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História Todas As Suas Cores - Duas idiotas.


Escrita por: JJ-

Notas do Autor


Olá, jovens, como estão todos? Espero que bem. Enfim, prontos para mais um capítulo? :3


Boa leitura!

Capítulo 12 - Duas idiotas.


 

 

As cores daquele fim de tarde se misturavam ao cinza do céu nublado e, mesmo com o clima frio, o time de corrida mantinha um ritmo animado em seu treino.

Da arquibancada, eu acompanhava o pequeno grupo dar voltas na pista enquanto me distraía com a música vinda dos meus fones de ouvido. A forma como a letra combinava com aquela paisagem gelada deixava tudo ainda mais poético, e era exatamente disso que eu precisava. Essa dose de poesia. Eu não me importava de não ter “algo melhor” para fazer, observar as pessoas e as suas cores já era o suficiente para mim.

Em contrapartida, todos os meus amigos pareciam ter encontrado esse melhor.

Velvet, por exemplo, entrou para o clube de fotografia. Nora passou a ajudar a Pyrrha e o Ren no conselho estudantil. Jaune virou um integrante assumido do clube dos nerds, que de clube não tem nada, mas eles agem como se fossem. E Blake não faltava a nenhuma reunião do clube de debates.

Às vezes eu vou em algumas reuniões também, com o incentivo da minha irmã. Ela e minha colega de quarto se aproximaram muito nessas últimas semanas. Se antes eu tinha que aturar as briguinhas bobas delas, hoje eu tenho que aturar as incontáveis conversas sobre séries, filmes, bandas, livros e afins.

Quem sabe elas sejam a prova de que duas pessoas que supostamente se odeiam podem se entender.

Coisa que acho pouco provável para mim e para a Weiss.

Eu ainda continuo frequentando a casa dela para visitar a senhora Schnee, que tem passado a me dar aulas de pintura, e em todas essas vezes a garota insiste com seu fingimento. Apesar de não concordar com isso, eu não a desmenti nenhuma única vez. Era evidente o quanto a mãe dela estava feliz com a nossa proximidade, mesmo essa proximidade sendo pura ilusão.

Talvez esse seja um mal necessário.

– Ei, Ruby!

Pausei a música assim que tive a impressão de alguém me chamando. Olhei para os lados procurando a pessoa e logo me deparei com o Jaune vindo em minha direção.

Ele carregava algumas HQs, que foram derrubadas quando um grupo de garotos esbarrou de propósito nele. Levantei na mesma hora para reclamar, mas Jaune fez um sinal para mim, como se dissesse que está tudo bem. Fiquei revoltada vendo o loiro pegar as revistas enquanto os idiotas iam embora rindo.

Eu os conhecia muito bem.

Não há um dia sequer em que Cardin e seus amiguinhos não pegam no pé do Jaune.

– Até quando você vai suportar isso sem revidar? – Falei quando ele se sentou ao meu lado.

– Deixa pra lá, Ruby. Está tudo bem.

– Não está nada bem, Jaune. A gente se preocupa com você.

– Eu sei disso e agradeço, mas prefiro resolver tudo sozinho.

– Você deveria falar com a Pyrrha pelo menos, ela pode te ajud...

– Não, ela não! – Recusou rapidamente – Se eu contar pra Pyrrha, ela vai querer se meter e eu não quero que ela se meta.

Me assustei um pouco com a reação dele, mas logo suspirei quando o vi encarar o chão de um jeito desanimado.

– Sabe, Jaune... eu não entendo. – Comecei – Aconteceu algum desentendimento entre você e a Pyrrha? Você está sempre a evitando e naquele dia no baile você não quis dançar com ela. Eu sei que você gosta da Weiss, mas...

– Então é assim que parece? – Cortou com um sorriso triste – Olha, Ruby, eu gosto da Pyrrha. Gosto muito. Somos amigos há muito tempo e tenho um carinho enorme por ela.

– Então qual é o problema?

– O problema é que eu sou um fraco. Sempre tive a Pyrrha pra me proteger dos garotos mais velhos, mas não posso continuar com isso. Eu não quero continuar dando trabalho a ela.

– Acho que te entendo, também me sinto da mesma forma em relação a Yang... é complicado.

