Servi uma taça cheia para Christian e dei um gole enorme na minha. Nunca deixei de me
surpreender diante do efeito que o dinheiro era capaz de causar. Só que, mais uma vez, a culpa
não era de Christopher.
Anahí: Por mim tudo bem.
Christopher: Vamos começar assim que estiver tudo pronto. Seu motorista já está com os
horários.
Anahí: Legal. A gente se fala, então. - Quando desliguei, vi o olhar que Diego lançou na direção
de Christian, quando pensou que nenhum de nós dois estávamos olhando.
Era um olhar meigo e cheio de ternura, o que me lembrava de que meus problemas podiam
esperar. - Que pena que eu peguei você de saída, Diego. Você pode sair pra comer uma pizza na
quarta? Seria bom ter tempo pra falar alguma coisa além de oi e tchau.
Diego: Tenho aula. -Ele me ofereceu um sorriso de lamento e lançou outro olhar de soslaio
para Christian. - Mas na terça eu posso.
Anahí: Seria ótimo. - Eu sorri. - A gente pode comer aqui mesmo e ver um filme.
Diego: Eu adoraria.
Fui recompensada com um beijo, que Christian me mandou enquanto acompanhava Diego até
a porta. Quando ele voltou para a cozinha, pegou sua taça de vinho e falou
Christian: Vamos lá. Desembucha, Anahí. Você parece estar bem estressada.
Anahí: Estou mesmo. - Confirmei, apanhando a garrafa e me dirigindo à sala.
Christian: É o Alfonso Herrera, né?
Anahí: Ah, sim. Mas não quero falar dele agora. Apesar de os fins de Alfonso serem louváveis,
seus meios eram deploráveis. - Vamos falar de você e Diego. Como se conheceram?
Christian: Foi em um trabalho. Diego trabalha meio período como assistente de fotógrafo. Sexy
ele, né? - Seus olhos brilhavam de felicidade. - E um verdadeiro cavalheiro. À moda antiga.
Anahí: Quem diria que isso ainda existe?. - resmunguei amarga, antes de matar minha primeira
taça.
Christian: O que você quer dizer com isso?
Anahí: Nada. Desculpe, Christian. - Diego me pareceu ótimo e claramente gosta de você. Ele
estuda fotografia?
Christian: Veterinária.
Anahí: Uau. Que incrível.
Christian: Também acho. Mas vamos esquecer um pouquinho Diego. Me fale sobre o que está
incomodando você. Ponha tudo pra fora.
Eu suspirei.
Anahí: Minha mãe. Ela descobriu que eu vou fazer aula com Christopher e está surtando.
Christian: Quê? Como ela descobriu? Juro que não contei pra ninguém.
Anahí: Eu sei que não. Nem desconfiei de você. - Apanhando a garrafa de cima da mesa,
reabasteci minha taça. - Escuta só. Ela rastreou meu celular.
Christian ergueu as sobrancelhas. - Sério? Isso é meio... assustador.
Anahí: Pois é! Foi isso que eu falei, mas Colucci não quer me ouvir.
Christian: Que coisa. - Ele passou a mão pelos cabelos . - E o que você vai fazer?
Anahí: Comprar um telefone novo. E conversar com o doutor Pattison para ver se ele consegue
fazer minha mãe agir com um pouco de bom senso.
Christian: Boa ideia. Dedurar para o analista. Então... como andam as coisas no trabalho? Ainda
na fase do encantamento?
Anahí: Com certeza. - Deitei a cabeça nas almofadas do sofá e fechei os olhos. - O trabalho e
você estão salvando minha vida neste momento.
Christian: E aquele zilionário gostoso que quer transar com você? Vai, Anahí. Você está me
matando de curiosidade. O que rolou?
Contei tudo para Christian, claro. Queria sua opinião sobre o assunto. Quando terminei, ele
ficou em silêncio. Levantei a cabeça para olhá-lo e o surpreendi mordendo os lábios, com os
olhos brilhando.
Anahí: Christian? O que foi?
Christian: Essa história me deixou excitado. Ele riu, e o som de sua gargalhada profunda e
masculina varreu boa parte da minha irritação para longe. - Ele deve estar muito confuso agora.
Eu pagaria um bom dinheiro pra ver a cara dele quando ameaçou dar um tapa na sua bunda.
Anahí: Não acredito que ele disse aquilo. - Só a lembrança da voz de Alfonso ao fazer a ameaça
já fez as palmas das minhas mãos ficarem suadas o bastante para deixar uma mancha na taça
de vinho. - Vai saber o que mais ele curte...
Christian: Não tem nada de estranho em gostar de uns tapinhas na bunda. Além disso, ele
estava mandando ver no papai e mamãe no sofá, então não deve ter nada contra fazer só o
básico. - Ele desabou no sofá, com um sorriso radiante iluminando seu lindo rosto. - Você está
sendo um grande desafio para um cara que obviamente adora ser desafiado. E ele está disposto
a fazer concessões por você, o que com certeza não está acostumado a fazer. Diga logo pra ele
o que quer.
Dividi entre nós o que sobrou do vinho, sentindo me um pouquinho melhor agora que tinha
certa quantidade de álcool nas veias. O que eu queria, afinal? Além do óbvio?
Anahí: Somos totalmente incompatíveis! - Murmurei.
Christian: É assim que você chama o que aconteceu naquele sofá? - Perguntou me divertido.
