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História Tomorrow - Caríssima e Fria


Escrita por: ddaeclipze

Notas do Autor


A internet me atrasou, mas eu cheguei, hehehe.

Boa leitura ♡

Capítulo 5 - Caríssima e Fria


Fanfic / Fanfiction Tomorrow - Caríssima e Fria

Oh Bonhwa 🐞 Point Of View

Fones de ouvido? Ok. Carregador? Ok. Casaco vermelho que eu tinha que ter pego em cima do sofá? Hmmmm, ok também.

Está tudo aqui, está tudo comigo. Definitivamente, não esqueci nada na casa de Taehyung antes de sair furtivamente enquanto todos dormiam pela manhã. 

O som das risadas e das rodinhas das malas arranhando o chão me deixa estressada, como sempre. Estamos no período de fim de férias, então muitas pessoas estão saindo de Busan além de mim. Uma tortura.

Aeroportos são provavelmente o pior lugar do mundo para se estar quando você quer ter um pouco de silêncio. Tem os auto-falantes, tem salto alto batendo no piso, tem aquela desgraçada daquela senhora xingando em outra língua que nem mesmo eu saberia dizer qual é enquanto bate a mala na escada rolante em todos os degraus.

Até mesmo o som das pessoas bebendo seus refrigerantes pelo canudinho preenche meus ouvidos, porém não minha mente. 

Veja bem, não era para eu partir hoje. A data marcada era amanhã. Compramos a passagem, estava tudo pronto. Entretanto, meus avós interviram.

E quando digo que interviram, quero dizer que abriram a carteira e gastaram dinheiro onde não precisavam. Não estou reclamando, sabe. Deve ser o sonho de qualquer adolescente viajar em um jatinho particular. Certamente, é o sonho dessa adolescente bem aqui.

Mas eu queria ter mais um dia em Busan.

Hoseok e Taehyung já estavam melancólicos o bastante nas últimas trinta horas. Hobi até mesmo insistiu para dormir no apartamento de Taehyung, que sequer tinha lugar para mais uma (eu), quem dirá o penetra também.

Essa manhã, tentei sair sem ser percebida. E até consegui, mas a porcaria do despertador de Tae não foi desativado só porque é sábado, então assim que cheguei no corredor, ele já estava acordado e vindo atrás de mim. Cheguei antes deles no aeroporto, mas foi só entrar no táxi e o telefone já estava tocando, e Taehyung estava desesperado.

Nunca fui tão xingada em minha vida toda, e não acho que não seja merecedora disso. Sei que os deepcionei por tentar escapar, então me rendi e mandei eles correrem. Agora estou sentada no banco de uma cafeteria enquanto espero eles chegarem. 

Nada sai de acordo com o plano, outra vez.

- Senhorita. - Um funcionário alto e muito bem apessoado do aeroporto chama, referindo-se a mim. - O jatinho está na pista sete, pronto para partir. - Suspiro pesadamente e olho para os lados, ansiosa. - Se estiver pronta, podemos ir agora.

Respirando fundo, abandono meus devaneios e me levanto, agarrando a mala e indo em direção a minha nova vida. Os meninos tentaram, mas se eu continuar enrolando esse cara, ele vai notificar minha avó, que vai notificar meu avô, que vai me ligar e fazer um escândalo.

- Bonhwa! - Na metade do caminho, ouço a voz grave de Tae sacudir tudo dentro de mim. O moço do aeroporto olha primeiro, nem um pouco feliz, mas para educadamente esperando por minha reação.

Largo a mala no chão, sem saber exatamente como reagir ao me virar e ver os dois correndo em minha direção. Eu desisto do adeus, mas o adeus não desiste de mim.

