História Ties of blood - Can I sleep with you tonight?

- Megan?

- Não vai me convidar pra entrar? Foi difícil entrar aqui, estava cheio de fotógrafos lá fora... – ela respondeu o olhando, como se aquilo fosse a coisa mais normal do mundo.

*** FLASHBACK ON ***

David trancado no quarto: confere

Andou silenciosamente pela casa até sair pela porta do fundos, abrindo-a com a chave reserva. Percorreu alguns quarteirões até chegar no telefone público mais próximo, já tinha estudado as ruas do bairro e sabia exatamente onde ficava cada coisa ali. É claro que ela não iria usar o celular que Ângela havia lhe dado, seria muita burrice. Ela literalmente sabia exatamente o que está fazendo e pra onde estava indo. Assim que chegou no orelhão discou os números decorados em sua mente e esperou os primeiros toques ecoarem por seu ouvido.

Primeiro toque, segundo toque, terceiro toque, quarto toque.  Enfim escutou a voz sonolenta de seu irmão.

- Alô?

- Olá... – tentou mudar a voz o máximo possível e colocou em pedaço de pano sobre o alto falante do telefone. – É da casa dos Hudson?

- Sim, sou o David. Quem fala?

- Oh querido, me desculpe incomoda-lo. Eu queria pedir um pequeno favor, sou uma grande amiga de John Mayer e estou dando uma passadinha aqui em L.A. Queria muito fazer uma visita a ele, para tratarmos de alguns projetos, só que fui assaltada a algumas semanas atrás e perdi meu celular e minha agenda pessoal, que continha todos os meus contatos. Bom, e eu ficaria muito agradecida se você pudesse me dar o endereço dele, todos os endereços de amigos e conhecidos do meio estavam nessa agenda.

- Desculpe...

Pensa rápido, pensa rápido, pensa rápido!

Desviou os olhos para o outro lado da rua e viu um café. Estreitou os olhos para ler o letreiro da fachada e sorriu aliviada. Leila's coffe, esse era o nome do estabelecimento.

- Leila! Meu nome é Leila.

- Desculpe Leila, mas não sei se posso fazer isso. – ele disse desconfiado. - E se permite perguntar, como conseguiu esse número?

- Como disse sou uma grande amiga de John, só queria fazer uma visita rápida. E quanto ao número consegui com uma amiga em comum que tenho com sua irmã Angela. – um breve silêncio aconteceu. – Será que não poderia mesmo me ajudar, por favor...

- Você não quer o telefone dele? Assim vocês podem marcar um encontro e...

- Não! – quase gritou, mas rapidamente se recompôs. - Eu estou voltando pra Nova York amanhã mesmo, não dará tempo de marcarmos um encontro de negócios, eu realmente só queria revê-lo e rapidamente falarmos de alguns projetos...

- É... tudo bem Leila, acho que não haverá nenhum problema... Você tem caneta? – David não pode ver mais essa pequena frase provocou um enorme sorriso vitorioso na mulher do outro lado do telefone, ou melhor dizendo na sua irmã.

Com o endereço em mãos pegou o primeiro taxi que viu pela frente até a estação de trem de Santa Barbara e pegou o trem do horário mais próximo possível. Queria está em L.A. o quanto antes. Quando chegou em Los Angeles pegou outro taxi e lhe disse o endereço que tanto desejava estar. Mas quando chegou ao seu destino se assustou um pouco, não esperava encontrar o que encontrou. Toda aquela multidão de paparazzi foi à loucura com a sua chegada. Alguns gritavam por Katy, outros diziam que não era Katy e sim Megan. No fim de todo aquele escarcéu ela acabou conseguindo entrar na enorme mansão, com a ajuda dos enormes seguranças. Mesmo sem a ordem de John, eles não iriam deixa-la ali. Sabiam que não era Katy, pois ela havia chegando com John a não muito tempo e não haviam mais saído de casa. Então sabiam que só podia ser a irmã gêmea da patroa, a essa altura já estavam cientes do que estava acontecendo, assim como o mundo inteiro. Então não acharam que haveria problemas dela entrar na propriedade. Fora o tumulto dos paparazzi Megan acabou não tendo grandes dificuldades.

É claro que seu plano daria certo!

*** FLASHBACK OFF ***

- Vai ficar aí parado me olhando?

- O que você está fazendo aqui? – ele perguntou totalmente incrédulo.

- Mais que pergunta John, vim ver a minha irmã é obvio. – disse entrando dentro da casa, já que ele não tomou nenhuma atitude.

- Megan, como você descobriu sobre a Katy? E como você chegou aqui? Você veio sozinha? A Mary e o Keith sabem que você está aqui? – disparou de uma vez depois de fechar a porta.

