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História Tomorrow: O Receptáculo REESCREVENDO - Perguntas


Escrita por: Jutiperr

Notas do Autor


Olá! Aguenta coração <3
Capítulo reescrito.

Capítulo 5 - Perguntas


Uma semana se passou. Jungkook pensou que seria difícil se acostumar com tudo que estava acontecendo, mas foi ao contrário; Ele já havia se apegado aos anjos, e acredite se quiser, aos demônios também. Sabia que tinha de agir com cautela com aqueles dois, mesmo que não visse Namjoon todos os dias, apenas quando ele aparecia em sua casa para "selar". 

 

Jungkook ficou totalmente perdido quando soube dessa tal coisa de “selar” lugares, mas no fim entendeu que era para o bem dele. O garoto via Hoseok todos os dias em seu colégio e não gostou muito de saber dessa tal ideia. Soube que Hoseok se colocou lá como um aluno para ajudar a reforçar o local, mas também sabia que parte do demônio estava ali apenas por Taehyung. 

 

A partir do momento em que ele viu o demônio entrar na sala de aula pensou: "fodeu!". Primeiro todas as garotas ficaram em cima dele e até entendia isso, Hoseok era incrivelmente atraente. Depois os meninos ficaram curiosos sobre sua personalidade e como ele conseguia fazer todo mundo cair aos seus pés. 

 

Hoseok falava com o povo e essa era sua estratégia para conhecer todos ali. O demônio ainda não havia encontrado o grupo veterano, eles mandavam naquela escola e faziam bullying com quem via pela frente. Poderíamos dizer que eram sortudos por não se encontrarem com Hoseok ainda.

 

Namjoon, Seokjin e Yoongi perderam as contas de quantos demônios mataram naquele pequeno tempo. Aparentemente a notícia se espalhou rápido e quando o inferno descobriu que Namjoon e Hoseok estavam ao lado dos anjos, uma guerra interna começou nos submundos até a terra. Felizmente eles tinham Yoongi ao seu lado e ele conseguia bloquear seus rastreios, o que deixava bem difícil de encontrar os sete.

A cada dia que passava Jungkook se via mais próximo de Jimin e Taehyung, aqueles anjos tinham uma maneira de hipnotizar as pessoas e o jovem era uma dessas que se via perdido no meio dos dois. Jimin se tornou seu melhor amigo no colégio, eram inseparáveis e Taehyung tinha Jungkook como seu melhor aluno, claro. Por mais que não parecesse, Jimin era extremamente inteligente e por ser um anjo da morte, ele costumava ter o conhecimento de mil almas consigo. Jungkook se pegava sempre abismado como aquele rosto bonito podia ser tão culto e ter a resposta de tudo na ponta de sua língua.

 

Segunda-Feira 7h23m 

 

Jungkook estava com a cabeça deitada em sua mesa esperando a aula começar, vários alunos já haviam chegado e esperavam pelo professor Taehyung. Virou a cabeça por um momento e observou Jimin conversando com Mojoon, uma das pessoas que se salvava naquela sala. Jungkook falava com ele quando não tinha o que fazer e eles tinham gostos parecidos como falar sobre quadrinhos e animes. Mojoon era alto, magro e sua pele tinha o mesmo tom que a de Jungkook. Seus cabelos eram totalmente pretos, mas raspados. 

 

Uma vez o rapaz disse que mantinha seu cabelo raspado para toda vez que olhasse no espelho se lembrasse que o mundo estava em guerra e que ele era um sobrevivente. Jungkook achou isso bem impactante e até pensou em fazer o mesmo, mas gostava demais de seu cabelo pra isso. O jovem se perdeu em seus pensamentos que nem viu que os dois tinham parado a conversa e Jimin estava encarando-o. 

 

—Está sonhando acordado? — Perguntou Jimin se levantando de sua cadeira e sentando na mesa de Jungkook como se fosse super normal. O jovem despertou naquele momento e levantou a cabeça brevemente para encarar o anjo, admirando aquele sorriso bonito que Jimin tinha. 