- Bonhwa... - Hoseok sussurra ao me alcançar desajeitadamente e me envolver em seus braços. Seu rosto desce para a curva do meu pescoço e ele suspira pesadamente. Ele vai chorar. - Não acredito que você ia realmente fazer isso comigo, joaninha. - Ouvir meu apelido me fez ceder. Solto um um som abafado entre um grunhido e um choramingo e envolvo meus braços em seu pescoço, ficando na ponta dos pés e inalando seu delicioso cheiro de limão. - Você não tem ideia do desespero que eu senti ao acordar e não te encontrar lá. - Ele passou a soluçar e eu já podia sentir as lágrimas se formarem em meus olhos. Eu não queria chorar. - Eu pensei que... - Eu não podia chorar. - Pensei que... - Mas eu não podia evitar. - Pensei que você tivesse ido sem se despedir.

- Mas era isso que ela ia fazer, não é, Nana? - Taehyung falou atrás de mim e meu coração doeu ao ouvir o som do choro em sua voz. - Não é?

Ele nunca me chama assim, só quando está profundamente triste com alguma coisa. 

Honestamente, não achei que eles fossem ficar tristes ou tão magoados. Pensei que iam ficar com raiva. Eu posso lidar com raiva. Com tristeza, nem tanto.

Me viro para ele, me rendendo as lágrimas. Suas bochechas estavam vermelhas e grossas lágrimas escorriam pelo seu rosto. Taehyung chorando me corroí de uma forma inacreditável. É tão errado. Tae me faz sorrir todos os dias desde que o conheci e eu o fiz chorar na primeira oportunidade que tive.

Que tipo de monstro sou eu?

- Ah, Tae... - Corro até ele, me lançando em seus braços. Ele me envolve com força, puxando-me intensamente contra ele. - Não chora, por favor. Senão eu vou chorar também. - Ele riu fraco em meu ouvido.

- Mas você já está chorando! - Disse e eu me afasto dois passos, dando um tapa em seu ombro.

- Culpa sua! - Falo, rindo entre lágrimas. Abro os braços o máximo que posso, olhando para as duas melhores pessoas que vou conhecer durante toda minha vida. - Venham aqui, seus idiotas! - Eles vem de imediato. Abraço o pescoço dos dois, que me envolvem pela cintura.

No entanto, não fazem menção de me soltar conforme o tempo passa. E eu também não quero ir, então apenas retribuo o carinho e não ouso me mexer.

- Senhorita

Solto Tae e hobi em um pulo, virando assustada em direção ao funcionário de quem havia esquecido, que ainda me espera pacientemente.

- O piloto está esperando.

- Bom pra ele... - Taehyung resmunga baixinho, mas eu fala um "só um momento" mais alto, e o homem se afasta até a parede. Olho indignada para Tae, que dá de ombros e pressiona os lábios, fazendo um biquinho choroso. - Que cara sem noção.

Como eu vou sentir falta desses dois.

Quando me afasto para pegar a mala, reparo que Tae ainda está usando a camiseta do pijama, e Hoseok está de pantufas. Penso em fazer uma piada sobre isso, mas estou ocupada demais ficando toda abobada com o fato de que eles saíram tão rápido que nem pensaram em se arrumar apropriadamente.

- Será que ainda temos tempo de te sequestrar? - Hoseok pergunta, colocando uma mecha de meu cabelo atrás da orelha; Tae sorri, ainda choroso, e meu coração se aquece até eu pensar que vai derreter aqui mesmo.

- Querem tentar? - Pergunto estendo os braços para eles, sorrindo tristemente. Eles sorriem e beijam minhas bochechas, um de cada lado; Hoseok pega minha mala do chão, me fazendo pensar que eles vai realmente tentar fazer isso.

- Vamos te levar até lá. - Tae explica, divertido. Ele passa um braço sobre meus ombros e Hobi entrelaça seus dedos nos meus.

O funcionário suspira aliviado quando começamos a andar em sua direção, e carrega minha mala para dentro enquanto Hobi e Tae se despedem por fim.

🐞

A viagem entre Busan e Daegu é tão curta que mal tive tempo de cochilar na poltrona confortável antes de ser acordada por outra funcionária. Minha mãe estava me esperando no interior do aeroporto, e eu quase gritei ao olhar para ela.

