Eu tinha acabado de desligar o computador e estava pegando a bolsa quando o telefone tocou.
Olhei para o relógio, que mostrava exatamente cinco horas, e pensei em ignorar a ligação, uma
vez que tecnicamente o expediente já havia terminado.
Mas, como eu ainda estava me sentindo culpada por causa do almoço de duas horas, atendi
como uma forma de penitência.
Anahí: Escritório de Aarón ...
XXX: Anahí, querida. Franco me disse que você esqueceu o celular no escritório dele.
Soltei uma bufada e me joguei de volta na cadeira. Conseguia até ver o lencinho na mão que
acompanhava aquele tom de voz especialmente ansioso da minha mãe. Era muito irritante,
mas também era de cortar o coração.
Anahí: Oi, mãe. Tudo bem?
Marichelo: Ah, estou ótima. Obrigada por perguntar. - Minha mãe tinha uma voz ao mesmo
tempo infantil e sussurrante, uma mistura de Marilyn Monroe e Scarlett Johansson.
- Clancy já deixou o celular na portaria do seu prédio. Você não deveria sair sem ele. Nunca se
sabe quando se vai precisar ligar para alguém...
Eu já vinha planejando uma forma de manter aquele telefone e encaminhar as chamadas para
outro que minha mãe não tivesse registrado, mas naquele momento essa não era minha
prioridade.
Anahí: O que o doutor Pattinson falou sobre você rastrear meu telefone?
O silêncio do outro lado da linha era revelador.
Marichelo: O doutor Pattinson sabe que eu me preocupo com você. - Coçando o nariz, eu falei.
Anahí: Acho que está na hora de fazermos outra consulta conjunta, mãe.
Marichelo: Ah... claro. Ele inclusive falou que gostaria de ver você de novo.
Provavelmente por achar que você não está dizendo toda a verdade.
Anahí: Estou adorando o novo emprego. - Mudei de assunto.
Marichelo: Que maravilha, Anahí! Seu chefe está tratando você bem?
Anahí: Sim, ele é ótimo. Não poderia ser melhor.
Marichelo: Ele é bonito? - Eu sorri.
Anahí: Sim, muito. Mas é comprometido.
Marichelo: Que coisa. Os melhores sempre são. - Ela riu, e meu sorriso se abriu ainda mais. Eu
adorava vê-la feliz. Gostaria que passasse mais tempo assim - Mal posso esperar para ver você
no jantar beneficente.
Mamãe se sentia em casa em eventos sociais, uma beldade
radiante acostumada a receber grandes doses de atenção masculina a vida toda.
Marichelo: Vamos aproveitar o dia juntas também. - disse minha mãe mais baixo. - Eu, você e
Christian. Podemos ir a um spa e nos embelezar. Tenho certeza de que você está precisando de
uma massagem depois de trabalhar tanto.
Anahí: Seria bom, com certeza. E sei que Christian ia amar.
Marichelo: Ah, estou tão animada! Posso mandar um carro até sua casa às onze?
Anahí: Vou estar esperando.
Desliguei, recostei me na cadeira e soltei um suspiro. Estava precisando muito de uma
banheira quente e de um orgasmo. Pouco importava se Alfonso Herrera descobrisse que eu me
masturbava pensando nele. Minha frustração sexual estava enfraquecendo minha posição
naquele jogo, uma fraqueza que eu sabia que ele não tinha. Com certeza haveria um orifício
pré-aprovado à sua disposição antes do fim do dia.Enquanto trocava os saltos pelos tênis, o
telefone tocou de novo. Minha mãe raramente permanecia relaxada por muito tempo. Os cinco
minutos que se passaram desde nossa conversa devem ter sido suficientes para ela perceber
que a questão do celular ainda não estava resolvida. Mais uma vez, pensei em ignorar o
telefone, mas não queria levar nada de ruim comigo para casa depois de um dia como aquele.
Atendi com minha saudação habitual, mas sem o mesmo entusiasmo.
XXX: Ainda estou pensando em você.
A voz rouca e aveludada de Alfonso tomou conta de mim sem nenhuma resistência, o que me
fez perceber que eu ansiava por ouvi-la de novo.
Meu Deus. O desejo era tão intenso que era como se ele tivesse se tornado uma droga para
meu corpo, a única fonte de uma sensação inigualável.
Alfonso: Ainda estou sentindo você, Anahí. Seu gosto. Estou de pau duro desde que saiu,
apesar de duas reuniões e uma teleconferência. Estou em desvantagem. Faça suas exigências.
Anahí: Ah! - murmurei. - Deixe me ver.
Eu o deixei esperando, e abri um sorriso ao me lembrar do comentário de Christian sobre fazê
lo subir pelas paredes. - Humm... Não consegui pensar em nada. Mas tenho alguns conselhos de
amiga. Procure uma mulher que esteja babando por você e faça com que se sinta um Deus.
Trepe com ela até nenhum dos dois aguentar mais. Quando me encontrar na segunda -feira,
você já vai ter esquecido tudo isso, e sua vida vai voltar à sua ordem obsessivo compulsiva. -
Um som de atrito se tornou audível ao telefone, o que me fez pensar que ele estava se
remexendo na cadeira.
Alfonso: Desta vez vou deixar passar, Anahí. Mas, da próxima vez que insultar minha
inteligência, vai levar um tapa na bunda.
