História Tomorrow: O Receptáculo REESCREVENDO - The End Is Coming Sooner

8h37m - Quinta-Feira  

Todos os adolescentes ali estranharam que aquela manhã estava fria demais. Porém, com o mundo como esta, eles estavam preparados para mudanças repentinas. Viviam todos os dias como se fossem seu último, tudo ali era movido a base da esperança. As aulas voltaram depois da escola ser reformada rapidamente, todos resolveram deixar aquele incidente para trás, perdiam pessoas todos os dias e a essa altura, tudo que eles podiam fazer, era substituir os que morriam, na esperança que não acontecesse de novo. Esse era o futuro que ninguém queria, ser obrigados a se acostumar com a morte e a dor. Humanos, uma raça idiota que foi se autodestruindo e que ainda tinham a cara de pau de colocar a culpa em seu governo. Cada ser vivo tinha sua culpa no mundo, choravam diante a morte de um humano enquanto destruía a mãe natureza. Hipocrisia predominante.  

Gadeel podia ouvir todos os humanos naquela escola, os passos apressados, os corações batendo, as vozes alta das crianças e as reclamações dos professores. Se sentia mal por estar ali, marchando na frente de um exército de demônios famintos por dor e medo alheio. Respirou fundo e levantou sua mão, estalando seus dedos. Um sinal para os demônios avançarem. E eles não ousaram hesitar, seguiram correndo em direção a grande escola. Gadeel permanecia parado, não queria sujar mais suas mãos com o sangue inocente. Não demorou mais de dois minutos até os gritos começarem. Podia ouvir a carne de inocentes queimando, ossos sendo estraçalhados e esmagados. Adolescentes correndo e tentando se salvar. Explosões começaram a acontecer, ele podia ver concretos voando junto a pedaços humanos e pingos de sangue. Desejou ser humano naquele momento, para que não precisasse ver e ouvir cada detalhe de tudo que acontecia.  

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Yerin perdeu sua audição por alguns segundos, não soube o que aconteceu. Em um segundo estava lendo seu trabalho de ciências e no outro, estava no chão, caída com uma mesa sobre ela. Seu corpo doía e o cheiro metálico era forte demais. Respirou fundo e empurrou a mesa para o lado, sentindo um alivio ao retira-la dali. Virou seu corpo e deu de cara com duas pessoas, demorou um tempo para cair a ficha de que aquele cheiro de ferro era sangue e que aquelas pessoas, suas colegas de classe, estavam mortas. Sua respiração acelerou e a adrenalina tomou conta de si. Se levantou rapidamente e olhou em sua volta, podia ouvir gemidos de dor e gritos de desespero. Só sabia pensar no pior. Pulou os corpos com cuidado e observou o corredor. Podia sentir o calor em seus pés e uma fumaça escura indicava que algo pegava fogo, ela só não sabia que eram pessoas. O corredor estava vazio no momento, resolveu correr dali o mais rápido possível.  

Encarou o corredor e seguiu até as escadas, podia ouvir gritos vindo do andar inferior, fora os estrondos que faziam as paredes estremecer. Se perguntava o que estava acontecendo.  A escada era sua única saída dali, não teria outro meio de escapar, então preferiu arriscar. Desceu os degraus apressada e chegou ao segundo andar do colégio. Seu corpo tremeu e suas pernas quase falharam ao ver aquela cena: As paredes estavam mais vermelhas que brancas, pedaços humanos espalhados pelo chão em meio a poças de sangue; Alguns desses pegando fogo. Procurou coragem para passar no meio daqueles que via todos os dias, e que agora, eram apenas pedaços de carne. Precisava chegar a outra escada para ter acesso ao térreo. Seu corpo se alertou quando ouviu passos subindo a escada, saiu correndo no mesmo segundo, em direção contrária a escada, se xingou mentalmente por aquilo e focava em pular corpos pelo chão. Quando estava quase ao meio do corredor, seus pés bateram em um torço, fazendo-a cair no chão com força. Sua roupa molhou-se com o sangue espalhado, o cheiro forte a deixava meio enjoada, porém não era hora de pensar naquilo. Yerin colocou-se de pé, procurando uma saída, não fazia ideia do que fazer. Rezar? Poderia tentar, mas sabia o suficiente para pensar que os próprios anjos que um dia a ajudaram, hoje estão ali, caçando-a.  