– Sim. – Encolheu os ombros – E... sobre o dia do baile, eu só dei aquela desculpa porque achei que a Pyrrha sentiu pena de mim, sabe? Não seria a primeira vez, ela é muito gentil.

– Você acha que ela te chamou pra dançar por pena?

– Acho. Pelo que mais seria?

Jaune é tão cego.

– Pois é, né? Pelo que mais seria? – Disfarcei rindo.

– Ah é, já ia me esquecendo. Eu queria te fazer uma pergunta, Ruby. É sobre a Weiss.

– O que tem ela?

– Sei lá, ela tem andando meio estranha. Quando eu falo com ela, ela finge que nem me conhece. – Ele comentou e eu cocei a nuca, pensando no que ia dizer – Você sabe se aconteceu alguma coisa?

– Então, Jaune... como eu posso te explicar? Apenas esquece a Weiss.

– Mas por quê? O que aconteceu?

– Nada de mais, ela só está sendo quem ela sempre foi...  – Ri sem jeito – Mas enfim! Vamos falar de outra coisa! Essa é a edição que você me falou?

Consegui mudar o rumo da conversa sem nenhum esforço. Jaune ficou tão animado com o assunto sobre as HQs que não perguntou mais sobre a Weiss. Nenhum dos meus amigos ficou sabendo de nada do que aconteceu.

E, se depender de mim, vai continuar assim.

Já estava escurecendo quando nós nos despedimos. O loiro seguiu para o dormitório dele e eu segui para o meu, que ficava no lado oposto. Optei em atravessar o prédio escolar ao invés de dar a volta e acabei tendo a má sorte de dar de cara com o Ironwood nos corredores. Tentei rapidamente desviar o meu caminho, mas ele me impediu.

– Faz tempo que estou querendo falar com você, senhorita Rose. – Disse com as mãos atrás das costas – Mas fica meio difícil com você faltando a todas as minhas aulas.

– Eu não tenho nada pra falar com você, professor. Sinto muito. – Justifiquei calma, pronta para sair dali, mas ele segurou meu braço.

– Sabemos que não. Agora me responde, contou alguma coisa pra Penny?

– Sobre o que? Sobre o senhor estar enganando ela e a mãe dela? – Rebati e ele ficou calado – Não, professor, eu não contei nada.

Fui sincera. Eu realmente ainda não contei nada para a minha melhor amiga.

Não tive coragem.

– Não minta pra mim, Ruby.

– Não estou... ai! – Rangi os dentes quando ele me apertou ainda mais – Não estou mentindo!

– Se você pensa que...

– Algum problema por aqui, James?

Desviamos o olhar para a pessoa que disse aquilo.

Weiss estava parada há uma pequena distância de nós. Ela estava de braços cruzados e tinha uma de suas sobrancelhas levemente arqueada ao encarar o Ironwood com um olhar desafiador.

– Senhorita Schnee... – Começou ele, meio nervoso – Por mais que eu seja o seu cunhado, não é apropriado que me chame assim no colégio.

– Tem razão. Assim como não é apropriado que você segure o braço de uma estudante desse jeito. – Ela respondeu e ele me soltou na mesma hora.

– Eu só estava conversando com a senhorita Ruby.

– E pelo visto já terminaram, né? O senhor se importa se eu levar minha amiga comigo? É que eu preciso muito falar com ela. – Weiss deu um falso sorriso amigável e me puxou antes dele responder – Ótimo! Obrigada.

Depois de deixarmos o professor Ironwood para trás, a garota continuou me arrastando pelos corredores sem dizer nenhuma palavra. Mesmo que eu chamasse por seu nome, ela continuava me puxando. Então parei por mim mesma e me soltei dela com agressividade.

– Qual é o seu problema? – Me olhou incrédula.

– Qual é o meu problema? Qual é o SEU problema... me arrastando desse jeito.

– Poxa, desculpa por te ajudar e, a propósito, de nada. – Bufou e se calou, cruzando os braços novamente em meio a uma indiferença. Porém, voltou para mim ao me ver passar a mão no local onde o Ironwood me segurou - Você... está bem?

– Estou.

– O que foi aquilo? Por que ele estava agindo daquele jeito com você?

– Pode parar.

– Parar com o que?

