Alfonso: Eu pago o salário dela.
Eu sorri.
Anahí: Sim, tenho certeza de que é só isso. Não tem nada a ver com o fato de você ser o
homem mais sexy do planeta.
Alfonso: É isso que eu sou então? - Ele me prensou na parede e me fuzilou com um olhar de
desejo.
Pus as mãos sobre seu abdome, lambendo seu lábio inferior para sentir seus músculos se
enrijecerem ao meu toque.
Anahí: Foi só uma observação.
Alfonso: Eu gosto de você. - Com as mãos espalmadas nas paredes de ambos os lados da
minha cabeça, ele baixou a cabeça dele até a minha boca e me beijou com carinho.
Anahí: Eu também gosto de você. Aliás, você sabe que está no trabalho, não é?
Alfonso: Qual é a graça de ser o chefe se você não puder fazer o que quiser?
Anahí: Humm.
Quando o elevador chegou, agachei-me para passar sob seu braço e entrei. Ele partiu no meu
encalço e me cercou como um predador, posicionando-se atrás de mim para me puxar para
junto dele. Suas mãos me pegaram na altura dos bolsos da frente e se espalharam pelos
ossos dos meus quadris, agarrando-me bem firme. O calor do seu toque, tão próximo de
onde eu gostaria que ele estivesse, era uma espécie de tortura. Em retaliação, esfreguei
minha bunda nele, e sorri quando ele ficou sem fôlego e de pau duro.
Alfonso: Comporte-se. - ele advertiu. - Tenho uma reunião em quinze minutos.
Anahí: Você vai pensar em mim quando estiver na sua mesa?
Alfonso: Com certeza. E você tem que pensar em mim quando estiver na sua. É uma ordem,
senhorita Portilla.
Deitei a cabeça no peito dele. Estava adorando aquele tom autoritário.
Anahí: Não poderia ser de outro jeito, senhor Herrera, já que penso em você aonde quer que
eu vá. - Ele saiu junto comigo no vigésimo andar.
Alfonso: Obrigado pelo almoço.
Anahí: Acho que eu é que deveria agradecer. - Eu me afastei. - Vejo você depois, Moreno
Perigoso.
Suas sobrancelhas se ergueram quando ouviu o apelido que inventei para ele.
Alfonso: Às cinco horas. Não me faça esperar.
Um dos elevadores à esquerda chegou. Megumi saltou e Alfonso subiu, com o olhar vidrado
em mim até as portas se fecharem.
Megumi: Uau! - ela comentou. - Você se deu bem. Estou verde de inveja.
Eu não tinha nada a dizer a respeito. Era muito recente, estava com medo de abrir a boca e
azedar tudo. No fundo, eu sabia que essa alegria não poderia durar muito. Estava tudo indo
bem demais.
Aarón: Anahí. - Ele estava parado na porta da sala dele. - Posso falar com você um minutinho?
Anahí: Claro. - Peguei meu tablet, apesar de saber pela gravidade de sua expressão e seu
tom de voz que aquilo não seria necessário. Quando ele fechou a porta atrás de mim, minha
apreensão só cresceu. - Está tudo bem?
Aarón: Sim. - Ele esperou até que eu me sentasse e puxou a cadeira ao meu lado, e não a
dele, do outro lado da mesa. - Não sei como dizer isso...
Anahí: Pode dizer de uma vez. Eu vou entender.
Ele me olhou com uma mistura de compaixão e vergonha.
Aarón: Não é meu papel interferir. Sou seu chefe e tenho que respeitar certos limites, mas
estou indo além deles porque gosto de você, Anahí, e quero que continue trabalhando aqui
por muito tempo.
Senti um frio na barriga.
Anahí: Que ótimo. Adoro meu trabalho.
Aarón: Que bom, fico feliz. - Ele abriu um breve sorriso. - Só... tome cuidado com Herrera,
certo?
Pisquei, surpresa, aturdida com o rumo que a conversa tomava.
Anahí: Certo!
