“Nunca imaginei algo tão surreal e impressionante. A vida nos leva por vários caminhos e o meu...”
Capítulo 2
Poder Ofuscante
No trem, como sempre a mesma paisagem, embora agora acima da Tokyo Tower está a esfera – que pode ser vista de muito longe por causa de seu brilho – ainda ofuscante, embora não se consiga olhar por muito tempo para ela. Tenho a impressão dela estar maior, mas talvez seja só impressão mesmo.
Cheguei em casa por volta das 16:40. Liguei a torneira da banheira, a torneira quente e a fria para deixar uma boa temperatura, enquanto fui ler algumas notícias. A esfera tinha ganhado destaque no mundo todo, vários países ofereceram ajuda ao Japão para poder desvendar esse mistério: dinheiro, cientistas, físicos. Enfim, várias pessoas de renome mundial, mas o governo japonês recusou tais ofertas afirmando que conseguiria lidar com o ocorrido e alegando ter tecnologia o suficiente para isso.
Após o banho, meu celular começa a tocar.
17:57
-Alô, casa dos Kurosawa.
-Mirai-chan, é você? Sou eu, Sena.
-Oi Sena-chan, aconteceu alguma coisa contigo?
-Não, não aconteceu nada em relação a mim. Eu apenas liguei para saber se você sabe o que está acontecendo com a esfera.
-O que?
-Acabaram de anunciar na TV que a esfera na Tokyo Tower está se expandindo, lentamente, mas está.
-Eu já desconfiava disso, até então hoje de tarde na volta para casa, eu reparei melhor nela por um breve período de tempo e me lembrei que de manhã, logo após o tremor, eu percebi que ela já se havia se expandido. E a tarde tive a confirmação, após olhar uma foto que eu havia tirado logo mais cedo com meu celular. Será que foram os testes realizados, que estão fazendo ela expandir?
-Não sei, sinceramente, Mirai-chan. O governo não está deixando muita informação sair, apenas o anunciado na TV. E que não é muita coisa, mas sempre avisando que não é nada para que se tenha com que se preocupar, que estão com a situação sobre controle.
-Obrigado por me ligar para informar isso Sena-chan. Mudando de assunto, como está indo seu treino no clube?
-De nada Mirai-chan. Bom, está muito bem, adoro jogar tênis você sabe. Como é um esporte rápido e dinâmico, eu tenho muito animo para jogar. – Ela não via a hora de entrar no colegial para poder entrar no clube de tênis. Uma pena no ginasial não ter.
Acho que não havia comentado, mas Sena é um ano mais nova que eu – entrei um ano atrasada no colégio por conta do meu pai – portanto ela tem 15 anos. Nos conhecemos no fundamental, ela estava sendo maltratada por alguns colegas de classe, e eu a defendi. E desse dia em diante começamos a andar juntas, no fundamental, ginasial, e agora no colegial. É muito ruim o tempo que passamos separadas, quero ver quando nós terminarmos esse ano, acho que iremos visitar uma a outra sempre.
-Que bom! Adoro ver você feliz, afinal somos melhores amigas! – Diz Mirai andando pela casa vasculhando o que tem de ingredientes para ela poder começar a fazer o jantar.
-Temos um laço muito forte que nunca irá se romper! – Ela responde. Conhecendo ela do jeito que conheço,ela estava com um grande sorriso no rosto.
-Sena-chan, que você pretende fazer amanhã? Já que é sábado poderíamos ir em algum lugar.
-Eu adoraria. Ficou sabendo? Abriu um lugar novo perto da estação. Dizem que eles fazem um bolo Mont Blanc delicioso e tem um chá preto que está na moda, gostaria de ir lá? – Diz Sena toda empolgada.
-Ok. – Concordo instantaneamente – Vamos nos encontrar às 13h na estação? Comer algo lá e ir no cinema depois, o que acha?
-Combinado Mirai-chan. Assim na volta eu aproveito e compro algumas coisas pro jantar, e já deixo minha mãe avisada para que ela não tenha que se preocupar.
-Falando em jantar eu tenho que desligar, já são quase 19:10. Hoje é minha vez de cozinhar e vou fazer algo leve porque com esse calor é melhor nos refrescarmos.
-Ok, Mirai-chan. Mais tarde estarei online, se quiser entrar para conversar, me mande uma mensagem.
