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História To Save and To Hold - AU Drarry - . despicable theo


Escrita por: nyymeria

Notas do Autor


Quanto tempo né?

Boa leitura. ❤️

Capítulo 19 - . despicable theo


Eu não voltei com Harry naquela noite de ano novo. Sendo covarde mais uma vez, puxei Pansy pelo braço no momento em que ele se virou para cumprimentar os amigos e a obriguei a irmos para casa. 

Em casa eu me deitei na cama, escutando minha amiga reclamar que queria festejar e beber até o dia amanhecer. Não a impedi quando ela se levantou cansada de ficar me observando remoer cada pensamento sobre a vida e me deu as costas atrás de alguma diversão.

Nos dias que seguiram eu também não o procurei, não por falta de vontade mas por falta de coragem. Não sabia o que dizer, havia o abandonado mais de uma vez e isso se torna cansativo depois de um tempo. 
Confesso que esperei ele pular minha janela no meio da noite, meio Edward Cullen. Mas é claro que isso não aconteceu.

Eu sou uma pessoa confusa. 

Talvez ele tenha se cansado.

Faltavam uma semana para a volta das aulas da sUNI e consequentemente a minha rotina normal de professor e aluno voltariam também, Pansy havia decidido ficar mais um pouco para ajudar minha mãe com os pedidos no ateliê e para me acompanhar na audiência contra Theo dali uma semana. Mas naquela dia eu estava sozinho no café da cidade, tentando me concentrar nas aulas que precisava preparar e não no cardápio que me lembrava Harry em todos os sabores de bolo. 

Demorei tanto para escolher algo, que quando dei por mim já estava no começo da tarde e meu chá estava frio. Pensei em comer algo em casa, ou só voltar e descansar minha cabeça um pouco, mas Ron Weasley atrapalhou meus planos.

Ele apenas se sentou sem convite na cadeira a minha frente, me observando. Os cabelos ruivos suados puxados para trás, a velha da camiseta do colégio molhada de água e suor indicando que ele deveria estar treinando ou apenas correndo. Nós não nos falávamos desde o dia em que brigamos após o campeonato, e até onde eu sabia, Hermione não havia voltado da visita em Yale. 

Não era de se impressionar a carranca mau-humorada em seu rosto. 

- Eu tenho que te pedir desculpas. Mas eu não sei se quero. – Começou após um tempo me encarando. Levantei meu olhar do caderno aonde fazia minhas anotações. 

- Então não peça, Ronald. – Disse em tom baixo.

Ele se calou, eu esperei que se levantasse e fosse embora, mas ao invés disso, o ruivo apenas me encarava como de início, uma ruguinha aparente no meio da testa. 

Aquilo me irritou.

- Entendi. Não quer me pedir desculpas, então o que você quer? – Disse soltando a caneta que estava segurando.

- Eu quero dizer algo que te convença a tirar o Harry daquele poço de mau humor e  palavras monossilábicas que ele se enfiou. Acho que eu quem deveria te perguntar, o que você quer, Draco? 

- Eu não sei aonde você quer chegar... – Respirei fundo.

- Onde eu quero chegar é que tudo bem, seu ex namorado é um verdadeiro lixo e ele fez uma lavagem cerebral na sua cabeça, já entendemos. Mas, por que  você tem que viver preso a ele? Por que  você tem que deixar de ser feliz com outra pessoa? 

- Eu não quero que Har—

- Não é só o Harry, Malfoy, por que você vai fugir desse relacionamento mas vai haver próximos, você vai se apaixonar de novo e vai acabar do mesmo jeito. 

Eu queria dizer que não estava fugindo, quer muito além. Não me sentia o suficiente para o amigo dele, tinha medo de estar acostumado a ser preso a Theo.

Fui interrompido quando pensei em abrir a boca. 

- Não sei porque estou te dizendo tudo isso, eu só, acho que você deveria saber... Além de que Harry vai visitar apartamentos em Londres na próxima semana, provavelmente vai se mudar e tudo mais, talvez você deva ir na mala. – Completou sorrindo de canto. Meus olhos se arregalaram com a  surpresa da notícia e pelo medo de não ter mais Harry por perto.

