvidas aquilo era um chupão, assim que ele percebeu minhas mãos deu um pulo de susto. – Calma Kyungsoo. – pedi descontraído. – Nossa, você caiu? – perguntei me referindo a mancha roxa. – Eu percebi esse hematoma durante a reunião. – não podia deixar de perguntar, estava louco para vê-lo sem resposta. - Você deve ser mais cuidadoso, na próxima vez pode ser algo grave. – fingia uma preocupação que não me pertença.

-É... – respondeu desconcertado afastando minhas mãos. – Caí, lavando o banheiro. Obrigado pela preocupação.

-Ah, de nada Kyungsoo, não gostaria que nada de ruim lhe acontecesse. – disse sorrindo amarelo, e não esperava mesmo, por mais que ele fosse detestável. Só conseguia me questionar sobre quem era o autor daquela obra.

♡♡♡♡

Trinta minutos naquela maldita sala de espera, daquele hospital enorme, eu já não aguento mais, estou a ponto de ir embora e tomar remédios por conta própria, mesmo sabendo que minha mãe me mataria caso soubesse, e eu ainda tinha que inventar uma forma de me reconciliar com Chanyeol e explicar que tudo que disse naquela maldita ligação não passava de uma mentira, que merda, e ainda teria que pedir desculpas, eu detesto me desculpar, não sou homem de me desculpar, mas dessa vez não haveria outra saída, vida sofrida.

-Byun Baekhyun. – finalmente!

Entrei naquela sala branca e gélida, odeio consultórios médicos, e me sentei, teria que explicar tudo o que aquele infeção vinha me trazendo.

-Boa tarde. – o Senhor Kim, meu médico me cumprimentou educadamente, ele era um velhinho fofo.

-Boa tarde. – responde sorridente.

-Então, o que lhe trás aqui Baekhyun?

-Acho que estou doente, ou com alguma infecção, nada para no meu estômago, está sendo difícil. – desabafei tentando não bancar o dramático, mas era inevitável. – Tenho enjoos matinais e as vezes fico meio tonto, mas logo passa, e olha como minha barriga está inchada. – disse me levantando para mostrar aquilo ao médico, minha barriga era tão retinha, mas ultimamente tenho percebido aquela leve elevação.

-Tem tido febre? – me perguntou digitando algo no seu computador.

-Não. – respondi enrugando minhas sobrancelhas involuntariamente.

-Entendo, a quanto tempo se sente assim? – perguntou com um olhar curioso.

-Alguns dias. -menti, na verdade nem me lembrava ao certo quando aquilo tinha começado.

-Entendo. – respondeu me olhando por cima de seus óculos. – Sente-se naquela maca. – apontou o lugar e lá fui eu com toda boa vontade do mundo, ele fez todo o exame físico, todo aquele procedimento chato, me apertou em todo lugar possível, o que foi bem desconfortável, depois ouviu meu coração, mediu minha pressão e disse que já podia me levantar.

-Tudo bem, vou lhe receitar alguns exames. – me respondeu sorrindo, como se soubesse de algo que eu não fazia ideio, voltou a sua cadeira preencheu um monte de papéis, e me entregou. - Você deve ir até o laboratório no andar de baixo e a secretária te ligará assim que tivermos os resultados. - Como assim? E os remédios para essa merda de enjoou passar logo.

-Não vai me receitar nenhum remédio? – perguntei aflito, eu não aguentava mais passar mal.

-Por enquanto não Sr. Byun, nós ainda não sabemos do que se trata, mas os resultados do laboratório são realmente rápidos, não se preocupe. – disse com um sorriso solidário.

Fui ate o laboratório acompanhado de uma enfermeira, pelo menos dessa vez não tinha fila, tiraram um monte do meu sangue, meu precioso sangue, odeio agulhas, tenho certeza que já estava pálido, já que a todo tempo a enfermeira me perguntava se estava tudo bem, e eu mentia obviamente, quero ficar bem logo, depois que fui liberado, fui embora, quase feliz e saltitante, se não estivesse me sentindo tão mal, graças aquelas malditas agulhas.

Chegando em casa tomei banho e dormi, acordei já passavam das oito, pedi comida de um restaurante próximo, mentira comida nada, era fast food, tem algo melhor que hambúrguer e batata frita para acabar com a bad?