– Parar de fingir que se importa comigo. – Desviei o olhar de cenho franzido e coloquei as mãos nos bolsos do casaco. Ela abriu a boca em surpresa.

– E agora mais essa... – Riu sem vontade – Escuta aqui, idiota. Se eu não me importasse, eu não teria perguntado, ok?

– Que seja, Weiss. – Dei de ombros deixando ela ainda mais brava.

Weiss estava prestes a dizer mais alguma coisa quando foi interrompida pela orientadora Amber e pela professora Cinder, que saíam de uma sala. As duas conversavam em um tom tão alto, que pareciam estar discutindo.

– Esse é o seu trabalho, você é paga pra isso! Eu não vou fazer nada dessa vez.

– Que saco, Amber, eu não estou pedindo pra você fazer. – Revirou os olhos – Estou dizendo que vou fazer depois.

– Mas eu preciso disso pra ontem, Fall.

– Por que não fazemos assim...? Vai pra casa, relaxe em sua banheira e desfrute de um bom vinho. Amanhã de manhã os papéis vão estar na sua mesa quando você chegar, ok?

– Cinder...

– Viu? Perfeito. Até amanhã, querida. – Piscou e foi embora. A professora Amber ainda continuou a olhando com raiva.

– Eu juro que um dia essa mulher vai acabar me matando. – Suspirou, se virando para nós – Enfim. E vocês? O que ainda estão fazendo aqui?

– E-Eu já estava indo para o dormitório. – Respondi.

– Eu também.

– Certo. Já que vocês estão indo pra lá, poderiam me fazer um favor?

Acabei tendo que mudar meus planos e tive que seguir com a Weiss para o ginásio. Amber havia nos pedido para buscar algumas coisas nele e levá-las para o dormitório.

O céu já havia escurecido totalmente e os postes de luz estavam todos acesos. Apesar do frio, eu me sentia bem com meu casaco e Weiss parecia estar aquecida em seu suéter. Caminhávamos pela calçada em completo silêncio. Era estranho. No começo, antes de tudo o que aconteceu, eu achava que conhecia a Weiss e hoje eu vejo que não.

Porém, por que eu ainda sinto que a conheço um pouco?

Soltei um longo suspiro e passei a observar o vento soprar por cima das árvores. Pousei os olhos em uma, que estava próxima do local onde iríamos virar, e interrompi meus passos com a cena que eu vi.

Neptune estava encostado nela, aos beijos com outra garota.

– O que foi? – Weiss estranhou – Por que parou de repente?

– N-Nada! – Entrei na frente dela, bloqueando sua visão – Eu lembrei de um atalho, vamos por ali, ok?

– Que atalho é esse? Não tem atalho nenhum.

– Tem sim! Q-Quem disse que não?

O que estou fazendo?

Eu não deveria me importar.

– Você está ficando louca? Só tem um caminho. – Ela riu, desviando de mim – Vamos seguir reto e depois virar a...

Antes dela conseguir concluir a frase, eu a segurei pelo pulso e a puxei para um beijo.

Mesmo não fazendo nada além de encostar meus lábios nos dela, eu poderia jurar que senti meu coração parar apenas com isso. Pensando bem, não só meu coração; meu mundo, meu universo, tudo. Tudo parou naquele momento, inclusive a minha capacidade de raciocínio. Porque provavelmente essa foi a coisa mais estúpida que eu já fiz em toda a minha vida, mas eu não tinha muitas opções.

Weiss bem que tentou se afastar. Mas eu passei uma das minhas mãos por detrás do seu pescoço e envolvi sua cintura com a outra, prendendo aquele corpo firmemente ao meu.

A fiz ceder um pouco e somente depois de alguns segundos ela fez outra tentativa, no entanto, mais eficaz que a anterior. Pois dessa vez ela segurou meus ombros e me empurrou com força.

– Que merda você está fazendo, Rose!?

Encarei aqueles olhos perplexos sem saber como me explicar. Minhas mãos tremiam, meu coração estava agitado e minha garganta estava seca. Nada que eu falasse naquele momento justificaria o que eu fiz e, antes mesmo que eu pudesse tentar formular uma resposta, a garota virou as costas e seguiu para o lado oposto de onde estávamos indo.

