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História Todas As Suas Cores - Weiss Schnee nunca está sozinha.


Escrita por: JJ-

Notas do Autor


Gente, quem disse que eu abandonei essa fanfic?
Eu tava lavando o cabelo kkkkk

Enfim... Atenção aos "obs":
Obs1: Explicações lá em baixo!
Obs2: Boa leitura!

Capítulo 17 - Weiss Schnee nunca está sozinha.


[Weiss]

 

 

Se tem uma coisa em que eu sou boa, é em "fingir". Meu pai exigia que eu zelasse pela minha imagem, pois, como neta do fundador e filha do atual dono do colégio, cabia a mim ser forte e imponente.

Ou ao menos parecer.

Foi preciso fingir estar bem enquanto presenciava minha mãe se afundar em antidepressivos. Foi preciso fingir não me sentir abandonada quando a minha irmã foi embora. E foi preciso fingir que não me sentia sozinha quando fui deixada para ser criada pelas babás.

Com o tempo eu me tornei quase que uma especialista, me acostumei em esconder toda a minha tristeza e fraqueza atrás do meu sorriso. E, sendo assim, não importava como eu estava de verdade e não importava como eu me sentia por dentro. Eu era aquela que todos admiravam, aquela que todos almejavam ser. Eu era chamada para as melhores festas, eu tinha os mais leais amigos e o melhor namorado.

Estes quase tão bons fingidores quanto eu.

Contudo, o fato era que eu nunca me senti bem em "fingir". Foi somente a partir daquela época que eu acabei tomando gosto pela coisa.

.

.

.

– Weiss... Weiss. Weiss! – Yang chamava o meu nome ao tempo em que agitava uma das mãos na frente do meu rosto.

Me despertei dos meus pensamentos e a atendi com um "Oi?" confuso.

Ela sorriu – Por quanto tempo ainda pretende ficar aí distraída, princesa? Vamos logo.

– Foi mal, senhorita popular... fiquei entediada tendo que esperar você terminar de atender cada amiguinho que te chama. – Rebati e ela riu alto.

Andar no refeitório naquele horário era um verdadeiro inferno. Ao invés dos estudantes ficarem quietos em seus devidos lugares, eles ficavam perambulando de um lado para o outro, atrapalhando a passagem dos demais. Era quase impossível avançar sem esbarrar em alguém. E eu não estava a fim de sujar meu uniforme.

Foi então que, no mesmo instante, Yang tratou de segurar minha mão para me levar até a nossa mesa, onde a Nebula e a Pyrrha já estavam. Não era uma boa ideia ficar ali naquele momento, mas, mesmo receosa, me deixei ser guiada até lá.

– Esse refeitório tá um caos! – Yang resmungou quando nos juntamos a elas.

– Por que vocês não fazem que nem a gente e chegam mais cedo? – Pyrrha perguntou.

– Nós íamos fazer isso, mas a Cinder me barrou e a Weiss ficou me esperando. – Suspirou com cansaço – Cara, ela me deu a maior bronca, eu simplesmente estou ferrada em matemática.

– Eu te ajudaria, mas nem sei como consegui passar nessa matéria. – Nebula riu. Nossos olhares se cruzaram e ela rapidamente desviou o dela, voltando a beber seu suco.

Eu sabia, ela está me evitando.

– Olha, eu posso te ajudar. Se eu me organizar direitinho, posso...

– Melhor não, Pyrrha. – Yang negou tristonha – Você anda muito ocupada, ainda mais agora que está querendo se candidatar para presidente do conselho estudantil no ano que vem.

– Então deixa que eu te ajudo. – Me pronunciei – Tenho tempo de sobra, não vai ter problema.

A loira me agarrou de surpresa. Ela começou a encher meu rosto com beijos e eu fui o sentindo esquentar gradativamente – Poxa, valeu, Weiss. Você é dez!

– Tá, tá bom, Xiao Long, chega. Já tem uma garota nos olhando estranho.

– Quem? – Ela me largou para olhar a garota sentada sozinha na mesa ao lado – Ah, eu acho que conheço ela.

– Ela é a menina nova da nossa sala. – Pyrrha comentou – Me disseram que ela gosta de ficar sozinha, mas bem que podíamos chamá-la para sentar com a gente, né?

– Eu faço isso. – Nebula se levantou – Sou ótima em convencer pessoas a se enturmarem.

– E depois a miss popularidade sou eu...

