1. Spirit Fanfics >
  2. Todas As Suas Cores >
  3. Isso é um protesto.

História Todas As Suas Cores - Isso é um protesto.


Escrita por: JJ-

Notas do Autor


Hey, jovens.

Agradeço imensamente pelos favoritos, pelos comentários e a todos que acompanham a fic, igualmente. Vocês são uns fofos!
Muito obrigada e boa leitura.

Capítulo 16 - Isso é um protesto.


[Yang]

 

 

Ficar sentada ali e ver a Blake conversando com o Sun estava me matando.

Ele fazia questão de passar a mão nela enquanto falava, e o fato dele me olhar de minuto em minuto disfarçando um sorriso, me fazia pensar que ele estava fazendo aquilo de propósito. Minha vontade era de largar tudo e sair rapidamente dali. Porém, infelizmente, eu estava impossibilitada de deixar a sala do clube de debates.

"Aff, eu não quero mais ver essa merda", resmunguei para mim mesma.

Cruzei os braços e tentei desviar o olhar, mas minha maldita curiosidade me fazia voltar a observar os dois.

– Aceita uma pipoquinha para acompanhar a sessão ciúmes?

– Vai à merda, Sage.

– Também te amo. – O idiota riu alto, se sentando ao meu lado.

Havia chegado o tão não esperado dia do protesto que eu organizei.

Ainda me pergunto onde eu estava com a cabeça quando me meti nisso. Eu estava tão ávida em proteger minha reputação que acabei aceitando o desafio do Sun sem nem pensar nas consequências. Desde o começo estava mais do que óbvio que eu não teria ajuda, não depois do episódio da biblioteca, então eu decidi não envolver muitas pessoas. Só contei com a ajuda do Sage, da Blake, da Velvet, da Coco e do Bolin, um amigo meu.

Logo, já era de se esperar que essa sala ficasse praticamente vazia, pois, tirando a Coco e a Velvet, que haviam ido resolver uma coisa, e o Bolin, que saiu para atender uma ligação, só estávamos a Blake, o Sage e eu.

E, ah... claro, o Sun.

Que só está aqui porque é um puta de um intrometido.

– Yang, você tá me escutando?

– Hã? O que? – Me virei para o Sage, alarmada. Nem percebi que ele estava falando comigo – Foi mal. Fala de novo.

– Eu disse que consegui o cabo que estava faltando.

– Ah, sim...

Novamente deixei o garoto de lado para voltar a olhar para a Blake, que agora ria de alguma coisa que o Sun disse.

Aposto que nem foi tão engraçado assim.

– Você ainda não falou com ela, né? – Sage comentou.

– Quem?

– A Blake. Você ainda não falou com ela sobre o que aconteceu entre vocês na semana passada.

– Ér... o que você estava falando sobre os cabos mesmo? – Perguntei e ele me encarou com uma cara de "nem adianta mudar de assunto". Soltei um longo suspiro – Não.

– Você vai acabar perdendo ela...

– Ah, nem vem. Eu estou fazendo o favor de poupá-la de alguém como eu.

– Por que está dizendo isso?

– Porque eu não presto! Eu... – Hesitei – Eu sou igual a ele.

– Igual ao merdinha do seu ex namorado? Não mesmo. – Ele opinou sério – Yang, eu vejo o jeito como você olha pra ela. É diferente do jeito como você olha pra alguém que ficou afim e é diferente do jeito como você a olhava nas primeiras semanas.

– Você está exagerando.

– Não tô não. Você mudou bastante depois do que aconteceu entre vocês lá no campo de futebol. – Falou – Ou vai me dizer que não percebeu que desde esse dia você não sai com ninguém?

– Só resolvi tirar uma folga, nada de mais.

– Até parece. – Riu – Você quer mentir logo pra mim? Seu melhor amigo?

Sage era um cara insistente e eu sabia muito bem que não ia adiantar nada argumentar contra ele.

Seria perda de tempo.