 

— Estou pensando na vida. Onde está Taehyung? — Jungkook perguntou mais baixo enquanto olhava para a porta, não queria que alguém ouvisse ele chamar seu professor pelo nome, era muito desrespeitoso. Tudo que via era pessoas andando pelo corredor, funcionários e alunos correndo atrasados.

 

— Está vindo. — Jimin voltou a se sentar em sua cadeira e poucos segundos depois Taehyung entrou dando bom dia aos alunos, sua postura sempre reta e com uma energia cativante.

 

E assim a aula começou. A única aula em que Jungkook realmente prestava atenção porque gostava de história e tendo Taehyung explicando sua matéria favorita agradava bastante, não só ele, mas como todos ali. Ter professores anjos deveria ser algo comum, pois eles sabiam como dar aula e prender sua atenção muito bem. 

 

As aulas foram passando e Jungkook agora lia uma história em quadrinhos que pegou emprestado de Yerin, a única garota que ele via como uma amiga. Se Jungkook pudesse escolher ficar apaixonado por uma garota, definitivamente seria ela. Ao terminar de ler uma das histórias do Homem de Ferro ele voltou a prestar atenção na aula de Matemática. Não entendia nada, mas fingia que sabia de algo para que o professor não perguntasse nada, a consequência vinha em forma de nota no final do semestre. 

 

A aula terminou com o barulho do sinal ecoando pelo prédio inteiro fazendo todos sair correndo dali, quase todos. Hoseok estava jogado na mesa dos fundos e parecia com preguiça de levantar, ou apenas encenava que não queria ir. Jimin estava de pé pegando sua mochila e trocando algumas palavras com Mojoon enquanto o professor continuava a arrumar suas coisas.

 

Jungkook levantou-se e colocou sua mochila nas costas enquanto tinha a HQ em suas mãos já que sua missão era entregar a Yerin. Após sair da sala já quase vazia, procurou a garota no corredor por saber que ela tinha aulas por essas salas, mas estava parecendo difícil de encontrar ela naquele dia. Resolveu ir até o armário, um segundo ponto de encontro e difícil de dar errado, por isso apressou seus passos e foi em busca da amiga por não querer perder tempo demais, ainda precisava comer depois.

 

Foi quando ele viu uma pequena roda de pessoas no meio do corredor largo e branco, um contraste com os armários azuis. Sentiu seu corpo travar por alguns segundos e sua mão suar rapidamente. Podia ouvir xingamentos, risadas e um choro baixo. Curioso como sempre era, resolveu se aproximar. Mas arrependeu-se quando viu o grupo veterano em volta daquele corpo miúdo e encolhido no chão que conhecia bem. Eles riam, ela chorava. Jungkook sentiu a raiva tomar conta do seu corpo sabendo que Yerin era a vítima da vez. Não pensou duas vezes e rapidamente se enfiou na roda e empurrou o líder daquele grupo, Woosuk. Poderia lidar com as consequências mais tarde.

 

— Deixe ela em paz! — Gritou na cara do veterano e consequentemente calando todos em volta. Woosuk tinha um corpo de atleta, era forte e já havia servido o país, por isso se achava o tal quando na verdade não tinha nada de especial, todos ali serviam ou iriam servir. A raiva inexplicável que ele tinha de todos era bem percebida. Woosuk era um covarde.

 

— Quem você pensa que é, pivete? Quer se fazer de herói na frente da escola? — Woosuk riu da cara de Jungkook, a raiva era evidente e ele não gostava nada de saber que alguém ousava desafiá-lo, infelizmente Jungkook falava mais que a boca.