Ron se levantou. 

- E me desculpe, por aquele dia... Não sei medir minhas palavras e todas aquelas coisas que a gente fala quando se altera. – Deu de ombros, caminhando para fora do local. 

- Ron! – Chamei antes que ele ficasse longe. Sua cabeleira ruiva se virou para mim. – Obrigado. 

Um aceno de cabeça foi o suficiente para saber que estava tudo claro entre nós. 

-x- 

Eu nunca na vida imaginei que Ron Weasley me daria conselhos. Muito menos que quando eu os contasse a Pansy, ela concordaria em número, gênero e grau quando nos encontramos no dia seguinte. 

- É o que eu venho tentado te falar há dias. – Revirou os olhos. 

Era como se eu estivesse caído em um universo paralelo.

- E o que eu faço, agora? – Perguntei.

- Você sobe na torre e beija a princesa. – Respondeu, balançando de forma teatral a  fita métrica que segurava. 

Minha mãe gritou o nome de Pansy, impedindo a nossa conversa e possivelmente os nossos planos de almoço. 

- Parece que vai ter que comer o que tem em casa, docinho. – Se lamentou, beijando a minha testa. Formei um bico maior em meus lábios, aceitando a condição de comer sozinho. 

Estava mais quente quando eu coloquei o corpo para fora do carro, momentos depois, próximo a casa de Harry. Tomei toda a coragem que tinha para bater na porta de madeira para ninguém me atender. Não havia ninguém em casa. Suspirei frustrado ao dar a volta com o carro pelos quarteirões e não encontrar Harry correndo pelas calçadas. Voltei para o centrinho da cidade, chateado e com fome. 

Era óbvio que o lugar estava lotado com todos os jovens, os três pub’s tinham colocado suas mesas nas calçadas e todas estavam ocupadas. Choraminguei, seria impossível encontrar um lugar em paz para comer. Sem contar em todas as pessoas que eu não queria encontrar, não hoje. 
De longe eu enxerguei ele, tentei me virar rápido em direção ao carro mas os seus olhos azuis me encontraram e seu sorriso se abriu. Eu paralisei no lugar, acostumado a obedecer Theo só com o seu olhar. 

- Pensei que ia fugir de mim. – O leve cheiro de álcool ardeu minhas narinas. 

- Não está muito cedo para beber? – Perguntei, me afastando.

- Já passou do meio-dia, já pode beber. – Gargalhou. 

Eu respirei fundo, recolocando meus óculos escuros no rosto e me virando para sair dali, seus dedos seguraram meu braço.

- Fica meu amor, quero te mostrar uma coisa. – Demandou me puxando. 

Fui empurrado em meio a calçada lotada, até que paramos. Theo ficou atras de mim me abraçando pela cintura, meu corpo estava congelado. Eu deveria imaginar que ele não perderia a oportunidade. 

Na frente do pub estava Harry e todos os seus amigos, Neville, Luna, Ron, as gêmeas Patil e Ginny. Essa que tinha seus braços ao redor do pescoço dele, a cabeça caindo levemente em seu ombro conforme ria, daquele jeito, como se o mundo os pertencesse é nada estivesse errado. 

Como tinha de ser.  

- Ele é melhor, lembra? - A voz ecoou. E não era a da minha cabeça dessa vez. 

Me soltei dos braços de Theo que riu, me pedindo calma e tentando me fazer que voltasse. Trombei novamente nas pessoas, sem pedir desculpas dessa vez, eu estava tão exausto de tudo aquilo. De Theo, de Harry, eu estava exausto de mim e do mundo. 

Eu queria explodir em um milhão de átomos. 

- Me desculpa, meu amor. Peguei pesado, né?

Falso. Tudo que saia da boca de Theo era falso e eu bebia cada palavra. 

- Eu já tive o suficiente de você, Theodore. – Disse quando cheguei no meu carro.

Ele suspirou, como se eu estivesse dramatizando.

- Eu já pedi desculpas, e dai que ele te trocou pela Weasley. Ela é mais gostosa que você, sabe como que é, carne fraca... 