Ela está linda, um milhão de vezes melhor do que estava quando deixou Busan. Ela não mudou o cabelo ou a aparência, mas parece muito melhor, mesmo assim. 

Está usando roupas caras (certamente cortesia de meus avós), levemente maquiada e com o queixo erguido, olhando ansiosa para as portas. Quando me vê, toda a pose dela vai para o ralo.

- Filha, caralho! - Grita a plenos pulmões, e uma senhorinha olha horrorizada para a cena.

- Mãe, caralho! - Respondo, para o completo terror da senhorinha, que parece nunca ter ouvido um palavrão.

Minha mãe me abraça com força, quase me tirando do chão. - Eu senti tanto a sua falta, meu amor. Pensei que fosse morrer se você demorasse mais um dia sequer.

- Morrer de que? 

- De saudade? De tristeza? De abandono? - Ela cita, e sorrio fascinada ao ver que seu jeito brincalhão está de volta. - São muitas possibilidades.

- Certamente. - Concordo com um sorriso, e seguimos para a saída, onde o motorista de meus avós nos aguarda.

No caminho, falamos sobre absolutamente tudo. Minha mãe chora de rir ao saber que Hoseok gritou de raiva, bem no meio do shopping, ao descobrir que ela já estava em Daegu, e saiu sem se despedir. E eu caí na gargalhada ao descobrir que minha avó jogou todas - e eu quero dizer todas mesmo - as roupas de minha mãe fora, e agora ela é obrigada a se vestir como uma "mauricinha" o tempo todo.

Veja bem, minha avó não é uma pessoa ruim. Oh Serim é apenas extremamente vaidosa. Consigo mesma e com sua família, de brinde.

Antes de virar a primeira esquina já havíamos combinado que minha mala vai ser escondida antes que minha vó consiga revistá-la. 

Meu avô, por outro lado, continua exatamente igual. Pelas manhãs toma café em um estilo mais europeu com seu jornal, depois trabalha no escritório de casa, almoça, vai apara a empresa, volta, assiste a novela e dorme. Oh Dowon, um homem tranquilo, meu avô.

O equilíbrio perfeito para a esposa agitada e maluca que conquistou.

Juntos, tem mais dinheiro para gastar do que seria saudável uma pessoa manipular ao serem líderes dos Grupos Sewon (combinação de seus nomes, percebe?).

Telecomunicações Sewon, confecções Sewon, Hotéis Sewon, pousadas Sewon, condomínios Sewon, Resorts Sewon, e toda a variedade de lojas e departamentos que você possa imaginar, na Coreia do Sul e em mais meia tonelada de países que eu não saberia nomear nem se quisesse.

O motorista vira a avenida e todos os pelos do meu braço ficam em pé, tamanha é minha ansiedade. Eu vejo meus avós com frequência, mas o palácio em que eles moram, não.

E quando o carro se aproxima dos enormes portões de ferro que separam a rua da residência, sinto que posso desmaiar diante da visão. Tudo continua igualzinho ao início do ano.

Uma construção monstruosa de quatro andares, fachada de pedra, enormes janelas e sacadas belíssimas. Um belíssimo jardim que se estende ao redor da pista de circulação dos veículos. Uma linda tenda de madeira vermelha contendo a mesa do chá (que até onde sei, ninguém jamais usou, mas fica bonito de qualquer forma). E no centro, o enorme chafariz de pedra, que provavelmente só está ligado para me impressionar. Funciona, é claro. Meu queixo está no chão.

Mamãe sai do carro como se não fosse nada, e o motorista sorri gentilmente quando agradeço por seu serviço bem feito. Mamãe pega minha mala antes que o funcionário responsável possa fazer isso, e minha avó imediatamente começa a praguejar por isso. 

- Sem modo algum, essa sua filha, Dowon! 

Dou a volta no veículo, rindo de leve enquanto minha mãe vira os olhos e faz uma referência exagerada, e o rosto de Oh Serim pega fogo.

