1. Spirit Fanfics >
  2. Tomorrow >
  3. Simples e Legal

História Tomorrow - Simples e Legal


Escrita por: ddaeclipze

Notas do Autor


Esse foi o meu favorito até agora suabsuabau espero que gostem também sz

[saiu mais cedo pq eu tô ansiosa KKKKKKKKKK]

Boa leitura <3

Capítulo 8 - Simples e Legal


Fanfic / Fanfiction Tomorrow - Simples e Legal

Min Yoongi 🎹 Point Of View

Apoio minhas mãos no parapeito, respirando fundo. Alguns andares abaixo, a vida na universidade mal começou. O que faz sentido, já que o sol acaba de nascer. A brisa morna que sopra contra meu rosto é reconfortante, e o céu azul se estende sem nuvens até onde a vista alcança.

Um sorriso divertido ainda brilha nos meus lábios, e a gargalhada da garota continua soando atrás de mim.

- Ela deve ter ficado apavorada! - Jennie quase grita, gargalhando ainda mais. Uma risadinha me escapa quando olho por sobre o ombro e a vejo com lágrimas nos olhos, agarrando a barriga em seu riso descontrolado.

Kim Jennie: minha prima e também o mais próximo que tenho de uma melhor amiga. Seus olhos desenhados se levantam e seu nariz está vermelho - assim como suas bochechas - pela risada recente, enquanto ela tenta se acalmar.

- Eu não pensei nisso, na hora! - Dou de ombros, dando as costas para o parapeito e apoiando o quadril ali. - Eu fiquei muito assustado...

A ordinária ri ainda mais alto, dobrando-se em si mesma.

Ai, para... Você tá me matando! - Quando ela começa a soluçar, o sorriso em meu rosto se abre ainda mais, e eu começo a rir junto. - Eu não acredito nisso!

- O que você queria que eu fizesse? - Abro os braços, falando alto. - Ela me sujou todo! E você sabe que eu não sei nem lavar o cabelo direito... Quem dirá uma camisa daquelas!

Ela se joga de costas, e por pouco não erra o sofá de paletes que está disponível ali para os alunos descansarem. Se estica ao máximo, ainda rindo, enquanto esfrega a barriga dolorida.

- E o que foi que ela fez, mesmo?

- Ela começou a gritar comigo!

Ela se abre toda em risos, batendo os pés no chão com força.

- Eu nem sei quem é essa menina, mas já gosto tanto dela!

Viro os olhos.

- Você gosta é da minha desgraça. - Cruzo os braços. - Aquela garota é doida.

-Ah, qual é? Pelo menos ela te ajudou...

- O mínimo, naquela situação! - Aperto os olhos para Jennie, que parece estar a ponto de rir mais uma vez.

- Não mesmo! - Bufa, ajeitando-se melhor no móvel. - Eu, no lugar dela, teria dado no pé.

- Foi ela quem me sujou! - Me defendo.

- E você xingou e gritou com ela! - Rebate, e minhas bochechas queimam com o impacto.

- Não foi minha intenção. - Aperto os lábios, e meu peito se aperta com a sensação. - Eu fiquei assustado e...

Ela levanta a mão, pedindo que eu pare.

- Eu sei, Gi. - Se curva, apoiando os cotovelos nos joelhos, ainda meio risonha. Com o movimento, seus longos cabelos castanhos caem por sobre os ombros, emoldurando suas bochechas. - Ela, por outro lado... - Me encara compreensiva, e meu estômago se embrulha com a frase seguinte. - Deve ter ficado apavorada.

- Eu sei! - Me afasto da mureta com um impulso, indo em sua direção e me sentando com força no estofado meio duro. - Quando ela falou sobre eu ter começado a tirar a roupa, fiquei com tanto nojo que não consegui fazer nada além de encarar ela e ficar na defensiva. Ela pensou que... Céus, ela realmente achou que eu...

- Ei... - Estende a mão, acariciando meu ombro direito. Cubro meu rosto com as minhas palmas, apoiando os cotovelos nas coxas. - Não foi sua intenção, Gi...

- Sim, mas ela pensou que fosse. E se ela tivesse uma crise de pânico ou desmaiasse ou...?

- Não, para com isso agora! - Ela se aproxima mais, abraçando meus ombros enquanto ainda escondo o rosto. - Você estava com medo e reagiu mal, podia ser com qualquer um. - Sinto quando ela se encolhe contra mim, tentando me confortar. - Ela ficou assustada e você também. Não foi culpa de nenhum dos dois.

- Eu não queria ser assim, Jen...

Shh... - Aperta meus braços, esfregando-os toda carinhosa. - Foi até divertido, vai...

- Ah, sim. - Digo. - Foi muito legal quase ter um colapso na frente de uma completa desconhecida.

- Ok, essa parte não deve ter sido legal. - Meu peito sacode em uma risada sem emoção, desacreditada. Ela faz hmmm enquanto pensa. - Mas aposto que a parte do copo explodindo e você quase caindo foi.

Dou risada.

- Certo, talvez um pouquinho.

Ainda estou com o rosto coberto, mas consigo sentir seu sorriso se abrindo contra meu ombro, enquanto ela me aperta mais.

- Viu, só? - Respira fundo e volta a acariciar meu braço. - Não foi de todo ruim. Além de que, você conheceu alguém muito legal com isso.

- Quem?

Um tapa estala na minha nuca, e eu falo um "ouch" abafado contra as palmas.

- A garota, óbvio! - Penso em contestar, mas sei que não posso. - Ela podia ter te deixado pra chorar sozinho, ainda mais depois do jeito todo ogro que você tratou ela...

- Obrigado.