Comia enquanto checava meu e-mail, vai que aconteceu algo importante depois que sai antes do fim do expediente da empresa, se houvesse acontecido o Kyungsoo me enviaria um e-mail, mas não havia nenhum e-mail dele ou que referente a revista, só um e-mail do consultório médico.

Caro, Sr. Byun.

Nós da equipe médica do Hospital Central de Seul, pedimos que volte quanto antes ao consultório médico do Doutor Kim. Os resultados dos seus exames já estão disponíveis, e gostaríamos de resolver seu caso e te orientar quanto antes.

Att. HCS

Deveria estar realmente fudido, parecia algo urgente, mas a pergunta que não calava era por que a vaca da secretária não havia ligado para avisar. Ótimo, agora eu estava preocupado, doente e para finalizar o Chanyeol me odiava. Peguei meu celular, nessas horas é importante se despedir dos entes queridos, no caso minha mãe, já estava prestes a chorar.

-Mãe. – a chamei com minha voz chorosa assim que percebi que havia sido atendido.

-Alô, Baekhyun?

-Mãe. – agora eu já chorava, e nem sabia se realmente estava doente ou não.

-O que foi meu filho? – ela perguntava preocupada. – Filho, te sequestraram? Estão querendo resgate? – Minha mãe era do interior, então ela sempre se preocupava com coisas assim.

-Não mãe. – respondi rindo, só ela para me fazer rir nesses momentos. -Mãe, acho que eu estou doente. – confessei.

-Como assim meu filho? Puta merda Baekhyun, eu mandei você usar camisinha, tá vendo! Eu avisei seu moleque. – ela brigava comigo mas eu sentia a preocupação atrás daquela voz alterada.

-Não, não esse tipo de doença, acho que é algo gástrico. Mãe eu te amo. – ainda chorava, eu precisava dizer para ela, não podia morrer e deixar ela sem saber disso.

-Já foi ao médico? – perguntou sem dar importância ao que eu havia acabado de falar, eu assenti. – O que ele disse Baekhyun? Olha se você está assim por que vive comendo besteira, não espere que eu vá me preocupar e viver em Seul para cuidar de você, seu merdinha. – tão delicada.

-Não disse nada mãe, nem remédio me receitou, só mandou eu fazer exames.

-Então como tem certeza que está doente? É virose filho, deixa de ser bobo.

-Não sei mãe, eu estou com medo.

-Não é nada, você vai ficar bem. – respondeu tranquilamente. – Quando souber o que tem, liga para a mãe, tá? Estou com saudades. – já não tenho certeza se era tranquilidade ou se ela na verdade não ligava a mínima.

-Tudo bem mãe, eu ligo sim. Também sinto saudades. – e sentia mesmo, adorava a comida da minha mãe.

-Tchau, se cuida.

-Tchau mãe, eu te amo. – e desligou, ela nem disse que também me amava, essas coisas me deixam um pouco magoado.

♡♡♡♡

Me encontrava esparramado no meu sofá enorme, grande demais até para mim, comendo macarrão instantâneo enquanto assistia One Piece, e tentava não pensar no Baekhyunnie, o que era impossível, ele fazia morada nos meus pensamentos a todo momento e mesmo depois de machucar meu pobre coração eu não conseguia deixar de pensar nele, isso me deixa frustrado.

Talvez eu devesse sair mais vezes e encontrar outra pessoa para o ocupar o lugar que antes era dele, ou talvez devesse continuar aqui no meu sofá com Luffy e sua tripulação, talvez Luffy encontre One Piece antes de eu encontrar outro namoradinho, são muitos “talvez”, a vida era mesmo injusta, e a saudades que eu sinto dele só aumenta, maldita viagem, tirou de mim os últimos dias que eu tinha direito ao lado dele, maldito seja Yifan!

Talvez eu só devesse deixar de ser trouxa. A mesa de centro está fazendo um barulho engraçado, ah, não é a mesa é meu celular, uh olha, eu adoro essa foto do Baekhyun, eu tirei dele enquanto ele estava dormindo, tão adorável, ela aparece quando ele me liga, ele não sabe disso. Por que ele está me ligando? Não sei se devo atender, mas eu preciso tanto ouvir a voz dele.

