Senhor Im
A semana não podia ter sido pior, os negócios na empresa não iam bem e para piorar Jaeyoon estava se fazendo de difícil.
É aquele ditado quando você acha que sua vida não pode ficar pior ela fica; entro em meu escritório para responder alguns e-mails e encontro Jaebum sentado em minha cadeira:
- O que você está fazendo ai ? – pergunto.
Coloco a pasta em cima da mesa, Jaebum abre uma gaveta e de lá ele tira cartas e o diário da mãe dele:
- Que tal você me explicar porque escondeu isso de mim a vida inteira, appa. – Jaebum diz, consigo perceber que ele está se esforçando para conter a raiva em sua voz.
- Onde você encontrou isso ? – pergunto nervoso.
- É bom ser colocado contra a parede não é Appa ?
- Vai para o seu quarto Jaebum. – digo.
Ficamos em silêncio nos encarando por um bom tempo até que do nada Jaebum com apenas um tapa derruba tudo de cima da mesa:
- POR QUÊ VOCÊ ESCONDEU AS CARTAS QUE MINHA MÃE ESCREVEU POR QUASE VINTE ANOS ? – ele grita.
- Jaebum saia daqui, agora. – tento manter a calma ao falar.
Meu filho se aproxima de mim e me encosta contra a parede e logo se afasta:
- MANTER A CALMA ? EU ESTOU FAZENDO ISSO A QUASE VINTE ANOS ? APPA... por quê você me odeia ? – Jaebum começa a chorar compulsivamente. – POR QUÊ NÃO POSSO TER NEM DEZ POR CENTO DO AMOR QUE VOCÊ DÁ PARA O CHAN HEE ? – Jaebum grita.
Tento me aproximar dele mas ele me impede:
- Não me toca, eu tenho nojo de você. – meu filho diz com raiva.
- Filho... não é o que você tá pensando. – digo.
- AH NÃO ? – ele grita. – POR QUÊ VOCÊ ESCONDEU AS CARTAS QUE MINHA MÃE ME ESCREVEU ? POR QUÊ ?. – ele senta no chão e enfia o rosto entre as pernas e continua a chorar.
- Você é igualzinho a ela. – digo.
Ele levanta o rosto e enxuga as lágrimas:
- O que você disse ? – Jaebum pergunta.
Respiro fundo:
- Você é igual a ela, tudo em você me lembra a sua mãe por isso não consigo...
Jaebum levanta e se aproxima de mim novamente:
- Pode falar, você não consegue me amar e você me culpa por que minha mãe morreu no meu parto. – Jaebum diz cheio de raiva.
Abaixo o rosto sem conseguir encarar meu próprio filho e ele cospe na minha cara:
- Não se preocupe senhor Im, logo você vai estar livre de mim. – Jaebum diz e me deixa sozinho no escritório.
Vinte cinco anos atrás
Eu estava saindo da aula de economia, pode parecer a coisa mais clichê do mundo mas eu conheci o amor da minha vida depois que esbarrei nela e derrubei todos os seus livros:
- Ei olhe por onde anda. – a garota diz recolhendo os livros.
Me abaixo e a ajudo:
- Desculpe. – digo nervoso.
- Tudo bem. – ela suspira depois que recolheu os livros.
Passo a mão no cabelo e digo:
- Deixa eu te pagar um café.
Ela sorri:
- Não precisa.
Seguro sua mão delicadamente:
- Eu insisto. – digo.
- Okay. – ela responde.
- Seu nome ? – pergunto.
- Yoona. – ela responde.
Vinte anos atrás.
Eu e Yoona nos casamos alguns meses depois que nos conhecemos na faculdade; eu me formei em economia e ela em artes cênicas; estávamos casados a cinco anos quando em um dia que era pra ser comum ela chega pálida e diz:
- Im, eu estou grávida.
- O quê ? – pergunto sem acreditar.
Ela sorri e me abraça:
- Vamos ter um filho.
