Ele preencheu o restante do tempo da dança com piadinhas divertidas sobre a indústria
musical, que me fizeram rir e esquecer um pouco Alfonso.
Quando a música terminou, Christian estava a postos para a próxima dança. Nós dançávamos
bem, tínhamos feito aulas juntos. Relaxei em seus braços, agradecia por ter seu apoio moral.
Anahí: Está se divertindo? - perguntei.
Christian: Fiquei bobo durante o jantar quando percebi que estava sentado ao lado da principal
organizadora da Semana de Moda de Nova York. E ela deu em cima de mim! -Ele sorriu, mas
seus olhos pareciam assustados. - Toda vez que apareço em lugares como este... vestido deste
jeito... é inacreditável. Você salvou minha vida, Anahí. E depois a mudou completamente.
Anahí: E você é a salvação da minha sanidade mental. Estamos quites, pode acreditar.
Ele apertou minha mão e me olhou bem nos olhos.
Christian: Você não parece estar nada contente. O que foi que ele fez?
Anahí: Acho que a culpa é minha. Depois a gente conversa sobre isso.
Christian: Você está com medo de que eu arrebente a cara dele na frente de todo mundo.
Anahí: Acho melhor não, por causa da minha mãe.Suspirei.
Suspirei deu um beijo de leve na minha testa.
Christian: Ele já estava avisado. Sabe o que vai ter pela frente.
Anahí: Ah,Christian.. . - O amor que eu sentia por ele me provocou um nó na garganta, apesar
de meus lábios sorridentes demonstrarem um divertimento relutante. Eu deveria saber que
Christian daria uma de irmão mais velho para cima de Alfonso. Era a cara dele.
Alfonso apareceu ao nosso lado.
Alfonso: Agora é minha vez. - Não foi um pedido.
Christian daria uma de irmão mais velho para cima de Alfonso. Era a cara dele.
parou e olhou para mim. Eu concordei. Ele se afastou fazendo uma reverência, com os olhos
grudados em Alfonso.
Ele me puxou para perto e partiu para a pista de dança da mesma maneira como fazia tudo na
vida com uma confiança absoluta. Dançar com Alfonso era uma experiência completamente
distinta em relação aos meus dois parceiros anteriores. Ele possuía ao mesmo tempo a
habilidade de seu irmão e a intimidade com meu corpo que Christian demonstrava, mas seu
estilo era ousado, agressivo, de uma sensualidade inerente.
Não ajudou muito o fato de, apesar da minha infelicidade, eu me sentir seduzida por aquele
homem do qual tinha me sentido tão íntima pouco tempo antes. Seu cheiro era magnífico,
recendendo a sexo, e o modo como ele me conduzia, com passos ousados e arrebatadores, fez
com que eu sentisse um vazio dentro de mim, no lugar que ele havia ocupado pouco tempo
antes.
Alfonso: Você não para de fugir - ele murmurou, provocando-me.
Anahí: Mas pelo jeito Amanda soube ocupar meu lugar rapidinho.
Ele ergueu as sobrancelhas e me puxou para mais perto.
Alfonso: Está com ciúmes?
Anahí: Fala sério...
Olhei para o outro lado. Ele fez um ruído de frustração.
Alfonso: Fique longe do meu irmão, Anahí.
Anahí: Por quê?
Alfonso: Porque estou mandando. - Fiquei irritada com aquilo, o que era uma coisa boa depois
de toda a recriminação e de todas as dúvidas com que vinha lidando após treparmos como dois
coelhos no cio. Decidi pagar para ver se virar a mesa era uma opção viável no mundo de Alfonso
Herrera.
Anahí: Fique longe da Amanda, Alfonso. - Ele cerrou os dentes.
Alfonso: Ela é só uma amiga.
Anahí: Isso quer dizer que você não dormiu com ela...?
Alfonso: Claro que não. Nem quero. Escute... - A música desacelerou e diminuiu de volume. -
Preciso ir. Eu trouxe você aqui e gostaria de levá-la para casa, mas não quero estragar a
diversão. Você prefere ficar por aqui e ir embora com Colucci e sua mãe?.
Minha diversão? Ele estava de brincadeira ou tinha perdido totalmente a noção? Ou pior.
Talvez estivesse tão desinteressado que nem prestava atenção em mim.
Eu o afastei um pouco, precisava criar certa distância. O cheiro dele mexia com minha
cabeça.
Anahí: Vou ficar bem. Me deixe.
Alfonso: Anahí. - Ele tentou me tocar, mas dei um passo atrás.
Um braço aparou minhas costas, e eu ouvi a voz de Christian.
Christian: Pode deixar que eu cuido dela, Herrera.
Alfonso: Não complique as coisas, Chavez. - alertou Alfonso.
Christian: Pelo que estou vendo, você já fez isso muito bem sozinho. - ironizou ele.
Engoli em seco, superando o nó que havia na minha garganta.
Anahí: Você deu um belíssimo discurso, Alfonso. Foi o ponto alto da minha noite.
Ele respirou fundo diante do insulto que aquilo implicava e depois passou a mão pelos cabelos.
De forma abrupta, soltou um palavrão, e eu entendi o porquê quando ele sacou o telefone do
bolso e olhou para a tela.
Alfonso: Preciso ir. - Seu olhar capturou o meu e o manteve prisioneiro. Seus dedos passearam
por meu rosto. - Mais tarde eu ligo.
E ele foi embora.
Christian: Você quer ficar? - ele me perguntou em voz baixa.
Anahí: Não!