- Ora, garota… - E então me vê, e o sorriso que se abre em seu rosto poderia iluminar uma avenida inteira. - Bonhwa! Querida!

Meu avô sorri de orelha a orelha enquanto eu dou uma risada espontânea, de pura felicidade, ao ultrapassar minha mãe e alcança-los na entrada.

- Oi, vovó! - Falo, quase sem ar, enquanto ela me aperta com força.

- Oh, querida, você está tão linda! Olha essas bochechas! Dowon, você está vendo as bochechas dela?

- Certamente sim. - Meu avô sorri orgulhoso ao me abraçar também. - Uma menina muito linda e saudável.

- Obrigada, pessoal. - Minhas bochechas devem estar ainda mais bonitas agora que queimam pela minha vergonha. - Como estão?

- Bem, bem. Muito bem. - Meu avô fala. - Vamos entrando. - E estende o braço (coberto por um terno mesmo que ele esteja em casa) em direção a entrada da casa.

Minha avó nunca quis dar um novo visual a residência, continua exatamente como era na época dos meus bisavós, embora esteja muito mais tecnológica agora, obviamente. 

A porta de madeira escura e lustrosa se abre para o interior em tons de vermelho e marrom. Belíssimos tapetes cobrem o chãos e cortinas pesadas cor de creme destoam de todo o ambiente. Meus sapatos ficam na porta, e meu avô permanece silencioso enquanto minha avó fala pelos cotovelos.

- … E o jantar vai estar pronto em alguns minutos, mas até lá vamos conhecer seu novo quarto. 

Estou prestando atenção nos novos sofás da sala, que mesmo assim parecem antigos (vintage, eu diria) quando levo um soco nas costelas.

- Fala com sua vó, menina. - minha mãe instrui, arqueando as sobrancelhas como icentivo.

- O que? - Minha avó levanta uma sobrancelha, e meu queixo cai ao perceber que ela estava falando comigo. - A senhora tá brincando que eu vou ter um quarto aqui.

- Claro que não, Bonhwa. Você sabe que eu não gosto de brincadeiras. - Ela vira os lindos olhos escuros, gesticulando com os braços esguios em direção as escadas. - Podemos?

- Mas… - Busco socorro em minha mãe, mas essa não me dá nem as horas. Vovó me agarra pelo braço, e eu sou arrastada escada acima enquanto meu avô agita os dedos para mim. Traidores

- Você vai passar tempo indeterminado aqui, querida. - Ela explica, guiando-me pelos corredores bonitos. - Precisa ter um quarto só seu assim como qualquer adolescente. 

- Mas eu poderia muito bem ficar com um quarto de hóspedes.

- Sem sentido. - Ela dita e paramos em frente a uma das portas geminadas. - Pode entrar.

Dou um sorrisinho torto mediante sua animação e abro a porta, me sentindo meio estranha por receber algo assim. Tipo, não é uma bolsa, é um cômodo! Só meu! Em uma casa que não é a minha!

Assim que entro, meu queixo vai ao chão.

Paredes azul escuras, uma belíssima Queen Size em tons de preto no centro, com um lindo guarda-roupa de mogno na parede ao lado na porta. Uma escrivaninha branca destoa do resto da decoração mais sombria, e graças a deus não tem um computador caro em cima dela. Na lateral oposta, uma outra porta, com saída para o banheiro.

Como a cereja do bolo, enormes janelas cobertas por cortinas claras cobre praticamente toda a parede à minha esquerda, com saída para a sacada.

- Vovó, isso… - Tento formar uma frase, mas não consigo acreditar que ela realmente se deu o trabalho de fazer um belíssimo quarto escuro para mim. - É tão, nossa... Eu nem… Nossa

Ela ri, nervosa. - Você gostou?

- É obvio que eu gostei. - Olho para a mulher mais alta que eu e praticamente me jogo em sua direção. Ela ri divertidamente, acariciando meus cabelos.

