Marina encara Cadu uma última vez antes de voltar para o lado de Clara, onde a viu toda machucada e com a boca espumando Marina, instintivamente a abraçou e levou a mão aonde Clara segurava um vidro e seus olhos se encheram de lágrimas. Era o vidro de barbitúricos. Imediatamente Marina pegou o celular e ligou para Chica e Ramiro os avisando tristemente:
- Chica sua filha está passando mal. E ela é uma viciada em drogas!!
Na mesma hora em que Clara entrava em coma profundo...
*********
Desde que Clara foi socorrida, Marina não se afastou um minuto da namorada. Não soltou sua mão desde a ambulância até a entrada no centro médico. Não parou de chorar enquanto repetia no ouvido de Clara que a amava e que não conseguiria viver sem ela. Não conseguiu esquecer as palavras do médico da ambulância. Clara havia sofrido uma parada cardíaca devido ao consumo excessivo de remédios. Seu pavor aumentava a cada minuto que passava sem notícias de seu amor.
Enquanto a professora sofria na sala de espera; na delegacia, Silvia dava seu depoimento sobre os acontecimentos. A jovem ainda revelou a polícia o que tinha ouvido, que Vanessa era cúmplice de Cadu e a real mandante do crime. Liberada, Silvia a pedido de Marina, e foi pra casa descansar. Esperaria notícias lá.
No hospital as horas pareciam se arrastar. Juliana, professora de Clara e amiga de Marina chegou ao local e logo abraçou a branca que permanecia inconsolável. Agora as duas esperam pelos pais da jovem e por notícias dos médicos.
- A policia deu uma batida no Colégio e prendeu a Vanessa. Como está a Clara?
- Ainda bem que aquela vadiazinha teve o que mereceu. Por causa dela e do canalha do Cadu, a minha Clara está em uma luta pela vida.
- Mari, o Cadu chegou a ...; Juliana não conseguia dizer a palavra estrupo.
- Não Ju. Graças à Deus aquele demônio não conseguiu destruir a vida dela. Mas...; voltou a chorar - Se eu não chegasse a tempo ele a teria matado de tanta porrada. Eu a peguei nos braços inconsciente, tinha um vidro de barbitúricos na mão dela e havia tanto sangue... Ju, eu a amo e não suporto saber que posso ter causado essa dor a ela.
-Você não tem culpa de nada Marina, tá me ouvindo? Nenhuma das duas tem!! O que importa é que você conseguiu impedir que o pior acontecesse, que Cadu a violentasse. A Clara vai ficar boa e logo vocês poderão viver esse amor de forma plena e sem amarras.
- Ainda bem que meus treinos de boxe serviram para alguma coisa, além de me deixar com o corpo sarado. - Marina tentou rir um pouco para tirar aquela tensão.
- A Clara vai ficar boa e logo, logo vocês poderão viver esse amor tão grande de forma plena Marina.
- O que você disse Juliana?
O silêncio cai sobre o ambiente quando as duas amigas se deparam com Ramiro e Chica, que acabaram de chegar nervosos, e as encaram abismados com o que acabam de descobrir.
Antes que Juliana pudesse explicar alguma coisa diante da cena que estava prestes a se formar; Ramiro toma a frente e se dirige a Marina.
- O que foi que aconteceu com a minha menina, Marina?
- Ramiro...- o olhar da professora é triste para o amigo - Não sabemos ao certo ainda, pois estamos esperando noticias. Mas, o que posso adiantar, é que a Clarinha sofreu uma parada cardíaca por uso excessivo de remédios, além de hematomas por conta da violência que ela sofreu e...
- E onde vocês se enquadra nessa história, Marina? Porque nós ouvimos perfeitamente a sua amiga dizer a poucos minutos para vocês viverem esse amor pela Clara.- Chica dizia com raiva - O que significa isso?
- Exatamente o que vocês ouviram, Chica.- Marina fala decidida - A Clara e eu nos amamos. Estávamos esperando o ano letivo acabar e ela se formar para oficializar nosso namoro. Mas infelizmente isso aconteceu. Ela estava usando barbitúricos a muito tempo Chica?
- Minha filha não pode ser uma viciada!- gritou Chica - Eu saberia. Teria percebido!
