História Toda vez que você me diz um não - Enquanto isso: Taoris

Tao estava irritado – não, não é nenhuma novidade. Grunhiu pela segunda vez em três segundos, mas continuava fingindo que nada lhe importunava. 

Óbvio, Yifan não acreditou nisso. Zitao nunca foi muito bom mentindo.

Kris revirou os olhos ao ouvir o namorado bufar e resmungar palavrões mais uma vez, e, irritado com ele, virou-se para o outro fazendo sua melhor cara séria. 

– Por favor Taozi, pare. – Yifan pegou a caneta da mão do outro chinês e a guardou em seu estojo, não ligando mais para a lição que a chata da professora Lim passava na lousa. – O que foi, hein? 

Tao olhou para Kris com o rosto contorcido em indignação.

– Por que tirou o dia pra me importunar, huh? – disse entre dentes. – Me deixa em paz, Yifan. 

O mais velho continuou impassível, pois já estava acostumado com os ataques do namorado. Mas isso não queria dizer que não doesse, pois, ouvir Tao falar consigo assim, rude e curto, machucava mais do que vocês imaginam. 

– Eu só quero que me fale o que te aflige, panda! – sussurrou, inclinando-se para a esquerda e passando a canhota nos cabelos loiros do outro, vendo-o suspirar. – Por que tão grosso? Fala comigo, bebê. 

– Eu não gosto do Kyungsoo. Ele vive esnobando o JongIn, Yifan! – virou-se para o namorado e fez sua melhor cara de cão que caiu do carro da mudança, não ligando se a professora visse. – Fanfan, ele vai machucar meu amigo. Eu não quero isso. 

Kris podia ver nos olhos do outro que ele estava apenas preocupado, já que o Kim era amigo do Wu desde o fundamental, mas era amigo de Zitao desde o pré. Eles eram muito juntos, como unha e carne, e como o bom namorado que Yifan era, ele sentia uma pontada de ciúmes dessa amizade tão grande. 

– Não se preocupe, bebê. – riu, puxando Tao para perto de si sem que ninguém percebesse e deu-lhe um beijo na testa. – Prometo que isso não vai acontecer, você vai ver. 

Zitao olhou desconfiado para o mais velho, arqueando as sombrancelhas logo em seguida. Ah, quando Kris falava tão calmo e cheio de si desse jeito, era por quê tinha aprontado. 

– Por que acha isso? 

– Porque eles foram feitos um para o outro. – deu de ombros, voltando a copiar a lição que a professora Lim ainda passava. – Igual a eu e você. Somos almas gêmeas. 

O mais novo sorriu de orelha a orelha, e Kris parou de copiar a bendita lição apenas para ver aquele sorriso lindo que o apenas o seu namorado dava. 

Esses dois conseguem ser mais melosos do que Kyungsoo, JongIn, Chanyeol e Baekhyun juntos, podem apostar. 

– Tão idiota. – riu, virando pra frente e também copiando a lição. – Mas, – continuou; sabendo que o outro ainda lhe ouvia e prestava atenção em suas palavras. – isso não significa que deixarei esse assunto pra lá. 

– Eu sei que não vai. – o Wu respondeu. – Eu te conheço. 

***

– Por que caralhos você me arrastou de lá, Wu Yifan?! Tá maluco?! Não podemos deixar eles sozinhos Fanfan, JongIn já estava mal pelo baixinho olhudo hoje de manhã, e você quer deixar ele mais ainda?! Que tipo de amigo você é?! 

Kris arrastava o namorado pelo pátio da escola, escutando suas reclamações e gritos calado. Tinham deixado Kyungsoo e JongIn na escadaria da escola, mas Zitao não tinha gostado nem um pouco da ideia. 

– Pare de me arrastar, seu brutamonte! Você está machucando meu pulso, Kris!

O chinês mais velho parou bruscamente, soltando o namorado e virando-se para ele com os olhos arregalados cheios de preocupação e culpa. Pegou a mão do outro carinhosamente como se ele fosse quebrar para ver o local machucado, já pronto pra falar e repetir milhões de desculpas para o de olheiras profundas, mas viu que o pulso de Tao não estava nem mesmo vermelho. 

– O quê... 

Assustou-se ao namorado se soltar de si e sair correndo em direção a escola novamente. Ficou um tempinho parado, tentando absorver tudo, mas logo percebeu o que tinha acontecido.  

Zitao, um enganador de carteirinha. Com assinatura e tudo!

– Ya! Zitao! – correu atrás do outro, dando tudo de si para alcançá-lo e não deixar com que ele acabasse com seu plano e de Chanyeol. 

Sim, eles haviam planejado tudo. Espertinhos não? Por que eu não pensei nisso antes? Ha ha. 

– Parado! 

Alcançou os passos do outro - já que Tao era alguém bem sedentário, vamos ser francos - parando em sua frente e abaixando-se um pouco. Tao arregalou os olhos, e tentou parar a tempo de não trombar com Kris, mas foi tarde demais. Yifan pegou-o pelas coxas e o pôs no ombro, carregando-o como se fosse um saco de batatas. Só que com mais cuidado e carinho, claro. 

– Yifan! Me coloque no chão agora! – o mais novo gritava e se esperneava, mas seu namorado não lhe soltava ou falava algo. – Wu Yifan! Eu tô falando sério! – deu-lhe tapas nas costas. – Me ponha no chão! 

– Pare de gritar, Taozi. As pessoas vão achar que você é maluco. – o mais velho disse calmamente, não se importando com os socos ou tapas que ganhava. 