– W-Weiss! – Chamei – Onde você vai?

– Vamos pegar o seu atalho.

Fiquei surpresa vendo ela ir embora e, agora aliviada por ter a livrado de uma decepção, olhei novamente para o Neptune que ainda continuava entretido com sua amante. Balancei a cabeça em reprovação e corri atrás da Weiss.

O tal atalho acabou sendo muito longo para ser chamado de atalho, já que praticamente acabamos dando a volta no colégio.

Chegando por fim no ginásio, vimos que este se encontrava vazio. Deixei a Weiss me esperando perto de um banco e fui para os fundos do local em busca do que a professora pediu. Peguei as duas caixas requeridas e caminhei de volta até a garota, já formulando em minha cabeça um pedido de desculpas pelo beijo. Ela me esperava agora sentada, seus braços estavam cruzados sobre as coxas e sua cabeça escondida entre eles.

– Weiss... eu queria pedir desculpas por ter feito a-aquilo.... eu não sei o que deu em mim, sinto muito. – Falei, mas não recebi resposta. Weiss não disse nada sobre o ocorrido e permaneceu calada até aqui – E-Eu sei que você está com raiva, mas...

– Fez isso porque não queria que eu visse o Neptune com aquela garota, não é?

– Como sabe?

– Eu já os tinha visto antes de você. – Ela ergueu a cabeça e sorriu sem ânimo – Essa não é a primeira vez que eu o vejo com outra e também não será a última. Na verdade, eu não sou muito diferente daquela garota que estava com ele.

– Eu pensei que vocês...

– O que? Que ele fosse meu namorado e que tínhamos algo sério?

– Sim.

– Se dependesse de mim... mas não depende só de mim... não é? – Perguntou com um ar triste, se pondo pensativa em seguida – Olha, Ruby, eu não te entendo. Por que tentou me poupar de ver aquilo? Ainda mais depois de tudo o que eu te fiz.

– Bom... – Coloquei as caixas no chão e me sentei ao lado dela – Digamos que eu prometi a alguém que cuidaria de você.

Weiss riu baixo da minha resposta e negou de leve com a cabeça – Minha mãe? 

– Sim.

– Imaginei... é graças a você que eu me reaproximei dela. E eu nunca te agradeci.

– Não precisa me agradecer, estou muito feliz por vocês duas e isso já basta.

– Claro que eu preciso. – Me olhou com um modesto sorriso de lado – Sei que agora pode ser tarde, mas... obrigada, Ruby. E...

– E...?

– E-Eu sinto muito... – Concluiu vermelha – Por todo mal que eu fiz.

– Tá tudo bem agora. – Falei um pouco vermelha também. Nesse mesmo instante, as luzes do ginásio foram apagadas e somente a luz vinda das janelas passou a nos iluminar – Putz, acho que não sabem que estamos aqui. Vou avisar a eles, já volto.

– N-Não! – Ela me abraçou por trás e impediu que eu me levantasse. Seus braços me rodeavam e sua testa se apoiava em minhas costas – Por favor, não vai embora. Não me deixa sozinha.

Engoli em seco quando senti aquele corpo envolvendo o meu. Foi impossível não relembrar do nosso beijo desastroso, assim como foi impossível não relembrar daquele turbilhão de emoções me invadindo.

Respirei fundo – Eu não sei se você se lembra, mas uma vez eu disse que não ia te deixar... então eu não vou. Pode me chamar de idiota se quiser, é bem provável que eu realmente seja uma.

– Talvez eu seja uma também. – Ela confessou, me abraçando um pouco mais – Porque apesar de ter dito que não gostava nem um pouquinho de você e apesar de passar os dias tentando me convencer disso, muitas vezes eu sentia falta das nossas conversas e da sua companhia.

– Então parece que somos duas idiotas.

– É... acho que sim.

O silêncio se fez novamente e eu não me preocupei de sair daquela posição.

Era reconfortante.

– Ei, Ruby. Eu pensei em uma coisa.

– Hm? No que?

– Você acha que... – Relutou antes de terminar a frase – Podemos recomeçar?


Notas Finais


Recomeços são bons, ou não? kkkk

O próximo capítulo vai sair logo. Até breve!




~capítulo revisado e editado por Leone (YuzuKitsune)


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