- Então vai tomar banho que nós temos que comer. - Me solta e sorri doce, piscando antes de seguir até o fim dos corredores.

Ela parece meio distante, mas sei que no fundo está chorando de felicidade com a minha aprovação, porque é assim que ela é.

Assim que ela some, um gritinho animado escapa da minha boca e eu entro correndo no quarto, fechando a porta com cuidado.

Giro sobre os calcanhares, agitando os punhos em soquinhos no ar ao olhar ao redor. Tiro as meias no caminho do banheiro, jogando no chão pelo caminho. 

Um gritinho agudo pula pela minha garganta ao ver os tons escuros do cômodo também, exatamente como eu gosto. 

É o banho mais divertido de toda a minha vida.

Litros de sabonete líquido com cheiro de pêssego em forma de espuma escorrem para o ralo e o box fica embaçado nos primeiros trinta segundos, de tão quente que a água fica. Canto em altas vozes e danço enquanto esfrego o shampoo com cheiro de vinho nos fios compridos.

Tão, tão, tão legal e caro.

Algo que eu nunca poderia ter se não fosse na casa de meus avós. 

As toalhas parecem feitas de nuvem e os cremes me deixam com um cheiro delicioso de frutas frescas.

Cheirando como uma sobremesa, corro animada em direção ao guarda-roupa e… Meu deus.

É o paraíso das roupas confortáveis e escuras ao mesmo tempo que também é o das roupas fofas e macias!

Tudo que eu sempre quis, meu senhor.

Desço as escadas animada, usando meias peludas que fazem cócegas na sola do meu pé e um pijama que só pode ser feito do algodão mais caro do mundo, de tão macio, e que tem desenhos de nuvens coloridas fazendo caretas.

Quando chego na sala, todos já estão seguindo para a mesa.

- Demorou no banho hoje, hein. - Mamãe cita e eu sorrio maliciosa. 

- Tava cansada de viagem, só.

- Para de importunar a menina, Jeonghwa.

Mamãe confirma, balançando a cabeça. Quando minha avó passa, seguindo na frente, ela me olha seria.

- Não abuse da bondade de seus avós. - Adverte. - Eles estão sendo absolutamente gentis em nos receber de graça e você não devia gastar tanto… - Ela franze o cenho quando eu já estou totalmente encolhida, me sentindo mal por esbanjar. - Seu sabonete é de pêssego?

Congelo em confusão, por alguns instantes. 

- Sim…?

- MAMÃE! - Ela berra, a plenos pulmões, enquanto segue furiosa em direção ao cômodo com a enorme mesa de mogno. - Eu quero um sabonete de pêssego também!

- Não abuse da bondade de seus avós... Hmpf. - Resmungo comigo mesma, seguindo-a indignada. - Palhaça.

O jantar segue sem maiores acontecimentos. Mamãe fala sem parar e minha vó fala sem parar e eu e vovó continuamos em silêncio, enchendo a boca de comida.

Dá pra ver bem quem puxou a quem.

- Ei, o que é aquilo ali? - Aponto confusa para a tela preta na parede.

Mamãe da risada e vovó me olha confusa.

- É uma televisão, querida. - Serim responde, e meu avô tenta conter o riso. - Você já deve ter ouvido falar.

Cerro os cílios ao encará-la. - Eu sei o que é uma televisão, vó. Só não sabia que podia ter uma na sala de jantar.

- Bom... - Meu avô se manifesta. - É um aparelho muito versátil. Pode ser instalado em uma variedade de lugares, Bonhwa.

- O que te ensinam na maldita escola? - Minha mãe intervém, e todos me olham com diversão brilhando nos olhos. Bufo irritada.

- Vocês, meus caros senhores, são péssimos.

Eles gargalham. 

- Gosto de assistir o noticiário durante as refeições, Bonhwa. - Meu avô dá de ombros. - Nada demais.