– Aff! Tá bom! – Suspirei desistindo – Você está certo. Eu gosto dela, bem mais do que deveria. Satisfeito?

– Muito.

– O que vai mudar admitir que não consigo tirar a Blake da cabeça? Eu não vou poder ficar com ela.

– E por que não?

– Tá na cara que eu vou estragar tudo.

– Nunca vai saber se não tentar... – Sorriu colocando as mãos nos bolsos – Você sabe muito bem que vai ter que conversar com ela uma hora ou outra, não sabe?

– Eu sei... e eu vou, mas não agora. Estamos com a mente ocupada hoje. – Avisei – Ainda tenho que esperar a Velvet e a Coco voltarem pra... ah, olha elas aí.

Mal acabei de falar e as duas passaram pela porta. Por algum motivo a Coco estava mais empolgada do que o normal.

– Gente, eu preciso dizer que a Vel é a melhor coelhinha do mundo!

– Isso era pra ser um elogio? – Velvet fez uma careta diante do que a Coco disse e esta, por sua vez, sorriu dando um beijo no alto da cabeça da mais nova.

– Ok. Vocês poderiam deixar o namoro pra depois e me dizer logo o que ficou resolvido? – Impliquei.

– Bom, Coco e eu falamos com o pessoal do clube de música.

– E aí?

– E aí que convenci eles a nos emprestar os instrumentos que usamos para o ensaio. E eles até vão nos ajudar a levá-los para o refeitório quando for a hora.

– Boa, coelhinha! – Comemorei a abraçando – Nossa, depois dessa até fiquei com vontade de te dar um beijo.

– Tenta a sorte, Xiao Long.

Sage, Velvet e eu começamos a rir do ciúme descarado da Coco, mas paramos quando o Bolin chegou com uma cara nada boa.

– Tenho uma péssima notícia. – Ele disse e eu franzi o cenho – O baixista desistiu.

– Aff! Qual é, Hori! Você disse que ele era confiável.

– Eu sei, loira, mas ele ficou com medo de dar merda, entende?

– Putz. Onde eu vou arrumar um substituto agora? – Questionei, mas eles ficaram sem saber o que me responder.

E foi aí que o Sun apareceu com a Blake.

– Eu sei onde.

– Cai fora, Sun. – Falei num tom ríspido.

– Eu só quero ajudar.

– E quem disse que eu preciso da sua ajuda?

– Yang... – Blake me repreendeu – Pelo menos escuta o que ele tem pra dizer.

Estava estampado na minha cara que eu não estava nem um pouco afim de seguir a ideia do Sun, porém, como eu não queria piorar ainda mais minha situação com a Blake, eu aceitei. Engoli o meu orgulho em seco e fui com ele até a tal pessoa que iria salvar a minha pele naquele momento.

– Você tá de sacanagem, né? – Reclamei passando a mão no rosto quando finalmente vi quem era.

– Bom ver você também, gorda.

– Vai se foder, Neon.

– Igualmente, querida.

– Já acabaram? – Sun perguntou nos olhando com as mãos na cintura.

Era uma pose engraçada.

– Deixa eu te perguntar uma coisa, Sunny. Você me odeia, né? – Ela perguntou dramática – Porque só assim pra fazer eu parar a minha vida e vir aqui me encontrar com... essa garota.

– Caramba, que engraçado. – Soltei uma risada – Eu estava me perguntando o mesmo.

– Olha, Neon, eu preciso de um favor seu. Lembra do protesto que a Yang tá organizando?

– Qual? Aquele que eu falei que não ia ajudar porque odeio ela? Aquele que você disse que também não ia ajudar pelo mesmo motivo?

– Gente, como assim vocês dois me odeiam? – Ri sarcástica – Agora eu fiquei triste.

– Ignora ela. – Sun revirou os olhos e eu ri ainda mais – Neon, isso não se trata mais das nossas diferenças. Essa é a primeira vez que temos um interesse em comum acima de qualquer rivalidade e que, se trabalharmos juntos, isso pode realmente dar certo.