- Não corra. - Aquela voz a fez tremer. Conhecia aquela voz muito bem, não poderia esquecer desse trauma. Virou-se completamente, encarando o anjo parado em meio aos corpos.  

- Gadeel, você não deveria fazer isso. - Yerin tentava arrumar tempo naquelas palavras. O Arcanjo apenas sorriu. 

- Desculpe, Yerin. São ordens. Não é minha escolha. - Gadeel se aproximou, a garota quis ir para trás, mas seu corpo a impedia.  

- Como alguém como você pode pertencer ao céu? - Sua voz já tinha um tom choroso. Ela podia sentir seu fim próximo, mas não tinha nada a perder aqui, tinha? Nada, além do Neflim que ela queria tanto conhecer mais. Gadeel levou sua mão até o pescoço dela e a levantou como se fosse uma folha. Yerin se debateu procurando por ar, que não encontrava. Lágrimas escorriam enquanto ela perdia sua vida.  

-  Se o inferno tem sua própria luz, porque o céu não pode ter sua escuridão? - Gadeel dizia, assistindo Yerin morrer em sua mão. Resolveu acabar com seu sofrimento e usou sua força para esmagar seu pescoço, quebrando-o. Deixou o corpo dela cair no meio de todos aqueles outros. Ela era só mais uma aos olhos dos humanos. - Ser anjo não é ter asas, é saber amar sem pedir nada em troca. Bons sonhos, anjo. - Sussurrou antes de sair a procura de mais vítimas.  

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Todos se encontravam na pequena sala da casa de Jungkook. Jimin chegou procurando por soluções, já que não tinha mais o que fazer pela cidade. Eles tinham o sangue virgem, agora só precisavam colocar o plano em prática, uma coisa que não era fácil de se fazer.  

- Quando faremos? - Perguntou o Segador. Ele estava ansioso e tinha medo de ser tarde demais para o corpo de Jungkook. Não poderia perde-lo. Por mais forte que fosse, seu amor o tornava vulnerável. 

- Assim que Hoseok aparecer. Faremos isso. Não podemos mais esperar tanto assim. - Seokjin tinha as palavras firmes. Fazendo com que todos concordassem.  

Quando Namjoon foi dizer algumas palavras, a porta da entrada se abriu, alarmado todos. O cheiro de Hoseok foi logo encontrado, mas não esperavam que atrás dele, o cheiro do Serafim se encontrasse. Hoseok os olhou com um sorriso largo, e logo Taehyung saiu de trás dele, se mostrando para todos. Todos permaneceram parados, tentando entender o que era aquilo. Se era real ou se Hoseok estava manipulando suas mentes. Porém, Seokjin soube quando sentiu a presença celestial dele, aquilo não podia se manipular. Como uma mãe que não via o filho por anos, Jin foi até Taehyung e o envolveu em seus braços com um abraço bem apertado. O Serafim retribuiu aquele mesmo gesto, fazendo questão de mostrar a todos que ele realmente estava ali. Logo Jimin foi até os dois e puxou Jin para que pudesse abraçar seu amigo também. Hoseok sentia seu corpo mais leve, pronto para qualquer desafio que teria pela frente. Seu sorriso crescia cada vez mais ao ver todos ali dando Boas Vindas ao Serafim mais uma vez. 

- Isso é possível? Quem te trouxe de volta? - Perguntou Namjoon. Queria entender o que estava acontecendo. Taehyung riu da cara de perplexidade dele. 

- O Criador pode nos dar uma segunda chance quando vê que nosso trabalho ainda não está terminado. - Explicou o Grigori. Todos ali ficaram pensativos por um momento. 