-Tudo bem. Como amanhã não teremos aula então podemos conversar, né? Até mais tarde.
-Até.
E com isso desliguei o telefone. Fui colocar a panela no fogo e fazer o resto, deixei tudo pronto, já era mais de 20h e minha mãe estava para chegar, enquanto isso fiquei assistindo TV.
20:13
-Mirai, cheguei.
-Oi mãe, boa noite. A janta já está pronta, vai tomar banho antes?
-Sim, está um calor insuportável na rua e esse ano o verão será muito quente.
-Enquanto toma banho eu irei ajeitar a mesa.
-Tudo bem, obrigada. – Diz minha mãe gritando do banheiro.
Ajeitei a mesa com a TV ligada, quando surgiu uma notícia urgente na tela.
O jornalista diz: Estamos ao vivo de Shiba Park, temos notícias urgentes. O campo de isolamento foi estendido para um raio de 100 metros. Detectaram anomalias no campo gravitacional, embora, ainda não sabemos como ela flutua. Mas agora, qualquer coisa perto dela começa a levitar também, é como se o espaço estivesse em Shiba Park, não existe gravidade nenhuma perto da esfera.
Mal pude acreditar no que vi, a esfera era um dispositivo de campo gravitacional então? Mas eles não deram certeza. Não vou ficar pensando sobre isso apenas me daria uma dor de cabeça.
20:38
-Mirai, já sai, vamos comer?
-Estou indo. – Eu respondi, estava em meu quarto nesse momento. Pluguei meu celular no computador para carregar e sincronizar algumas músicas.
Jantamos e conversamos, sobre o que aconteceu no nosso dia.
-Mirai, você está interessada ainda naquela esfera?
-Sim. – Respondi a minha mãe e curiosa pela pergunta.
-Sei que nunca falo sobre o meu trabalho, mas isso tenho que comentar com você. O nosso presidente assinou um acordo que vai contribuir com pesquisas e equipamentos para ajudar o governo. Ele ficou entusiasmado entre um acordo com a STRF e o governo.
-Então ele vai ajudar o governo. Vocês tem alguma ideia do que se trata?
-Não e embora eu seja de total confiança, ele não me deu detalhes. Acho que ele não revelaria algo tão importante.
-Entendo e não nego, estou muito curiosa sobre essa esfera, abalou muita gente, e mudou a vida de várias pessoas. Possivelmente as leis da física também.
-Bom são duas perguntas pra resolver o mistério. O que é aquilo? E como ela veio para aqui?
-Você tem alguma teoria mãe? – Respondo mexendo nas ervilhas que sobrou no prato.
-Sim, mas nada fora do consenso comum das pessoas, aliens e coisas do tipo. Entretanto, pelo que meu chefe disse, é algo que não existe nesse planeta, nem sua massa ou composição.
-Com certeza é algo bem complicado. – Comentei já colocando meu prato, talheres e copo na pia. – Mãe vou escovar meus dentes, e depois vou no computador um pouco. Amanhã vou sair com a Sena-chan lá pelas 13hs, você vai estar no trabalho?
-Sim, ainda estarei resolvendo algumas coisas do contrato com o governo. Vou chegar tarde.
-Bom, nesse caso, quer que eu compre alguns ingredientes para o jantar?
-Eu agradeceria muito filha. Deixarei a lista em cima da mesa do que vou precisar.
-Ok, mãe. Boa noite.
-Boa noite, Mirai.
Depois de minha mãe ir se deitar, fui no computador. Sincronizei minhas músicas – que não deu tempo antes do jantar – e me preparei para amanhã enquanto conversava com Sena-chan. Depois disso dormi.
Acordei quase 10 horas da manhã, muito bom dormir até mais tarde. Depois de acordar, comi uns biscoitos com leite, escovei meus dentes e fiquei no computador até as 11:47. Depois de desligá-lo, comecei a me aprontar. Depois desci as escadas do apartamento e segui até a estação onde peguei o trem que me levava à estação onde marquei o encontro com a Sena.
13:03 – Ao lado da estação – 18 de abril de 2015 – Sábado
-Sena-chan, desculpe o atraso. – Diz Mirai enquanto põe as mãos no joelho respirando fundo tentando retomar ar por ter corrido tanto.