Aarón: Ele é inteligente, rico, Bonito... - Ele estava falando depressa, claramente
envergonhado. - E está na cara que ele está interessado em você. Você é bonita, esperta,
sincera, atenciosa... Eu poderia dizer muito mais, porque você é mesmo ótima.
Anahí: Obrigada. - eu disse baixinho, procurando não demonstrar o quanto estava chateada.
Esse tipo de aviso de um amigo e o fato de saber que outros também me viam apenas como o
brinquedinho da semana açoitavam implacavelmente minha insegurança.
Aarón: Não quero que você se magoe, - ele murmurou, percebendo minha tristeza. - E até
admito que posso estar sendo um pouco egoísta. Não quero perder uma ótima assistente só
porque ela não quer mais trabalhar no mesmo prédio que o ex.
Anahí: Aarón, fico feliz com sua preocupação e de saber que estou sendo valorizada aqui. Mas
você não precisa se preocupar comigo. Eu já sou crescidinha. Além disso, não existe nada
capaz de me fazer querer sair daqui.
Ele soltou um suspiro de alívio.
Aarón: Muito bem. Vamos deixar esse assunto de lado e começar a trabalhar.
Foi o que fizemos, mas eu me preparei para mais sessões de tortura criando um alerta diário
do Google para buscas com o nome de Alfonso. Quando chegaram as cinco horas, minhas
preocupações se projetavam sobre minha felicidade como uma sombra sinistra.
Alfonso estava a postos, conforme tinha avisado, e não pareceu notar minha disposição mais
introspectiva enquanto descíamos no elevador. Mais de uma mulher ali dentro lançou
olhares furtivos na direção dele, mas esse tipo de coisa não me incomodava. Ele era lindo,
seria estranho se ninguém olhasse.
Ele pegou minha mão quando passamos pelas catracas, entrelaçando seus dedos nos meus.
Esse simples gesto de intimidade significou tanta coisa para mim que apertei ainda mais sua
mão. Era o tipo de coisa com a qual eu teria de tomar cuidado. O momento em que eu me
sentisse agradecida porque ele dedicava seu tempo a mim seria o princípio do fim. Até eu
perderia o respeito por mim se isso acontecesse.
O Bentley estava parado no meio fio, com o motorista a postos na porta traseira. Alfonso
olhou para mim.
Alfonso: Tenho umas roupas aqui comigo, caso você queira ir à sua academia. Equinox, certo?
Ou podemos ir à minha.
Anahí: Onde fica a sua?
Alfonso A minha preferida é a HerreraTrainer, na rua 55.
Minha curiosidade sobre como ele tinha descoberto o nome da minha academia se foi
quando ouvi a palavra , Herrera no nome da dele.
Anahí: Por acaso você é o dono dessa academia?
Ele abriu um sorriso.
Alfonso: Dessa rede de academias. Em geral eu treino MMA com um treinador particular, mas
uso a academia de vez em quando.
Da rede, repeti.
Anahí: Claro.
Alfonso: Você que sabe, - ele falou, com a maior boa vontade. - Vou aonde você quiser.
Anahí: Vamos pra sua academia, literalmente.
Ele abriu a porta traseira e eu entrei. Pus a bolsa e a mochila da academia no colo e olhei pela
janela enquanto o carro começava a andar. O sedã ao lado estava tão próximo que quase não
era preciso que eu me curvasse para tocá-lo. O horário de pico em Manhattan era algo a que
eu não havia me acostumado. No México também tinha trânsito, mas os carros
conseguiam andar devagar. Em Nova York, a velocidade e o congestionamento se alternavam
com tanta frequência que eu me via obrigada a fechar os olhos e rezar para sobreviver.
Era outro mundo. Uma cidade nova, um apartamento novo, um emprego novo e um homem
novo. Coisa demais para digerir de uma vez só. Não era à toa que eu estava me sentindo tão
perdida.
Olhei para Alfonso e o surpreendi me olhando com uma expressão indecifrável. Dentro de
mim, tudo girava em uma confusão de luxúria e ansiedade. Não tinha a menor ideia do que
estava fazendo com ele, só sabia que não era capaz de parar, nem mesmo se quisesse.
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