– Não sei não, Sun, ela já ferrou com a gente antes.

– Mas não estamos fazendo isso por ela. Estamos fazendo isso em prol dos bolsistas e pela Blake.

– Ai, tudo bem. Eu ajudo. – Ela finalmente concordou, coisa fez o garoto soltar um longo suspiro de alívio – Mas com uma condição. Quero que ela se ajoelhe e implore.

– Ah, tá. Mas nem fodendo, querida.

– Então não temos um acordo.

– Yang... – Sun me encarou com um olhar cansado – Faça isso pela...

– Aff, já sei! – Exclamei farta – Em prol dos bolsistas e pela Blake.

Caminhei em passos duros até a garota de sorriso vitorioso e me preparei para me ajoelhar. No entanto, antes de eu sequer fazer, ela me interrompeu rindo.

– Eu não acredito que você ia fazer mesmo. – Riu ainda mais alto – Por favor, Yang, se for pra ser minha inimiga, tenha um pouco mais de dignidade.

– Na boa, estou me segurando pra não te mandar ir tomar no...

– ENFIM! Vamos nos acalmar. – Sun cortou com um sorriso sem graça – Neon, pode pedir a ele então?

Eu estava jurando que seria a Neon que iria substituir o baixista, mas, pelo visto, o plano do Sun seguia o típico molde de "conheço um cara que conhece um cara". E a pessoa que a Neon conhecia era o Flynt Coal, um dos riquinhos do colégio com quem eu não tinha intimidade.

Eu só sabia duas coisas sobre ele.

Uma era que o cara era ótimo com vários instrumentos musicais e outra era que, apesar de fazer parte do grupinho da Ice Queen, os dois viviam trocando farpas por N motivos. Mas principalmente por ele estar em um relacionamento com a Neon, com quem a Weiss implicava só porque a garota é bolsista.

Logo, eu estava certa de que ele não ia perder uma chance de confrontar a Weiss. Tanto que, assim que a Neon ligou para ele e eu expliquei tudo o que planejei para o protesto, ele aceitou na hora.

E assim estava feito.

Nos encontramos com o Flynt e o apresentamos ao pessoal. Após ele ir para a sala de música fazer um rápido ensaio com o Bolin e a Blake, segui com os outros para o refeitório.

Inventamos uma desculpa qualquer aos funcionários de lá e, com a ajuda do pessoal do clube de música, organizamos tudo a tempo do intervalo.

Como era previsto, a maioria dos estudantes se concentraram ali. Havíamos deixado os instrumentos e o equipamento de som bem no fundo, sob os olhares curiosos de todos. Estava tudo praticamente pronto, só faltava o suporte de microfone que eu havia esquecido. Corri para buscá-lo e quando voltei me deparei com o Bolin me esperando perto da porta.

– Os monitores ainda não estão suspeitando de nada. – Ele disse ao acompanhar meus passos – Mas, se vamos fazer isso, é melhor fazermos agora.

– Tudo bem, você avisa o Flynt e eu aviso a Blake.

Ele me fez um sinal de positivo e eu me dirigi apressada até a mesa onde estava a minha irmã com o pessoal.

– Ruby, cadê a Blake?

– Ela queria usar o próprio violão dela e foi até o dormitório buscar. Sun a acompanhou.

Aff! Esse garoto gruda mais que chiclete.

– O que foi? Já tá na hora? – Coco perguntou e eu assenti com a cabeça.

– Yang, por que você não conta logo o que está aprontando, hein? – Nora reclamou – Estou morrendo de curiosidade!

– Fica de boa, ruivinha. Você vai ver já, já.

– Só espero que não seja nada contra as regras.

– Ah, você me conhece, P. – Falei num tom arteiro – Se não for pra ser contra as regras, eu nem faço.