- Olha, o ponto é que a atitude dela foi muito legal, Gi. - Me aperta com os braços magros, e acho que a essa altura já estou começando a sufocar. - Você não deve se martirizar assim.

Desço as mãos, deixando-as caídas entre minhas pernas, o rosto ainda baixo. Respiro fundo e solto o ar devagar, e meu lábio inferior treme quando penso na sensação de tudo aquilo acontecendo ontem.

O copo estourou. A camisa ficou toda manchada e eu só conseguia pensar que ela ia me matar. Me matar por dentro. Ia me humilhar e me xingar até não sobrar nada de mim em pé. Por horas e horas a fio e...

- Gi... - Ela acaricia minhas costas, apoiando o queixo no meu ombro. - Como vão suas economias?

- Mal. - Respondo, de forma direta. - Ainda muito mal.

- Tem certeza? - Se afasta, deixando apenas um braço sobre meus ombros. - Mas você já está guardando...

- A um ano, seis meses e três dias. - Completo, conformado. - Eu sei. Ainda sim, é pouco.

Ela parece querer discutir, mas apenas assente, passando a encarar o céu. Compartilho do seu silêncio, mas encaro meus sapatos enquanto penso.

A mais de um ano atrás, sai de Daegu com meu pai. Trabalhamos pela empresa na China por todo esse tempo até aqui, e logo no primeiro dia fora percebi uma coisa: eu odeio viver debaixo do mesmo teto que Min Yerim.

Meus dias em Macau foram sombrios, por conta dos acontecimentos ainda recentes naquela época, mas ainda sim foram melhores do que qualquer coisa que já tive aqui, morando com minha mãe.

Poder usar as roupas que quero, pintar o cabelo, dormir até tarde e comer sem ser atacado a cada movimento.

Podem parecer coisas pequenas, mas o ponto não é o que eu fiz, mas sim a possibilidade de fazer algo sem ter medo do que viria a seguir.

Liberdade é, de fato, não ter medo.

Mas assim que pisei em Daegu, tudo foi por água abaixo.

Yerim não se deu o trabalho de me dizer um oi antes de criticar meu aumento de peso e meu cabelo descolorido.

Em Macau, recebia um pequeno salário de meu pai, por conta do serviço na empresa. Guardei cada centavo daquele odioso dinheiro, e ainda tenho a maior parte salva.

Ainda sim, é tão pouco...

- Você já deve ter o bastante para um lugar diferente, certo? - Levanto os olhos quando Jen interrompe minha linha de pensamento.

- Sim. - Respondo, entendendo do que ela fala. - Você sabe que isso não importa.

- Gi, o que importa é sair de lá.

- Jen... Não seja ingênua. - Me levanto, arrastando os pés até o parapeito, e falando alto contra o vento para que ela me ouça. - Mesmo que eu saia de casa, Min Yerim vai dar um jeito de demolir cada prédio que aceitar meu aluguel.

- Ela não faria... - Viro o rosto, encarando a garota que me acompanhou até a beira. Ela aperta os lábios, e seus ombros caem um pouco. - Desculpa.

- Você sabe que ela faria pior. - Dou de ombros, conformado. - Mesmo que eu saia de casa e arrume um emprego, ela vai fazer com que eu seja demitido.

- Você tem grana pra se manter por quanto tempo?

- Sem trabalhar? - Pressiono os lábios, encarando os prédios universitários diante de nós. - No máximo dois meses.

- Já é alguma coisa.

- É pouca coisa, Jen. - Cruzo os braços na mureta, encarando-a outra vez. - Se eu sair daquela casa, tem que ser pra valer. Tem que ter garantia, entende? Se eu tiver que voltar, Jen...

- Eu sei. - Ela estende a mãos, acariciando meu ombro outra vez. - Eu sei.

Respiro fundo, soltando o ar devagar em seguida.

- Um dia. - Digo, decidido.

Ela sorri.

- Um dia.

O silêncio se estende por mais alguns segundos. E sinto vontade de rir por gostar tanto disso. Geralmente, silêncio me deixa nervoso.

Estou sempre ouvindo música, ou enfiado em um ambiente movimentado. Detesto silêncio, porque lembra minha casa.

Mas agora, enquanto estou em silêncio com uma das únicas pessoas que sempre me fez sentir livre para ser eu mesmo, o silêncio me conforta. É o lembrete de que aqui, com minha prima e melhor amiga, tenho escolhas. Posso ficar quieto, posso falar, posso até mesmo sair correndo e gritando pelo campus, e ela vai me entender e até mesmo me acompanhar.

É assim que a família devia ser. Compreensiva, companheira...

Ela estala um tapa forte no meu ombro.

- Ei!

Aparentemente, família pode ser meio agressiva, também.

- O que foi? - Esfrego o ombro, apertando os olhos para ela.

- Você devia fazer algo legal para essa garota, sabe...

- Algo legal? - Coloco as mãos no bolso do paletó, franzindo o cenho. - Como assim, legal?

- Legal, ué... Algo gentil. - Os olhos dela brilham em expectativa, e os meus se abrem em confusão.

- E porquê eu faria isso?

- Como retribuição, ora. - Coloca as mãos nos próprios bolsos, sorrindo doce. - Ela foi muito gentil em te ajudar, e você nem agradeceu!

- Eu estava tentando não chorar!

Enfim... - Se afasta, indo até o assento. Pega a mochila que havia deixado na lateral dele e aponta para a escada que leva a avenida abaixo. - Pense em algo simples e legal, nem que seja apenas um: "ei, valeu por não me deixar na mão. sei que fui um idiota e tal".

- Opa! Cadê aquele papo de que eu não fiz nada de errado?