-Não fale como se você tivesse se atrasado muito, foram apenas 3 minutos, não se afobe. – Diz Sena ajudando a amiga a se endireitar.
-Então, vamos? É muito longe?
-Não, é logo aqui perto, vamos Mirai-chan.
13:10
Chegando ao café eu vi algo muito bonito e familiar, era uma atmosfera calma e gentil que realmente fazia você relaxar. Pedi um bolinho redondo de chocolate, e um chá normal sem açúcar, Sena-chan pediu o famoso Mont Blanc acompanhado de um chá requintado, Darjeeling. Lá fora uma brisa calma de primavera movendo as folhas das árvores que ficavam do outro lado da rua, você podia ver o movimento calmo das pessoas e ao acaso, um carro ou outro passando.
Fora isso, o som dos pássaros cantando e o sol embora quase 13:30, estava um pouco alaranjado e refletia a folhagem – ainda um pouco escassa devido ao fato de o inverno ter acabado a poucos dias – mas estavam realmente verdes já ser primavera criando tons únicos em meus olhos.
Decidi fechar meus olhos, me senti em um bosque com aquele som de folhas se mexendo levemente e pássaros cantando. Quando Sena-chan me chamou para comentar sobre uma linda mulher que acabara de entrar no café.
-Mirai-chan! Olhe aquela moça, que linda e refinada, será uma princesa?
Ela vestia um vestido longo, de seda, com uma estampa leve e agradável num tom amarelado, um relógio fino e elegante no braço esquerdo. Havia também algumas pulseiras em seu braço direito e um longo colar em seu pescoço. O vestido tinha um decote em ângulos formando a letra V, um chapéu chique com penas e pérolas no topo e um véu em renda caindo sobre seu rosto, olhos verdes e cabelos loiros parecendo o sol poente.
-Eu duvido muito, Sena-chan. Com certeza é alguma garota de família rica, não chega ao status de princesa. – Sorri um pouco, afinal, Sena sempre exagera com sua imaginação.
-Você tem razão. Será que é bom ser rica?
-Sim e não, acho que depende do ponto de vista. Mas deve ser complicado, pessoas sempre ao seu lado pra te proteger, olhe lá, ela nem entrou no café e já tinha alguns guarda-costas do lado de fora. Você não se sentiria sufocada, Sena-chan?
-Realmente eu não queria algo assim pra mim.
Bom comemos e jogamos conversa fora por algum tempo. Após isso fomos ao cinema assistir um filme que eu queria muito ver.
Terminando a sessão, fomos ao mercado fazer compras para o jantar. Como ainda era muito cedo, resolvemos parar em uma loja de revistas antes, queria comprar alguns mangás.
-Consegui algum dinheiro no meu trabalho de meio período, vou comprar o mangá na qual estou atrasada.
-Eu queria esse aqui, pena que não ganho nem mesada. – Sena pega um mangá em um lugar alto que não consigo enxergar, começa folhear com uma expressão triste em seu rosto.
Ela geralmente pega emprestada com as colegas da nossa classe e comigo os mangás, por conta do clube ela não consegue ter um emprego de meio período e então ela não tem dinheiro para comprar, já que não recebe mesada.
-Pois então irei comprar para você. – Respondi com um sorriso no rosto e pegando o mangá de suas mãos.
-Não precisa, Mirai-chan. Você não recebe muito e é uma edição especial, vai sair caro.
-Faz tempo que não te dou nada, aceite-o, por favor.
-Ok. Obrigado, muito mesmo. – Percebo uma lágrima em seu olho.
A mãe de Sena, trabalha e ganha pouco o pai dela desapareceu, ele bebia muito. Ontem a mãe dela, eu tenho certeza, fez algumas horas extras para poder ter algum dinheiro para poder sair hoje comigo. Minha mãe me contou, como ela trabalha em uma empresa, agora ligada ao governo, eles sabem muito sobre as pessoas devido às pesquisas na área de saúde. Como Sena era minha melhor amiga, minha mãe me deu uma cópia do relatório da familia dela, sempre fui curiosa mas nunca forcei Sena a me contar nada.
Depois de comprar os mangás fomos de volta ao café, como sobrou algum dinheiro comprei alguns bolinhos para a sobremesa a noite e claro para minha mãe também.