A mais velha mostrou a língua para a Yang antes de se dirigir com um sorriso carismático até a notava. Me doeu um pouco ver o quanto ela estava indiferente comigo.

– Está tudo bem com você, Weiss? – Pyrrha me olhou com um ar de preocupação – Você me parece meio, sei lá... desanimada.

– Verdade. Você está um pouco estranha hoje, Ice Queen. – Yang acrescentou.

– Que isso, gente, não tem nada de errado comigo. Eu estou bem.

Não, eu não estava e elas perceberam isso. Mas meu sorriso ajudou a acabar com quaisquer suspeitas. Como sempre. Precisei continuar com ele quando a Nebula voltou com a novata. Ela nos apresentou à Dew e tratamos de puxar papo com a garota.

Por mais que eu tentasse, era evidente que minha cabeça não estava ali. Para se ter uma ideia, meu nível de distração estava tão alto que, diferente do usual, eu não havia pensado no Neptune nenhuma vez. Só notei que ele não estava ali quando ele deu as caras junto de um garoto que, até então, eu não conhecia.

– Gente, esse é o Sun. – Ele disse animado – Sun, essas são as garotas que eu te falei: Weiss, Yang, Pyrrha, Nebula e, ah... você eu não conheço.

– Dew. É que eu acabei de chegar.

– Poxa, que coincidência. Eu também. – O novato sorriu pra ela, coisa que deixou a garota bem vermelha – Prazer em conhecer vocês, meninas.

– Igualmente. – Respondemos em uníssono.

Sun manteve um sorriso largo ao se sentar conosco e Neptune, que mesmo vindo me cumprimentar com um beijo na testa, escolheu sentar ao lado dele.

– Então, gente, é verdade o que o Neptune me disse? Estamos todos na mesma sala?

– Mais ou menos, Sun, a Nebula está um ano à frente. – Pyrrha observou.

Todos se puseram a conversar e, dessa vez, eu optei em me acomodar em meu silêncio. Ser ignorada pelo Neptune já era normal pra mim, mas ser ignorada por ela era demais.

Nebula e eu nos tornamos amigas rapidamente e com isso passamos a andar sempre juntas. Foi graças a ela que me tornei algo além de uma mera sombra do meu pai e foi graças a ela que eu conheci a Yang, a Pyrrha e boa parte dos meus outros amigos. Eu estava tão deslumbrada em relação a sua amizade que não percebi que meu mundo foi lentamente orbitando em torno dela. Qualquer desentendimento que tínhamos, como o de ontem, por exemplo, me afetava a ponto de me deixar sem ter o que fazer.

Por isso optei em fingir que não me abalava. Porém, fui tola demais para perceber que, quanto mais eu fingia, mais a nossa relação ia se deteriorando.

– Vou embora. – Me levantei depois de um tempo. Já até havia terminado minha refeição.

– Mas já? – Pyrrha estranhou.

– Sim, eu tenho que resolver umas coisinhas. – Forcei de novo aquele sorriso – Vejo vocês depois.

Tirando o Neptune e a Nebula, todos protestaram contra a minha repentina saída. O primeiro estava ocupado demais, com o seu novo amigo, para se importar e a segunda apenas me lançou um sorriso triste, mas não me impediu.

Provavelmente esse era o jeito dela punir.

Atravessei o refeitório e saí do prédio principal, indo direto para o pátio. Não demorou muito para ouvir a Yang gritando o meu nome. A idiota veio atrás de mim e eu só me virei quando ela me chamou pela terceira vez.

– Pra onde você está indo?

– Para o dormitório.

– Aconteceu alguma coisa? Você está realmente bem?

– Estou.

Afirmei cruzando os braços, como se estivesse erguendo uma barreira invisível. Aquela foi a deixa para a Yang se aproximar com um sorriso terno. Ela colocou os braços ao meu redor e eu me aconcheguei neles. Por um momento eu me senti um pouco melhor.

– Você não está bem mesmo, né? Nunca aceitou um carinho meu em público. – Ela riu, me fazendo soltar uma risada também – Ei... sabe que pode contar comigo, não sabe?

Olhando para trás agora eu poderia listar uma série de razões para eu ter me afastado. A principal delas foi eu ter colocado na cabeça que eu era uma Schnee e que não precisava de ninguém. Foi a partir daí que eu mudei meu comportamento e tudo mudou em função disso.