 

— Por que não vai procurar alguém do seu tamanho? É tão covarde assim fazer garotas chorarem? — Jungkook disse o que claramente não devia dizer, mais uma vez sua boca falando mais do que deveria. A roda inteira prendeu a respiração sentindo a tensão se formar, sabiam que Woosuk iria explodir apenas de observar o tanto que ele apertava seus punhos, estava pronto para socar o garoto. Foi um ato rápido quando levantou a mão para socá-lo, a mesma indo em direção ao olho de Jungkook, mas outra mão segurou seu punho antes que se encontrassem. Jungkook não soube como era possível, mas quando se deu por si, Hoseok estava em sua frente.

 

— Encosta mais um dedo em alguém desse colégio e eu certificarei de arrancar suas mãos. — O tom de voz de Hoseok era calmo demais, baixo demais e foi assustador para Jungkook ouvir aquilo por saber que arrancar as mãos de alguém para um demônio não passava de diversão. Woosuk olhou para Hoseok e por dois milésimos foi possível ver medo em sua feição, algo que ele sabia esconder bem. Voltando a sua postura do que ele pensava ser de alguém autoritário, rapidamente puxou sua mão, soltando-a de Hoseok.

 

— Cale sua boca, novato. Você não é merda nenhuma nesse colégio. — Aquelas palavras de Woosuk fez Jungkook querer rezar pela vida dele. Literalmente sentia medo pelas pessoas que tentavam enfrentar o demônio, pois na hora que descobriam quem ele realmente era, já era tarde demais. Hoseok não era capaz de aturar essas coisas, e pela cara dele, não iria.

 

— E ainda sendo um nada nesse colégio, consigo te colocar de joelhos em segundos. Isso diz muito sobre você. Vamos, tenta me acertar.  — Hoseok queria arrancar o coração do cara fora, mas precisava se controlar no ambiente em que estava. Viu Woosuk fechar seu punho mais uma vez e tudo que o humano fazia era em câmera lenta, viu o punho dele vindo em sua direção e até teve tempo de pensar em qual osso de sua mão queria quebrar, poderia escolher. 

 

Quando a mão chegou a centímetros de seu rosto, Hoseok pegou o punho dele e simplesmente girou. O som de ossos saindo do lugar, o leve e abafado estalo logo em seguida de um grito de dor. Hoseok achava aquela sequência sua obra prima e sorriu satisfeito ao ver dois dedos quebrados e o deslocamento do pulso quando girou sua mão. 

 

Woosuk caiu no chão de dor. Todo mundo em volta começou a gritar como se estivessem em um show de horror. Hoseok percebeu naquele momento que crianças humanas não sabiam lidar com a realidade. Essa era a realidade, dor física e morte, mas não, eles queriam viver no mundo de fantasia onde aparentemente as palavras não machucam, errados demais. 

 

Rapidamente professores e outros alunos chegaram e entraram em pânico ao ver aquela cena de Woosuk se contorcendo de dor como se tivesse quebrado um fêmur ou um osso maior. Hoseok rolou os olhos achando a cena patética e se virou vendo Jungkook ajudar a garota a se levantar. Taehyung apareceu ali rapidamente ao sentir que algo estava errado e olhou o aluno no chão gritando de dor. Não precisava pensar muito para entender que era obra de Hoseok, infelizmente o conhecia muito bem.

 

— O que pensa que está fazendo? — Sussurrou o Serafim, sua voz carregando um tom de descontentamento. Hoseok abriu um sorriso ao vê-lo ali e se aproximou de seu ouvido para que pudesse estar mais perto do anjo.

 

— Não fique com ciúmes, eu não o fiz gritar tanto assim. — Hoseok brincou com suas palavras em um tom debochado e antes de sair dali, piscou para Taehyung que ficou pensando o que fez de tão grave para merecer um demônio desses na sua existência.

 

Jungkook levantou-se com Yerin e a puxou para longe daquela bagunça. Ela chorava em silêncio, mantinha a cabeça baixa enquanto abraçava seus livros, pensava estar acostumada com o bullying, mas casos como o Woosuk deixava ela muito assustada.

 

— Yerin, você está bem? Ele te machucou? — Jungkook perguntou preocupado olhando para a garota em busca de machucados. Yerin parou de andar e se encostou na parede respirando fundo e tentando deixar mais um episódio daqueles para trás. A garota levantou a cabeça para olhar Jungkook e sorriu.

