História Tired Blue Boy - Just Love Me Down

Min YoonGi, 20 anos, estudante de Música, um bom aluno, embora reclamasse toda manhã que tinha que acordar para ir à Universidade, porque era preguiçoso e seu sono era sagrado, mas não tanto quanto sua vontade de se tornar um músico profissional.
Sua personalidade forte e insistente não lhe deixaria faltar uma aula sequer, mas se soubesse que aquele maldito dia era o dia que o namorado virtual de Jeon Jung Kook, seu melhor(e único)amigo iria chegar em Seul e consequentemente se infiltrar de vez em suas vidas, não teria levantado a bunda da cama. Porém, de qualquer forma, iria conhecê-lo, cedo ou tarde. Iria passar a gostar mais que o recomendável de sua companhia, cedo ou tarde. Iria sorrir toda vez que ele sorrisse, cedo ou tarde. Estava destinado a viver aquilo, sabia disso agora, entretanto nada o impedia de pensar que foi desfavorável tudo ter acontecido cedo. Diria que uma conexão se criou logo que seus olhares se cruzaram, independentemente de parecer ridiculamente clichê. As pessoas não podiam controlar o desenvolver de suas emoções, não possuíam essa capacidade. Era isso que os fazem humanos: Ser uma avalanche de sentimentos.

YoonGi adorava músicas tristes, com direito a perdas e corações partidos, imaginava o quanto doloroso seria amar alguém que te amava de volta, mas que você nunca poderia ter, só que a dor imaginária nem se comparava a real. O rapaz talvez merecesse sofrer, no final das contas, debochou centenas de vezes do relacionamento que seu dongsaeng de rosto infantil e nariz pomposo mantia com um cara que nunca vira pessoalmente. E daí que se viam através da tela de um notebook? Não era a mesma coisa, não era presente de fato, não estavam lado a lado, sem toques, sem beijos. Em sua opinião era insuficiente, apesar de JungKook parecer feliz com o que tinha no momento. Feliz apenas por saber que JiMin o amava.
O feitiço virou contra o feiticeiro, agora Park estava ali, com Jeon, e tudo que desejava era que deixasse seu amigo e fosse com ele. Beijasse os lábios dele, sentia ele, percebesse que ele também poderia ser um bom namorado. Desejava que o amasse de volta. Não JungKook. Não. Não. Não.

Seus desejos o levariam ao inferno, mas se pudesse ter JiMin, valeria a pena. Então colocou tudo a perder e ganhou a melhor noite de sua vida.

Observou calmo por fora, em cólera por dentro, o doce menino que chegara recentemente em Seul abraçado a outro menino, que não notava seu namorado observar YoonGi de volta. Tinha um sorriso no rosto, mas não parecia alegre usando aquela maldita roupa de casal azul. A qualquer um, aquele brilho nos olhos meigos não existia, mas o estudante de Música percebeu, porque desde sua chegada, percebia todos os seus movimentos, seus sinais, e adorava cada um deles. Adorava a forma como seus fios negros caíam sobre sua testa, e suas bochechas gordinhas coravam com facilidade. Adorava principalmente aquela chama confusa, insinuativa e curiosa que só poderia ser capitada por ele. JungKook vivia dizendo que o outro era seu, mas como poderia ser dele se o desejava? Como poderia ser dele se aceitara seu convite para beberem sozinhos, numa noite de sábado, sabendo que a intenção do mais velho não era se tornar mais um amigo?

— Amá-lo parece tão entediante, então, apenas me ame agora.

Estava parcialmente bêbado e sendo totalmente descarado, mas nenhum deles se importou com aquilo, porque os toques começaram com um esbarrão de ombros sutil, depois foram para um aperto de mão e JiMin, que parecia ter bebido um balde de audácia, pois desceu a mão até a coxa magra do maior, seus dedinhos trilharam até o botão do jeans. Não era necessário dizer que essa fora a gota d'água para engolir em seco, tremer de leve enquanto afastava, extasiado, as próprias madeixas suadas tingidas de loiro sujo e atacar os lábios cheinhos de quem vinha desejando loucamente.

No mesmo segundo, sentiu uma onda de prazer lhe atingir em cheio, ao ponto de ser dolorosa. Sugava seu lábio inferior sem calma, o moreno tentava copiar o ritmo. Aquilo era tão diferente de tudo que havia experimentado. Era simplesmente algo que não podia ser comparado. As mãos dele subiram até sua nuca, aprofundando o beijo. Enfiou sua língua dentro da boca do mais novo, explorando aquele lugar inebriante.
Deixou escapar um gemido durante o beijo, enquanto afundava seus dedos nos sedosos cabelos negros dele, os puxando um pouco. As mãos inquietas do namorado de seu amigo desceram até parar em suas costas largas. Explorava um pouco mais a cavidade bucal do jovem. Sua língua ia de encontro com a dele. Seus gemidos o denunciavam. Descobrira que sua língua era um ponto sensível. E tirou proveito disso. Ele abusava dessa sensibilidade, roçando com mais vontade sua língua contra a outra. Fora JiMin quem tremeu daquela vez, em um forte choque de prazer quando o tal músculo foi sugado com avidez.
Afastara-se um pouco. Um fio de saliva ligava sua boca a dele. Nunca pensou que seu beijo pudesse ser tão viciante, nunca pensou que apunhalaria JungKook pelas costas, muito menos que não se sentiria mal por isso. Errado em todas as formas, tinha consciência disso, entretanto deixara de se importar. Sua alma estava manchada de vermelho, a cor da paixão e pecado, a mesma presente nos lábios de JiMin. E ainda era o início da noite, no fim dela estariam na cama de um motel qualquer.

— Kookie está me ligando, fica dizendo que estou diferente com ele, que estou estranho. Nunca quis magoá-lo, me vi na obrigação de dizer que o amo, para amenizar as coisas. — O moreno admitiu, envergonhado, os braços envolvendo mais apertado a cintura fina de YoonGi, procurando e encontrando abrigo nele.

— Mas você não o ama, pedi que o acalmasse, porque o choramingo dele me dá nos nervos, mas pare de enganá-lo com essas palavras. Darei um jeito.

Min se tornara frio com JungKook, as conversas entre eles se tornaram escassas, praticamente o tratava como um desconhecido, ou pior, como alguém conhecido e sem importância. Não era por remorso, era algo que não sabia explicar, havia adquirido um ódio, embora soubesse bem que não havia razões para isso. Talvez aquela comportamento fosse correspondente à sensação de que alguma coisa iria acontecer. De fato, depois de duas semanas, acontecera.

JungKook havia morrido.

O dongsaeng descobrira a traição, pôde até mesmo ouvir seu coração se quebrar dentro do peito. A dor era dupla, perder seu amor e seu melhor amigo. Ambos o envenenaram com mentiras até que perdesse a cabeça, perdesse a própria vida.
JiMin chorou por dois dias inteiros enquanto YoonGi lutava contra um sorriso satisfeito consigo mesmo por ter feito um assassinato parecer um suicídio.

Essa fora a sua maneira de acalmá-lo. De uma vez por todas.