Abri a porta do  bruscamente. Theo segurou meus dois punhos e me fez olhar pra ele. 

- Me solta. Se eu aparecer com um arranhão na terça-feira, você está acabado. Sabe disso. – Os dedos afrouxaram, mas não me soltaram. 

- Se eu sumisse da sua vida, pra sempre. Você me perdoaria? – O hálito de cerveja agora mais forte no meu rosto. 

- Me solta, que história é essa de perdoar? Você não se arrepende das coisas que faz, Theodore. – Disse entredentes, encarando seus olhos. 

- E se eu me arrependesse? 

Um arrepio esquisito percorreu meus braços, e  mesmo sem o menor sinal de ventania decidi que o motivo era o frio. 

- Para com isso... – Pedi em voz baixa. O aperto em meu braço se tornou mais forte.

- Entra no carro. – Demandou, usando o tom de voz que me deixa assustado. Baixo e perigoso. 

- O que?! Não! Você bebeu, eu não vou entrar com você alcoolizado. 

- Entra no carro, Draco. Agora. 

-x- 

Eu apenas não queria viajar por três horas seguidas até a cidade vizinha, no banco de trás, escutando meus pais e suas pequenas discussões sobre os percursos que Sirius poderia ter evitado. 

Suspirei e me arrastei pelo largo banco, desejando voltar para o lugar aonde estava com meus amigos me ajudando a não pensar. 

Não que eu tenha pensado muito nos últimos dias. Tenho evitado todo e qualquer tipo de pensamento que envolva Draco, usando codinomes para falar dele. 

Na maioria dos dias funciona.

- Você parece um pouco melhor, hoje. – Disse Remus, apertando meu joelho levemente e sorrindo pelo retrovisor.

- Falam como se eu estivesse doente. 

- Hum, a cara está boa mas o mau humor persiste. – Riu Sirius, vestindo seus óculos de sol, dando partida no carro em seguida. 

- Mau humor por andar não sei quantos mil kilometros pra comprar geleia. – Reclamei, fazendo meus pais soltaram um som exagerado de espanto e lamentação.

- Não e só uma geleia, é a melhor geleia caseira da Grã-Betanha! – Disse Remus.

- Definitivamente adotado. Estou decepcionado com você, meu filho. – Exagerou Sirius, me arrancando uma gargalhada.

- Vocês não existem. – Ri, encostando a cabeça no vidro do carro imaginando se conseguiria dormir até chegar em Hampshire. 

- Ih, teve um acidente feio ali na frente, vamos ter que ir pela ponte... – Escutei de olhos fechados Sirius dizer. 

Me endireitei no banco. Qualquer coisa que tenha acontecido era sério, pelo volume de pessoas e viaturas ao redor do acidente. Sirius diminuiu a velocidade do carro para fazer o retorno com cuidado. 
Nossa cidade é pequena, minúscula, qualquer coisa que aconteça nela ou aos arredores gera um verdadeiro caos, todo mundo quer ver algo de inesperado naquele lugar pacato e silencioso, pensei em fechar os olhos para tentar novamente, porém algo me disse para ficar atento.

Nunca desejei ter ignorado aquele sentimento esquisito como naquela tarde. 

Sirius precisou esperar o policial do local nos deixar passar para o retorno, o que nos deu uma boa visão do carro acidentado. Um volvo prata totalmente destruído. Colei minha mão no vidro da janela como se fosse me fazer enxergar melhor. 

- Eu conheço aquele carro. – Minha voz saiu trêmula.

- Hã? – Remus se endireitou olhando na mesma direção. Suas voz a saiu em sussurro  – Meu Deus...  

Sou péssimo em decorar carros, até hoje quando meus pais vão me buscar, eles precisam buzinar porque eu nunca lembro do modelo. Mas eu já havia passado tempo demais dentro daquele específico cinza para não me lembrar a quem ele pertencia. 

Minha cabeça se balançava freneticamente. Não. Não era possível, Draco era um ótimo motorista. Alguém naquela cidade deveria ter um Volvo prata igual aquele, precisava ter. 