Eu queria ter previsto as consequências das minhas escolhas. Queria não ter dado as costas à Yang quando ela se magoou com aquele cara. Queria não ter perdido tanto tempo implicando com a relação do Neptune e do Sun. Queria não ter competido contra a Pyrrha para ser presidente do conselho estudantil, pelo menos não só por implicância.

E principalmente queria não ter feito "aquilo" com a Nebula.

Há um monte de coisas que eu não queria ter feito e, talvez, se eu as fizesse diferente, não estaria me sentindo tão sozinha como estou agora.

.

.

.

– Está acontecendo de novo. – Suspirei enquanto olhava as fotos que tirei com a Ruby no dia do parque. Parei justamente na que estávamos com o urso polar que ganhei pra ela.

É difícil de acreditar que naquele dia estávamos tão bem e hoje estamos tão... assim. Distantes. Eu poderia até continuar insistindo na ideia de que foi por causa do beijo, mas eu já pedi desculpas e ela disse que está tudo bem. Então está tudo bem? Não é?

Ok.

Quem eu estou querendo enganar?

Tá na cara que nada está bem.

Deixei meu celular de lado e me encolhi sobre a minha cama, abraçando minhas pernas e me pondo a encarar o vazio. O silêncio que se fazia presente no quarto foi desfeito quando meu telefone vibrou. Voltei a pegá-lo com desinteresse e vi que tinha outra mensagem do Neptune.

Ele já havia me perguntado se meu pai estava em casa e, como eu respondi que não, agora ele avisava que ia trazer alguns dos nossos amigos aqui. Provavelmente apenas a nossa costumeira rodinha de amigos.

Digitei um "ok" e me levantei da cama para tomar banho. Assim que fiquei pronta, depois de escolher uma roupa confortável e de pentear meu cabelo, fui até o jardim da casa para avisar a minha mãe.

– Mãe, chamei uns amigos pra vir aqui hoje, tudo bem?

– Claro, tudo bem, filha.

Ela sorriu sem retirar os olhos da tela. Estava pintando um retrato do Klein, nosso mordomo, que tentava ao máximo permanecer imóvel na cadeira à nossa frente – O que acha? – Se afastou um pouco para eu ver – Está ficando bom?

Observei a pintura. Era um retrato de diversos "Klein"s, todos com os olhos de cores diferentes – Está ficando ótimo, capturou bem a personalidade dele. – Brinquei e ela me respondeu com um largo sorriso.

Nesse momento a campainha tocou e Klein ameaçou se levantar para atender, mas minha mãe o impediu.

– Não, não, não, não... não se mexa.

– Mas, senhora, todos os empregados estão de folga hoje, se eu não...

– Nem pense nisso, Klein.

– Deixa que eu atendo. – Me prontifiquei rindo.

Me dirigi até o painel de acesso da casa e digitei a senha para abrir o portão da frente. Lá, para o meu descontentamento, me deparei com mais pessoas do que eu estava esperando.

– E aí, linda? – Neptune me cumprimentou com um selinho.

– Que monte de gente é essa?

– Meus amigos, ué, você disse que estava tudo bem.

– Tudo bem trazer os NOSSOS amigos e não o time de futebol inteiro. – Exclamei vendo todos passarem animados por mim – Neptune... tem gente aqui que eu nunca vi na vida.

– Relaxa, são de confiança.

Ele sabia que eu estava irritada, mas ignorou. Como sempre. O garoto guiou o enorme grupo para dentro da minha casa e eu, sem ter escolha, segui com ele. Apesar de ter permitido que eles ligassem o som e tomassem conta da sala de estar, fiquei em alerta para nada sair do controle.

– Não toca nisso, por favor. – Pedi afastando a mão de um garoto de um dos vasos chineses do meu pai – Foi mais caro que a sua casa.

– Bela festa. – Emerald comentou ao se aproximar com o Mercury – Não tem nenhum solteiro bonito, mas dá pro gasto.

– Ei! Eu tô solteiro e sou bonito.

– Legal, Merc. Uma pena que só você e sua mãe acha.

– Gente, isso não é uma festa. – Retomei o assunto – O Neptune me enganou.

Os dois riram e eu olhei atentamente para o copo de plástico vermelho que a Emerald estava segurando. Antes que ela tomasse mais um gole do "seja lá o que era aquilo", o tirei das mãos dela para cheirar o conteúdo.