Retribuo o abraço mas não sei se estava pronto para ser pai aos vinte cinco anos.
Os primeiros meses de gravidez foram ótimos, montamos o quarto do bebê porém em uma consulta eu não pude ir por causa do trabalho e quando cheguei em casa Yoona estava deitada em nossa cama muito pálida:
- O que aconteceu amor ? – pergunto.
Ela sorri:
- Nada demais, nós estamos bem. – ela diz se referindo ao bebê e ela.
Deito ao seu lado e a abraço:
- Está tudo bem ? – eu pergunto.
Ela sorri e me beija:
- Está tudo bem Im. – Yoona responde.
Exatos quatro meses que minha mulher me garantiu que estava tudo bem meu filho tinha nascido e minha mulher estava morta.
Eu estava na espera da sala de parto e o médico veio falar comigo:
- Você é o pai do menino ?
- S...im. – respondo nervoso.
- Seu filho nasceu saudável e bem. – ele diz.
Sorrio, eu não podia acreditar, eu era pai, percebo que o médico me olha de uma maneira séria:
- Aconteceu algo doutor ? – pergunto.
- Sua mulher... ela não resistiu ao parto.
Tento assimilar o que eu acabei de ouvir:
- O senhor quer dizer que minha mulher está morta ? – tento conter as lágrimas mas elas escorrem de meu rosto.
- Sinto muito. – o médico diz.
O médico diz que meu filho está no berçário, vou até lá; a enfermeira me leva até o berço que meu filho está deitado:
- Quer pegar ele no colo ? – a enfermeira pergunta.
- Será que eu consigo ? – pergunto.
Ela sorri e coloca o bebê em meus braços:
- Já sabe o nome dele ? – ela pergunta gentilmente.
- Jaebum, Im Jaebum, minha esposa que escolheu. – digo.
A enfermeira apoia a mão em meu ombro e diz:
- Tem algum familiar que devemos avisar para o funeral ?
Faço um gesto negativo com a cabeça:
- Éramos só nós dois.
A enfermeira sorri e diz:
- Agora sua a família é esse menino, espero que sejam muito felizes.
Enterrar minha mulher foi a coisa mais difícil que já fiz, como eu era sozinho contratei uma babá; Maria para cuidar de Jaebum, quando chego do funeral encontro uma carta embaixo de meu travesseiro, era de Yoona:
Im
Provavelmente quando você ler isto eu já estarei morta.
Quando você me perguntou quatro meses atrás se estava tudo bem quando eu cheguei do médico; eu menti, não estava tudo bem; os exames apontaram que eu tinha pressão alta e que a gravidez havia se tornado algo de altíssimo risco; eu sei que se eu te contasse você iria pedir para eu não levar essa gravidez para frente mas eu não podia impedir o nosso filho de nascer, me perdoe por isso.
Quero lhe pedir que dê o mesmo amor que você me deu a Jaebum, ele não tem culpa de nada.
Te amarei eternamente, Yoona.
Abraço a carta e deito na cama chorando compulsivamente, eu não ia superar nunca a perda do amor da minha vida.
Os meses foram passando e meu estado foi só piorando, eu ignorava a existência de meu filho e deixava ele para ser criado pela babá e assim seria pelos próximos vinte anos; eu não demonstraria afeto por meu filho eu só não saberia que iria me arrepender disso amargamente.
Dias atuais
As comemorações de fim de ano haviam passado, era primeiro de janeiro e estavam todos tomando café da manhã menos Jaebum:
- Cadê meu filho ? – pergunto.
Chan Hee me olha com aqueles olhos inocentes e diz:
- O Hyung pediu pra dizer que vai fazer uma viagem e que não volta.
Assim que Chan Hee termina de falar o meu celular toca, atendo:
- Alô ? – digo.
- Sim, sou eu. – respondo.
- O QUE ACONTECEU COM O MEU FILHO ? – grito.
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