Anahí: A mãe, talvez. O padrasto, não. - Olhei para trás por cima dos ombros, dando uma boa
olhada no vestido creme de contornos bem delineados que envolvia a figura esbelta de
Maite Vidal. Pensei em quão pouco sabia sobre a família de Alfonso. - Que tipo de
criação recebeu um menino que conseguiu se tornar um homem de negócios tão implacável a
ponto de comprar a empresa da própria família?
Christian: Herrera tem participação na Vidal Records?
Anahí: É o sócio majoritário.
Christian: Humm. Quem sabe não foi uma ajuda?- ele especulou. - Uma mão amiga durante
um período de transição da indústria fonográfica?
Anahí: Por que não dar o dinheiro de uma vez, então?- rebati.
Christian: Por que ele é um homem de negócios que sabe o que faz?
Com um suspiro profundo, deixei a pergunta para lá e tentei pôr as coisas no devido lugar. Eu
estava naquela festa por causa de Christian, não de Alfonso, e ele deveria ser o foco das
minhas atenções.
Quando chegamos lá fora, encontramos uma tenda enorme e ricamente decorada no fundo
do jardim. Apesar de o dia estar agradável o bastante para ficar ao sol, preferi me sentar a
uma mesa circular coberta com uma toalha de renda branca do lado de dentro.
Christian bateu no meu ombro.
Christian: Fique aqui relaxando. Vou fazer contatos.
Anahí: Vai fundo.
Ele se afastou, imbuído de seus objetivos.
Fiquei bebendo champanhe e batendo papo com quem aparecesse e puxasse conversa. Havia
muitos músicos famosos na festa, pessoas cujas canções eu conhecia, e fiquei olhando para
eles de longe, um tanto intimidada. Apesar da elegância do ambiente e do número
incontável de empregados, a atmosfera da festa era casual e relaxada.
Estava começando a me divertir quando alguém que eu esperava nunca mais ver saiu de
dentro da casa: Amanda Seyfried, linda de morrer com um vestido rosado de chiffon que
parecia flutuar ao redor dos joelhos dela.
Senti uma mão pousar sobre meu ombro e apertá-lo, o que fez meu coração disparar,
porque me lembrou da noite em que Christian e eu fomos à casa noturna de Alfonso. Mas
dessa vez quem apareceu para falar comigo foi Christopher filho.
Christopher: Oi, Anahí. - Ele sentou na cadeira ao lado e apoiou os cotovelos sobre os joelhos,
inclinando- se para mim. - Está se divertindo? Você não está circulando muito por aí.
Anahí: Estou adorando a festa. - Pelo menos até aquele momento. - Obrigada por me
convidar.
Christopher: Obrigado por ter vindo. Meus pais ficaram muito contentes. E eu também, é
claro. - Seu sorriso me fez rir, assim como sua gravata, estampada com desenhos de discos de
vinil. - Está com fome? Os bolinhos de caranguejo estão uma delícia. Pegue um quando o
garçom passar por aqui.
Anahí: Vou pegar.
Christopher: Se precisar de alguma coisa, avise. E reserve uma dança pra mim. - Ele deu uma
piscadinha antes de se levantar e se afastar.
Maite se sentou por ali, ajeitando as roupas com a elegância calculada de uma garota perto
da universidade. Seus cabelos chegavam até o meio das costas, e seus lindos olhos eram
sinceros o bastante para me fazer gostar deles. Ela parecia muito mais experiente dos que os
dezessete anos que calculei que tinha com base nas notícias de jornal que Christian tinha
juntado para mim.
Maite: Oi.
Anahí: Olá.
Maite: Onde está Alfonso?
Encolhi os ombros diante da pergunta tão abrupta.
Anahí: Na verdade, eu não sei.
Ela concordou com a cabeça.
Maite: Ele sabe como manter as pessoas à distância.
Anahí: Ele sempre foi assim?
Anahí: Acho que sim. Eu era pequena quando ele saiu de casa. Você está apaixonada por ele?
Prendi a respiração por um instante. Mas depois relaxei e respondi simplesmente:
Anahí: Estou.
Maite: Foi o que pensei quando vi o vídeo de vocês dois no Bryant Park. - Ela mordeu o lábio
inferior. - Ele é divertido? Sabe como é... pra sair e coisa e tal?
Anahí: Ah, bom... - Minha nossa. Alguém ali conhecia Alfonso? - Eu não diria que é divertido,
mas entediante ele não é.
A banda começou a tocar Come Fly with Me, e Christian apareceu do nada ao meu lado.
Christian:É hora de fazer bonito, Ginger.
Anahí: Prometo que vou tentar, Fred. - Sorri para Maite. - Com licença um minutinho.
Maite: Três minutos e dezenove segundos. - ela corrigiu, exibindo parte do conhecimento
musical da família.
Christian me conduziu para a pista de dança vazia e puxou um passo bem ágil de foxtrote.
Demorei um pouco para conseguir acompanhá-lo, porque estava dura e tensa fazia dias. Em
pouco tempo a sinergia da velha parceria voltou e percorremos toda a pista com a maior
naturalidade.
Quando a música terminou, estávamos sem fôlego. Fomos surpreendidos positivamente com
uma salva de palmas. Christian fez uma mesura elegante e eu segurei sua mão para me
equilibrar enquanto flexionava os joelhos.
Quando levantei a cabeça e me endireitei, dei de cara com Alfonso. Assustada, dei um passo
trôpego para trás. Ele estava com uma roupa bem informal jeans e camisa branca para fora da
calça, com o colarinho aberto e as mangas dobradas mas estava tão lindo que humilhava
qualquer outro homem presente ali.
O desejo que se acendeu dentro de mim quando o vi foi arrebatador. Notei que Christian
estava se afastando de mim, mas não conseguia deixar de me fixar em Alfonso, cujos olhos
verdes brilhantes fuzilavam os meus.
Alfonso: O que você está fazendo aqui? - ele soltou, irritado.
Eu me encolhi diante de tamanha grosseria.
Anahí: Como é?
Alfonso: Você não deveria estar aqui. - Ele me agarrou pelo cotovelo e começou a me arrastar
para dentro da casa. - Eu não quero você aqui.
Se ele cuspisse na minha cara, não teria me magoado tanto. Livrei meu braço de sua mão com
um puxão e caminhei a passos largos na direção da casa com a cabeça erguida, torcendo para
conseguir chegar até o carro e o olhar vigilante do Clancy antes que as lágrimas começassem a
rolar.
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