- Isso significa que precisamos mesmo salvar a terra e Jungkook. - Foi a vez do Neflim se pronunciar.  

- Vamos terminar logo com isso. Precisamos de paz. - Hoseok disse indo para o lado de seu amado e abraçando-o. Segador não pode deixar de rir com aquelas palavras.  

- Que irônico, um demônio pedindo por paz. - Jimin se sentiu mais aliviado de saber que agora tinham Taehyung de volta para ajudá-los. Mas seu corpo ainda pesava por não ter Jungkook ao seu lado. 

- A paz pertence ao inferno, assim como o pecado pertence ao céu. - Todos tiveram que concordar com o demônio, o céu e o inferno caminhavam juntos, mas em trilhos diferentes.  

Permaneceram ali por um bom tempo, colocando seu plano em dia e passando os detalhes a Taehyung. Queriam estar prontos para a hora certa,  pois sabiam que se algo não desse certo, todos morreriam nas mãos de Lúcifer.  

Um enorme barulho ecoou pela cidade, causando um tremor apenas sentido por eles. Todos se calaram por um momento apenas focando no que acontecia no mundo lá fora. Yoongi te o privilégio de ouvir tudo com mais intensidade. Ouviu gritos de desespero e dor, passos apressados e explosões. Seus olhos se transformaram quando viu onde aquilo acontecia: No Colégio. Ele olhou para todos ali e soube que uma coisa era certa: A guerra havia começado.  

- Estão atacando o Colégio. Chegou a nossa hora. - Neflim não esperou a reação deles, apenas foi até a sacada e pulou-a, como já era acostumado a fazer. Logo todos fizeram o mesmo, tendo Namjoon como último já que este gastou alguns segundos para pegar algumas facas celestiais e assim seguindo com uma velocidade sobrenatural para a escola.  

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O frio passou por sua pele a fazendo tremer. Abriu seus olhos apenas para ver que estava no meio de uma floresta. Podia ouvir gritos de desespero e isso a deixou desesperada. Levantou-se do chão úmido e ficou parada sem saber onde ir. Onde estava? Jurou que sentiu seu fim quando Gadeel colocou a mão em seu pescoço. Yerin estava com o uniforme escolar cheio de terra, mas não se preocupou com isso. Começou a andar seguindo uma pequena trilha. Podia ver algumas pegadas e tinha medo por isso. Estar sozinha naquele lugar desconhecido era aterrorizante. Ficou um bom tempo seguindo aquela trilha que parecia não leva-la a lugar algum, porém os gritos pareciam ficar mais perto e tinha medo do que ou quem poderia ser.  

Seu corpo gelou quando sentiu passos atrás de si, começou a acelerar o seu e quando viu que seguia ela, começou a correr com toda a força que havia em suas pernas. O ar parecia ficar pesado a cada passo que ela dava, parecia correr em círculos no meio daquela floresta, os gritos aumentavam cada vez mais e sabia que se gritasse para pedir ajuda, estaria em mais perigo. Suas pernas começaram a falhar pela força que faziam e começou a desacelerar, dando vantagem a pessoa que a seguia. Podia senti-lo cada vez mais perto.  

Seu corpo foi de encontro ao chão quando seus pés bateram em um pedaço de galho que havia no caminho. Não esperou até tentar se levantar, mas uma mão a impediu. Virou seu corpo, deixando suas costas na terra e arregalou seus olhos ao ver um demônio. Sabia disso pelos olhos dele, graças a Yoongi, sabia identifica-los.  

- Uma nova alma nesse lugar? Não irá durar muito. - A voz do demônio era um tanto quanto perturbadora para os ouvidos da garota. Ele segurava seu pé e ela tentava usar sua força para fugir, mas sem muito sucesso.  