Subi em cima da mesa e pedi para o Sage me passar o microfone. Assim que o liguei, seu barulho agudo chamou a atenção de todo mundo.

– Foi mal. – Dei de ombros.

Eu precisava ganhar tempo para a Blake.

– Vocês devem estar se perguntando o que está acontecendo... – Ri – Bom, isso é um protesto. Mas hoje eu não vou falar somente pelos bolsistas, vou falar por todos nós.

Todos adotaram um semblante confuso diante do que eu disse e eu logo resolvi esclarecer.

– Me digam. Quantos de vocês já andaram pelos corredores e viram alguém sendo intimidado por algum idiota? Quantos de vocês já presenciaram ofensas disfarçadas de piadas e brincadeiras?

– Onde você quer chegar com isso, Xiao Long? Está atrapalhando o horário do almoço.

A partir do momento que o Neptune disse aquilo, um falatório se iniciou. E eu, encurralada, olhei para os lados procurando a Blake. Mas ainda não havia sinal dela.

– Onde eu quero chegar? Vou te dizer exatamente onde eu quero chegar... até quando vamos fingir que isso não acontece? Até quando vamos esperar que alguém aqui cometa suicídio para aprendermos a respeitar uns aos outros? E até quando vamos esperar que alguma vítima de bullying invada a escola com uma arma para nos tratarmos como iguais!?

Proferi, fazendo uma breve pausa.

– O que muda se minha classe é diferente da sua? Ou minha etnia? Ou minha sexualidade? Ou o meu gênero? O que muda se sou bolsista ou não? Ninguém é melhor do que ninguém!

Minha irmã foi a primeira a bater palmas. E, depois dela, um a um dos meus amigos foram repetindo seu exemplo, gerando assim uma onda de entusiasmo vinda dos outros estudantes que se permitiram a fazer o mesmo.

Eu fiquei mais tranquila por não ter falado besteira, mas meu coração só se acalmou de verdade quando vi a Blake passar pela porta com o seu violão.

Meu trabalho estava feito.

– Então hoje não irei levantar placas ou cartazes. – Falei me referindo aos protestos anteriores – Hoje, meus caros amigos, proponho a vocês a mandar toda essa merda de preconceito pro caralho e curtir uma boa música, o que acham?

Todo mundo continuou gritando com uma animação fora do normal e eu notei que, além de mais estudantes, alguns monitores e professores já haviam chegado ao refeitório, porém, ficaram sem saber o que fazer.

– Yang! – Blake me chamou e eu estendi a mão para ajudá-la a subir na mesa.

– Está tudo bem?

– Sim... adorei seu discurso, mandou bem.

– Ah, que nada. – Sorri bobamente – Agora é com você. Boa sorte.

Desci da mesa e passei o microfone para ela, além do suporte para encaixá-lo.

Enquanto eu era parabenizada pelos meus amigos, Blake ajeitava a alça que sustentava seu violão e se preparava para cantar. Bolin já estava pronto na bateria e Flynt já havia subido com seu baixo na mesa da Weiss, ignorando as reclamações da mesma.

– Oi. Meu nome é Blake... esses são Flynt e Bolin. – Apontou – E essa música é um protesto contra a violência nas escolas. Espero que gostem.

Os três trocaram olhares antes do Bolin bater suas baquetas uma contra a outra e dar início, junto com a Blake e o Flynt, à música Pumped Up Kicks do Foster The People. Conforme mais eles se aventuravam nela, mais o refeitório enchia e mais as pessoas se aproximavam deles. Era praticamente como um show de verdade. Pois, para quem acabou de se conhecer, Blake, Flynt e Bolin se saíram muito bem como uma banda improvisada.

– Yang! Yang Xiao Long!

Revirei os olhos quando escutei a voz da Weiss me chamando. Ela tentava se aproximar enquanto se espremia entre os estudantes.

– O que é?

– Você ficou doida ou o quê!? Sabia que essa música faz apologia à violência? Acabe com isso agora!