- Falei da boca para fora, né. Você tava quase chorando! - Ela vira os olhos, rindo divertida. Corre até mim, estala um beijo grudento (esse brilho de boca é uma coisa demoníaca) e segue até a escada.

- Não se pode confiar em ninguém, mesmo. - Viro os olhos, tentando tirar aquele grude da bochecha. Ela ri ainda mais e se apoia no corrimão, acenando para mim. - Vai ir lá em casa mais tarde?

- Sim! - Ajeita a mochila nos ombros, gritando para que eu a escute. - Eu, papai e Namjoon!

- Leva sorvete!

- Folgado!

- Mão de vaca!

- Você é rico! - Bate os pés no chão. - Tenha dó dos pobres!

Balanço a cabeça, negando com um olho fechado. Ela ri e balança as mãos, como se me dispensasse. Com isso, desce as escadas, seguindo para sua primeira aula do dia, me deixando sozinho com meus pensamentos.

Algo simples e legal...

Oh Bonhwa 🐞 Point Of View

Subo a avenida em passos largos e lentos, e minhas pernas queimam com o exercício.

Sabe, não é como se eu tivesse que subir tudo a pé, mas minha mãe me deixa meio longe no campus, onde fica mais fácil para retornar às ruas. Uma caminhada simples para os acostumados, uma morte para os sedentários.

Em frente ao prédio, com medo de atrasar outra vez, decido seguir direto para a sala de aula. Entretanto, assim que chego à altura da fonte...

- Olha só quem chegou na hora, hoje!

Jimin. - Cumprimento. Hoje, assim como ontem, não está usando maquiagem. Assim como ontem, também, está lindo até os ossos.

Os fios escuros parecem moldar a lateral de seus olhos, e o sorriso branco reluz ao sol das sete horas. Seus olhos praticamente brilham, parecendo menores agora, provavelmente por ser tão cedo. Usa uma coisa de botões branca e calça jeans clara, sapatos lustrados e a bolsa no ombro.

- Que bela surpresa. - É ele quem diz, passando a andar ao meu lado. - Caiu da cama?

Dou risada.

- Mais ou menos. E você?

- Eu, ao contrário de certas pessoas, sou muito bom em cumprir horários. - Alfineta, e lhe dou uma cotovelada nas costelas como castigo. Ele apenas ri, divertido demais para esse horário. - Dormiu bem?

- Bastante. - Respondo, tentando não ficar boba demais com o cuidado que ele demonstra em perguntar. - E você?

- O suficiente. - Coloca. Subimos as escadas da entrada, e ele abre as portas de vidro para que eu passe. - Minhas anotações foram úteis?

Muito! - Acabo falando mais alto, tamanha minha gratidão. - Eu fiquei desesperada, achando que ia me dar mal mesmo. Obrigada, de verdade.

Ele sorri, e seguimos para o segundo andar, ainda lado a lado.

- De nada, de verdade. Fico feliz em ajudar.

Continuamos em silêncio, sozinhos pelos corredores ainda silenciosos. Está realmente cedo, penso, mas não comento.

A sala é um auditório amplo com mesas claras e assentos escuros. Todas as paredes são a prova de som, desta forma, as aulas são praticamente imperturbáveis, o que é ótimo para uma pessoa facilmente distraída como eu.

A parede direita inteira é feita de vidro, e exibe um belíssimo trecho de céu azul nessa manhã ensolarada. Jimin guia o caminho, e escolhe um assento bem no meio da sala, deixando um assento livre no limite da janela ao sentar-se.

Sento-me ao seu lado, como combinamos ontem, e ele parece bastante satisfeito com isso. Pego o fichário simples na mochila, ajeitando a mesma no espaço abaixo da mesa.

Enquanto coloco a data em uma folha, no entanto, tenho minha concentração perturbada:

Uau... - Jimin sopra, de repente.

Confusa, deixo a caneta de lado e olho para ele.

Minha concentração se perde um pouco quando o encontro olhando diretamente para mim, com a bochecha esmagada contra a palma da mão.

Pisco algumas vezes, buscando o foco outra vez.

Jimin? - Chamo, e ele bate os cílios, sorrindo fraquinho ao perceber minha atenção. - O que foi?

- Nada, não. - Ele encolhe os ombros, apertando os lábios cheios em uma linha fina.  - É só que... - Respira fundo, soltando o ar devagar. - Poxa...

Mordo a boca, desconfortável debaixo do seu olhar que não desvia do meu nem por um segundo.

- Fala logo! - Agito as pernas embaixo da mesa, batendo os pés no chão enquanto tento descarregar essa eletricidade correndo à toda por minhas veias. Meu deus... Ele deve estar tirando com a minha cara. - Jimin...

Engasgo no meio da frase, e meu joelho sobe com força, acertando a parte debaixo da mesa, e eu quase cuspo meu coração com o arrepio que corta minha coluna.

Tenho todas essas reações dolorosamente exageradas e intensas quando ele, ignorando meus pedidos, simplesmente estende a mão e acaricia minha nuca.

E não simplesmente acaricia, como faz isso tão lentamente me deixa minha pele formigando, os dedos se arrastando devagar pelo couro cabeludo. Alheio ao meu desespero, ignora meus olhos arregalados e deixa suas pálpebras caírem aos poucos conforme desliza os dedos por uma mecha comprida, segurando-a pela ponta e sorrindo em seguida.

- Você está tão bonita, agora...

Meus dedos afundam nas minhas coxas, onde minhas palmas estão apoiadas. Meu coração dispara e, em uma tentativa de escapar da forma arrastada como ele disse isso, falo a primeira coisa que me vem à cabeça:

- Obrigada. - Dou um sorriso meio torto. - Tive tempo para lavar o cabelo, hoje.