– Isso é bebida alcoólica?

– Você quer também? Neptune trouxe um cooler cheio. – Mercury apontou.

Meu olhar foi de encontro ao garoto de cabelos azuis. Ele estava jogando sinuca com o Scarlet e o Sage. Porém, notei que ele não estava prestando atenção no jogo. Estava mais preocupado em terminar sua cerveja e observar o Sun conversando com a Dew.

– Não acredito que você trouxe bebida alcoólica pra minha casa. Tá ficando louco? – Reclamei me pondo de braços cruzados entre ele e a mesa de sinuca. Os outros dois pararam de jogar para acompanhar nossa possível discussão.

– Calma, Weiss. – Neptune rebateu com um nítido cansaço na voz – Eu precisei comprar algumas bebidas pra galera se sentir bem.

– E eu, Neptune? E eu? Pensou em como eu ia me sentir? Ou melhor, já chegou a se preocupar comigo alguma vez?

– Meu Deus! Você só reclama. Reclama dizendo que não te dou atenção e quando dou você reclama também.

– Acho que você precisa rever o seu conceito de "dar atenção".

– Olha, eu não quero discutir, ok? – Falou sem paciência – Vocês mulheres ficam mais chatas quando estão na TPM e aposto que é por isso que você está assim hoje. Você quer que eu vá embora?

Por que só agora eu percebi que o Neptune sempre me pergunta isso quando discutimos? Em todas as vezes eu respondo não, motivada pelo meu medo de acabar sozinha. Talvez até seja exatamente por isso que ele pergunta, pois sabe qual vai ser a resposta. Só que dessa vez eu pensei em dizer algo diferente.

Mesmo que por um segundo.

– Não... eu não quero que você vá.

– Então não enche o saco e curte a festa, beleza? Depois vem e me agradece.

Finalizando com um meio sorriso, Neptune me deu as costas e voltou para o jogo, se preparando para dar sua tacada. Sage e Scarlet ainda continuavam me olhando, como se sentissem pena de mim, mas recompus a postura e saí de perto deles.

– Hey, Weiss! – Octavia chamou quando passei por ela – Sua campainha tocou, tipo... há uns dois minutos.

Fui até a janela, na qual ela estava encostada, e vi que o portão já havia sido aberto pela minha mãe. A mulher ficou surpresa vendo mais e mais pessoas chegarem e, no meio delas, um carro familiar adentrou com cuidado a mansão dos meus pais.

Era o tio da Ruby.

– Ai, não... esqueci que hoje é dia de visita dela. – Murmurei.

– Amiga, sem querer ser fofoqueira, mas já sendo... – Gwen indagou do meu lado – Eu vi um casal subindo as escadas. Provavelmente foram fazer uma festinha particular.

– Merda.

Primeiro tive que ir correndo para o andar de cima expulsar quem quer que estivesse lá e só depois pude ir até o lado de fora, ao encontro da minha mãe. Ela estava conversando com o Qrow e a Ruby, que ficou um pouco sem jeito ao me ver.

– ...Mas é sério, professora, eu já falei que a senhora continua maravilhosa?

– Sim, Qrow, você diz isso toda vez que traz a Ruby aqui. – Ela riu com o elogio dele – E apesar de eu já ter te falado para não me chamar mais de professora, eu agradeço o elogio.

– Desculpa, força do hábito. – Deu de ombros – Enfim, eu não sabia que vocês estavam dando uma festa.

– Ah, são só os amigos da Weiss. Ela pediu se podia trazer alguns, só não achei que fossem tantos. – Explicou me deixando sem graça – Aliás, Ruby, querida, sinto muito. Com esse barulho todo, não poderei te dar aulas hoje.

– Tudo bem. Não se preocupe com isso.

– Então ok. – Sorriu – Bom, já que estão aqui, o que acham de ficar e se juntar à "festa"?

– Opa! Só se for agora, festa é comigo mesmo. – Qrow comemorou.

– Pois muito bem. A Ruby pode ficar com a Weiss e você pode fica com o Klein e eu. Acabei de terminar uma pintura e pedi a ele para preparar um chá.

– Nossa... chá. – Ele sorriu amarelo – Eu adoro chá.

– Ótimo! Weiss, cuide para que nenhum dos seus amigos consuma bebida alcoólica. Ok?

Tarde demais.

– Ah... ok.

– Certo. Vamos, Qrow?

– Vamos!