 

— Estou bem, obrigada pela ajuda. — Yerin ia sair andando quando o jovem a parou mais uma vez colocando a HQ na frente dela, não deveria esquecer de entregar a revista de sua amiga.

 

— Sua revista, obrigado por me emprestar. — Jungkook sorriu tentando passar conforto para ela e fazer com que parasse de pensar um pouco no que havia acontecido. Yerin pegou a HQ e agradeceu enquanto colocava a revista com os livros que segurava. 

 

— Vou para a próxima sala, nos vemos depois! Até mais, Jungkook-ah. — O jovem respirou fundo enquanto observava a garota desaparecer no corredor rapidamente, se apressando para chegar ao seu destino. Não acreditava que alguém pudesse fazer aquilo com uma garota tão indefesa e que nunca fez nada para ninguém.

 

— Você gosta dela? — Aquela voz baixa perto de seu ouvido fez Jungkook arregalar os olhos e dar um pulo de susto. Virou-se no mesmo instante vendo um Jimin sério com os braços cruzados como se esperasse uma resposta com urgência.

 

— Sim, ela é minha única amiga aqui. — Respondeu. O Segador continuou observando o rosto um pouco pálido e suado de Jungkook, queria entender os sentimentos que ele tinha pela garota.

 

— Tem atração por ela? — Perguntou mais uma vez ainda sério em sua busca de informações. Jungkook não aguentou aquilo e teve que rir da cara de Jimin.

 

— Anjos sentem ciúmes? — Retrucou. Jungkook sabia que Jimin era bem cabeça quente, então sempre sabia seus limites e quando deveria começar a agradá-lo para que as coisas não saísse do controle. O jovem segurou no braço do Segador e puxou ele dali sabendo que não deveria testar sua sanidade em uma escola.

 

—Vamos logo para casa. Estou com fome. 


 

13h05

 

Um grito de dor ecoou pela pequena casa e em seguida do silêncio absoluto quando o corpo caiu já sem vida. Seokjin sorriu vitorioso ao matar mais dois demônios que procuravam pistas sobre o paradeiro de Jungkook. O Grigori limpou a lâmina de sua faca celestial com um pequeno pano que encontrou sobre a mesa já velha e desgastada. Olhou em volta notando que ninguém parecia morar naquele lugar tão sem vida e abandonado, os demônios estavam usando-o para se encontrar? Talvez. 

 

Seokjin olhou para o chão vendo os dois corpos já virando pó diante de seus olhos. Se sentia tão bem matando demônios, algo irônico já que ele é um anjo e eles são vistos como seres magníficos e bondosos aos olhos dos humanos. Seokjin achava engraçado a ingenuidade deles de pensar que anjos eram bons demais.

 

Abriu um sorriso e guardou sua faca no coldre amarrado em sua perna e respirou fundo o ar que nem ao menos necessitava enquanto seguia para a porta. Esperando do lado de fora estava seu parceiro de guerra e este abriu meio sorriso ao ver o Grigori saindo inteiro do local. 

 

— Fez o trabalho sozinho? — Namjoon disse olhando para dentro da casa procurando os corpos como se não acreditasse que o anjo tivesse feito seu trabalho. Seokjin revirou os olhos e levou uma de suas mãos até o peito de Namjoon, empurrando-o para que ele saísse do caminho. O demônio olhou para a mão de Seokjin em si e depois encarou o Grigori como se não acreditasse naquele toque e na audácia que havia de o tocar e claro que o anjo percebeu que Namjoon queria intimidá-lo.

 

— Esses truques de demônios não funcionam comigo, Namjoon. — Seokjin disse afastando-se dele que riu e seguiu o Grigori achando incrível a habilidade dele de ser tão seguro de si mesmo em frente ao rei do inferno.