- Os jovens de hoje em dia. - Minha mãe olha para mim, dando de ombros. - Você ficaria surpresa com o quanto são apegados a tecnologia. 

- Nem me fale. - Concordo, e vovô resmunga, cerrando os cílios para nós antes de voltar os olhos para a tela.

Minha avó entende e liga o aparelho, que logo começa a transmitir a mais nova fofoca de Daegu.

"O multimilionário Min Ronwoo acaba de abrir uma nova rede de hotéis em Gwangju. Isso mesmo, em Gwangju." - Anunciava a repórter que estava em frente á um luxuoso hotel cheio de luzes brilhantes e bem posicionadas. O queixo de meu avô vai ao chão e vovó solta um "o que?" indignada. -"Exatamente aonde Oh Dowon acaba de abrir um novo hotel cinco estrelas em parceria com sua esposa, Oh Serim." - Ela sorri abertamente quando a câmera passa a gravar uma família ao seu lado. Naquele momento a comida fica presa em minha garganta.

Há quatro pessoas ali: uma mulher magra, alta e bem vestida; um homem grisalho e ainda mais alto que ela, de porte intimidador e frio; uma garota que aparenta ter uns 25 anos, magra, alta e sorridente. Todos lindos, mas meus olhos caíram no garoto pálido, de olhos escuros e cabelos loiros, e que devo admitir, é muito bonito. A repórter apontou o microfone para o homem grisalho, Min Ronwoo.

Ele falou algo sobre continuarem buscando sempre do bom e do melhor para seus hotéis e sua esposa disse que só descansaria ao atingir a perfeição.

O garoto apenas ficou ali, assentindo com uma cara de tédio. Ele usava um terno branco que tinha golas pretas de couro e seu cabelo loiro estava arrumado em um topete. Naquele momento eu diria que ele é um modelo, e não o filho de um dos maiores concorrentes do meu avô. E talvez ele seja, também.

Meu avô desliga a TV irritado e minha avó acaricia seu braço, tentando acalma-lo. Ele suspira e posicionou a mão sobre a dela.

-"Só vamos descansar quando atingirmos a perfeição" - Meu avô imita a voz irritante daquela mulher alta e bonita. - Maldita bruxa! - Exclama e minha avó dá risada.

- É uma cobra, isso sim. - Balança a cabeça. - Aposto que foi ideia dela. Vive correndo atrás do nosso resto.

Minha mãe parece confusa. - Eles ainda tentam derrubar vocês? Qual é…

- Você conhece eles? - Pergunto e meu avô bufa.

- Todo mundo conhece esse manipuladorzinho do caralho, poderia ser presidente, se quisesse!

- Mas prefere assombrar o seu avô, querendo derrubar a marca a todo custo. - Minha mãe completa, virando sua taça de vinho.

- E quem eram aqueles mais jovens? - Pergunto como quem não quer nada, enquanto me mordo de tão curiosa.

- Min Yoonjae e Min Yoongi. - Meu avô responde irritado e sinto meu coração dar um pulo em meu peito. Até o nome dele é bonito. - Os filhos imbecis daquele  imbecil.

- Pare com isso agora mesmo, Dowon! - A esposa o repreende. - Eles são uns amores, não fale deles dessa forma.

- As crianças não tem culpa de serem filhos daquele pau no…

- Jeonghwa! 

- Desculpa. - Minha mãe diz, colocando mais carne na boca.

A noite segue em silêncio, mas minha mente segue agitada ao pensar nos lindos olhos pequenos e no maxilar marcado do garoto pálido.

Min Yoongi 🎹 Point Of View

Sigo pelos corredores, ignorando os empregados que passam de um lado para o outro ajustando os últimos detalhes da casa. Em teoria, tudo estaria pronto assim que eu e meu pai chegássemos de viagem. Infelizmente, para Yerim, chegamos duas horas mais cedo.

Mesmo assim, a casa estava perfeitamente preparada para uma pessoa normal. Poderia estar a venda de tão bem organizada e cintilante. 