Ele ofereceu o braço à minha mãe e juntos seguiram para o jardim. Acabei ficando sozinha com a Ruby. Era estranho, bem estranho. Estava evidente o quanto ela se sentia desconfortável com a minha presença. A todo momento tomava cuidado para não olhar em meus olhos.

– Oi. – Me cumprimentou ainda sem de fato me olhar – E-Está tudo bem com você?

– Sim. Estou ótima. Melhor do que nunca. – Afirmei dando "aquele sorriso" que pareceu convencê-la. Depois voltei minha atenção para a camisa dela. Ela havia voltado com o estilo de antes – Gorillaz... legal.

– V-Valeu.

– Vou voltar pra "festa". – Fiz aspas – Se quiser vir comigo...

Voltei para dentro acompanhada pela Ruby e logo o Sun, que ainda estava papeando com a Dew, abandonou a garota para receber a Ruby com um grande abraço. Deixei os dois conversando e fui até a loira que fora deixada sozinha.

– Acho que fui trocada. – Dew comentou quando me sentei ao lado dela.

– Você não me parece nem um pouco chateada com isso. É porque o Sun tá aqui?

– Também. – Confessou – Aconteceu uma coisa.

– O que?

– Sabe aquele dia que a Yang organizou aquele protesto?

– Sei.

– Então. Eu estava voltando pro dormitório e encontrei ele sentado sozinho no banco, parecia triste.

– E aí?

– E aí que eu resolvi ficar um pouco com ele. Pra tentar animá-lo, sabe? Então a gente conversou um pouco e depois… ficamos.

– Hm. Só isso?

– Como assim "só isso"? Você sabe que eu sou louca por ele.

– E você sabe que ele só te beijou por causa da Blake, né? Provavelmente ela tá tendo algo com a Yang e ele ficou com ciúmes.

– Nossa, Weiss, obrigada por estragar tudo. – Bufou cruzando os braços.

– Só estou sendo realista. Se quiser se iludir, o problema é seu.

– Merda, você tem razão. – Admitiu irritada – Toda vez que o Sun fica comigo tem a ver com essa garota. Igual na noite que ele ficou bêbado naquela festa por causa dela.

Odeio essa história.

– Pois é.

– Foi a primeira vez que a gente tinha ficado, e como se não bastasse que ele tivesse bêbado, no final da festa ainda pegamos ele e o Neptune se beijan...

– Não foi bem assim. – Cortei – A culpa é do Sun. Ele arrumou confusão com alguns caras e o Neptune, como bom amigo que é, o levou para o lado de fora pra esfriar a cabeça. O Sun que deu uma de louco e beijou ele.

– Mas o Neptune correspondeu. Lembra? Vocês até terminaram por causa disso.

– Aff, eles estavam bêbados. Podemos, por favor, mudar de assunto?

– Certo, certo. – Ela desistiu rindo – Então me conta. O que o Neptune aprontou com você dessa vez?

– Como assim?

– Você está com aquela cara e toda vez que você fica com essa cara é porque o Neptune fez alguma coisa. – Concluiu – É por causa dessa festa?

– Não... quer dizer, também, mas eu não estou assim por causa dele.

– O que foi então?

– É a Ruby... – Desviei o olhar para a garota. Agora ela também conversava com o Sage e o Scarlet.

– Ruby? – Dew franziu o cenho – O que ela fez?

– Ela tem andado meio estranha.

– Weiss, a Ruby é estranha. – Riu – Só ficou menos estranha depois que você a deixou bonita.

– Eu apenas dei um upgrade no visual, ela já era bonita.

– Bom, isso é verdade. Só não entendi o que há de estranho nisso.

– Você não percebeu? Ela se distanciou, até parou de sentar na nossa mesa. – Justifiquei – E você sabe que pelo menos dois dias da semana ela sentava com a gente.

– Caramba, é mesmo... bem lembrado. O que aconteceu?

– Sei lá. Ela nem pergunta mais como foi o meu dia, parou de ir aos meus treinos, devolveu todas as roupas que eu dei pra ela...

– Uou.

– Pois é. E olha que eu ainda não te falei o pior. Ela passou a demorar pra responder as minhas mensagens, isso quando responde.

– Ah, provavelmente ela está te traindo.

– Talvez... – Suspirei, mas logo franzi as sobrancelhas – Espera... o que?

– É normal, costuma acontecer muito no primeiro ano do casamento.