 

— Vai ser muito bom tentar te dominar — O demônio sussurrou sabendo muito bem que o anjo podia ouvi-lo. Seokjin olhou para Namjoon com os olhos arregalados, tendo que pensar por uns segundos sobre aquelas palavras.

 

— Me dominar? Isso só pode ser uma piada. — O anjo riu forçado tentando tirar uma imagem nada agradável da cabeça. Namjoon permaneceu caminhando ao lado dele admirando as emoções passar pelo rosto de Seokjin. Era engraçado para o demônio poder falar besteiras para um anjo que se dizia ser tão certo e inocente. Ele sentia que tinha um grande impacto, já que aquela raça não estava acostumada com toda a sujeira que os demônios lidavam.

 

— Lembra quando nos encontramos há uns duzentos anos atrás? — Perguntou Namjoon. Seokjin riu. Se pegou pensando naquela época em que o mundo ainda estava perfeito. Era um lugar muito mais calmo e apesar de alguns erros humanos, as pessoas ainda se respeitavam mais. Seokjin lembrava-se como se fosse ontem.  Frequentava a terra mais vezes, ajudava as pessoas com mais frequência e em uma dessas vezes viu Namjoon. Ele estava causando um caos em um pequeno bar da cidade.

 

— Está falando daquela noite em que você matou pessoas inocentes? Lembro. — Respondeu seco. Seus passos se apressaram tentando se afastar do demônio, mas não foi o suficiente pelo maldito ter as pernas ainda mais longas que a dele. Namjoon apenas o acompanhava sem esforço.

 

— Você diz como se eu fosse sentir remorso, eu não sinto. Não tenho culpa que humanos são assim. — Namjoon se perguntava se realmente era tão ruim matar um humano. Para ele era tão comum já que não sabia o certo e o errado daquelas pessoas. Era seu trabalho, sua existência. Seokjin olhou para o demônio desacreditando naquelas palavras, mas ele mesmo também não entendia como funcionava, eles eram literalmente opostos.

 

— Como assim você não tem culpa? Você os mata como se fossem um nada — Exclamou. Seres que Deus criou eram preciosos para os anjos, incluindo os humanos. Seokjin tinha a função de idolatrar e dar sua vida aos humanos, mesmo nunca entendendo. Era sua função.

 

— Eles não valem nada. É meu trabalho, Seokjin. Eu vivo para recolher suas almas. — Explicou Namjoon. Algo dentro dele queria que Seokjin o visse como uma pessoa em que ele poderia confiar, como alguém que só estava fazendo seu papel de malvado. Talvez era esse o efeito que os anjos causavam em demônios.

 

— Não quer dizer que você precisa torturá-los... — Seokjin tinha razão naquilo. Não era necessário torturar humanos antes deles morrerem, poderia fazer isso com suas almas no inferno. Isso era muito errado, a dor era errada para o Grigori. Ninguém deveria senti-la, nem mesmo um demônio como Namjoon.

 

— Nesse caso por que não acabamos logo com a existência da terra? Não vejo razões para deixá-los torturando-a. — Argumentou. Seokjin engoliu seco e ficou quieto. Namjoon tinha um pouco de razão. Humanos só souberam acabar com a terra, matar a minoria. 

 

Demônios eram apenas anjos amaldiçoando humanos por destruir a terra. 

 

— Eu nunca pensei que veria você vivo mais uma vez. — Aquelas palavras do Grigori deixou a mente de Namjoon um pouco confusa, a mudança de tópico e a forma como ele entregou aquelas palavras tão suavemente, como se importasse.

 

— Devo reagir como a essas palavras? — Namjoon não sabia o que fazer naquele momento. Procurou respostas na face de Seokjin, mas se perdeu na beleza do anjo por alguns segundos, era como uma amaldição. O Grigori riu passando a mão por seus cabelos castanhos e respirando fundo.

 

— Só um pensamento meu. Pensei que seria caçado por algum anjo daquela época. As coisas eram mais rígidas. — Explicou Seokjin com um sorriso no rosto, um tanto descontraído. Sua voz saiu baixa, mas o suficiente para Namjoon ouvir e sorrir junto com ele.