- Eu acho que se tem alguém que deveria está fazendo as perguntas por aqui esse alguém sou eu. Eu que fui a enganada esse tempo todo. Por que vocês não me contaram que ela estava viva? Até quando pretendiam esconder isso de mim? – ela sentou-se no sofá da sala e fixou seus olhos nele, que permanecia em pé a olhando sem reação. Era incrível como ele nunca conseguia saber o que estava se passando pela cabeça dela, o jeito de olhar, as expressões. Tudo era muito contraditório. - Mas isso não importa agora, o que interessa é que eu estou aqui e quero vê-la. Eu acho que eu e ela temos esse direito, não é mesmo?

- Não Megan, agora não é hora para discutirmos isso. Eu acho melhor você ir embora, esse não é o momento certo para vocês se verem, hoje foi um dia difícil para a Katy e esse encontro vai ser demais pra ela. – ele coçava a nuca sem saber o que fazer, pensando em alguma solução plausível. – Fique aqui, eu vou ligar para a Angela.

Disse saindo em direção a cozinha em busca de seu celular, precisava de qualquer forma dar um jeito nisso. Mas é claro que Megan não iria colaborar, assim que ele entrou na cozinha ela se levantou e subiu as escadas. Chegou no segundo andar e olhou para os lados, tentando adivinhar qual das portas daria para o quarto de Katheryn. Por fim, suspirou pesadamente ao perceber que não tinha outra alternativa, teria que abrir porta por porta. No entanto, o que ela não sabia era que por ironia do destino a primeira porta que abriria seria a certa.

A sorte estava do seu lado!

Resolveu começar pela última porta, andou até o final do corredor e a abriu, sem se preocupar em bater. Precisava ser rápida, a qualquer momento John poderia chegar. Entrou no quarto rapidamente e fechou a porta atrás de si, olhou para os lados e não viu nenhum sinal de que alguém pudesse estar ali. Mas teve a plena certeza que estava no lugar certo, o porta retrato no criado mudo com uma foto dos dois entregava tudo. Era o quarto deles, só podia ser. Como imaginava o quarto era lindo, assim como o resto da casa, nunca tinha visto algo assim. Deu alguns passou em direção ao criado mudo, para observar melhor a fotografia, mas acabou entregando sua presença.

- John? Eu sei que está ai... Me desculpe eu sei que demorei, mas estou quase pronta. – Katy gritou do closet e menos de 10 segundos depois saiu do cômodo e não encontrou John, como esperava.

Katy não sabia explicar o que estava sentido, era inexplicável. Megan também permaneceu imóvel, não pensou que isso fosse ser tão difícil.

Imagine você está frente a frente com alguém exatamente igual a você.

Não era simplesmente alguém ao caso com uma semelhança absurda, eram irmãs!

Como você reagiria a isso?

É difícil, claro que é muito difícil.

Principalmente se adicionarmos ao fato que estão se vendo pela primeira vez aos 30 anos de idade. Uma vida inteira se passou sem que pudessem se conhecer, viver os dilemas uma da outra, contar confissões, aprender sobre os gostos uma da outra, entender as personalidades tão divergentes apesar da semelhança física quase inacreditável e simplesmente partilhar da companhia uma da outra. Isso tudo ainda piora se nos recordarmos que uma delas foi literalmente roubada ao nascer e a outra agora encontra-se sem memória depois de um terrível acidente. Mas agora nesse exato momento nada disso importava, o que interessava é que estavam frente a frente.

- Katy... – Megan foi a primeira a pronunciar-se.

- Meu Deus. - Katy andou até ela e a abraçou.

Megan ainda em choque com aquilo, assim que sentiu seu corpo em contato com o dela, abraçou-a de volta. Quando soube que Katy estava viva, uma certa raiva subiu em sua cabeça por ter sido enganada esse tempo todo e arquitetou todo um plano. Mas agora nesse momento em que estava frente a frente com ela tinha esquecido de tudo, na verdade seu problema não era com ela, era com John. Muitos pensamentos confusos vinham e ela sabia que ia fazer algo que depois se arrependeria, era sempre assim. Mas ele a tirava de seu juízo perfeito e se algo de ruim acontecesse a culpa seria dele. Só dele.

Nesse exato momento John entrou no quarto desesperado, tentando impedir algo que já tinha fugido de seu controle. Mas assim que ele viu essa cena parou onde estava, tinha chegado tarde demais. Queria ter pelo menos preparado Katy para esse momento, mas já que não conseguiu, rezava para que tudo terminasse bem. Ninguém queria que as coisas tivessem sido assim, mas ao menos elas pareciam estarem se entendendo. Ainda assim John temia a reação de Katy depois desse dia tão conturbado, temia que o quadro dela piorasse mais ainda e as chances dela recuperar a memória se reduzissem consideravelmente.

