História Tomorrow: O Receptáculo REESCREVENDO - Times Have Changed

7 dias depois.  

Jimin tinha seu corpo jogado no chão da sala. Aquele apartamento estava tão vazio, tão frio sem seu garoto. Seu corpo estava se recuperando de uma luta contra alguns capangas de Gadeel. Ah, o Arcanjo. Seus olhos brilhavam no mais puro ódio só de ouvir aquela voz ou pensar naquele homem. Jurou a si mesmo que iria acabar com a existência do Arcanjo.  

Passos pesados o trouxe a realidade, levantou a cabeça e olhou em direção ao barulho e pode ver o calçado de Namjoon. Ele passou pelo anjo e foi até a cozinha, logo depois Seokjin apareceu, parando no meio da sala para observar o Segador ali.  

- Matou mais algum? - Perguntou Seokjin, o anjo apenas balançou a cabeça afirmando o que Jin já sabia. Grigori respirou aliviado e foi ao encontro de Namjoon, que analisava algumas armas brancas pelo balcão da cozinha.  

- Achou Hoseok? - Perguntou apreensivo. Namjoon apenas suspirou ao ouvir aquela pergunta. Hoseok estava perdido pelo mundo, logo depois do enterro de Taehyung, ele não parava em lugar algum. Estava sempre atrás de algo para matar, mais precisamente, demônios ou anjos. Ele realmente estava fazendo a limpa naquela cidade. Ninguém se atrevia a encostar no demônio. Ele estava quase pegando a coroa da cidade; Logo se tornaria um rei.  

- Ele irá aparecer quando precisarmos dele. Acho que deixá-lo com Jimin não é algo inteligente a se fazer. - Murmurou o demônio. Estava tão concentrado nas armas que não notava o olhar de Jin sobre ele. O Grigori se sentia tão estranho perto daquele homem depois que tudo aconteceu.  Sentia falta de seus toques e mesmo que lutasse contra, o desejo permanecia. Até se sentia mal por conseguir pensar nessas coisas quando tinha o mundo para salvar. 

Namjoon parou e virou-se, percebendo que Jin o encarava. O anjo desviou o olhar e deu uns passos para trás, mas Namjoon foi atrás dele, cortando o espaço entre seus corpos. Puxou o anjo pela cintura e sem pensar, começou um beijo calmo. Jin não teve tempo de pensar, apenas deixou-se levar e com as mãos de Namjoon acariciando sua cintura, ficava bem difícil de se controlar. Quando as mãos do Grigori foram para a nuca do demônio, percebeu que era hora de parar ou isso terminaria em ambos completamente nus. Namjoon terminou o beijo com um sorriso, fazendo o anjo suspirar. 

- Quando tudo isso terminar, passarei um bom tempo te fodendo. - Namjoon riu ao ver os olhos de Seokjin se arregalarem.  

- Não fale coisas assim, por favor. - Seokjin se afastou um pouco, deixando Namjoon voltar ao seu trabalho com as armas. Eles precisavam delas, usavam muito aquelas facas, e as que Namjoon estava preparando, havia a força do inferno, necessariamente para atrasar alguns anjos que tentasse entrar em seu caminho. 

- Precisamos logo expulsar Lúcifer do corpo de Jungkook, seu corpo não irá durar muito e nem a terra. - Namjoon disse. Jimin se levantou do chão e foi até a cozinha, o nome de Jungkook havia chamado sua atenção.  

- A armadilha de expulsão precisa ser feita com sangue virgem. Primeiro precisamos encontrar isso. - Explicou Seokjin. Jimin parou para pensar por alguns segundos e logo abriu um sorriso vitorioso. 

- Yerin ajudaria, não é? - Perguntou esperançoso. Namjoon e Seokjin trocaram um olhar de conforto. Isso daria certo. 

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Seus braços doíam, mas ele já não ligava mais. A dor já havia se tornado parte dele. Suas mãos estavam enroladas em pedaços de panos que antes eram sua camiseta. Seu torso descoberto mostrava seu abdômen definido e sujo de terra misturado com suas cicatrizes que havia ganhado com o tempo. Marcas de sua batalha com monstros e algumas até consigo mesmo.  

49 dias era o tempo que Jungkook estava ali. Seu corpo já havia se transformado, seus músculos cresceram e ele parecia outra pessoa. Ele não tinha fome ou sede ali, ele só pensava em sobreviver e isso mexeu com sua mente de uma forma inexplicável.  

Era noite, ele podia ouvia gritos de desespero e passos. Correu até a árvore mais próxima e a escalou. Seus dedos já não sentiam mais dor quando ele cravava-os na madeira. Seus pés eram rápidos e em segundos ele já estava sobre um galho, olhando tudo de cima. Sua visão se acostumou com o local e ele conseguia enxergar em meio a noite. Viu dois demônios passarem por baixo de si e abriu um sorriso ao vê-los vulneráveis. Pegou sua faca, feita de osso, e pulou da árvore em cima de um dos demônios, enfiando a faca em sua cabeça. O outro rapidamente pulou em Jungkook, fazendo-o cair no chão em meio a folhas secas. Antes que pudesse soca-lo, Jungkook chutou o demônio no peito, fazendo-o cair para trás. Rapidamente pegou sua faca e subiu no corpo do demônio, prendendo-o no chão. Deu três socos em seu rosto e quando viu que o demônio já estava atordoado, segurou sua cabeça e com a faca desenhou um símbolo em sua testa. Esse símbolo era anti-demônio e os expulsavam de corpos de humanos quando usado na terra, mas no purgatório, ter um símbolo daquele era uma dor sem fim, pois eles não tinham para onde fugir.  