A noite, já depois do jantar, liguei a TV. Como o dia seguinte era domingo e minha mãe não teria que trabalhar, não faz mal dormir tarde uma vez na vida não é? - Pensei comigo.
Enfim, teve algumas notícias sobre a esfera, mas nada que já não haviam dito antes embora ela não tenha se expandido mais além daquele ponto, as autoridades ainda estão preocupadas com o campo gravitacional que ela gerou e alegaram que já tem pistas sobre o que está fazendo o campo gravitacional existir e talvez como contê-lo e conseguir removê-lo da Tokyo Tower. E anunciaram que o equipamento de contenção está sendo desenvolvido pela STRF.
Desliguei a TV e fui para o computador, depois de conversar um pouco com a Sena e sincronizar as músicas novas no meu celular. Verifiquei uma última vez às notícias e como não havia nada de novo fui escovar os dentes. Logo em seguida resolvi deitar, peguei o mangá que havia comprado e o lí até dormir.
03:52 – Shiba Park
Cientistas:
-Mais anomalias estão sendo detectadas, o que está acontecendo?
-Não sabemos, o campo gravitacional está se contraindo, a massa do objeto está ficando mais densa do que mínimo registrado.
-Como assim? O que levou a essa complicação?
-Conectamos os cabos com eletricidade estática nas grades de contenção para evitarmos a expansão do campo. Ao analisar algumas anomalias geradas pelas ondas estáticas que poderiam se manifestar, a última checagem feita no gerador fez com que ele gerasse um curto no campo tesla e assim, mandou uma grande quantidade de energia para as grades de contenção.
-Já desligaram os geradores?
-Sim.
-Religue-os e tente conter com ondas mais frequentes e cargas menores, caso ele volte a se expandir. Como está as leituras nesse momento?
-Nada boas, ele ainda continua se contraindo.
Nesse ponto algo inesperado aconteceu ao religarem o gerador e iniciar a contenção, a esfera simplesmente sumiu, e durante a hora seguinte eles tentaram desvendar o que estava acontecendo.
05:07 – Shiba Park
Ela reapareceu. Não só isso, começou a crescer exponencialmente até que a contenção não aguentou e a esfera explodiu. A cidade de Tokyo inteira estremeceu. Acordei assustada, às 05:11, estava tão claro mesmo sendo madrugada, parecia ser meio dia, minha espinha gelou, minha mãe aterrorizada com o barulho ficou sem reação.
Corri para a sala, liguei a TV atrás de informações e nada aparecia na tela, estava completamente sem sinal e meu celular também, peguei o telefone e com alguma sorte tinha sinal e em seguida liguei direto para Sena-chan.
-Sena-chan, o que aconteceu, você está bem e sua mãe?
-Sim, Mirai-chan estamos bem, o que aconteceu? Eu mal consigo olhar pra fora de tão claro.
-Está vindo da Tokyo Tower, TV e celular estão sem sinal, só consegui com o telefone de linha.
-Aqui também. A energia ainda funciona, mas não temos nem porque ligar já que está claro demais.
-Sena-chan, acho que a esfera explodiu, é a única explicação. O céu inteiro está claro, um branco. Como se fosse um vazio.
-Mirai-chan, olhe para o outro lado, você consegue ver o fim? Parece que Tokyo inteira foi coberta.
-Não consigo, apenas um horizonte branco. Como isso, será que é perigoso sair? Irei verificar as coisas fora de casa.
-Te conheço e sei que nada vai te impedir com essa idéia, então por favor, tome cuidado Mirai-chan e use alguma coisa para proteger os olhos.
-Ok. Obrigado por se preocupar. Vou ficar de olho no celular, esperar e ver se o sinal volta. Qualquer coisa te ligo e se estiver tudo bem passo da sua casa, até mais Sena-chan.
-Até, Mirai-chan.
5:27
Saí correndo pela rua e não havia ninguém, os trens não estavam funcionando, antes de sair avisei minha mãe para se acalmar que voltaria rápido. A essa altura já não existia mais um epicentro, o véu branco dominou Tokyo.
Voltei e peguei minha bicicleta, fui para Shiba Park e quando cheguei os cientistas estavam desmaiados e a Tokyo Tower estava devastada, apenas escombros por todo o lado.