-Alô. – atendi, sem deixar minha necessidade de sua presença transparecer.

-Channie. – eu adoro quando ele me chama assim, mas podia derreter igual a manteiga.

-O que você quer Baekhyun? – perguntei meio ríspido. É tão difícil trata-lo assim, me dá uma dorzinha no coração.

-Nós precisamos conversar. – algo estava errado com ele, sua voz estava meio anasalada, nunca ouvi esse tom de voz, parecia preocupado, deixava meu coração um pouco apertado.

-Não temos nada para conversar, você já deixou tudo bem claro para mim ontem Baekhyun. – eu estava magoado com ele mas não conseguia deixar de me sentir preocupado.

-Por favor Chanyeol, eu preciso te explicar umas coisas.

-Não Baekhyun, você prefere ele a mim, seu relacionamento é com ele, então acho que você não tem nada para explicar a mim. – falar disso com ele estava me deixando nervoso, eu perdi, eu o perdi e agora ele diz que tem coisas a serem explicadas.

-Por favor. – ele suplicava. -Por favor Chanyeol, me deixa te explicar.

-Não Baekhyun! Que merda, você não cansa de pisar no meu coração? Se você não tem sentimentos por mim tudo bem, você não é obrigado a nada, nunca foi, mas eu tenho por você ok? Já não chega de me deixar magoado? – eu me controlava para não gritar com ele. Ele ficou durante um tempo em silencio eu só ouvia a respiração dele.

-Channie. – chamava calmo, após um suspiro. – Eu só preciso de um pouco do seu tempo, por favor.

-Mas que merda Baekhyun! – eu quero atirar o celular pela janela, era frustrante o quanto ele conseguia me dobrar. – Amanhã depois do expediente, aqui no meu apartamento, oito e meia. – se ele queria se explicar, seja lá o que fosse, ele que venha até mim, também tenho minha dignidade.

-Tudo bem, eu estarei aí. Obrigado Channie. – e desligou. Baekhyun só servia para me deixar cada vez mais confuso ultimamente, e cada vez mais imerso no que eu sentia por ele.

♡♡♡♡

Eram oito horas da manhã, eram oito horas, e eu já ligava para o consultório, mesmo sem saber se teria alguém lá ou não, quanto mais rápido eu descobrisse o que eu tinha melhor, e eu ainda tinha que pensar no que diria ao Chanyeol mais tarde foi difícil convence-lo a me ver, eu não podia ir ver Jesus e deixa-lo me odiando, eu tinha que tentar consertar as coisas, eu não fazia ideia de como ele reagiria quando descobrisse que foi tudo uma mentira, e que eu havia terminado com o Kris para ficar com ele, na verdade não continuaria com o Kris, com ou sem o Chanyeol, ele tinha outro alguém agora, não sabia se o encarecido Senhor Park ficaria feliz ou se só passaria a sentir ainda mais raiva de mim.

-Bom dia Consultório do Doutor Kim, Hospital Central de Seul.

-Bom dia, aqui é Byun Baekhyun, eu estive aí ontem e fiz exames, e recebi um e-mail mandando eu voltar quanto antes. – eu estava muito nervoso, a morte poderia estar próxima, ou não.

-Byun Baekhyun, eu iria te ligar. – por que não ligou então vadia? – Sua consulta já está agendada para hoje às dez da manhã. – nem tão vadia, até que ela era eficiente.

-Obrigado, estarei ai. – ótimo teria que faltar trabalho pela manhã, detestava faltar trabalho mesmo que fosse só um período do dia, com certeza os superiores considerariam o Kyungsoo mais eficiente, e ele teria mais chances para uma possível promoção.

-Senhora Sun. – liguei para a secretária para avisar da minha ausência durante o período da manhã e ela era realmente um anjo. Se fosse hétero até levaria em consideração ter uma esposa como ela, mas nem sou, então ela era só uma boa secretária.

♡♡♡♡

Estava tão nervoso que meu estômago doía, não só pelo nervosismo, mas pela fome que eu sentia, dei “Tchau” para o café da manhã antes de sair de casa. Acho que nem dá para piorar, estou doente, brigado com o cara que talvez eu esteja nutrindo algum tipo de sentimento, não tenho muitos amigos, acabei de terminar um relacionamento duradouro, definitivamente não dá para piorar.