Assim que Jungkook saiu de cima do demônio, ele começou a gritar de dor. Se debatia no chão, não tendo forças para levantar. O grito dele se misturava com os outros gritos que podia ser ouvidos a distância. Obras de Jungkook, que por onde passava, deixava um demônio agoniando no chão.  

O garoto, que não parecia mais um inocente garoto, saiu andando dali como se aqueles gritos fossem músicas para seus ouvidos. Jungkook sentia que aqueles gritos o mantinha são.  

- Eu preciso sair daqui. - A voz de Jungkook era baixa. Falava aquelas palavras todos os dias para si mesmo, ele não podia esquecer de seu verdadeiro objetivo. Pois, as vezes, ele sentia que aquele lugar era sua casa. E ter sua alma acostumada a um lugar assim, nunca era bom. 

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Yoongi bateu na porta de madeira duas vezes antes que ela fosse aberta. A figura de Yerin apareceu, fazendo-o sorrir. Quando a garota o viu, arregalou os olhos, surpresa.  

- Como sabia onde eu moro? - Perguntou curiosa. Yoongi suspirou e colocou suas mãos nos bolsos.  

- Eu não sabia. Segui seu cheiro. - Confessou. Yerin ficou um tempo parada se perguntando se aquilo podia ser real, mas sabendo que ele era um Neflim, tudo poderia acontecer. 

- Isso é assustador, Yoongi. Entre. - Disse, abrindo a porta, dando passagem para o Neflim. Assim que ele entrou, notou a casa pequena com toques femininos. Os móveis eram todos claros, combinando com as paredes brancas. Yerin o guiou até o sofá e sentou-se, fazendo-o sentar ao seu lado. Yoongi podia ouvir passos em outro cômodo, pensou ser da mãe de Yerin. Deixou de lado e se concentrou em Yerin. 

- Precisamos de um favor seu, para trazer Jungkook de volta. - Yoongi disse. Yerin sentiu seu corpo tremer ao ouvir o nome do amigo. Pensar que ele se foi assim, sem escolha e que pode estar sofrendo, aquilo acabava com ela. 

- O que quiser! Se isso for trazer ele de volta! - Yerin sorriu, confortando Yoongi. Assim que Jimin mandou o recado, ele sabia que Yerin iria aceitar. 

- Precisamos de um pouco do seu sangue. - Yoongi disse direto. Yerin abriu a boca para falar algo, mas as palavras não saiam, estava tentando entender como seu sangue seria útil. Não fazia sentido para ela. 

- Mas como isso será útil? - Perguntou. Desviou seu olhar de Yoongi e encarou seus pés, tentando entender. 

- Podemos expulsar Lúcifer do corpo de Jungkook com sangue virgem, apenas. - Explicou Neflim. Yerin sentiu suas bochechas esquentarem ao ouvir aquilo. Claro, ela era a virgem que eles conheciam. Pelo menos ela servia para algo e estava feliz.  

- Tudo bem. Eu vou até o apartamento do Kook e vocês tiram o necessário, pode ser? - Disse. Yoongi sorriu e concordou com a cabeça. Ele estava preparado para ir embora quando ouviu passos se aproximando. Levantou-se do sofá e encarou o pequeno corredor da casa. 

- Yerin! Quem estava na porta? - A voz suave perguntou e logo apareceu no corredor. Yoongi olhou para a mulher, magra e um pouco mais alta que Yerin. Quando seus olhares se encontraram, o Neflim sentiu seu corpo se arrepiar. Era como se ele tivesse vendo sua mulher em sua frente, a que ele abandonou a mais de um século. Yerin percebeu que Yoongi estava estático, encarando sua mãe, ela não estava entendendo aquilo, mas resolveu interferir.  

- Mãe, esse é um amigo meu, Yoongi. Já estava de saída. - Yerin o pegou pelo braço, fazendo-o acordar do transe. O Neflim mostrou um sorriso forçado e fez reverência antes de se deixar ser arrastado por Yerin até a porta. 

- Qual o nome de sua mãe? - Perguntou apreensivo. Yoongi sentia como se seus fantasmas do passado voltaram para lhe assombrar.  

- Yarah. Kim Yarah. Você está bem? Parece pálido. - Preocupou-se. Yerin encarava o rosto dele, vendo várias expressões diferentes. 

- Eu sou pálido. - Retrucou. Yoongi suspirou e se virou, indo embora. Yerin ficou ali parada, não entendendo aquela mudança repentina do Neflim. 