 

— Acho que você me subestima um pouco, Seokjin. — Ouvir seu nome da boca de Namjoon era um pecado para o Grigori. Soava tão bem, tão certo e errado ao mesmo tempo. Seokjin se amaldiçoava ao desviar dos planos principais para apreciar um pouco do demônio e como ele parecia tão racional e humano algumas vezes.

 

— Eu sei com quem estou andando. — Mentiu. Grigori não sabia ao certo. Sua mente estava em uma confusão com tudo que estava acontecendo com a terra, a última coisa que ele queria se preocupar era com um demônio, mas parecia que a cada segundo que passava ao lado de Namjoon as coisas mudavam. Maldita força sobrenatural que atraía o bom até o pecado, querendo lhe apresentar a tentação.

 

Os dois continuaram a caminhar em silêncio a caminho da casa de Jungkook. Precisavam fazer sua visita ao garoto e ver se o local se encontrava seguro para mais um dia.

 

14h30

 

Yoongi estava na cozinha fazendo companhia para Jungkook em sua pequena e aconchegante casa. Ele via o jovem mexer com as comidas e achava curioso como aquelas coisas funcionavam. Olhava atentamente todos os ingredientes enquanto Jungkook mostrava pra ele apenas por diversão. O jovem achava engraçado a curiosidade dele e muito estranho saber que um ser que se parecia tão humano não se alimentava tão bem. Jimin estava sentado no balcão sem tirar os olhos dos dois, atento a cada movimento que Yoongi fazia, não gostava dessa repentina aproximação dos dois e não queria admitir, mas era desconfortável alguém tão perto de Jungkook. Queria a atenção do garoto só para si, mas parecia que teria que lutar por isso.

 

Jimin pulou do balcão e foi até Jungkook que estava de costas e colocou seu queixo no ombro do rapaz. Jungkook não disse nada, estava acostumado com aquilo, o Segador começou a fazer aquilo no começo da semana passada, todos os dias, toda hora enquanto observava Jungkook cozinhar. No começo ele chutava e mandava Jimin ficar longe dele, mas uma semana se passou e parecia que estavam vivendo juntos por meses. O jovem já não ligava, percebendo que era a personalidade do anjo e que não mudaria para agradá-lo. Yoongi olhou aquele gesto e estreitou os olhos confuso de ver que Jungkocfok deixou aquilo acontecer. Logo pensou que o jovem estivesse se apegando ao anjo, o que não era difícil para um humano. Na verdade ele estava, mas parecia negar aquilo. Yoongi achava engraçado como todos em sua volta estavam negando seus sentimentos. Estavam negando a atração, sendo que era natural aquilo acontecer.

 

Dessa vez Jimin foi além e abraçou o corpo de Jungkook aproximando os dois ainda mais. Jungkook parou por alguns segundos de cortar os vegetais e engoliu seco ao sentir o corpo de Jimin, aquilo já não era rotina e não era normal. Tão errado, tão bom. Aquele calor de Jimin era confortante e ele chegou a sentiu saudades da sensação. Última vez que estiveram tão perto assim, havia sido semana passada e Jungkook pensou que nunca sentiria esse abraço de novo. Yoongi ignorou aquela aproximação e continuou a prestar atenção na coisa mais importante ali: aquela comida humana caseira que estava cogitando experimentar.

 

Na sala a tensão era maior. Taehyung estava sentado no chão lendo alguns livros da escola para que pudesse criar mais lições aos seus novos alunos humanos. Ele tentava parecer o mais humano possível, era sua função. Já sentado no sofá, Hoseok o encarava. Não houve um segundo que o demônio tirou os olhos dele. 