Quando me aproximei, senti algo me chamar e quando olhei pra cima algo estranho sobrevoava a torre e vinha descendo lentamente. Corri meu olhar para a base da torre e havia um vulto que quando pisquei desapareceu. O objeto parou na minha frente e meu pensamento era apenas que achei estranho não ter ninguém aqui. Afinal, se eu cheguei aqui de bicicleta, como não teria mais nenhum curioso para saber o que aconteceu.
Com esse pensamento me aproximei do objeto, ele era quadrado e com pontas – pareciam mini pirâmides em cada extremidade – então quando o toquei – até hoje não sei porque não senti medo nessa hora – o véu branco sumiu, a torre voltou ao normal e o tempo pareceu parar.
O objeto se expandiu e formou uma esfera branca, senti um poder fluir dentro de mim, foi como se o meu corpo absorvesse aquela luz até o objeto sumir completamente.
Depois disso não lembro de muita coisa pois fiquei desnorteada,apenas me lembro de ter voltado para casa e ligado para Sena-chan, explicando que estava tudo bem, mas ela disse que não sabia do que eu estava falando. E quando me dei conta adormeci.
10:24 – 19 de abril de 2015 - Domingo
Acordei e já era dia, liguei a TV na sala e nada passando sobre o ocorrido na última noite, apenas alguns cientistas encontrados desmaiados, mas não se sabia o porque.
Fiquei sem entender, mas perguntei a minha mãe, ela falou que também não sabia, mencionei até que a empresa em que ela trabalhava também estava envolvida no projeto.
-Mirai, do que você está falando? Sim, havia projetos sobre uma grade de contenção, mas não me lembro dela ter sido construída e nem me lembro do porque. Meu chefe até comemorou quando assinou um contrato com o governo, mas não foi nada além disso, foi somente um projeto.
-Entendo – sinceramente já não sabia mais o que pensar – então mãe esqueça isso, voltarei ao meu quarto.
Cheguei ao meu quarto e comecei a procurar sobre alguma coisa na internet, também não havia nada. Me preocupei nessa hora, fiquei imaginando se seria um sonho. Naquele resto de tarde fiquei pensando e tentando compreender.
Foi quando lembrei que havia comprado alguns bolinhos e fui na geladeira confirmar, e sim estavam lá, dois dos 5 que a havia comprado. Isso me deu provas que não foi um sonho, que realmente aquilo ontem aconteceu, verifiquei meu histórico de chamadas, e realmente havia chamadas não concluídas por falta de sinal. Deixei quieto por aquele dia.
7:04 – 20 de abril de 2015 – Segunda-feira
Estava me arrumando para ir pra escola normalmente. Depois de comer meu café da manhã, peguei minhas coisas e saí de casa, caminhando até a estação, não leva mais que 10 minutos.
8:00
Já na escola ocorreu tudo bem durante o primeiro período, ainda olhava constantemente para a Tokyo Tower, as notícias cessaram e ninguém comentava mais sobre aquilo. Comecei a achar mais estranho do que nunca, tinha provas que o que houve foi real, mas ninguém lembrava, de nada.
12:33 – Terraço da Escola
Estava almoçando quando comecei a olhar para a Tokyo Tower e de novo não consigo acreditar naquilo, Sena falava comigo mas às vezes não prestava atenção pois estava pensando no que poderia ter ocorrido.
12:57
Quando íamos sair do terraço – estávamos jogando o lixo fora – aconteceu algo, minha mão começou a pulsar, eu sentia algo fluindo dentro de mim e caí de joelhos, quando olho pra Sena ela me pergunta se está tudo bem. Eu estava prestes a responder que estava tudo bem e que não era nada quando um brilho ofuscante começa a surgir outra vez em cima da Tokyo Tower. Dessa vez diferente, parecia que minha mão estava ressoando com aquele objeto.
Sena se assustou com aquilo, como se fosse a primeira vez que visse, ela então pegou em minha mão para me levantar – eu ainda estava de joelhos com aquela sensação estranha pulsando pelo meu corpo – foi então que ela tocou minha mão e ela ficou ali parada por alguns instantes, encarou o objeto, depois olhou para mim, e perguntou:
-Mirai-chan, porque eu havia me esquecido? Bem que não faz sentido, é como se aquilo já tivesse aparecido lá a alguns dias e essas memórias fossem tiradas de mim.
-Sim a esfera apareceu e na noite em que sumiu, estranhamente todos haviam esquecido e tudo sobre aquilo havia sido perdido, achei que estava ficando louca.