Havia falado com Angela e todos estavam muito aflitos, não faziam a mínima ideia onde Megan pudesse está e a ligação de John foi como um acalento e ao mesmo tempo uma nova preocupação, principalmente quando John falou sobre a mídia. Estavam tão preocupados com o desaparecimento de Megan que ainda não tinham ficado sabendo do novo escândalo que todas as revistas de fofoca do planeta estavam adorando. Apesar do desespero inicial, tinham por fim decidido que talvez fosse melhor esse encontro acontecer de uma vez por todas, afinal de contas elas eram irmãs.

Depois de alguns minutos elas enfim se separaram do abraço e olharam uma nos olhos da outra. O infinito mar azul no infinito mar azul.

- Vejo que está tudo bem por aqui... – John resolveu se pronunciar.

- Está. – Katy afirmou banindo uma lágrima de seu rosto.

Depois desse momento, conversaram mais calmamente, mas ninguém tocou em nenhum assunto delicado. Aquele não era momento para questionamentos. Jantaram e foram todos pra cama descansar, aquele dia tinha sido muito forte para o emocional de qualquer pessoa. Megan ficou com um dos quartos de hospedes, não tinha como ela voltar pra Santa Barbara naquele dia. Estava tudo organizado para que Megan fosse a Windsor no final de semana e assim os Hudson iriam para L.A. passar mais um tempo com Katy, mas depois disso tudo que aconteceu John não sabia como iria ficar. A única coisa que ele sabia era que por enquanto não podiam fazer mais nada. Com toda essa confusão que estava em Los Angeles depois que descobriram sobre Katy e Megan, lá não era o lugar mais indicado para nenhum deles. Então talvez no final de semana voltassem para Santa Barbara, já que não tinham mais nada a esconder de ninguém e Katy já sabia de toda a verdade ou até mesmo fossem passar alguns dias em Montana, até a poeira abaixar.

***

- EU TE ODEIO. – dessa vez ela gritou nervosa.

Nesse momento em meio ao escuro da noite, ele, que dirigia em alta velocidade e sem as mínimas condições, perdeu totalmente o controle do carro e não conseguiu desviar de um caminhão que vinha da direção oposta. Em seguida nada mais pode ser sentido, nem ouvido.

Um clarão instantâneo tomou conta de tudo. Logo depois pequenas sombras apareceram, pouco a pouco essas sombras foram aumentando, bem devagar, até de fundirem em de uma imensa escuridão. Ela tentou lutar e manter-se de olhos abertos, mas não conseguiu, era como se uma força maior a estivesse levando para outro mundo. Foi fechando as pálpebras pouco a pouco até desliga-se de uma vez da realidade ao seu redor.

- Meu Deus... – despertou completamente suada e atordoada.

Esse sonho...

Novamente esse sonho...

A primeira vez que teve esse pesadelo agoniante ainda estava morando com Molly e Joe e não fazia a mínima ideia de quem era de verdade. Mas agora tudo era diferente, agora ela sabia quem era, agora ela sabia seu nome. Sabia quem era aquele homem, sabia quem era a sua família. Tudo era diferente agora.

Tentou esquecer esse sonho ruim e voltar a dormir, mas suas tentativas foram falhas. Depois de alguns minutos se revirando na cama decidiu que precisava de um copo de água. Levantou-se devagar para não acordar Nugget, calçou seus chinelos e saiu do quarto. Desceu as escadas sem fazer barulho e foi para a cozinha. Pegou uma jarra de água na geladeira e encheu um dos copos que havia pego no armário. Depois de beber todo o liquido, colocou o copo sobre a pia e fez seu caminho de volta pro quarto.

Antes de chegar em seu quarto percebeu algo que não tinha percebido minutos antes. A porta do quarto de hospedes estava entre aberta, não o quarto em que Megan estava. Era o quarto onde John dormia. Passou alguns instantes olhando para a porta sem saber o que fazer. Seu coração mandava entrar, mas sua cabeça mandava continuar andando e ir para seu quarto.

Aquele beijo tinha mexido muito com ela, essa era a verdade.

Mas ela simplesmente não conseguia discernir seus sentimentos. Talvez John realmente tivesse razão, aquilo tudo era informação demais pra ela e agora simplesmente não estava em seu juízo perfeito. Mas seriam apenas alguns minutos, pensou ela. Decerto a simples presença dele, nem que fosse por alguns instantes, seria capaz de afastar os fantasmas que a perseguiam. Fantasmas esses mais conhecidos como Megan, Russell e ela mesmo. Sim, ela mesmo ou Katy Perry... Katy Perry, esse era o nome que rodeava seus pensamentos e não a deixavam descansar. O pesadelo foi apenas o estopim da insônia.