Então é claro que Yerim não precisou dar dois passos aqui dentro, depois de nos buscar no aeroporto, antes de encontrar um milhão de defeitos. E lá foram os pobres empregados.

Depois de passar pouco mais de um ano no exterior, imaginei que a casa estaria irreconhecível, já que a única diversão de Yerim nos últimos meses foi encarar as paredes. Surpreendentemente, parece exatamente como me lembrava: impecável, caríssima e terrivelmente fria. E quando digo "fria" não me refiro a temperatura. 

Interrompo minha caminhada em frente a um espelho exagerado no corredor, e ajeito as abotoaduras douradas que enfeitam os pulsos do paletó de risca cinza-escuro. Suspiro, encarando minha imagem refletida. Combino como a casa: impecável, caríssimo e frio.

Frio porque, ao encarar o reflexo, não consigo encontrar nada que me faça sentir acolhido, aquecido. Tudo parece tão estranho, tão distante, como se eu estivesse diante de um desconhecido.

O terno bem passado, a pele de porcelana, o relógio exagerado e o sapato lustrado. Tudo isso são componentes daquilo que Yerim quer que eu seja, não de quem realmente sou.

- Senhor, sua mãe o aguarda na sala de estar.

Estou tão perdido em minha imagem que xingo quando a possível nova governanta aparece, falando comigo. Ela se encolhe de leve, mas logo retorna a posição profissional.

Ótimo, agora era pensa que eu sou um idiota que sai xingando os contratados, assim como Yerim deve ter feito o dia todo.

- Opa, você me assustou. - Digo, pressionando os lábios e me curvando levemente. - Peço perdão.

Ela arregala os olhos e se atrapalha ao levantar levemente a mão, dispensando o gesto. - Não tem problema, senhor. - Então, dessa vez mais relaxada, endireita os ombros e reafirma. - Mas sua mãe o aguarda para jantar.

- Claro, claro. - Coloco as mãos no bolso da calça, e aceno para que ela siga na frente. - Diga a Yerim que já vou. Obrigada.

Ela levanta as sobrancelhas bonitas em confusão, provavelmente por me ver chamando "minha mãe" pelo nome, mas logo curva o corpo e segue seu caminho. 

Quando me coloco diante das enormes portas de vidro que introduzem a sala de estar, respiro fundo duas vezes antes de tomar coragem e finalmente abri-las. Assim que o faço, tenho a visão da enorme mesa posta para três.

Meu pai, sentado a ponta, não faz questão de desviar o rosto do jornal com minha chegada - talvez nem tenha percebido. Com Yerim, não tenho tanta sorte.

Ela observa cada um dos meus movimentos do momento em que passo pela porta até o que me sento, e levanta uma sobrancelha maquiada ao me ver ali.

- Está atrasado. - É o boa noite que recebo. - E loiro. - Ela completa, e eu tento não rir ao ajeitar o guardanapo sobre as pernas.

- Bem observado. - Comento, e o som do papel sendo amassado soa quando meu pai segura o jornal com mais firmeza. Desaprovado.

- Pensei ter sido clara ao dizer que detestei essa cor.  - Ela insiste, e o primeiro prato da janta mais longa da história da humanidade é servido. - Teria sido impressão?

- Não, senhora. - Respondo. - Foi perfeitamente colocado. Ouvi claramente cada uma das dezesseis vezes.

Meu pai solta o jornal na mesa, levando a colher de sopa aos lábios em silêncio.

- E, por suposto, viu a embalagem de tinta sobre a bancada... - Ela continua, levando a colher ao próprio prato, com os dedos cheios de anéis refletindo a luz, em seguida. - Certo?

Ainda não olhei nos olhos dela.

- Sim, vi.

Meu pai tosse levemente. Outra vez, desaprovando minha resposta.

- Então, porque continua loiro?

Faço questão de agitar os fios quase brancos de meu cabelo ao, finalmente, encarar seus olhos de dragão.