– Não é apologia, é uma crítica. – Ruby e eu corrigimos.

– Que seja, isso não lhe dá o direito de fazer algazarra no colégio do meu pai! – Retrucou, mas eu apenas a ignorei – Ah, não vai me escutar não, é? Tudo bem, estou indo chamar o Ozpin agora.

– Weiss, por favor, não faça isso.

Minha irmã pediu de um jeito calmo e, por incrível que pareça, isso foi o suficiente para fazer a patricinha ficar na dela e desistir de nos dedurar.

Mesmo estranhando, apenas agradeci internamente por aquilo e continuei assistindo o protesto, que seguiu sem a interferência de ninguém. A voz da Blake, e também de muitos que acompanhavam a letra, ecoava livremente pelo refeitório. Para qualquer lado que eu olhasse tinha gente cantando, pulando e dançando.

Provavelmente eu era a única que estava parada olhando feito uma boba para a Blake.

Essa garota tem algo especial que me prende. Mais uma vez eu fiquei maravilhada, assim como naquela noite que ela cantou no bar do meu tio. E, mais uma vez, eu mantive meus olhos cravados nela.

Até o final da música.

– Ela nem é tão boa assim.

Weiss fez pouco caso, no entanto, os demais diziam o oposto disso.

Todos gritavam o nome da Blake. E a garota não se intimidou em descer da mesa para ser recebida pelos amigos num grande abraço em grupo. Em contra parte, eu não me juntei a eles, me limitei somente em continuar a admirando. Mas bastou nossos olhares se cruzarem para a Blake correr na minha direção e eu a acolher num abraço protetor.

– Você foi incrível. – Falei, me deixando ser preenchida pela calma dela. Aquela calma que me acalma – Simplesmente incrível.

– Obrigada. – Ela agradeceu escondendo o rosto na curva do meu pescoço.

Eu me senti tão em paz naquele momento que a minha vontade era de não soltar a Blake por nada nesse mundo. E eu continuaria nos braços dela durante um bom tempo, se o Sun não aparecesse para tirá-la de mim.

– Parabéns! – Ele a abraçou e ela retribuiu, um pouco sem jeito.

Senti uma pontada no coração ao ver aquilo, mas procurei disfarçar meu incômodo. Afinal, estavam todos tão felizes e tudo acabou tão bem.

Nem mesmo quando o Ozpin apareceu aquilo teve um final trágico. Para a minha surpresa, o homem nos disse que acompanhou tudo desde o início e que ficou muito orgulhoso com o que viu. Como se não bastasse, ele ainda nos parabenizou pela causa. Ou seja, além de eu conseguir organizar um bom protesto, ninguém foi parar na direção.

Muito menos eu.

Chupa, Sun!

– Não dá pra acreditar que deu tudo certo. – Blake comentou, me entregando mais cabos para eu enrolar – Eu já estava me preparando para minha primeira advertência.

– E eu para a minha, sei lá... milionésima. – Concluí fazendo ela soltar uma risada.

Blake e eu nos encontrávamos sozinhas na sala de música.

Se por um lado o diretor decidiu fazer vista grossa, por outro a Glynda nos obrigou a limpar a bagunça e a guardar os instrumentos que usamos. Pelo menos com a ajuda da minha irmã e dos meus amigos fizemos isso bem mais rápido.

– Droga, o Jaune acabou de sair daqui e eu esqueci de falar pra ele trazer os adaptadores. – Ela observou – Vou no refeitório buscar, já volto.

– Espera! – Falei a segurando pela mão antes que saísse – Eu preciso te falar uma coisa.

Eu sabia que aquela era uma boa hora para falar com a Blake. Mas a partir do momento em que ela se virou para mim, eu me vi refém do seu olhar e as palavras simplesmente não saíram.

– Yang... – Ela chamou, me trazendo de volta à realidade – O que você tem pra me dizer?

– E-Eu queria te pedir desculpa por não ter te dado uma resposta naquele dia e também por ter levado tanto tempo pra falar com você sobre isso.