Deu de ombros se dando por vencida e deu um passo à frente, se aproximando ainda mais da porta. Levou a mão esquerda e empurrou a porta para que esta se abrisse por completo. Deu mais alguns passos silenciosos e parou de frente para a cama dele. John estava jogado na cama com o cobertor lhe cobrindo até a altura da cintura, permitindo assim que Katy visse seu peito subindo e descendo lentamente, devido a sua respiração calma e tranquila. Passou os olhos sobre seus braços tatuados e parou no rosto calmo. Os cabelos bagunçados, a barba mal feita e a boca bem desenhada compunham a imagem perfeita. Ele dormia tão sereno, parecia estar em um sono profundo.

Queria poder dormir com ele, tinha quase certeza que se estivesse no meio dos braços deles os sonhos ruins e pensamentos confusos não voltariam a persegui-la. Mais cedo, quando toda a verdade sobre sua vida foi jogada sobre si por ele próprio, ele foi como um acalento para sua agonia. Apesar de sua resistência inicial, quando enfim se entregou ao abraço reconfortante sentiu-se como se estivesse no paraíso, como se só existissem apenas eles dois no mundo inteiro.

Abanou tais pensamentos com a cabeça, se recriminando. Iria sair dali, era o melhor a se fazer. Sem perceber a presença de um pequeno móvel, que havia ali servindo como base para um pequeno abajur, deu alguns passos para trás até encostar nesse derrubando-o, fazendo um barulho considerável para seu desespero.

- Katy? – John despertou assustado a olhando, enquanto sentava-se na cama.

- Desculpe, eu não queria te acordar... – ela disse com dificuldade e totalmente envergonhada. - Eu já estou saindo... – fez menção de sair do quarto.

- Espere. – ele levantou-se depressa e a impediu de continuar o caminho, segurando em seu braço e a virando para si. – Aconteceu alguma coisa?

- Não... Eu só...

- Pode falar Katy, você sabe que pode confiar em mim, eu vou te ajudar sempre. – ele passou a mão livre pelo rosto dela, a acariciando. - Eu só quero ver você feliz.

- Eu sei... É que... – estava totalmente envergonhada em dizer aquilo. Qual o tipo de garota que vai ao quarto de um homem no meio da madrugada por causa de um pesadelo? – Eu... eu tive um pesadelo, mas já está tudo bem. Eu só fiquei com um pouco de medo e vim perguntar se podia dormir com você, mas isso é bobagem. Eu já estava voltando pro meu quarto. – disse de uma vez quando enfim tomou coragem, completamente envergonhada, estava mais vermelha que uma pimenta.

Ele sorriu, adorava vê-la envergonhada, por incrível que pareça ficava ainda mais bonita. Ela baixou a cabeça quando percebeu o sorriso dele, nesse momento estava desejando que um buraco se abrisse no chão e a engolisse.

- Tem certeza que está bem? – ele segurou em seu queixo e o levantou, a obrigando a olha-lo. - Não quer falar sobre isso?

- Eu estou bem sim, eu só sonhei com o momento do acidente novamente... – ela fechou os olhos e abanou a cabeça, como se isso fosse capaz de afastar as cenas que vieram em sua cabeça mais uma vez depois de relembrar o pesadelo.

- Eu sabia que isso tudo não ia fazer bem pra você. Foi informação demais. – ele segurou o rosto dela e acariciou-a levemente. – Tu vai ficar bem, eu prometo. Não vou deixar nada de mal lhe acontecer, você entendeu? – ele perguntou e ela assentiu com os olhos chorosos. – Agora vem, vou cuidar de você. – a puxou em direção a cama, mas ela paralisou.

Ele ia fazer isso mesmo que estava pensando?

Dormir nos braços dele era tudo que mais queria, mas não esperava que isso realmente fosse acontecer.

- O foi querida? Você não queria dormir aqui comigo? – ele perguntou a deixando mais envergonhada ainda, se é que isso era possível. – Prometo te proteger de tudo e prometo que não vou fazer nada. Eu disse que ia te esperar o tempo que fosse preciso, não disse?

Ele não esperou ela responder, somente a puxou para cama e dessa vez ela não resistiu. John deitou-se na cama e Katy deitou-se de costas pra ele, colando os corpos na estreita cama de solteiro. Mesmo que não quisessem tamanha proximidade, era impossível. O espaço ali para duas pessoas era mínimo. John puxou o cobertor e os cobriu, passou o braço pela cintura dela e a apertou em seus braços, na famosa posição de conchinha. Era assim que costumavam dormir todas as noites.

O que eles não sabiam era que mais alguém estava ali, alguém que espreitava e analisava aquela cena nos mínimos detalhes. Tal pessoa tentava a todo custo conter a força daquela voz baixa que lhe dizia exatamente o que fazer e como fazer. No entanto, muito provavelmente ela não conseguiria esse feito e acabaria cedendo aos seus instintos mais impuros. Era seu subconsciente negro e o poder dele era muito grande sobre ela.