Jimin explode em uma gargalhada gostosa, e sua mão sobe novamente. Dessa vez, alcança a parte de trás do meu pescoço, e acaricia a região enquanto continua rindo, completamente fascinado pela idiotice que eu falei.

Fala sério! Qual é o meu problema?

O homem mais bonito que eu já vi na vida me elogia todo idiota e eu digo que "lavei o cabelo hoje"? Tenha !

Sua mão ali não me deixa relaxar, então minha risada sai trêmula e esquisita. Encolho os ombros com os arrepios, e meu estômago se revira inteirinho quando ele acaricia uma vez mais antes de voltar a segurar a mecha, parando de tocar minha pele.

Mais um toque e eu derreto até virar uma poça vermelha no chão, certeza!

- Ainda bem, garçonete. - Ele sorri. - É sempre bom se lavar, mesmo.

Aperto os lábios, confirmando com a cabeça. Penso que ele vai rir por mais algumas horas, pelo menos, mas ele fica sério de repente, mexendo a mecha na luz, olhando atentamente para a mesma.

- Você meio que muda de cor no sol, sabia?

É a minha vez de explodir em uma gargalhada, e ele não resiste e acaba rindo comigo, mesmo que com o semblante levemente franzido.

- O que foi? - Ele pergunta, ainda sorrindo meio aleatório a graça que eu vejo na situação. - Tá rindo do que?

- Como assim "rindo do que", Jimin? - Meu abdômen sacode com a risada, e eu apoio a mão no peito, me acalmando. - Eu mudo de cor no sol?

-É. Tipo... - Ele sorri, abobado, e enrola a mecha no dedo. - Na sombra, seu cabelo é tão escuro que parece preto, mas aqui fica um castanho meio avermelhado... - Enquanto fala, continua atento a mecha, então não percebe o quanto estou me segurando para não rir ainda mais de sua viagem. Ao terminar, percebe que eu estou apertando os lábios com força, toda encolhida, e bufa alto, batendo a mão na madeira. - Ei, qual é a graça?

Minha risada escapa em um "pfffft" alto, e ele parece ainda mais ofendido quando volto a rir sem controle.

- Eu mudo de cor no sol, Jimin? - Ele levanta uma sobrancelha, me desafiando a continuar. - Tipo aquelas pulseirinhas da Barbie?

, esquece o que eu falei, tá bom? - Bufa, e eu gargalho ainda mais de sua birra quando ele vira para frente, encarando o quadro vazio enquanto finge que não estou aqui.

Fico com pena, mas não consigo perder a piada. Assim sendo, quando minha risada finalmente acalma, respiro fundo e ajeito a postura antes de cutucar suas costas.

- Ei, Ji... - Ele não vira totalmente, mas me dirige uma olhadela por sobre o ombro.

- Que foi?

- Por acaso, no sol... - Ele levanta a sobrancelha, pedindo-me para continuar. - A minha pele brilha também? - Franze o cenho, abrindo a boca para responder. Antes, completo: - Sabe, que nem em Crepúsculo?

Pisca algumas vezes, sem outra reação enquanto me assiste cair na gargalhada outra vez.

- Você é ridícula, sabia?

- Pelo menos meu cabelo muda de cor no sol. - Seco uma lágrima de riso imaginaria, debochando da situação. Ele vira os olhos, negando com a cabeça.

- É a morte do romantismo, mesmo...

Com sua fala, tenho que apertar a boca com força para não rir mais uma vez. Há esse ponto minha barriga já está doendo, e eu respiro devagar entre as risadinhas, tentando me acalmar.

Oppa! - Uma voz doce chama à minha esquerda, me assustando um pouco, e Jimin levanta os olhos, subitamente animado. - Chegou cedo, hoje!

Os passos se tornam próximos e Jimin se senta ereto, sorrindo abertamente para a garota que vem, também sorrindo.

- Rosé! - Cumprimenta. - Como você está?

Fico estática, sem conseguir nem piscar, quando presto atenção na garota que caminha em nossa direção.

Ela deve ser pequena, certamente menor do que eu, mas continua tendo longas pernas finas e essa aparência esguia. A pele é impecável, e o tom douradinho dela me deixa fascinada. Seus cabelos também são dourados, e parecem muito com ouro líquido quando ela se move, delicada como uma pétala de flor.

Ela responde Jimin, mas não consigo ouvir, pois estou ocupada demais ficando completamente encantada por ela.

Parece uma boneca, com a boca pequena e cheinha e olhos grandes e bonitos.

Ela é praticamente o padrão de beleza que respira e fala.

Assisto quando ela passa pela fileira acima de nós e se senta em uma mesa acima, então, passa as pernas para esse lado e apoia os pés no assento abaixo. Jimin estende a mão, e ela segura com os dedos finos e adornados por anéis delicados.

Graciosa como um ser imortal, então, passa para nossa fileira e se senta do outro lado de Jimin, sorrindo lindamente.

Dentes brancos como a neve, óbvio.

- Oi! - Sua voz soa como um sino de pulseira. - Meu nome é Rosé, e o seu?

Demoro mais de trinta segundos para entender que ela está falando comigo.

Ahn, sim... - Tusso, limpando a garganta. - Eu sou Oh Bonhwa.

- Prazer, Oh Bonhwa.

Como era de se esperar, também é simpática e gentil. Logo volta a atenção para Jimin, que parece mais do que feliz com a presença dela.

- E ontem, então? - Ela comenta, no meio da conversa. - O dia foi uma loucura!