- Porque eu quis. - Pontuo. Desvio os olhos antes que meu pai tenha tempo de tossir novamente, voltando a encarar a sopa. Não consigo encará-la por muito tempo, há muito tempo. Não tenho coragem para tanto.

Cada pelo de meu braço fica em pé quando ela respira muito devagar. Puxando o ar sonoramente, o peito adornado por um colar de pérolas sobe e desce devagar. Ela batuca os dedos na mesa, um por um, e eu quase mordo a colher com o som que isso faz. 

- Você vai pintar o cabelo. - Minhas mãos tremem.

Resisto.

- Quando a raiz começar a aparecer.

- Agora. - Ordena. - Eu quero que termine esse jantar e suba pintar o cabelo, imediatamente.

A voz dela me deixa nauseado, o tom de autoridade me faz querer chorar. Eu tenho quase certeza de que estou diminuindo diante dela. Meu pai continua quieto. Preciso respirar três vezes antes de ter certeza que não vou gaguejar.

- Não. - Digo. - Eu gosto claro. - Mentira. - Vou deixar assim.

Ela bate a colher na mesa. Eu junto os joelhos e me encolho de leve, pressionando os lábios para não gritar com o susto. Não ouso olhar em seus olhos, mas o pescoço dela está mais vermelho do que a rosa sangrenta no centro da mesa, então imagino o quão agradável ela deve estar no momento.

- Ótimo. - Ela fala, e sua voz me lembra um rosnado. - Faça o que quiser, vai ir para a universidade de qualquer jeito. 

- Eu sei. - Meus músculos relaxam lentamente, e não deixo de reparar, pelo canto do olho, que os movimentos de meu pai relaxam comigo. 

- O que disse, Min Yoongi?

- Sim, senhora, Min Yerim. - Corrijo.

Ela solta o ar pelo nariz e murmura um "inacreditável" exatamente quando termino minha sopa, e o próximo prato vem. Por baixo da mesa, sinto o sapato de meu pai bater contra o meu, e bato de volta duas vezes.

É o código que criamos quando eu ainda era muito pequeno. Na verdade, não sei se posso chamar de código, já que não tem um significado específico. Desde pequeno, gosto de imaginar que significa um "vai ficar tudo bem, filho" seguido de um "eu sei, pai, obrigada". 

Depois de comer, recebo algumas ordens e muitas críticas, e subo as escadas piscando rápido para conter as lágrimas, mas andando com calma, como fui ensinado.

No quarto, finalmente posso correr. Direto para o banheiro, tiro o terno e lavo o rosto, bagunçando os cabelos e encarando a imagem pálida. 

A embalagem de tinta parece rir de mim, e minhas mãos ainda estão tremendo, como estiveram durante toda a refeição. Eu queria, queria mesmo, ficar moreno outra vez, mas esse cabelo ridiculamente pálido é tudo que eu tenho contra ela. 

É a única coisa que já fiz sem sua aprovação que ainda me resta.

Então apenas saio do recinto, e nem mesmo o peso na consciência me obriga a juntar as roupas antes de deitar debaixo das cobertas e me encolher todo.

A cama é macia, o quarto é climatizado, a decoração é neutra e escura, o cheiro é novo e agradável. Mesmo assim, não é confortável.

Depois de mais de um ano fora, imaginei que as coisas estariam diferentes, mas tudo nessa casa continua exatamente igual. Caríssima, impecável e sem um pingo de calor.


Notas Finais


Olá, Tomorrowers!

Hoje tivemos atualização dupla pq eu sou ansiosa >.< O que vocês acharam?
Talvez isso aconteça mais vezes, mas não posso prometer :(

O que vocês acharam dos personagens novos? Yoongi e os avós da protagonista são importantíssimos para a trama, espero que vocês gostem deles e os recebam com amor <3

Esse capítulo não teve nenhuma música, mas sempre que tiver, vão ver elas nas notas finais.

Tchauzinho! 🎹🐞


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