– Você está brincando, né? – Perguntei e ela riu alto.

– Lógico que estou e eu espero que você também, porque eu não entendo o motivo de toda essa preocupação. Se a Ruby fosse um cara...

Dew negou com a cabeça e bebeu o restante do conteúdo do seu copo vermelho. Depois se pôs a me observar, como se ainda estivesse esperando uma confirmação minha.

– O que foi? É claro que eu estou brincando. – Ri também – Quero dizer, a idiota realmente se afastou, mas, enfim, dane-se.

– Ah, bem... já estava começando a me assustar. Você é a única das minhas amigas que é realmente hétero.

– Deixa de ser idiota. – Revirei os olhos e me levantei – Vou atrás do Neptune, não tô vendo ele.

– Ok. Se achar ele com outra garota de novo, me chama. Te ajudo a bater dessa vez.

Sorri para a Dew e saí da sala de estar. Porém, eu não estava indo atrás do Neptune, estava seguindo para um lugar afastado onde houvesse menos barulho. Queria ficar sozinha.

Acabei por me "esconder" na sala onde ficava o piano que ganhei da minha mãe e após fechar a porta atrás de mim, caminhei até ele e me sentei. Com suavidade ergui a tampa que cobria as teclas e as senti com as pontas dos meus dedos, fazia tempo que eu não tocava, então fechei os olhos e me permiti reviver algumas notas. Quando estava entretida me assustei com o barulho de algo caindo.

– A-Ah... foi mal. – Ruby falou nervosa tentando colocar o quadro que derrubou no lugar. Nem notei quando ela entrou – Eu estava indo para o banheiro, nem sei como vim parar aqui. Sua casa é tão grande.

– Tudo bem. – Voltei a me virar para frente – O banheiro fica no corredor à esquerda.

– Valeu.

Eu esperava que a Ruby fosse embora depois disso, mas não. Ela continuou ali me encarando. 

– Quer saber? Eu menti. Não estava procurando o banheiro, estava procurando você. – Confessou – Vi você saindo da sala e queria saber se estava tudo bem.

– Acho que já te respondi essa pergunta hoje, eu estou ótima.

– Mas não parece. – Rebateu e eu fiquei calada – Weiss... seja lá o que estiver acontecendo e se tiver se sentindo sozinha, pode contar comigo. Eu estou aqui.

Se fosse em outra ocasião, eu teria ficado feliz por ouvir aquilo, mas não naquele momento. A única coisa que senti com aquelas palavras foi apenas um incômodo enorme. Tal que me fez levantar e caminhar lentamente ao encontro dela.

– Parou de ir me ver, praticamente passou a ignorar a maioria das minhas mensagens e está totalmente indiferente comigo. – A coloquei contra parede. Em ambos os sentidos – Tem certeza de que está aqui, Rose?

– E-Eu posso explicar, é complicado.

– Não quero suas explicações. Se quer se afastar de mim, que seja, eu não ligo. E, ah, mais uma coisa… – Cheguei mais perto – Não se engane, Rose. Weiss Schnee nunca está sozinha.

Dei as costas a ela e saí daquela sala, voltando para onde todos estavam. Lá, aumentei o volume do som e fingi curtir a festa, até fiz questão de ficar perto do Neptune e fingi que não estava com raiva dele. Eu queria mostrar a ela que não precisava dela, queria mostrar a ela que não precisava de ninguém.

No entanto, Ruby não desistiu de mim. Passou praticamente a festa toda me observando e só esperou o momento certo para se aproximar. Este no qual eu me encontrava sozinha na cozinha.

– Weiss, podemos conversar melhor?

– Não tenho mais nada pra falar com você.

– Então, por favor, me escute. – Ela me segurou pelo pulso. Com gentileza e cuidado – Eu sinto muito por tudo o que causei, eu não deveria ter me afastado assim.

– Foi por causa do beijo?

– Não, o problema não é esse, Weiss. – Sorriu fraco – O problema sou eu. Eu estava confusa com uma coisa, precisava de um tempo.

– E a melhor coisa que você pensou em fazer foi se afastar de mim? – Questionei chateada – Poxa, Ruby. Eu posso até parecer egoísta por cobrar isso, mas você prometeu que não ia me deixar.

– Eu sei, não estou te deixando. Eu tomei uma atitude precipitada e não vi o quanto estava magoando você. Me desculpe.