Pelo menos eu seria o próximo, e tinha acabado de chegar, eu quero minha mãe, é tão difícil ser adulto as vezes.

-Byun Baekhyun. – meu estômago revirou mais uma vez por conta do nervosismo, mas entrei no consultório firme e forte.

-Então Senhor Kim, o que eu tenho? É grave? Eu vou morrer? Eu sou tão jovem. – meus olhos já começavam a marejar, minha mãos estavam suadas como nunca antes.

-Ah, não, você não está doente. – ufa, é as coisas estão melhorando. – Na verdade Sr. Byun, você está muito saudável, e devo dizer que é muito abençoado, meu parabéns. – mas e eu estou tão magnificamente bem, a que se deve todos esses enjoos. – Casos como o seu são raros. – disse sorrindo, e eu continuava sem entender nada.

-– É? – indaguei sorrindo de volta, me sentindo feliz, por saber que não iria ver Jesus tão cedo.

-Você está esperando um filho. – Ok, dava para piorar, fiquei encarando o médico durante um tempo, tentando entender direito o que ele havia acabado de dizer, até que as luzes foram apagando e eu não ouvi mais nada, talvez fosse um sonho, um filho, a voz do médico ecoava na minha cabeça, ou um pesadelo, o ar começou a faltar, tudo girava, e eu apaguei.

♡♡♡♡

Acordei daquele sonho estranho em um algum lugar que definitivamente não era meu quarto, me sentei na cama, bem eu estava em um hospital... eu acho. Fitei meus pés durante alguns momentos me forçando a lembrar o que me levava até ali, até me lembrar, e começar a sentir uma dor de cabeça.

Não era um sonho, eu estava mesmo esperando um filho, a vontade de chorar foi arrebatadora, não sou homem de chorar, mas dessa vez não consegui segurar, chorei feito criança, gestações masculinas são muito difíceis de acontecer, homens são menos férteis que as mulheres, no quesito gestação, o período fértil era menor, tudo era menos propenso a uma possível gravidez, era muito azar, eram raras as vezes que eu e o Chanyeol transavamos sem proteção, ou não tão raras, mas não importa, isso não faz de mim menos azarado.

Não podia estar esperando um filho, não agora, isso não pode estar acontecendo, minha carreira esta em ascensão e uma criança agora significa retrocesso e eu não posso retroceder, quero ser promovido, quero ganhar melhor do que ganho, quero ter um apartamento próprio, e quem sabe um carro, ter um filho agora significaria não conseguir alcançar nada disso, talvez na pior das hipóteses, esta sendo a mais possível de acontecer do maneira que a sorte anda para mim, significaria se tornar dependente financeiramente do pai dessa criança, este que se trata de Park Chanyeol, Chanyeol este que me detestava neste exato momento.

Crianças custam caro, muito caro, eu posso usar todo esse dinheiro em outra coisa, eu não ganhava mal, mas não queria começar a sustentar ninguém agora. Ok, teria o Chanyeol para dividir as despesas, mas ele obviamente ganha melhor que eu, merda!

Maldita seja a escada de incêndio, maldito seja o banco de carona com estofado de couro do carro de Chanyeol, maldita seja a festa de encerramento do ano passado, maldita seja todas as vezes em que transamos sem proteção, maldita seja minha irresponsabilidade nos momentos em que não usamos preservativo, pois o desejo falava mais alto. É a cada vez eu chorava mais, eu chorava desesperadamente, isso é tudo culpa minha, minha e do tapado do Chanyeol, que nem sempre tinha camisinhas, mas quem leva preservativos para o trabalho?

Então a solução veio clara na minha mente, clara como água, era simples, aborto. Essa era a solução para meu deslize irresponsável, o porém era que essa criança não era só minha, não seria só meu filho, Chanyeol nunca me perdoaria se soubesse que fiz algo assim sem consulta-lo antes, eu definitivamente tinha que conversar com ele, já rezava para ele concordar, então estaria tudo resolvido, adeus enjoos, adeus possível regresso profissional, adeus ser humaninho catarrento, seria maravilhoso.

Então comecei a me acalmar e me lembrei do que minha mãe disse no telefone: “Eu mandei você usar camisinha. “ não foi por falta de aviso, eu me detesto, detesto a mim mesmo e a minha falta de responsabilidade, e aqui estou eu chorando desesperadamente novamente.