 

Taehyung estava realmente tentando se concentrar nos livros, mas a raiva e o desconforto que estava acumulando não deixava isso acontecer. Os olhos famintos de Hoseok eram como agulhas perfurando diretamente em suas veias e injetando-o com o pecado e quando percebeu que não poderia se livrar daquele olhar o Serafim suspirou pesado e fechou livro jogando-o ao seu lado, começando a encarar de volta para Hoseok como se fosse um jogo de quem iria piscar primeiro. O demônio abriu um sorriso e mordeu seu lábio inferior pensando em várias ideias nada inocentes, era de sua natureza ser sujo.

 

— Faz um favor de parar de me encarar como se eu fosse um objeto de desejo. — A voz grave do Serafim foi baixa, mas o suficiente para Hoseok ouvir. Ele conhecia o anjo melhor que conhecia o inferno e sabia que por trás daquela voz grave e seu olhar penetrante, ele era como um garoto inocente e frágil que precisava ser cuidado e corrompido por suas mãos.

 

— Vem aqui. — Disse apontando para o espaço vazio do sofá logo ao seu lado, esperando que ele oobedecesse.

 

— Não. — Respondeu monótono.

 

— Se eu me levantar pra te pegar, vai ser pior. — O demônio disse em um tom sério. Taehyung sabia que ele não tinha limites e para o demônio não importava se havia pessoas em casa, ele não iria parar até ter o que queria e isso assustava o Serafim. Taehyung fechou os olhos por alguns segundos, respirou fundo tentando juntar suas forças que lhe sobravam e levantou-se indo até o sofá para deixar seu corpo cair ao lado de Hoseok.

 

— O que quer? — Taehyung perguntou sem muito esforço na voz. Deixou a cabeça cair pro lado encontrando o olhar do demônio. Hoseok levou a mão até o rosto do Serafim e aproximou-se dele enquanto seu dedo passava pelos lábios do anjo de forma delicada. Taehyung sentiu seu corpo travar, era como se ele tornasse apenas um humano fraco na presença do demônio. Hoseok parou de aproximar-se apenas quando seus lábios estavam a milímetros dos alheios.

 

— Eu quero te beijar — A voz de Hoseok soou mais grave que o normal. Taehyung sentiu um conflito acontecer em sua mente. Tentou dizer não, mas sua voz não saiu. Apenas seus lábios se moveram e Hoseok sorriu satisfeito com a reação. Sem esperar por uma rejeição, o demônio iniciou o beijo que tanto queria. 

 

Taehyung tentou pará-lo no primeiro segundo, mas a partir do momento que a língua do demônio entrou em contato com seus lábios, tudo em sua volta desapareceu e as barreiras caíram. Seu pior pecado era os lábios de Hoseok e Taehyung se deixou perder em memórias na qual aqueles lábios passavam por todo seu corpo. O Serafim podia sentir tudo se esquentar enquanto suas línguas batalhavam por uma luta sem fim, as mãos de Taehyung seguravam o rosto do demônio como se tivesse medo que ele parasse, algo que não era comum. Hoseok deixou suas mãos deslizarem no corpo do anjo até chegar em suas coxas, apertando-as com força fazendo Taehyung gemer em sua boca. Aquilo bastou para Hoseok sentir o pecado dominar seu ser. Podia sentir seu lado demoníaco pedir controle, ele queria ter Taehyung gemendo seu nome ali naquele sofá, naquele momento.

 

— Mas o que vocês estão fazendo na minha sala?! — A voz de Jungkook ecoou pela casa toda com o grito incrédulo. Taehyung rapidamente empurrou Hoseok com sua força angelical e o demônio bateu suas costas no sofá, logo virando para Jungkook onde encontrou o mesmo com uma cara espantada segurando uma panela, Yoongi segurando uma gargalhada e um Jimin perdido olhando para Taehyung. O Serafim se levantou com tudo do sofá para ir ao chão onde deixou suas coisas, voltando a abrir livros como se nada tivesse acontecido ali. Se sentia sujo por se deixar levar pelo demônio.


 

— N-nada. Fazendo nada! — Taehyung disse com um sorriso nervoso. Jungkook não podia acreditar que viu aquela cena. Estava espantado e foi até o meio da sala, sentando de frente para o Serafim e colocando a panela no chão.