Não sabia a razão de estar lutando ainda, sabendo que estava morta, pelo menos era o que imaginava. Mas a dor que sentia era real e ser torturada sem poder morrer, era o medo de qualquer ser humano. Viu que ele se aproximou de seu corpo e fechou seus olhos por um momento, querendo acordar daquele pesadelo. Ouviu mais passos e se encolheu no chão, imaginando a dor que receberia, mas tudo que ouviu pareceu ser uma luta que terminou com o demônio gritando desesperado. Yerin levou um tempo até ter coragem de abrir seus olhos e quando o fez, levantou-se rapidamente vendo o demônio se debatendo no chão e um homem de costas para si. Pensou em correr naquele momento, mas seu corpo paralisou quando o seu salvador virou-se, dando de cara de seu melhor amigo, Jungkook. Os dois arregalaram os olhos, pasmos com o que viam a sua frente. 

- Kook? É você? - Yerin já tinha a voz chorosa. Não esperou que ele a respondesse e seguiu ao seu encontro, colidindo seus corpos em um abraço, deixando que sua saudade terminasse ali. Jungkook ficou por um tempo parado, não acreditando que aquela era Yerin. Deixou seu corpo relaxar e se colocou a chorar como uma criança novamente, se sentiu apenas um menino, seu amigo.  

- Yerin, eu senti tanto sua falta... - Jungkook deixava as lágrimas caírem e molhar o pequeno uniforme da garota. Yerin fazia o mesmo, abraçava-o notando a diferença do corpo de seu amigo, músculos que nunca viu estavam por ali. Permaneceram abraçados ali enquanto o grito do demônio não parava. Jungkook se soltou dos braços dela e a puxou pela mão, arrastando-a para o meio da floresta. Yerin segurava a mão dele como se fosse a única coisa que a mantinha em pé. Foram a um lugar calmo, a garota viu uma pequena cabana feita com madeiras e folhas, espantou-se, se perguntando como ele fez aquilo. Jungkook a colocou para dentro da cabana e eles se sentaram ao chão, tendo um melhor conforto. 

- Jungkook, eles vão te tirar daqui, talvez amanhã mesmo. - Yerin disse, abrindo um sorriso. Era tudo que ele mais queria no momento, sair daquele lugar horrível. Secou suas lágrimas e sorriu para a garota, pegando nas mãos delas e apertando-as, tentando aceitar que aquilo era real.  

- Yerin, não é isso que me preocupa nesse momento. Eu quero saber o que está fazendo aqui - Jungkook tentava entender o como ela foi parar ali e tinha medo da resposta. O rosto de Yerin se entristeceu, sabia que era difícil aquilo. 

- Eu morri, Kook... Mas você não! Você pode sair daqui, tudo bem? Jimin não descansa por um minuto. Ele está vindo te buscar. - Disse, tentando anima-lo. Porém, Jungkook apenas estava perplexo com sua primeira frase. Se sentia culpado por aquilo.  

- Como aconteceu? - Sussurrou. Ele queria saber, precisava saber como foi sua morte, pois sabia que natural não era, para ela estar ali. Yerin suspirou e levantou o olhar, encontrando o olhar triste do amigo. 

- Gadeel, ele quebrou meu pescoço. Os demônios tomaram conta do Colégio, mataram a grande parte dos alunos, incluindo eu. - Explicou. Jungkook sentiu a raiva tomar conta de si, iria matar Gadeel. Seria a primeira coisa que faria ao sair dali. 

- Como os outros estão? - Perguntou Jungkook. Na verdade, queria saber mais de Jimin. E como uma boa amiga, Yerin sabia disso.  

- Jimin está sofrendo, é difícil olhar pra ele e vê-lo daquele jeito, mas eles têm uma forma de te levar de volta. Eles usarão meu sangue e os conhecimentos do Jin. Lucifer será preso e você terá seu corpo de volta, Kook. Não se preocupe. - Yerin explicou a Jungkook tudo que ele precisava naquele momento, sentia que precisava fazer isso e mantê-lo atualizado de tudo que estava acontecendo.  

Jungkook sentia seu corpo se arrepiar todas as vezes que ouvia o nome de seu anjo. A falta que tinha dele era desumana. Tinha certeza de que ele era sua vida, sua existência. Seu anjo estava procurando-o, era tudo que precisava ouvir para seguir adiante.