Anahí: Ah, Christian. Vamos cair na real. Ele me conheceu no saguão do prédio e já foi logo
dizendo que queria me comer. Do nada. Até um cara que você conhece num bar e leva pra casa
faz mais por merecer do que ele. Ei, como é que você chama? Você vem sempre aqui? Está
acompanhada? O que está bebendo? Quer dançar? Você trabalha aqui perto?
Christian: Tudo bem, tudo bem. Entendi.- Ele deixou a taça sobre a mesa. - Vamos sair. Ir a um
bar. Dançar até não aguentar mais. Quem sabe encontrar uns carinhas pra conversar com você.
Anahí: Ou pelo menos me pagar um bebida.
Christian: Ei, Alfonso ofereceu uma bebida pra você no escritório dele.
Balancei a cabeça e fiquei de pé.
Anahí: Dane-se. Vou tomar um banho e já vamos!
Eu me joguei na balada como se nunca tivesse feito isso antes. Christian e eu circulamos por
todos os clubes noturnos de Tribeca ao East Village, jogando dinheiro fora com taxas de
consumação, mas nos divertindo muito. Dancei até meus pés quase não aguentarem, mas
consegui segurar firme, e Christian foi o primeiro a reclamar do desconforto das botas.
Saímos de um clube que tocava tecnopop com a intenção de comprar chinelos em uma
farmácia ali perto quando cruzamos com o promotor de um lounge localizado a poucos
quarteirões de distância.
XXX: É um ótimo lugar pra você descansar um pouco os pés. - Ele sugeriu, sem o habitual
sorriso forçado e entusiasmo exagerado da maioria dos promotores. Suas roupas jeans preto
e blusa de gola alta também pareciam ser bem caras, o que me deixou intrigada. E ele não
tinha nenhum panfleto ou coisa do tipo. Só me entregou um cartão de visita impresso em um
papel chique com letras que capturavam a luz dos letreiros ao nosso redor. Tentei me lembrar
de guardá-lo como um modelo interessante para anúncios impressos.
Uma torrente de pedestres apressados fluía ao nosso redor. Christian teve que espremer os
olhos para ler o cartão, pois havia bebido alguns drinques a mais que eu.
Christian: Parece bem legal.
XXX: Mostre esse cartão na entrada. Instruiu o promotor. - Assim eles não cobram consumação.
Christian: Legal! - Então ele envolveu meu braço com o dele e me arrastou rua afora. - Vamos
lá. Em um lugar assim estiloso você pode encontrar um cara que valha a pena.
Meus pés estavam quase me matando quando chegamos ao tal lugar, mas parei de reclamar
quando vi a porta de entrada. A fila era longa, chegava a virar a esquina. A voz cheia de Amy
Winehouse escapava pela porta aberta, assim como alguns clientes bem vestidos que saíam
com um sorriso no rosto.
Como o promotor havia dito, aquele cartão de visita garantiu nossa entrada gratuita e imediata.
Fomos levados por uma hostess lindíssima ao andar de cima, a um bar VIP, menos
movimentado, com vista para o palco e a pista de dança. Nós nos instalamos perto do
mezanino, em uma mesa cercada por dois sofás de veludo em formato de meia lua. A hostess
abriu o menu de bebidas no centro da mesa e anunciou.
XXX: Seus drinques são por conta da casa. Tenham uma boa noite.
Christian: Uau.!!! Ele assoviou. - A gente se deu bem.
Anahí: Acho que aquele promotor reconheceu você de algum anúncio.
Christian: Não seria o máximo? - Ele sorriu. - Meu Deus, que noite é essa? Saindo com minha
melhor amiga e descobrindo alguém com quem dividir a vida.
Anahí: Hã?
Christian: Acho que estou decidido a ir em frente com Diego.
Fiquei feliz. Era como se eu tivesse esperado a vida inteira para que aparecesse alguém que
tratasse Cary como ele merecia.
Anahí: E vocês já conversaram sobre isso?
Christian: Não, mas acho que ele não faria nenhuma objeção a respeito. - Ele encolheu os
ombros e alisou sua camiseta toda rasgada. Com a calça de couro preta e os braceletes com
pontas afiadas, dava a ele uma aparência sexy e indomável. - Acho que ele está tentando
entender nossa relação primeiro. Ficou todo surpreso quando eu disse que morava com uma
mulher e tinha vindo do outro lado do país só pra ficar perto de você. Ele tem medo de que eu
seja bi e esteja apaixonado por você. É por isso que eu quis que vocês se conhecessem, para
que ele visse como a gente interage.
Anahí: Sinto muito, Chris. Vou tentar tornar as coisas mais fáceis pra ele.
Christian: A culpa não é sua. Não se preocupe. Se for pra dar certo, vai dar.
Tudo isso não foi capaz de fazer com que eu me sentisse melhor. Eu queria encontrar uma
maneira de ajudar.
Dois caras pararam ao lado da nossa mesa.
XXX: Tudo bem se a gente sentar aqui? - perguntou o mais alto.
Olhei para Christian, e depois de volta para os dois. Pareciam irmãos, e eram muito bonitos.
Sorridentes e confiantes, tinham uma postura relaxada e descontraída.
Eu estava quase dizendo " É claro", quando senti uma mão quente apertando com firmeza meu
ombro descoberto.
Alfonso: Ela está comigo!
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