- Yoongi, tome cuidado! - Yerin gritou para o rapaz enquanto observava-o andar pela rua. Respirou fundo e fechou a porta, pensando na possibilidade de ver seu melhor amigo mais uma vez.  

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O céu estava cheio de nuvens, o que impossibilitava Hoseok de ver a lua e as estrelas. Sobre a grama gelada naquele clima frio, ele tinha seu corpo estirado no chão. Para o resto do mundo, ele estava deitado no meio do nada, mas para Hoseok, ele estava deitado sobre a cova de seu amor, Taehyung. Suas mãos sujas de sangue, assim como sua boca e o resto de sua roupa; Já havia perdido a conta de quantos seres havia matado aquela semana e nada disso diminuía sua dor. Estava cansado mentalmente, sentia que todos aqueles poderes e força não valiam de nada. Quem o encontrasse, o via apenas como um menino indefeso. Lágrimas escorriam de seus olhos sem que ele percebesse, olhava para as nuvens, tão carregadas quanto seu coração.  

- Taehyung, eu não consigo mais sentir essa dor. Eu posso lutar e matar todos os demônios dessa terra, eu posso enfrentar o mais poderoso. Eu posso ser torturado por dias com facas celestiais em meu corpo, mas nada me machuca e me derrota tanto ao ver que no final do dia você não vai estar me esperando. - Sua voz aumentava em meio ao choro. Ele já se encontrava soluçando. Virou seu corpo na grama, ficando com o rosto próximo a terra. Suas lágrimas caíam pelo pequeno mato verde. - Seu corpo está tão perto, é irônico como há um século atrás, eu queria apenas ele. Queria usar seu corpo. Hoje, estou aqui, chorando e me humilhando. Desejando ouvir sua voz, sentir seu abraço e sua risada. Sinto falta de te proteger, sinto falta de fazer amor com você. Taehyung, você é meu céu e meu inferno. Você me faz querer viver uma vida humana e curta. Eu desistiria de ser quem sou para ter quem você foi. Seu corpo está frio agora e eu daria todo o fogo que sou capaz de controlar para te sentir quente em meus braços. Por favor, não esqueça que eu sempre vou te amar. - Hoseok levantou-se do chão e secou suas lágrimas. Respirou fundo e começou a se distanciar do lugar, ele não olhava para trás, não conseguia. Não queria usar seus poderes para simplesmente se teleportar, queria sentir-se um nada, um humano. Andava, tendo em mente chegar até o apartamento de Jungkook. Queria saber quando eles iriam destruir Lúcifer. Faria questão de ajudar em todos os detalhes. 

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Seokjin ouviu a porta se abrir e logo sentiu a presença do Neflim, correu até ele, vendo que Jimin já estava ali também olhando apreensivo para ele. Namjoon foi outro que chegou a sala e encarou o loiro.  

- E então, falou com Yerin? - Perguntou Namjoon. Todos esperavam a resposta positiva e Yoongi abriu um sorriso fraco. 

- Ela vai passar aqui, disse que faria de tudo para ver Jungkook.  - Respondeu. Jimin logo abriu um sorriso e olhou para Jin, que retribuiu. Aquilo tinha que dar certo e eles sentiam que ia. Seria muito arriscado, precisavam encontrar Lúcifer, mas isso Namjoon faria. Coloca-lo em um círculo de expulsão, uma coisa bem difícil. E então citar as palavras certas; Seokjin faria isso, por ser o mais celestial. Teria mais impacto e ele tinha mais força.  

- Jimin, você tem passagem para o Purgatório. No momento em que tirarmos Lúcifer, precisa estar preparado para arrastar Jungkook. - Disse Grigori. Ele sabia que Jimin faria qualquer coisa pelo amado. Só precisava ter certeza que ele faria a tempo e com agilidade. 

- Não se preocupe, farei tudo certo. - Sorriu Jimin. Pensar em ver Jungkook mais uma vez, trazia esperança para ele. Tinha necessidade em vê-lo e tocá-lo.  

- Já temos armas prontas, faremos isso o mais rápido possível, não podemos perder tempo. Humanos estão morrendo rapidamente. - Namjoon disse. Sua voz grave e autoritária fez com que todos concordassem. Precisavam salvar o mundo e vingar a morte de Taehyung.  

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Seu coração acelerava aos poucos. Procurava por ar desesperadamente, suas mãos começaram a fazer o trabalho, um caminho para a saída da escuridão. Sentia seus dedos falharem uma vez ou outra. Estava fraco. Se perguntava como foi parar ali, não lembrava daquela parte. Depois de uns minutos de trabalho, conseguiu sentir o vento bater em sua mão. Usou seu corpo para tirar mais terra do seu caminho e com isso saiu do buraco. O vento gelado fez contato com sua pele, se sentia vivo mais uma vez. Suas memórias voltavam como um filme passando em sua mente. Seu corpo sujo de terra e sua respiração acelerada. Deixou seu corpo descansar no chão, sentindo um cheiro familiar sobre a grama.  

Lágrimas se formaram em seus olhos e ele buscou forças para falar. 

- Hoseok..