Já faz quase três semanas desde que conheci Juuzou, nos vemos bastante e fazemos várias coisas juntos. Parece que estamos indo bem pra quem se conheceu há pouco tempo.
Minha mãe estava trabalhando e já era noite desde que saí da casa de uma colega de classe.Estava preocupada,os assassinatos não paravam um minuto,cada vez mais e mais,era muito perigoso,mais sangue a cada dia. Juuzou comentou comigo sobre isso uma vez. Esses ghouls...Parecem que estão com mais fome a cada dia que se passa...e se um deles me pegar?
Senti meu celular vibrar no bolso de minha mochila,vi que era Juuzou me ligando.
- Alô? - Eu atendi calmamente.
- Olá! Sou eu, Juuzou. - Ele cantarolou.
- Oi, Juuzou (Cara,ele não sabe que tenho identificador de chamadas como todo celular?). Por que tá me ligando?
- Você me disse ontem que se você conseguisse tirar uma nota boa na prova de matemática nós iriamos na Casa dos Doces, lembra?
- Ah, sim.
- E então? - Ele perguntou empolgado
- Juuzou, não falta muito pra chegar na minha rua. Quando eu chegar em casa eu te falo com calma,ok?
- Ah,por favor! Eu quero ir tanto lá... - Ele fez uma pausa - Espera, você está na rua? Sozinha?
- Sim, mas relaxa, eu estou bem. Eu estava na casa de uma amiga da escola e eu tive que voltar sozinha. - respondi
- Então vá rápido. É perigoso demais sair por aí,sua doida. - Juuzou disse.
- ...
Eu senti algo passar atrás de mim, uma respiração quente atrás do meu pescoço.Fiquei totalmente paralisada de medo e terror,mal conseguia dizer uma palavra.
- Gaby-chan? Cara, você ta aí? Oi?
Minhas palavras foram cortadas com uma mão cobrindo minha boca e respirações quentes e ofegantes sobre meu pescoço.
Tentei me mover mas quando olhei pra frente, havia uma coisa estranha e pontuda e multicolor mirando no meio dos meus olhos. Eu estava tão assustada,coisa que eu não queria estar. Desse momento,eu mordi a mão dessa pessoa e ela me jogou contra a parede de tijolos do prédio ao lado.Ele me jogou com força o suficiente para me fazer cair no chão atordoada e sem saber o que estava acontecendo....eu vou morrer?
A figura estava chegando cada vez mais perto de mim,eu forcei minha visão embaçada para tentar saber quem era,ou o que era aquela pessoa.Pensei em correr mas era muito imprudente,e evidente que minha fuga iria falhar.
- Bem... hora do jantar! - a voz disse.
Quando finalmente vi era um homem, um ghoul, para ser mais exata. Seus olhos vermelhos e pretos penetravam minha alma e me paralisava cada vez mais.Tentei levantar mas aquela coisa que ele havia apontado pra mim,me acertou de raspão no lado esquerdo da minha barriga, fazendo sangue manchar a parede e minhas roupas. Eu gritei de dor.
- Saiba que comida não se mexe. Isso foi só um aviso. - o homem ghoul disse em um tom assustador.
Ele lançou aquela coisa pontuda na minha direção novamente, eu fechei meus olhos para não ver meu sangue sendo derramado de novo.Passaram-se alguns segundos e nada aconteceu,eu abri meus olhos um pouco e vi o home ghoul sangrando e grunhindo na minha frente,ele foi...machucado?
- Não se atreva a encostar nela! - disse uma voz cantarolando familiar.
Espera,essa voz...Juuzou! O que ele tá fazendo? Eu olhei em volta e vi Juuzou lutando contra aquele ghoul,ele parecia feliz...?Eu não podia fazer nada, apenas segurar minha ferida e assistir Juuzou esfaquear aquele cara dezenas-não,milhares de vezes sem parar! Aquilo parecia um show de horrores, nunca vi Juuzou fazer isso antes, eles estava rindo e cantarolando, como se fosse a coisa mais engraçada do mundo. Suas roupas e rosto estavam com respingos de sangue em quase todo lugar. Quando ele terminou seu "show", ele se virou pra mim e perguntou com um sorrisinho:
- Você tá bem?
Eu olhei pra ele com uma cara de "Não é meio óbvio?" e me viu segurando meu machucado. Permaneci em silêncio e fiquei encarando o corpo desmaiado do homem ghoul,em estado de choque.
- Ah, sobre isso... - ele começou.
- Obrigada.
- Huh?
- Obrigada por me salvar. - Eu disse com um sorriso forçado. Estava em choque pelo o que acabara de ver.
Ele deu um sorriso largo,me apoiou com o braço e começamos a andar em direção à minha casa.
- Gaby-chan. - ele disse.
- Hm?
- Mas então,nós ainda vamos na Casa dos Doces?- ele perguntou curioso.
- Sim... - suspirei.
- YAY! - ele exclamou em comemoração,levantando os braços pro alto e me deixando cair que nem um pedaço de bosta no chão - AH, desculpe. Hehe!
Por sorte, quando chegamos, minha mãe ainda estava trabalhando. Deu tempo dele pegar a caixa de primeiros socorros e me ajudar com a ferida. Não foi muito profundo mas foi o suficiente para fazer sangrar bastante.
- Obrigada de novo. - eu disse.
- Não há de quê! Esse corte não é absolutamente nada. - ele respondeu com risadinhas.
- Cara, minha mãe vai dar o maior show quando vir isso... - eu lamentei.
- É, aposto que sim.
- Juuzou.
- Sim?
- Como eram seus pais? - eu perguntei.
- Hum... não lembro deles. Mas tinha a Mamãe, ela cuidou de mim a vida inteira... Eu fazia o mínimo para não chateá-la, senão as consequências seriam graves. Bem, sou o que sou agora por conta dela. Lembro de uma noite que ela me arrastou para o cárece depois de um evento, e como recompensa ela... me machucou batante.
''Eu me pergunto como ele teve a simplicidade de desabafar... '
- Por que ela fez isso?
- Ah, - ele coçou a nuca. - ela dizia que era por amor..
- AMOR?! - Eu disse frustrada.
- Huh?- ele parecia confuso.
- Juuzou, isso não é amor! Isso é TORTURA! Nenhuma mãe no mundo faria isso com o próprio filho. Como você conseguiu aturar ela por tanto tempo? Eu não consigo imaginar você sofrendo desse jeito.
- Ah, isso não importa pra mim. - Juuzou respondeu. - Mas não precisa se preocupar, isso já acabou.
Suspirei e agradeci novamente. Ele me deu um abraço desajeitado e foi embora, ainda com sangue em suas roupas e rosto.Fechei a porta e dei uma olhada no meu machucado sério-mas-não-tão-sério.
- Cara,como vou explicar isso pra ela...
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