Imediatamente, minha mente viaja para o banheiro masculino no refeitório da Área de Saúde.

Ontem, após todo o ocorrido do banheiro, voltei ao refeitório, algumas horas depois, para almoçar. Obviamente, não havia nenhum sinal do maluco esquisito lá. Min Yoongi, o menino de ouro da Kyungpook.

O cara que tem medo da própria mãe.

No entanto, quando estava voltando para casa, posso jurar que vi ele entrando em um carro caríssimo no estacionamento frontal. Camisa amassada, semblante caído.

Não estava feliz, mas parecia bem mais calmo, pelo menos.

Foi difícil dormir a noite, pensando em tudo que aconteceu. Talvez tenha sido essa a razão pela qual acordei tão cedo hoje.

Mais rápido do que consigo acompanhar, a professora entra na sala, e Jimin e Rosé param de conversar.

Tento acalmar os pensamentos para focar na aula, mas, agora que Jimin não está mais me distraindo, torna-se cada vez mais difícil a tarefa de impedir minha mente de ficar viajando em direção aos frágeis olhos escuros de Min Yoongi.

🐞

Dessa vez, tenho o período antes do almoço livre, então, quando as dezenas de alunos começam a encher o espaço, já estou muito bem sentada em uma mesa ao canto. Perto o bastante da comida, longe o bastante do centro movimentado.

Termino de comer logo, mas continuo sentada, trocando mensagens com Hoseok e Taehyung. De tempos em tempos, enquanto espero respostas, olho ao redor, mas ele não está aqui em lugar nenhum. Também não estava em nenhuma aula que participei, e nem em nenhum corredor pelo qual passei.

Não que eu esteja procurando, é claro.

Quando levanto os olhos novamente, após concordar com Taehyung, que está xingando sua chefe, encontro outra coisa.

Uma garota alta, com cabelos loiros compridos com uma mecha verde esmeralda e franjinha, está zanzando pelas mesas ocupadas, carregando uma bandeja cheia e, de quebra, um saxofone.

Não consigo conter uma risada discreta ao observar a forma como ela se destaca sem tentar. Não apenas pelo saxofone, mas também pela calça rasgada com uma corrente na lateral, jaqueta de couro e cropped branco. O tênis de marca, extremamente colorido, também não ajuda muito em sua discrição.

Ela é o completo oposto das outras alunas de Medicina, inclusive de mim. E, quando a vejo soltar um gritinho quando o instrumento começa a escorregar de seu braço, não tenho outra escolha a não ser:

Psiu! - A chamo, um pouco alto. Ela franze o cenho e olha para mim, confusa. - Quer sentar aqui? Já estou saindo...

O sorriso que se abre em seu rosto bonito é radiante.

- Obrigada! - Se apressa, colocando a bandeja na mesa e equilibrando o instrumento delicado sobre a cadeira. - Eu esqueci a maldita capa dessa coisa na sala de prática. Até voltei para buscar, mas já estava fechada, então tive que carregar assim mesmo e agora estou morrendo de medo de arranhar isso e ter que pagar uma fortuna em um novo para a universidade. - Assisto apavorada enquanto ela fala sem parar e se senta na cadeira, as pernas abertas e cotovelos apoiados na mesa. - A propósito, eu me chamo Lalisa Manoban, e você?

Demoro um pouco para estender a pergunta.

Hm... Oi. - Pisco algumas vezes, meio confusa. - Eu sou Oh Bonhwa.

- Coreana? - Pergunta, parecendo surpresa quando confirmo. - Não parece.

- Não nasci aqui, na verdade. - Esclareço. Ela confirma.

- Assim faz mais sentido, mesmo. - Quebra os hashis e começa a comer de forma delicada, o contraste perfeito com sua postura largada. - Eu sou tailandesa.

- Tem um sotaque lindo. - Elogio, ela sorri e se curva em um agradecimento atrapalhado.

- Você fala de um jeito simples, é bonito também. - Ela elogia, e eu devolvo o sorriso. -Mais fácil para mim entender.

Depois de alguns segundos ainda observando ela, que comia distraída, lembro da história do saxofone e separo os lábios, confusa.

- Você não estuda Medicina. - Concluo. Ela sorri e balança a cabeça várias vezes, enrolando tiras de carne habilidosamente com os hachis.

- Não, credo. - Leva o bolinho a boca, mastigando com as bochecha cheias. E cobre a boca com a mão ao dizer, enrolada: - Você sim? - Confirmo. Ela ri. - Coragem.

Dou risada também.

- Nem me fala. - Deito as costas na cadeira, relaxando um pouco. - Não quero ser grosseira, mas o que faz aqui, então?

Quer dizer, é o refeitório da Área da Saúde. E ela está carregando um saxofone.

- Ah, é que essa é a área com cursos mais caros, então a comida é melhor. - Dá de ombros. - Nas terças eu tenho um período livre antes e outro depois do almoço, então venho comer aqui, com os ricos. Dá tempo.

Confirmo, sorrindo um pouco ao perceber que ela é aquele tipo de pessoa.

O tipo que faz amizade com todo mundo, leva a vida da forma simples e, de forma geral, tenta fazer tudo aquilo que quer.

- Bom... - Relaxo mais a postura. - Eu também tenho o período anterior livre, posso guardar a mesa para você todas as terças. - Ela levanta os olhinhos redondos, esperançosa com minha fala. - Nas quintas também, se você quiser.

Caralho, eu quero! - Ela sorri grande e fala o palavrão tão alto que até a moça que serve nos olha revoltada. - Sempre tenho que comer na escada porque as mesas já se foram quando chego da Área de Artes.

- A comida nunca é tão boa na escada. - Comento.