Sem nada para acrescentar, mordi o lábio, tentando conter minha apreensão. Em resposta, Ruby sorriu de um jeito descontraído e levou a mão até a minha bochecha, a acariciando.

– Weiss... – Ela pronunciou meu nome tão baixo que eu mal pude ouvir – Acho que finalmente entendi porque você sorri daquele jeito. Você não precisa fingir que está tudo bem. Não pra mim.

A encarei por alguns milésimos de segundos antes de desistir de todas as minhas barreiras para abraçá-la forte. Eu nunca vou me perdoar por ceder tão facilmente, mas o que eu posso fazer?

Eu senti a falta dela.

– Isso não significa que eu te perdoei, sua idiota.

– Tudo bem. – Ela riu – Estou feliz somente por isso.

Ficamos abraçadas por alguns instantes e ao nos afastarmos lentamente nossos rostos acabaram ficando próximos. Eu sabia o que estava prestes a acontecer quando vi a Ruby encarando a minha boca e não fiz nada para impedir quando ela capturou os meus lábios. Pois, de alguma forma, eu já havia me acostumado com os seus selinhos bobos.

Entretanto, eu sempre tive curiosidade em saber porque ela nunca se permitiu ir além daquilo. E foi exatamente essa minha maldita curiosidade que me fez impedir que aquele simples beijo tivesse o mesmo desfecho que os outros. Repousei a mão atrás da nuca dela e a fiz ficar antes que se afastasse novamente.

Eu queria mais.

E no exato momento em que estávamos prestes a nos aventurar nesse "mais", ouvimos uma voz grave ecoar na cozinha.

– Vou pegar algumas coisas aqui, já volto.

Era o Neptune, ou melhor, por enquanto só a voz dele. Quando ele de fato apareceu já estávamos bem longe uma da outra. E, não, ele não tinha nos visto. Mas eu ainda estava assustada.

Onde eu estava com a cabeça e o que estava prestes a fazer?

– Por que está com essa cara, Weiss? – O garoto riu, se dirigindo para a geladeira – Aconteceu alguma coisa?

– Não. – Neguei rapidamente – Não aconteceu nada, só estávamos... conversando.

– Hm. E pelo visto a conversa de vocês estava boa. Até esqueceu de trazer os gelos que te pedi.

– Desculpa.

Abaixei a cabeça e olhei de esguelha para a Ruby. A princípio ela estava no mesmo estado que eu e só depois adotou um semblante mais sério, pronta para deixar a cozinha.

– Ruby. – Sussurrei antes que ela saísse. – O que você vai fazer?

– Uma coisa idiota.

Segui a garota com os olhos, vendo-a avançar em meio a todas aquelas pessoas dançando para, em seguida, desligar o som e subir em cima da mesa de centro. – Me desculpem. – Disse – Mas a festa acabou.

Todos ficaram surpresos e também um tanto confusos com a declaração, inclusive eu.

– Qual é a dessa garota retardada? O que ela está aprontando? – Neptune parou atrás de mim.

– Ei, Ruby Rose, o que está fazendo? – Emerald estranhou – Liga a música de novo e desce daí.

– Pois é, Ruby, você interrompeu a minha música preferida na melhor parte.

Mesmo após a Octavia choramingar, gerando consigo uma chuva de reclamações vinda dos demais, Ruby se manteve firme.

– Não posso. É melhor vocês saírem.

– Até parece. A única que vai sair aqui é você. – Neptune avisou irritado – Não é, Weiss?

Todos imediatamente olharam para mim, esperando que eu me pronunciasse diante da situação. Era nítido que eles queriam uma resposta minha para aquilo. E eu? Bom, eu já a tinha.

Há muito tempo.

– Sa... saíam da minha casa.

– O que? – Neptune me encarou incrédulo – Como assim?

– A festa acabou, Nep. – Repeti subindo onde a Ruby estava – Como a maioria de vocês sabem, eu sou a filha do dono do colégio. E o que a Ruby está tentando avisar é que o meu pai está chegando, então... a menos que queiram ganhar advertências, sugiro que deixem esse local.

Não precisei falar mais nada para todos saírem correndo como um bando de gatos assustados. Bom, quase todos, Neptune ainda estava ali.

– Não acredito que mentiu sobre seu pai estar chegando. Por que está fazendo isso comigo?