-Eu pensaria da mesma forma, mas o que aconteceu aquela noite? Só me lembro até a parte em que conversamos por telefone e você desligou, você me ligou depois e tentou falar algo e como não entendi, achei que você tinha sonhado algo.
-Bom, depois que desliguei, saí correndo, peguei a bicicleta...
Expliquei tudo a Sena, ela ficou boquiaberta, não era pra menos entretanto a pulsação em minha mão ainda continuava, até que se tornou insuportável. Sena estava me ajudando a descer as escadas, quando chegamos ao corredor percebemos algo estranho, não havia ninguém.
Descemos todos os andares e nada, isso me parecia familiar, estava sentindo nostalgia. Quando saímos fora da escola, no pátio, o céu estava branco igual aquela noite e eu já estava melhor, estava me acostumando com aquilo.
-Devíamos ir para Shiba Park, não faz sentido todos sumirem e aquela esfera de novo é o problema. – Disse a Sena apontando para o portão da escola. Eu já estava me sentindo muito melhor.
-Concordo, agora que sei o que aconteceu, é a coisa mais sensata a se fazer.
Caminhamos por um bom tempo – corríamos as vezes até perder um pouco o fôlego – a cidade estava sem sons, sem vento, sem sombras era algo impressionante. E mais uma vez a sensação de que o tempo parou – peguei meu celular no bolso da saia – .
-Vou tirar algumas fotos.
-Também vou. – Responde Sena pegando o celular em sua bolsa.
Após alguns cliques e fotos tiradas, caminhamos mais algumas quadras.
-É aqui Sena, tudo bem se não quiser vir comigo.
-Não, eu irei – responde sem hesitar – não posso deixar você passar por tudo sozinha de novo.
13:41 – Shiba Park
Estávamos perto da Tokyo Tower quando avistei o vulto outra vez só que, dessa vez não sumiu, fomos nos aproximando e Sena estava tremendo segurando forte minha mão. A torre estava inteira prata e aos pés dela, um vulto suspeito, o chão parecia tremer em certos momentos. Foi quando senti algo forte, o objeto em cima da torre desceu como um raio e fez um buraco no chão e nesse exato momento o objeto quadrado e pontiagudo saiu da minha mão subindo até meu peito, flutuando serenamente, se expandiu.
Olhei para o vulto e ele estava sorrindo de orelha a orelha. Quando me dei conta, eu estava vestindo uma armadura, linda, reluzente, branca e dourada.
Virei meu rosto para Sena e ela ficou sem reação. Virei novamente o rosto para o vulto, ele avançava lentamente, passo a passo. Ele não parecia humano apesar de ter silhueta parecida com um, ele era inteiro negro e seus olhos eram vermelhos.
E então ele não estava mais andando, tinha parado e estava me encarando, de repente seu sorriso cessou e ele gritou, gritou muito alto, foi ensurdecedor, tanto que tampei os ouvidos e fechei meus olhos. Quando os abri, ele estava do meu lado, instantaneamente dei um passo para trás para me distanciar quando ele começou a falar:
-Chegou a hora de você entender. Entender o que tudo isso significa... – Disse o vulto caminhando em direção ao objeto que caiu no chão – você só será digna da verdade e do que vier a acontecer se me derrotar.
-Como? Te derrotar? Não sei o que está acontecendo. Não sei lutar. – Disse Mirai assustada.
Nesse momento olhei para Sena e ela estava ajoelhada, assustada. Respirei fundo, o único pensamento em minha mente era proteger-la.
-O que você possui dentro de si é algo muito poderoso, ele o escolheu... Bom, talvez, mas agora é hora de decidir se isso é realmente verdade. – Enquanto dizia tais palavras ele, o vulto, abaixou-se e pegou o objeto.
-Ainda não entendo, como lutarei contra você? E porque tenho que fazê-lo?
-Chega de conversa... – o objeto que ele pegou se tornou outra armadura, negra e sombria como a noite.
-Espere um pouco... – Disse Mirai enquanto se preparava para o que podia acontecer daquele momento em diante.
Quando me dei conta ele avançou com tudo pra cima de mim, a luta começou e eu mal pude entender o que estava acontecendo, mas daqui em diante minha vida nunca mais seria a mesma.
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