Certo? - Concorda, com uma pergunta. Enquanto fala, abre a latinha de suco, e quando termina, vira metade de uma vez. Para completar, solta um "ahhh" satisfeita ao final, e dou uma risada divertida.

- Bom, Lalisa, já vou indo. - Levanto e pego minha mochila no chão ao fazê-lo. - Te vejo na quinta.

- Até lá, Oh Bonhwa! - Ela levanta a mão, estendendo para que eu bata. O som do "toca aqui" ecoa alto, e ela sorri satisfeita. - E pode me chamar de Lisa!

- Me chama de Bon. - Junto os ombros, dando-lhe a possibilidade. Ela pisca para mim, concordando, e logo volta a atenção para sua comida.

Saio do refeitório com um sorriso tão aberto que faz minhas bochechas doerem, e que volta várias vezes ao longo do dia, conforme me lembro do jeitão largado da simpática garota tailandesa.

Dia esse que é cansativo, mas proveitoso, a sua maneira.

Não é como se eu fosse grande fã de passar doze horas andando por prédios abarrotados de gente rica e amontoada em salas com ainda mais delas, mas eu realmente gosto desse curso, então compensa. As aulas são boas, e arrisco dizer que a mensalidade altíssima se faz valer em cada uma delas.

Mas, ei.. ainda é só o segundo dia.

Saio do prédio com a onda de estudantes liberados de suas classes, mantendo uma distância segura das outras pessoas (talvez eu esteja traumatizada com todos os acidentes que me aconteceram nesses últimos meses), saindo para o cenário de quase-noite que se estende aqui fora.

É exatamente aquele momento de transição quando o pôr-do-sol (com suas cores quentes e românticas) já se foi, e agora tudo está banhado naquele tom de azul escuro, esperando a noite realmente começar. O famoso crepúsculo.

Dou risada, percebendo que já pensei demais na série de livros que leva esse nome por um dia, enquanto passo pela calçada de pedras cinzas ao lado do estacionamento, seguindo meu caminho para a rua principal da universidade, onde tem táxis.

Minha mãe deveria me pegar hoje, mas vai ficar até mais tarde na obra, resolvendo algo sobre o jardim. E ela está tão empolgada com toda essa história que nem mesmo consigo ficar ressentida por ser largada aos táxis.

Mas vou fazer ela pagar a corrida, mesmo assim.

Garçonete! - A voz doce, que só pode ser de uma pessoa, chega até mim, vinda do estacionamento ao meu lado. Olho por cima das moitas e tenho esconder o sorriso ao ver Jimin ali, sorrindo abertamente. - Vem cá!

Franzo o cenho, mas acato seu pedido, movida pela curiosidade.

Conforme me aproximo, após contornar o pequeno jardim que divide a calçada dos carros, sinto minhas bochechas tremerem enquanto tento não deixar meu queixo cair.

Ele está parado ao lado de um enorme carro branco, segurando chaves e controle nas mãos. A camisa branca continua solta ao redor de seus músculos, e os fios muito escuros parecer líquidos na escuridão.

- O que você quer? - Pergunto, parando diante dele.

Jimin deixa uma risadinha escapar, daquelas em que seus olhos quase se fecham, e balança a cabeça em negativa.

- Você fala de um jeito meio bruto as vezes, sabia?

Coloco as mãos na cintura.

- Soube ainda hoje que meu jeito de falar ajuda na compreensão dos estrangeiros.

- O que? - Pergunta, escorando-se na lataria do carro.

- Nada não. - Balanço a cabeça. - Mas sério, eu preciso ir logo.

Ah, sim. - Ele se levanta, parando diante de mim. - Ir para onde?

Dou risada, meio confusa com a pergunta.

- Para casa? - Minha afirmação sai como uma pergunta, e ele vira os olhos, cruzando os braços.

- Andando? - Pergunta. Nego. Ele levanta as sobrancelhas. - E como, então?

- De táxi. - Indico o caminho com a cabeça, e ele arregala os olhos, negando várias vezes.

- Vai descer até lá embaixo sozinha? A essa hora? - Confirmo, não vendo nada demais na situação. Quer dizer, nem está tão escuro ainda, e tem vários alunos seguindo para lá também. - Não mesmo.

Meu queixo cai.

- E o que você quer que eu faça, então?

- Vem comigo. - Sorri e se afasta, andando para algum lugar à minha direita. Acompanho com o olhar, e meu queixo quase caí de verdade quando vejo onde ele chegou. - Te dou uma carona, hoje.

Uma moto.

Park Jimin está parado ao lado de uma moto.

Como se não fosse o suficiente, se escora na mesma, levantando as chaves para mim.

Fodidamente sexy ao balança-las no ar, sorrindo insinuoso.

- Eu juro que piloto devagar, por você.

Continuo sem reação, encarando-o em silêncio. Fecho a boca, apertando os lábios, e ajeito a mochila nos ombros.

Ok...

É tudo que respondo: um ok fraquinho e quase inaudível, mas parece ser tudo que ele quer. Sorri abertamente, satisfeito até demais, ao se afastar da mesma e então montar nela após pôr o capacete.

Eu posso estar tremendo de medo e babando de tesão, mas não sou nem louca de negar a oportunidade de montar no Jimin. Digo, montar a moto dele.

Meu deus, que vergonha...

Ele estende a mão após se ajeitar, e minha boca parece seca demais quando saio do torpor, passando a andar em direção a ele.

Yah!

No entanto, alguém chama. Não dou atenção em um primeiro momento, já que o espaço está até movimentado, mas um segundo chamado me faz prestar atenção.

Você, com a jaqueta preta!

Giro sobre os calcanhares, buscando a voz.