Acho que meu desespero era ouvido dos corredores, uma vez que uma enfermeira entrou quarto a dentro desesperada, enquanto pedia para eu me acalmar, o que obviamente não resolveu nada.

-Por favor. – pedi entre soluços. – Chame o Doutor Kim. – eu tinha que tirar essa história a limpo, queria saber tudo o que vinha acontecendo comigo, queria saber se um aborto seria possível, eu tinha muitas dúvidas, a enfermeira saiu do meu quarto às pressas a procura do meu médico, e quando a porta se abriu novamente lá estava ele.

-Se acalme por favor Baekhyun. – pediu ele percebendo minha cara de choro. – Estresse pode fazer mal a seu bebê. – ah ótimo, não podia mais me alterar que maravilha.

-Desculpa Doutor, é que não dá. – confessei. – Eu não posso ter essa criança, tenho uma carreira a zelar.

-Calma, você sabe como é difícil gestações como a sua acontecerem? – acho que ele tentava mudar de assunto com a intensão de me acalmar. – Você tem muita sorte, e quase uma benção.

-Sei. – respondi tentando regular minha respiração. – Eu quero saber se há a possibilidade de aborto. – fui direto, ignorando totalmente o fato dele ter dito o quanto eu era sortudo e quase abençoado.

-Essa é uma decisão muito radical a tomar Baekhyun, não sou especialista nessa área, mas sua gestação já deve estar quase no terceiro mês. – respondeu calmamente, não parecia muito favorável quando a minha decisão. – Te aconselho a primeiro conversa com seu companheiro, e depois procurar um obstetra, tanto para o caso do aborto, quanto para o caso do pré-natal. – ele era mesmo um velhinho fofo. – Será que a vida de uma criança tem menos importância que sua carreira profissional? – claro que tem, sofri um monte até hoje para chegar onde cheguei.

-Obrigada Doutor. – agradeci educadamente, mesmo querendo o xingar pela última frase que ele disse. – Mas e quanto aos enjoos? – perguntei ainda preocupado, não tinha ideia do que a criança tinha com haver com os enjoos.

-Enjoos são normais no início da gestação Baekhyun, pode ficar tranquilo, eles somem depois do terceiro mês normalmente. Agora que você já acordou, já deve ter alta, só devem vir aferir sua pressão e depois você deve ser liberado. – ah ótimo, não ia morrer jovem, talvez fosse pai jovem, antes da hora e um pouco contrariado, não sei se fico feliz ou triste. – Só tente se manter calmo, não quero que te deem calmante. – que absurdo, queriam me drogar e me manter dormindo, bando de...

O meu médico velhinho e fofo saiu do meu quarto e depois de um tempo a mesma enfermeira que havia entrado desesperada voltou, mediu minha pressão, tentei parecer o mais calmo possível, mesmo ainda soluçando pelo choro recente, ela me disse que já voltava, espero que ela volte junto da notícia a minha alta, ou algum médico, sei lá, o pior era saber da possibilidade dela voltar com um sedativo.

-Luhan? – decidi ligar para ele enquanto esperava o médico, ele era meu amigo mais próximo, e como já tem uma filha deve entender dessas coisas de gravidez.

Éramos amigos desde os tempos da faculdade, daquelas festas regadas de álcool e sexo sem compromisso, que eu adorava frequentar, até conhecer o Kris, e começar a andar um pouco na linha.

Luhan era um ano mais velho que eu, mas nem aparentava, acho que ele não envelhecia, continuava com a mesma aparência dos tempos universitários, mudava de namorado como se mudar de roupa, mas uma decepção amorosa mudou um pouco o conceito dele de amor, de certa forma foi um aprendizado bem doloroso para ele, mas que o tornou alguém melhor.

Até ele conhecer Sehun e se apaixonar perdidamente, o que me fez desejar que ele tivesse continuado como era antes, assim ele não teria se casado com aquela pessoa extraordinariamente expressiva.

- Meu Deus Mei! Minha filha fica quieta para o papai trocar sua fralda! - Mei era como ele chamava a filha dele, que não se chamava Mei, mas ele a chamava assim por que era o nome que ele queria por nela, mas a sogra dele não deixou, aquela mulher é uma bruxa, sem dúvidas é a causa de toda a expressividade do Sehun.