Christian: Eu levo você pra casa, então.
Anahí: Não, não precisa. Eu queria ficar um tempo sozinha. - Afundar-me em uma banheira
quente com uma garrafa de vinho e sair daquele estado de agitação. - É melhor você ficar.
Pode ser bom pra sua carreira. A gente conversa quando você chegar. Ou amanhã. Quero ficar o
dia inteiro em casa sem fazer nada!
Ele me lançou um olhar inquisitivo.
Christian: Tem certeza? - Confirmei com a cabeça. - Certo! - Mas ele não parecia muito
convencido.
Anahí: Se puder mandar buscar a limusine de Colucci, preciso dar uma passadinha no banheiro.
Christian: Tudo bem. - Ele passou a mão pelo meu braço. - Vou pegar seu xale no guarda -
volumes e encontro você lá na frente.
A visita ao banheiro demorou mais do que deveria. Para começar, um número surpreendente
de pessoas me parou para conversar, e o motivo disso só podia ser o fato de eu ter chegado
acompanhada de Alfonso Herrera. Além disso, evitei o banheiro mais próximo, que tinha um
grande fluxo de mulheres entrando e saindo, e encontrei um mais distante. Tranquei-me na
cabine e fiquei ali um pouco mais de tempo do que tinha levado para fazer o que era
necessário. Não havia mais ninguém ali além da funcionária responsável, não havia motivo para
me apressar.
Eu estava tão chateada com Alfonso que mal conseguia respirar, e estava absolutamente
perplexa com suas mudanças de humor. Por que ele havia acariciado meu rosto daquele jeito?
Por que tinha se aborrecido por eu não ter permanecido ao lado dele? E por que tinha tratado
Christian daquele jeito? Alfonso dava um novo significado à velha descrição de uma pessoa de
lua.
Fechei os olhos e retomei a compostura. Minha nossa. Eu não precisava passar por tudo aquilo.
Tinha exposto os meus sentimentos naquela limusine e estava extremamente vulnerável
uma sensação que tinha me custado infinitas horas de terapia para aprender a evitar. Eu só
queria ir para casa e me esconder, libertar-me da pressão de agir como se estivesse tudo bem.
Você entrou nessa porque quis, lembrei a mim mesma. Agora aguenta.
Respirando fundo, saí do banheiro e dei de cara com Amanda Seyfried parada de braços
cruzados. Ela estava claramente à minha espera, procurando o momento certo para me pegar
com a guarda baixa. Hesitei; depois me recuperei e fui na direção da pia para lavar as mãos.
Ela se virou para o espelho, observando-me. Eu também a observei. Era ainda mais bonita
pessoalmente do que nas fotos. Alta e magra, com grandes olhos azul e cabelos loiros
lisos. Seus lábios eram carnudos e vermelhos, e os ossos de sua face eram pronunciados e
harmônicos. Seu vestido era sexy e modesto, uma leve camada de cetim cor de creme que
contrastava lindamente com sua pele morena. Ela parecia uma supermodelo e exalava sex
appeal por todos os poros.
A funcionária do banheiro me entregou a toalha de mão, e Amanda falou com ela em
espanhol, pedindo para nos deixar sozinhas. Reforcei o pedido:
Anahí: Por favor, gracias. - Amanda arqueou as sobrancelhas e me olhou mais atentamente, um
olhar que retribuí com igual frieza.
Amanda: Ah, não. - ela murmurou assim que a funcionária se afastou. Fez também um estalo
com a língua, um barulho que me irritava tanto quanto o som de unhas numa lousa. - Você já
deu pra ele.
Anahí: E você não. - Isso pareceu surpreendê-la.
Amanda: É verdade, eu não. Sabe por quê?
Tirei uma nota de cinco da bolsa e depositei na bandeja de gorjetas.
Anahí: Porque ele não quer! - Cuspi maldosa
Amanda: E eu também não quero, porque ele não consegue assumir um compromisso. Ele é
jovem, bonito, rico e está aproveitando a vida.
Anahí: Ah, sim. - Concordei. - Com toda a certeza.
Ela estreitou os olhos, e a expressão de contentamento sumiu do seu rosto.
Amanda: Ele não respeita as mulheres que come. Depois que enfia o pau em você, acabou a
conversa. É assim com todas. Mas eu ainda estou aqui, porque é a mim que ele quer no futuro.
Mantive a frieza, apesar de ter acusado o golpe, que me acertou justamente onde mais me
doía.
Anahí: Isso é patético! - Saí pisando duro e só parei ao chegar à limusine de Colucci. Apertei a
mão de Christian ao entrar, e consegui esperar o carro virar a esquina para começar a chorar.
Christian: Oi, gata. - cumprimentou ele quando saí do quarto na manhã seguinte. Vestido
apenas com uma calça velha, ele estava deitado no sofá com os pés cruzados em cima da mesa
de centro. Estava lindo, todo largado, despreocupado com a própria aparência e confortável. -
Dormiu bem?
Fiz sinal de positivo com o dedo e fui pegar um café na cozinha. Parei no meio do caminho, com
uma expressão de surpresa diante do enorme buquê de rosas vermelhas no balcão. O aroma
era divino, e respirei bem fundo para senti-lo.
Anahí: O que é isso?
Christian: Chegou faz mais ou menos uma hora. Entrega dominical. Uma beleza, mas não sai
nada barato.
Desgrudei o cartão do papel celofane e o abri.
"AINDA ESTOU PENSANDO EM VOCÊ.
ALFONSO"
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