Na luz fraca, demoro um pouco para encontrar, e assim que faço sinto meu corpo todo tencionar ao perceber quem chamou.

É Min Yoongi, alí. Vindo em passos decididos na minha direção.

O terno preto parece reluzir de leve na luz fraca dos postes que iluminam o espaço, e o cabelo claro está arrumado em um topete charmoso. Seu sapato lustrado praticamente acaricia o chão a cada passada, e tudo nele é agradável aos olhos.

A única peça que falta em seu traje é uma gravata justa, mas isso não impede que ele pareça um chefe andando por aí, desse jeito. Se não fosse pela bolsa de viagem de couro preto, parecida com uma mala caríssima descansando na lateral de seu quadril, com a alça ao redor no ombro magro, não pareceria nem um pouco com o que se espera de um universitário.

- Oi. - Ele cumprimenta, educado, ao parar a uma distância respeitosa de mim. - Como você está?

Pisco algumas vezes, levemente estática com sua presença.

E-eu... - Tusso, espantando a sensação. - Oi. Eu estou bem.

Ele sorri.

- Que bom. - Levanta a alça da bolsa, ajeitando-a melhor sobre o ombros, como se estivesse pesada demais. - Lhe procurei muito hoje, mas não pude encontrá-la em lugar algum.

Meu lábio treme, e meu peito dispara em uma sensação estranha.

Procurou por mim? Meu deus...

- E o que você queria?

Assim que minha voz soa, percebo que pareci muito dura. Ele fala de uma forma agradável: simpático, mas levemente formal. Eu falo como uma carrasca.

Talvez Jimin esteja certo sobre meus modos.

- Bem, eu... - Ele troca o peso de perna e ajeita a alça mais uma vez. Definitivamente, uma bolsa pesada. - Eu meio que gostaria de te agradecer, por tudo que aconteceu ontem. - Apenas com isso, sinto meu pescoço começar a esquentar com a vergonha. Piora quando ele conclui: - E pedir seu perdão, também.

O que?! - Digo, alto demais. Ele chega a abrir mais os olhos bonitos (muito bonitos, gostaria de deixar claro), piscando rápido. - Como assim "perdão"?

- Bem... Você poderia me escutar por alguns minutos? Juro que serei breve.

Concordo com a cabeça, cruzando os braços para mostrar que estou disposta a ouvi-lo. Ele passa a língua pelos lábios finos e desenhados, respirando fundo antes de começar.

- Você deve ter percebido que eu estava em um estado emocional... delicado, ontem. - Assinto, me segurando para não rir de sua tentativa de tratar aquele surto todo como "delicado". - Por isso, acabei sendo... bem... - Ele mexe o pescoço, inclinado a cabeça. - Um babaca. - Decide. - Fui um babaca com você.

Não posso dizer que esse desfecho não me pegou de surpresa. Recuo um passo, arregalando os olhos.

- Você não precisa falar assim de si mesmo. - Digo. - Você estava com medo, ninguém controla isso.

Na verdade, ele estava apavorado, mas decido pegar leve mediante seu desconforto em admitir tudo aquilo. Ele pisca lentamente, mantendo contato visual.

- Certo. - Conclui, depois de alguns segundos. - Mesmo assim, eu sinto muito pela forma como lhe tratei. Peço perdão.

Minha espinha fica gelada, e meu estômago se revira mediante toda a situação.

Quer dizer, realmente achei ele um babaca, na hora. Mas de modo geral, estávamos os dois com muito medo.

Ele estava com raiva por sentir medo - aparentemente - da mãe, e direcionou essa raiva para mim como mecanismo de defesa, tentando resolver a situação que causei (afinal, a distraída fui eu) para não precisar mais sentir medo.

Eu estava assustada, obviamente, por estar presa em um banheiro com um homem desconhecido. Qualquer pessoa sabe o quanto essa história poderia terminar mal para mim.

Mesmo assim, vê-lo pedindo perdão me deixa especialmente vulnerável. Faz com que eu me sinta desconfortável.

Mesmo que eu saiba que ele está pedindo perdão pelo comportamento (o que é perfeitamente necessário), e não pela situação, ainda sim me sinto meio triste.

Como dito antes, não consigo nem imaginar quanto medo ele sente da própria mãe se preferiu correr o risco de ter uma garota fazendo um escândalo e prejudicando-o na universidade, do que correr o risco de aparecer na frente dela com uma camisa manchada.

Percebo que fiquei tempo demais em silêncio, perdida em pensamentos, quando ele tosse de forma audível, e continua:

- Quando você falou sobre eu ter tirado a camisa, céus... - Ele leva as mãos ao rosto, esfregando as palmas ali. - Fiquei tão enojado comigo mesmo que quase vomitei. - Então respira fundo e abaixa os braços, me encarando tão arrependido que quase parte meu coração. - Me senti mal assim que você saiu pela porta, porque nem mesmo agradeci a ajuda. Ajuda que não merecia, na verdade.

- Eu... - Pisco algumas vezes, e meu peito é corroído pela situação. - Eu perdôo você, sim.

Ele parece surpreso, por um instante, enquanto arregala os olhos e me encara em silêncio. Por fim, pisca lentamente e sorri de orelha a orelha.

Seu sorriso é fofo e me deixa meio boba, então trato de falar mais alguma coisa para espantar o calor subindo pelo pescoço:

- Só não faça outra vez, ok?

Imediatamente, ele deixa uma gargalhada escapar, e levanta as mãos, agitando-as na frente do corpo.

- De jeito nenhum! Vou me comportar melhor a partir de agora.

Dou risada, cruzando os braços.