– Fazendo o que? Impondo a minha vontade? – Arqueei uma sobrancelha – Eu cansei de fazer tudo o que você quer. Agora eu vou fazer o que eu quero, e eu quero que você saia.

– Tudo bem. – Ele ergueu as mãos em desistência – Eu entendi, esse é mais um daqueles seus lances, não é? Você quer ficar sozinha.

– Não, Neptune, eu não quero ficar sozinha. – Rebati séria, levando calmamente minha mão até a mão da garota ao meu lado, a apertando – Eu quero ficar com a Ruby.

Minha confissão deixou os dois boquiabertos. Eu estava certa de que o Neptune iria surtar, tanto que esperei pela sua revolta, mas após poucos segundos, ele somente se conformou.

“No fim das contas você cumpriu a aposta, não é?”

Foi a pergunta que ele deixou no ar, ela ansiou por uma afirmação que nunca veio. Não da minha parte. Ruby ainda estava vermelha e eu não sei se pelo que eu disse ou pelo fato de eu ainda estar segurando a mão dela. Pelo que eu a conheço, provavelmente pelos dois.

– Como sabia? – Puxei assunto. A soltando e descendo da mesa.

– O que?

– Que eu estava louca pra dar um fim em toda essa bagunça?

– Ah... eu tenho duas respostas pra isso. Ou você tá ficando péssima em fingir, ou eu te conheço demais pro meu gosto. – Desceu também e parou na minha frente – Qual das duas é a certa?

– Bom, que tal as duas?

Ruby concordou com uma risada gostosa e eu fiquei em silêncio, observando seu sorriso inocente até a minha atenção ser direcionada para outra coisa.

– É aqui que tá rolando uma festa!? – Qrow entrou animado na sala de estar. Minha mãe e o Klein estavam com ele – Ué, cadê todo mundo?

– Foram embora. – Ruby avisou – A festa acabou.

– Como assim acabou? Olha quanta coisa ainda tem aqui. – Qrow sorriu enquanto recolhia algumas vasilhas na mesa – Sobrou salgadinho, nachos e… opa! Isso aqui é vodka.

– Não é não, é refrigerante de limão com energético. – Tentei disfarçar.

– Não tente me enganar, garota. Eu reconheceria uma gota de vodka no meio do oceano. Isso é vodka. – Ele disse convicto e minha mãe me encarou feio.

– Vamos ter uma conversa séria, mocinha. Depois que ajudarmos o Klein a limpar essa bagunça.

– Isso, vamos todos ajudar o Klein, mas antes...

Qrow ligou o rádio e o sintonizou em uma estação que tocava alguns hits dos anos setenta. Minha mãe não se conteve e começou a dançar junto com o tio da Ruby de um jeito brega. Até o Klein se juntou a eles e eu nunca senti tanta vergonha alheia na vida.

– Deus! Eu não sou obrigada a ver isso.

– Ah, até que é engraçado. – Ruby opinou – Admita.

– Ok, é realmente engraçado. – Ri. Ela continuou me olhando – O que foi? Quer me beijar de novo ou me chamar pra dançar?

Ela ficou totalmente vermelha, bem mais do que estava há alguns minutos atrás. Porém logo recuperou a postura e estendeu a mão para mim, me "tirando para dançar".

Pela primeira vez em muito tempo, eu estava me sentindo bem. E isso me fez tomar uma importante decisão: Dali em diante, eu não ia fingir. Nunca mais.
 


Notas Finais


Ok, vamos lá...

Eu vou ser bem direta, só tem apenas um motivo pra essa minha demora: Tempo.
Eu não tenho mais tanto tempo quanto antes e eu sou péssima em administrar o pouco que tenho. Eu tenho que priorizar certas coisas e com isso outras acabam ficando de lado, infelizmente coisas que eu amo fazer. Mas eu estou tentando. De verdade.
Eu sei o quanto esperar é desanimador, eu entendo. Mas as únicas coisas que eu posso garantir é que eu vou dar um jeito e eu não vou abandonar essa fanfic. Independente de qualquer coisa e independente de quantas pessoas estejam acompanhando essa história, seja uma ou nenhuma, eu ainda vou continuar aqui :D

O próximo capítulo será postado semana que vem. Sim, semana que vem e não ANO que vem kkkkkkkk (Tô rindo, mas é de nervoso)
Sério, vai sair lá pra sexta ou sábado. Até loguinho!




~capítulo revisado e editado por Leone (YuzuKitsune)


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