– Deixa isso pra lá.

– Não, eu quero esclarecer tudo. – Falei firme – É que, Blake, naquele dia você me pegou de surpresa, sabe? Eu não estava esperando.

– Tudo bem, eu errei em exigir algo de você naquele momento. Nós não temos nada e eu não tinha que ter perguntado aquilo.

Notei que, ao dizer o que disse, Blake passou a encarar um ponto qualquer de forma pensativa. Então eu me aproximei e segurei o rosto dela com ambas as mãos, fazendo a voltar para mim.

– Apesar de não termos nada, eu quero que você fique ciente de que nunca foi apenas mais uma pra mim. – Admiti, olhando fundo em seus olhos – E, mesmo que não tenhamos nada. – Cheguei mais perto – Eu gostaria muito que tivéssemos alguma coisa, porque... sério, eu não consigo parar de pensar em você.

A garota tentou inutilmente esconder um sorriso e eu não resisti em capturar os lábios dela.

Blake não me rejeitou, como pensei que faria, ela apenas me beijou calmamente e a saudade me fez correspondê-la da melhor maneira que pude. Eu havia provado daqueles lábios somente uma vez, mas isso já havia sido o suficiente para me fazer viciar neles. Era como se houvesse algo dentro de mim suplicando por mais dela.

Eu poderia beijá-la o dia todo.

– Nas primeiras semanas eu jurei que faria qualquer coisa pra me manter longe de você. – Ela parou o beijo e confessou, descansando a testa na minha – Mas, pelo visto, eu quebrei a cara porque eu não consigo parar de pensar em você também.

Naquele momento nada no mundo me faria sorrir tanto quanto as palavras da Blake me fizeram. Beijei ela mais uma vez, depois outra vez e assim mais uma vez mais, até acabar enchendo o rosto dela com beijinhos.

– Yang... – Ela repreendeu minha empolgação, num tom mais risonho do que autoritário – Ainda vamos ter muito tempo pra isso, mas agora precisamos ajudar o pessoal, ok?

– Ok. – Concordei com um falso desânimo e ela riu.

Blake selou rapidamente meus lábios antes de se afastar e eu fiquei a observando até ela sair da sala. Eu mal conseguia acreditar no que aconteceu.

Minha vontade era de sair gritando por aí, de tão feliz que eu estava.

Porém, ao invés disso, tive que voltar para o que eu estava fazendo. Continuei enrolando os cabos e, quando me virei para trás, dei de cara com o Sun.

– Caralho, que susto!

– Posso falar com você? Em particular?

O humor dele não era um dos melhores e tudo indicava que não era uma boa ideia ficar a sós com alguém cuja cara era de quem está prestes a cometer um assassinato. Mas mesmo assim eu aceitei.

– E então...? – Indaguei de braços cruzados.

Ainda sem dizer nada, Sun fechou a porta atrás de si e se postou na minha frente, com uma mão estendida.

Ele nos viu.

– Parabéns. – Ele disse – Você ganhou.

– Eu não vou apertar a sua mão, a Blake não é um troféu.

– Eu sei, não me referi a isso. Me referi ao fato de você ter conseguido fazer a cabeça dela.

– Eu não fiz a cabeça de ninguém.

– Ah, você fez sim. – Insistiu – Se lembra da história da novata que caiu na lábia do veterano de segundas intenções?

"A única diferença é que dessa vez a novata não é você"


Notas Finais


Gente, eu preciso perguntar uma coisa a vocês.
O que vocês acham do tamanho dos capítulos?
Preferem que eles fiquem numa média de 2.000 e poucas palavras ou não tem problema se forem grandes?
Se puderem me ajudar dando uma opinião, eu agradeço. C;

Link da música foderosa do Foster: https://youtu.be/h8msfnimMf0
Até \(^w^ \)




~capítulo revisado e editado por Leone (YuzuKitsune)


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...