-Lu? – chamei de novo, e ouvi um choro estridente do outro lado da linha, céus, era isso que me esperava?

-Baek, já te ligo, a Mei, ela abriu o frasco de talco no rosto dela e agora ela está toda suja. - desligou, ótimo, a última coisa que ouvi antes da ligação ser encerrada, foi ele berrando o Sehun. Deve mesmo ser difícil cuidar de duas crianças.

Sehun era praticamente seis anos mais novo que ele, ainda estava no meio da faculdade, e às vezes deixava de fazer várias coisas por que preferia continuar jogando MMORPG o dia inteiro, era sustentado pelos pais, mesmo morando com o Luhan, continuava ganhando mesada e tinha sua universidade paga pelos mesmos, enquanto o Lu, já era produtor de uma emissora, era engraçado pensar nisso.

Passaram-se alguns minutos e ele retornou a ligação, aquele quarto era um tédio, cometeria suicídio se tivesse que ficar ali internado, para completar a internet era uma bosta.

-Baek. – não havia mais choro, adoro o barulho do silêncio às vezes.

-Lu, está tudo bem com a Mei? – depois daquele choradeira até fiquei meio preocupado, ela tinha herdado toda a beleza do Luhan para a sorte dela, e as expressões também, menina sortuda.

-Está. – respondeu rindo. – Ela sempre faz isso, o Sehun está dando banho nela de novo, não aguento mais, as vezes só queria férias, mas não dá para tirar férias deles, e acho que no fim nem aguentaria.

-Ah que bom que não foi nada grave. – respondi com minha voz ridiculamente anasalada, tentando afastar os pensamentos que dali a algum tempo isso possivelmente aconteceria comigo.

-E você como está? Está tudo bem? – perguntou preocupado.

-Não, não está tudo bem, eu estou fodido. – fui direto, dando um soluço.

-Fodido? Baek... Nós somos amigos, mas eu não preciso saber dessas coisas.

-Não nesse sentido Lu. – mente poluída, antes fosse noutro sentido. – É que acabo de descobrir uma coisa não muito agradável.

-O que? – perguntou meio exasperado.

-Eu estou esperando um filho- ele não deixou eu terminar, só de pronunciar a frase a vontade de chorar vinha a tona.

-Baekhyun! Parabéns, aí estou tão feliz por você, nossos filhos vão ter praticamente a mesma idade. – ah que ótimo, alguém feliz. – Mas espera, é do Kris ou do Chanyeol. – ele sabia do meu caso.

-Eu terminei com o Kris. – respondi casualmente. – É do Channie, o Kris estava na China desde o meio do ano passado, não tem como esse filho ser dele. - nem se eu quisesse seria dele, fiquei praticamente um ano sem vê-lo. - Lu, eu não quero a criança. – fui sincero, quase voltando a chorar.

-Como assim Baekhyun? – iiih, ele ia dar piti e brigar comigo, as vezes ele fazia papel de mãe, vai ver foi por isso que casou com o Sehun, e tinha mesmo o efeito de mãe sobre mim, lá estava eu voltando a chorar novamente. – Ei, você está chorando?

-Eu não posso, tenho minha carreira, eu quero abortar. – ele é meu amigo, tinha que me entender e me apoiar.

-Byun Baekhyun! Eu queria dar na sua cara, como você tem coragem de pensar nisso? Vai matar seu próprio filho por causa da sua irresponsabilidade? – sabia que ele iria partir para o sermão.

-Vou! É minha carreira que está em jogo Luhan, não vou deixar isso me atrapalhar. – respondi soluçando, tentando limpar minhas lágrimas. – Tem literalmente um projeto de ser humano crescendo dentro de mim, que eu não quero, o que eu faço Lu? – indaguei choramingando.

- Você é um puta de um insensível. Duvido que o Chanyeol vá deixar você fazer isso. – pensar nisso só me fez chorar mais. – Para de chorar! Seu bebê sente tudo o que você sente, vai fazer mal a ele. Você vai ama-lo e cuidar dele e esperar ele nascer. – respondeu com um tranquilidade invejável, usando um tom consolador ao menos.