Anahí: Não gosto desse tipo de coisa. - E ainda assim, naquele tom de voz, aquela ameaça tinha
me deixado excitada. Ele era perigoso, com certeza.
Alfonso: Veremos. Enquanto isso, me fale do que você gosta.
Eu me levantei.
Anahí: Sua voz é perfeita para fazer sexo por telefone, mas preciso ir. Tenho um encontro com
meu vibrador. - Eu deveria ter desligado naquele momento, para que minha recusa tivesse
um efeito dramático, mas queria ouvir quando ele engolisse em seco, como eu imaginava que
faria. Além disso, eu estava me divertindo.
Alfonso: Ah, Anahí. - Ele disse meu nome em uma espécie de suspiro esvaído. - Você quer que
eu implore, não é mesmo? O que eu preciso fazer pra entrar nessa brincadeira com seu
amiguinho movido a pilha?
Ignorei ambas as perguntas e ajeitei a bolsa sobre o ombro, feliz por saber que ele não estava
vendo como minha mão tremia. Eu não estava nem um pouco disposta a falar sobre meu
vibrador com Alfonso Herrera. Nunca conversei abertamente sobre masturbação com um
homem, muito menos com um cujas verdadeiras intenções eu desconhecia.
Anahí: Meu amiguinho e eu temos uma relação bem clara , quando a brincadeira acaba,
sabemos exatamente quem foi usado, e esse alguém nunca sou eu. Boa noite, Alfonso.
Desliguei e tomei o rumo das escadas, tendo em mente que descer aqueles vinte andares
serviria tanto para evitar encontros indesejáveis como para compensar o fato de que naquela
noite eu não iria à academia.
Fiquei tão feliz ao chegar em casa no fim daquele dia que entrei praticamente dançando no
apartamento. Meu suspiro de alívio" Nossa, como é bom estar em casa! " e os rodopios que o
acompanharam foram suficientes para atrair a atenção do casal que estava sentado no sofá.
Anahí: Opa! - eu disse, encolhendo me de vergonha. Christian não estava fazendo nada muito
comprometedor quando entrei, mas a proximidade com que estavam sentados sugeria alguma
intimidade.
Pensei em Alfonso Herrera, que era capaz de eliminar a intimidade dos atos mais íntimos que
alguém é capaz de imaginar, com certo mau humor. Eu já tinha feito sexo casual e mantido
relações sem nenhum compromisso, e ninguém sabia melhor que eu que fazer sexo e fazer
amor eram coisas bem diferentes, mas nunca seria capaz de enxergar o sexo como algo
mecânico, como um aperto de mãos. O fato de Alfonso encarar a coisa dessa forma me
entristecia, apesar de ele não ser o tipo de homem que despertasse compaixão ou pena.
Christian: Oi, gata. - Ele me cumprimentou, ficando de pé. - Queria mesmo que você chegasse
antes de Diego ir embora.
Diego: Tenho aula daqui a uma hora. - explicou me, contornando a mesa de centro enquanto
eu punha minha bolsa em um banquinho junto ao balcão. - Mas fico feliz de ter conseguido ver
você antes de ir embora.
Anahí: Eu também. - Apertei sua mão quando ele a estendeu para mim, aproveitando a chance
para examiná-lo de relance. Tinha mais ou menos a minha idade. Altura mediana e musculatura
sólida. Cabelos loiros despenteados, olhos azuis redondinhos e um nariz que claramente já
havia sido quebrado em algum momento. - Se importa se eu beber uma taça de vinho?
perguntei. - Tive um dia difícil.
Diego: Vai fundo. - respondeu ele.
Christian : Eu também quero uma. - Então Christian se juntou a nós no balcão. Usava uma calça
jeans preta larga e um suéter preto de gola bem larga. Um visual despojado e elegante, que
realçava de maneira fenomenal seus cabelos castanhos e seus da mesma cor.
Fui até a adega e puxei uma garrafa qualquer.
Diego enfiou as mãos nos bolsos da calça jeans e ficou se balançando sobre os calcanhares,
falando baixinho com Christian enquanto eu abria e servia o vinho.O telefone tocou, e eu
atendi.
Anahí: Alô?
XXX: Alô, Anahí? Aqui é Chistopher Uckermann.
Anahí: Oi, Christopher. - Apoiei o quadril no balcão. - Tudo bem?
Christopher: Espero que não se importe de eu telefonar. Foi seu padrasto que me passou o
número.
Argh. Colucci já tinha me incomodado demais em um só dia.
Anahí: Não, tudo bem. Algum problema?
Christopher: Sendo bem sincero? Nenhum. Seu padrasto foi a melhor coisa que nos aconteceu.
Ele vai financiar algumas reformas para a segurança do espaço e outras melhorias que
precisavam ser feitas. É por isso que estou ligando.
Não vamos abrir na semana que vem. As aulas só vão voltar na outra segunda. - Explicou ele.
Fechei os olhos, tentando reprimir um grito de desespero. Não era culpa de Christopher se
Colucci e minha mãe eram maníacos controladores. Obviamente, eles não eram capazes de
entender a ironia em tentar me defender enquanto estivesse cercada de pessoas treinadas para
fazer exatamente isso.
Anahí: Parece ótimo. Mal posso esperar. Estou muito animada para começar a treinar com
você.
Christopher: Eu também. Vamos trabalhar duro, Anahí. Seus pais vão ver como o investimento
deles vai valer a pena.
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