- E como você faria isso, Chica, se você passa mais da metade do dia cuidando da casa, do Ramiro e a outra metade mimando o Ivan?- Ramiro interfere na discussão - Nós falhamos, querida. Nossa filha se tornou dependente química bem debaixo do nosso teto, e nós não vimos os sinais que ela nos dava. Hoje mesmo ela me perguntou sobre vícios e eu nem desconfiei.
Ramiro começa a dar sinal de descontrole e Chica começa a chorar desesperadamente.
- Ramiro, Chica.- Marina tenta acalmá-los. - Ninguém poderia prever o que aconteceria. Pra ser sincera; eu notei que a Clarinha estava com o comportamento diferente. Tentei pressioná-la, mas ela nunca admitiu.
- Isso ainda não explica porque você está aqui. A Clara não pode estar apaixonada por você Marina, deve ser por causa dessa droga que ela está usando. Eu não vou permitir...
- Você não vai nos separar, Chica. Eu estou apaixonada pela Clara, e nem você e nem ninguém vai nos separar. E eu estou aqui, porque eu salvei a vida dela!!
- Não. Não é possível. Com tantos rapazes interessantes. E com jovens lindos como o Cadu...
- Não fala o nome desse maldito filho de uma puta.- Marina perdeu a calma, e foi segurada por Juliana - É por causa desse fedelho marginal que a sua filha está naquela sala de cirurgia lutando pela vida. Esse desgraçado tentou estupra-la Chica! Se eu não chegasse na hora nem sei o que seria da Clarinha!!
Tanto Chica quanto Ramiro ficaram pálidos ao ouvirem as palavras da branca. Quando Chica tentou falar, Marina prosseguiu.
- Olha Chica. O passado está onde deveria estar: morto. Eu o matei no momento em que você escolheu o Ramiro. Eu tinha um amor platônico por você, era uma menina inexperiente, não sabia o que era amor. Tinha medo de amar alguém de novo e ser rejeitada, como você fez comigo. Agora eu sei o que é amar e ser amada de verdade; por causa da Clarinha. Por ela, eu sou capaz de tudo. Eu a amo e quero construir um futuro, uma vida ao lado dela. É o destino Chica, você seria a mulher que colocaria no mundo a pessoa que iria me fazer feliz e que daria um sentido em minha vida.
Apesar do choque pela revelação do passado amoroso de sua amiga e de sua esposa; Ramiro sentiu no olhar e nas palavras de Marina sinceridade. E mesmo diante do silêncio e da revolta de Chica pelo relacionamento da filha com A professora, o ex professor resolve pender para o lado da sabedoria e encerrar de vez esse tema.
- Marina. Eu e minha família temos uma dívida de gratidão eterna com você por salvar nosso bem mais precioso. E apesar da forma como as coisas aconteceram, eu desejo que minha Clara seja feliz. E se essa felicidade está com você, só lhe peço que a faça feliz. Te peço isso como amigo e como pai.
- Marina você está querendo se vingar de mim, por que eu preferi o Ramiro e não você, só pode ser isso!
- Cala essa boca Chica. Neste momento o mais importante é a saúde de nossa filha. Vamos rezar para que Clara se recupere desse ataque, e que não aconteça o pior. E faço minhas as palavras da Marina. Por hora vamos deixar o passado onde deve ficar, no passado. Quando a Clara estiver forte o bastante pra saber, ela saberá.- terminou olhando pras duas e disse - E o animal que fez isso? O que houve com ele?
- Pelo que soubemos ele e sua cúmplice já foram presos. - disse Juliana.
- E espero que pelo resto da vida.- completou Marina e disse - Ramiro. Sei que o momento em que estamos passando é muito delicado. Mas eu gostaria de reafirmar o que disse: estou apaixonada pela Clara. Chica eu realmente amo sua filha e por ela sou capaz de tudo. Clara me fez ser uma pessoa melhor me fez ser menos fria,agora sou capaz de amar plenamente e devolver em dobro esse amor. Por isso eu peço a mão de sua filha em casamento!! - Marina fala emocionada com lágrimas nos olhos.
O silencio reinou no ambiente, a resposta foi interrompida com a chegada do médico. Os olhos de todos pararam no médico que aparentava um olhar muito preocupado e cansado.
- E então doutor? Como está a Clara?
Marina perguntou com a voz trêmula, e nervosa sentindo seu coração pular dentro do peito.
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