-Luhan, você é meu amigo ou o dele? Nessas horas era para você me apoiar. – filho da puta! – Não sente nada! Ele é só um feto, não quero fazer isso Luhan. – Talvez eu seja mesmo um pouco insensível.

-Nada disso, essa é uma decisão estúpida, não vou te apoiar, e nem te dar número de clínicas de aborto, até mesmo por que nem conheço nenhuma. – não duvido que conheça, Luhan conheceu mais caras na vida do que qualquer outra pessoa do meu ciclo social. – Não fala assim do seu filho Baekhyun!

-Você é um péssimo amigo. – respondi bufando.

-Você sabe que não sou, não faça isso com sua criança, pensa direito antes. – odeio quando ele fala assim comigo, como se soubesse de tudo. – Você só está desesperado agora, depois passa, você vai ver.

-Tá bem Lu, vou pensar. – mentira, eu já estava decidido, agora era só convencer ao Chanyeol.

-Eu vou lá ajudar o Sehunnie a cuidar da Mei, ele não consegue tirar ela do banho sozinho. – Sehunnie... que meigo, só que não.

-Tudo bem Lu, vai lá. Tchau. – respondi ainda choroso.

-Tchau, e parabéns! Eu estou tão feliz por você! – ele definitivamente estava feliz com a notícia. – E se acalme. – me pediu com toda sua serenidade, virtude que me falta bastante.

Depois de um tempo de mais tédio e vários nadas para fazer, além de tentar controlar e parar de chorar para não tomar sedativo, um médico veio me dar a alta, para minha felicidade.

♡♡♡♡

Voltei para empresa mesmo já passando das duas, e me sentindo péssimo, definitivamente acabado,desesperado. Tive que parar para almoçar, gravidez não é doença, e eu definitivamente não deixaria de trabalhar, não mesmo. Cheguei ao meu andar e logo que me encontrei com Kyungsoo que continuava radiante, filho da puta, odeio ver gente feliz quando estou na merda, hoje era um ótimo dia para ele continuar mal humorado, espero que o seu namoradinho te engravide também Kyungsoo, aí você também vai ficar na merda como eu, e vai voltar a ser emogotico das trevas.

-Oi Byun. – ele me cumprimentou, ah seu ridículo. – Tudo bem? – perguntou retoricamente.

-Oh, uma maravilha. – respondi sem vontade passando direto, indo até a minha secretária.

-Baekhyun, como está? - Sun se preocupa realmente comigo.

-Boa tarde Senhora Sun. – respondi sorrindo por educação. - Estou bem no nível do possível, o médico disse que não era nada de grave. – menti, não sairia pela empresa dizendo que estava

esperando um filho, não até ter certeza que continuaria o gerando ou não, odeio depender dos outros para tomar decisões.

-Que bom, fico aliviada. – um anjo, e depois começou a me atualizar sobre tudo que aconteceu na redação no tempo que estivesse ausente, nada que realmente deveria me preocupar.

No momento o que me preocupava era o serviço acumulado e o fato de contar a Chanyeol minha nova descoberta, eu não tinha ideia de como fazer isso, senti dor de cabeça o dia inteiro, é muito complicado contar a alguém que dali a alguns meses um serzinho nasceria com metade do seu código genético, e seria 100% dependente de você até certa idade, que merda, eu estou tão fodido.

♡♡♡♡

Acabei saindo da empresa mais tarde do que eu previa, quase fiquei louco, tinham muitas coisas a serem feitas, aí lembre do que o médico disse, que o estresse faria mal a minha criança, se Chanyeol decidisse que queria aquele filho e soubesse o quanto me estressava algumas vezes por conta do trabalho, me prenderia em casa até que essa coisa saísse de dentro de mim.

Corri até meu apartamento, me arrumei rápido enquanto engolia qualquer coisa é torcia para aquilo não me fazer passar mal, já falei que não aguento mais passar mal? Quando vi já eram oito horas, que ótimo chegaria atrasado, ainda faltava calçar os sapatos, e terminar de arrumar os cabelos e depois tentar pegar um táxi até o apartamento do Chanyeol, e o trânsito não iria colaborar sem dúvidas, maravilha, definitivamente não dá para piorar.


Notas Finais


Então é isso, até semana que vem.


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