Machuquei meu joelho ao sair do carro descompensado, eu tentava respirar mas o ar não obedecia e não chegava aos meus pulmões. Eu estava cada vez mais perto do carro, das ambulâncias. Eu empurrava sem dó, todos os curiosos, eu só precisava chegar perto, ter certeza de que aquilo era uma loucura. Deus, o Universo, qualquer coisa que seja maior nesse mundo, não iria fazer isso comigo, não iria tirar Draco de mim. Duas mãos grandes me seguraram pelos braços. 

- Não vai poder passar, rapaz.

Foi um milagre eu conseguir escutar q voz do homem. Parecia que todo meu corpo estava em choque submerso em água densa. Eu me sentia afogar.

- Eu preciso... eu sou... a pessoa que se acidentou. 

- Não vai poder passar. MARTIN! Tira esse garoto daqui! 

- NÃO! EU PRECISO VER ELE! EU CONHEÇO. – Respirei fundo me recompondo. – Talvez o rapaz que dirigia, eu conheço.

- Harry! – Remus estava atras de mim, tentando me alcançar pelo braço enquanto eu argumentava com palavras sem nexo para o policial.

- Tira ele daqui, não podemos dar informações no momento. – Me empurrou.

Remus finalmente conseguiu me puxar para a multidão, me arrastando de volta para o carro. Enquanto eu tentava inutilmente voltar para o local. 

- Harry! Me escuta, não podemos entrar em pânico sem ter certeza. Pode ser um carro igual ao dele. – Disse, me colocando de frente para ele e me obrigando a olhá-lo quando fazia para chamar minha atenção quando eu era criança. 

Sirius apareceu correndo com a mão no peito. Ele chamou Remus para o canto e cochichou algo em seu ouvido que o fez por as mãos no rosto horrorizado. Quando os dois voltaram para perto de mim, ru já esperava pelo pior. 

- Harry... O carro é mesmo de Draco. Eu sinto muito meu filho. 

O choque me atacou de novo, e as vozes ao redor foram ficando mais baixas. Eu iria desmaiar, um apito no meu ouvido ficando cada vez mais alto. 

- Eles não puderam me confirmar se a pessoa no carro era ele. Não conseguiram reconhecer o rosto porque ele atravessou o vidro com o impacto. 

- Não é ele... Pai, não pode ser ele. – Sussurrei. Sirius veio rapidamente me envolver em um abraço forte. 

- Eu consegui o endereço do hospital para onde levaram, nós vamos ter certeza ao chegarmos lá ok? Não sofra, meu amor, pode não ser ele. – Sussurrou Remus, tirando a franja molhada de suor de minha testa.


Quando cheguei ao hospital saltei do carro antes mesmo de Sirius desliga-lo completamente Meu corpo tremia loucamente, meu coração batia tão rápido que meu medo era de ter um ataque cardíaco bem ali. A recepcionista indicou o caminho para a UTI onde a vítima do acidente havia sido levada. Subi as escadas de dois em dois, não sabia se meus pais me seguiam, porque nada naquele momento importava. 

Tropecei em algumas enfermeiras, ganhando alguns bons xingamentos até finalmente estar no piso barulhento da UTI do pronto-socorro. 

Ele estava lá.

Não deitado em uma maca, nem machucado, nem desfigurado. 

Quando seu rosto encontrou o meu tinha o mesmo alívio e as mesmas lágrimas de medo que eu vinha guardado desde que encontrei aquele acidente.

Corri o mais rápido que pude para abraçá-lo, ele veio ao meu encontro meu apertando em seus braços. 

- Meu amor. - Sua voz enevoada em meu ouvido, enquanto percorria minhas mãos pelos seus braços e ombros. Todos os ossos no lugar.

- Eu achei que era você naquele acidente. Quase me matou de susto. – Tentei dizer em meio as lágrimas. 

- Estou bem. Estou aqui, Harry. Já passou. - Disse, me apertando ainda mais passando a segurança de que era real. 

Solucei alto. Agora eu conseguia escutar tudo ao meu redor com mais clareza e enxergar seus olhos cinzas. 

Estava de volta a superfície. 

 


Notas Finais


RIP THEO


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