- É bom mesmo! - Dito, tentando parecer seria. Seu sorriso continua adorável em seu rosto bonito, e os cantos da minha boca se levantam automaticamente com isso. - Mas, e você... - Decido perguntar, já que ele o fez para mim. - Está se sentindo melhor?

Ele parece meio chocado, e a leveza de seu sorriso some quando ele pressiona os lábios, forçando um sorriso fechado.

- Bastante. - Responde.

Mentira, percebo.

Não o questiono, entretanto.

- E teve problemas? - Ele levanta uma sobrancelha, claramente desconfortável com ser o assunto da conversa. - Sabe... Com a sua mãe?

Ah. - Ele troca o peso de perna e ajeita, mais uma vez, a alça da bolsa. - Não tive. Consegui disfarçar a marca que ficou e jogar a camisa na lavanderia antes que ela me visse. - Relaxou os ombros, como se sentisse o peso sair de cima de seus ombros apenas de lembrar do que quer que tenha escapado. - Passei impune. Graças a você, é claro.

Meus ombros sobem e o canto da minha boca se repuxa em um sorriso estranho. Dessa vez, o valor alcança minhas bochechas, e tenho certeza que estou corada quando digo:

- De nada, então...

Um dom comunicativo desses é o sonho de qualquer um.

Ele parece alheio às minhas palavras pouco elaboradas, felizmente, e apenas sorri em resposta.

O clima fica estranho quando, por algum motivo, nenhum de nós fala nada, e nossos olhares continuam conectados. Seu sorriso some aos poucos, e a palma de minhas mãos está dormente.

- Bem, eu tenho que ir. - Digo de supetão, não aguentando mais o peso que o ar adquiriu.

Ele tem um leve sobressalto, mas concorda com a cabeça. Quando estou pronta para ir, no entanto, me chama novamente.

Uhmm... Eu meio que trouxe uma coisinha para você.

E pela primeira vez no dia, Min Yoongi fala de maneira informal.

Arriscaria até mesmo dizer que está tímido.

- Oi?

Viro para ele, e meus lábios se separam quando ele abre o espaço maior da bolsa, tirando uma sacola de mercado de lá.

Uma sacola de mercado com dois litros de refrigerante de laranja caro no interior!

Meu deus...

É por isso que a alça não parava se escorregar!

- Eu não acredito! - Digo, tão chocada que aceito a sacola sem nem pensar duas vezes. Ele parece satisfeito com minha reação, e sorri orgulhoso ao ver minha cara de felicidade.

É o meu favorito, afinal!

- Você gostou?

Se eu gostei? - Minha voz sai alta demais, e isso faz ele sorrir ainda mais. - Essa foi a melhor parte do meu dia!

- Ainda bem, porque foi a única coisa que eu pensei em fazer para compensar o que aconteceu. - Ele encolhe os ombros, e suas bochechas estão rosadas. - Obrigada mais uma vez.

Confirmo, sorrindo genuinamente feliz e um pouco boba, por sua timidez notável.

- De nada, Min Yoongi. - Levanto a mão livre, acenando. - Até amanhã.

- Eu ainda não sei seu nome! - Ele diz quando me afasto um passo, sorrindo travesso. - Ou posso te chamar de lavadeira?

Ah, qual é!

O cara te dá um refrigerante e já quer ter intimidade?

Por mim tudo bem.

- Se você quiser, pode sim. - Dou de ombros, divertida. - Mas meu nome é Oh Bonhwa.

Ele assente.

- Combina com você. - Diz e se afasta dois passos, fechando sua bolsa, agora visivelmente mais leve. - Até mais, Oh Bonhwa.

- Tchau, tchau...

Aperto a sacola na mão, vendo-o se afastar. Agora já escureceu de verdade e o estacionamento está muito mais vazio, então consigo vê-lo tomar distância por algum tempo, a nuca muito clara se destacando entre os cabelos padronizados dos estudantes.

Preciso conter um suspiro e um gritinho de animação ao olhar para a sacola.

Sei que tive uma péssima primeira impressão, mas o fato de ele ter se dado o trabalho de corrigir o que aconteceu mostra que, talvez, minha vó esteja certa em dizer que ele é uma boa pessoa.

Sorrio sozinha com a percepção, tombando a cabeça para o lado e pressionando os lábios. A sacola faz um peso agradável em minhas mãos, e sorrio ainda mais.

Bobinha, bobinha...

Giro sobre os calcanhares, sentindo pena de Jimin pela minha demora.

No entanto, a sensação logo se desfaz mediante a imagem à minha frente: a vaga, onde estava a moto, se encontra agora vazia.

Park Jimin não está irritado com minha demora, pelo simples fato de que Park Jimin não está mais aqui.


Notas Finais


Hello, galerinha!

Hoje tivemos personagens novas, yaaaaaaaay 🎉🎆 Essas três não são principais, mas são muitíssimo importantes pra trama, então prestem atenção nelas 😉

Como disse nas notas iniciais, esse capítulo foi meu favorito até agora ♡

O Yoongi é meu personagem favorito, então sempre fico toda agitada em escrever os POV's dele. Dêem muito amor ao nosso bebezinho guerreiro 🎹💕💞

E o que vocês acharam da atitude do Jimin? Por que será que ele abandonou a Bonhwa desse jeito?

Tragam as teorias, Tomorrowers. Eu os invoco!! 👻

Eu estou realmente animada em escrever minha bebê depois de tantos anos, e talvez traga uma atualização dupla na semana que vem!

ALÉM DISSO, a patroa aqui tá trabalhando no enredo de algo novo 👄 Vejamos o que acontece rsrsrs.

Tchauzinho! 🎹🐞


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...