– Seu desgraçado! 

O Wu riu, percebendo que mesmo com raiva de si e sendo carregado pelo ombro como agora, Tao não conseguia lhe xingar como xingava outras pessoas. 

Era muito amor envolvido no meio para isso, crianças. 

– Fique calmo. – sentou o mais novo na mesa do refeitório, e ele nem olhou para si, apenas cruzou os braços e fez um biquinho, olhando para o chão. – Está bravo? 

A resposta do menor veio com um olhar irritado, com um bufar e um revirar de olhos. Com certeza aquilo era um sim.

– Sinto muito, Taozi! – pegou o rosto do namorado com as duas mãos carinhosamente, forçando-o a olhá-lo nos olhos. – Foi necessário. 

– Necessário? Sério?! Pra que, Senhor Yifan, posso saber? 

– Para que meu plano desse certo! – disse, vendo o rostinho lindo do outro - na opinião dele, e na minha, e na sua... - se contorcer em confusão. – Eu e Chanyeol planejamos de deixá-los a sós, para que, pelo menos, eles se entendessem. O Park tiraria o Baekhyun do caminho e levaria o Kyung pra escada, e eu faria o mesmo, só que com você e JongIn. – sorriu, satisfeito com sua genialidade. 

E que genialidade, não? Acabou por juntar os dois, não só ajudá-los a fazer as pazes. 

– Como é que é?! – gritou. – Como você ousa- 

Antes que terminasse sua fala – que com certeza seria apenas reclamações e sermões –, Kris pôs sua mão na boca do outro, tapando-a. 

– Não brigue comigo. – falou, com a voz transbordando sinceridade. – Não gosto de quando brigamos. 

Zitao respirou fundo, e suspirou em seguida. Ele também não gostava de brigar com o namorado. Mas poxa, ele tinha feito algo tão importante assim, com seu amigo de infância envolvido e não havia lhe dito nada! Tinha toda a razão de ficar irritado, não é? Ele tinha, não tinha? 

“Claro que não, Zitao.”, brigou consigo mesmo por pensamento. 

Tirou a mão do Wu de sua boca com suas próprias mãos, vendo que ele estava meio receoso se deveria deixar ou não o mais novo fazer isso. 

– Calma, não vou brigar com você. – Kris relaxou os músculos, sorrindo em seguida e sendo retribuído. – Mas você deveria ter me dito antes, Fanfan! 

– Você não teria aceitado. – apontou. – Não se preocupe panda, Kai sabe se cuidar! Ele não vai sair machucado, porque eles são almas gêmeas...

– Assim como nós, eu sei, eu sei. – revirou os olhos, aproveitando que estava sentado sobre a mesa e o outro em pé à sua frente para puxar o mais alto para perto de si, encaixando-o no meio de suas pernas e abraçando-o pelos ombros. – Desculpe ter gritado com você. 

Yifan sorriu para ele, dando um selinho em seus lábios, e logo depois escondendo seu rosto na curvatura de seu pescoço.

– Está desculpado, mas só se me desculpar por ter te carregado daquele jeito. – falou, seus lábios tocando a pele exposta do local tão sensível de Tao, fazendo-o se arrepiar. Escutou o namorado murmurar um “também te desculpo” e sorriu com isso, agora mais animado. – Te amo, pandinha. 

– Eu também te amo. – respondeu, rindo. 

Enquanto se paparicavam e diziam o quanto se amavam um para o outro, Baekhyun e Chanyeol olhavam tudo do outro lado do refeitório. 

– Eles são esquisitos. – o Byun falou, olhando aquela cena com uma careta. 

– É, eles são. – Chanyeol concordou. – Mas... quando é que vai me dar meu beijo e o encontro? – sorriu, sugestivamente. 

Baekhyun se virou para ele com uma cara de tédio, mesmo que seu coração estivesse acelerado e suas mãos suadas. 

– Eles ainda não estão juntos, tá legal? 

– Então o que é aquilo? – perguntou, apontando para o portão da escola vitorioso, onde Kyungsoo arrastava um JongIn todo abobado pelo pulso. – Eles estão indo a um encontro. 

– Você não pode saber disso! Eles podem apenas estar indo embora, só isso. – deu de ombros, mesmo sabendo que o Park tinha razão. Era nítido que os dois iriam a algum lugar juntos só pelo sorriso do Kim e nervosismo palpável do Do. 

Baekhyun não deveria ter se deixado comprar por uma simples torta de limão, deveria ter corrido de si como Tao tinha feito e carregado Kyungsoo à força para um lugar seguro e de preferência, bem longe do loiro de pele morena. Agora teria que pagar a aposta idiota que o Park tinha inventado.

Tarde demais, Baek. Tarde demais. 

– Ah, como não? Olha pra eles! – riu. – Está me devendo um beijo, Senhor Baekhyun. 

O Byun nada disse, apenas espremeu seus lábios um no outro, nervoso e envergonhado.

– Não se preocupe, você vai gostar Baek. – bagunçou os cabelos do menor. – Juro. 

Baekhyun tirou a mão do outro de seu cabelo, irritado ao vê-lo rir de si. 

“O universo me odeia tanto assim?”

Não, ele não te odeia. Ele apenas quer ver as coisas acontecem, assim como eu e, aparentemente, várias outras pessoas. Então, seja um Byun bonzinho, e aceite sair logo com o Chanyeol, idiota. 

Obrigada, de nada.