 

— Nada? O Hoseok estava te comendo praticamente! Por que não disse que ele era seu namorado? — Jungkook falava com uma voz chorosa, como se tivesse sido traído pelo seu novo melhor amigo. Jimin sentou-se ao lado do jovem e apertou sua bochecha notando que aquilo era manha dele, não podia deixar de pensar o quão adorável ele ficava daquela forma. Hoseok apenas riu daquele comentário e Taehyung ficou indignado de saber que alguém poderia pensar isso dele.

 

— Na-namorado? Você é louco? Eu sou um anjo! Literalmente um anjo! Ele é literalmente um demônio! — Taehyung tentava se defender ao máximo, não entendia como alguém poderia pensar algo tão sujo de si. Olhou para Hoseok como se suplicasse por ajuda, mas o demônio só estava admirando sua beleza e como ele ficava lindo todo corado e sem jeito. Jungkook respirou fundo e abriu a panela cheia de sopa que havia feito.

 

— Mas anjos podem amar, não podem? O amor não é algo divino? — Jungkook perguntou enquanto começava a comer ali mesmo, ele estava com fome e não tinha tempo para pegar um prato. Por um momento todos ali ficaram quietos, pensando se eles podiam mesmo amar, era uma pergunta realmente boa e que precisava vir de um humano ou nunca seria questionada. 

 

— Não tem nada de errado em amar, mas o céu não nos deixa fazer isso por prazer, isso é pecado. Ou apenas eles com medo de que a nossa busca por prazer interfira em nosso trabalho. Afinal, somos feitos apenas para trabalhar e servir, máquinas. — Yoongi explicou já sentado no sofá ao lado de Hoseok. Jungkook ficou um tempo pensando nas palavras do Nefilim e realmente fazia sentido. Voltou a comer e olhou para Jimin que estava ao seu lado, quieto e observando tudo aquilo. O Segador sorriu para ele e Jungkook ofereceu uma colher da sopa, o anjo fez cara de nojo para a comida humana e o jovem riu.

 

— Se eu tivesse esse poder, não ligaria para as regras sobre amar alguém. Minha mãe dizia que o amor sempre está em primeiro lugar. — Jungkook comentou enchendo sua colher de sopa. Jimin se deixou levar pelas palavras do jovem. 

 

E se o Segador um dia amasse aquele tão frágil ser? Poderia largar tudo por um humano? Jungkook largaria o resto de sua vida para ficar ao seu lado? Jimin estava preso em seu mundo de ilusões, criando uma vida ao lado do jovem que tanto se apegou sem nem perceber.

 

— Nós não podemos amar uns aos outros, humano. Somos demônios e anjos, inimigos naturais. — Hoseok disse mesmo sabendo que demônios também eram capazes de amar, não passavam de anjos incompreendidos. A cura para eles estava logo ali, só precisavam aceitar e viver com a consequência.

 

— Meus pais se amaram. Eu sou a prova que existe amor entre os opostos. O desejo pela carne vem primeiro, é o básico que aprendemos. Se continuarmos a desejar a carne por muito tempo, isso cresce em você, te torna mais... humano? — Yoongi falava, mas seus pensamentos estavam longe. Ele sabia bem o que era aquilo, pois já sentiu na pele o mais cruel amor.

 

— Mas vocês sentem atração um pelo outro como uma forma de prova celestial. Só precisam deixar isso crescer e se tornar amor? Nossa, já é meio caminho andado. — Jungkook disse como se tivesse descoberto algo importante, o que não deixava de ser verdade. Taehyung permaneceu quieto e olhou para Hoseok, quando viu que o mesmo já estava encarando-o, desviou o olhar rapidamente. Ele se recusava acreditar que estava deixando esse sentimento de atração crescer dentro de si, era insanidade.

 

— Você também tem meio caminho andado com todos nós... Já que é de sua natureza se sentir atraído por anjos e demônios. — Jimin disse com um tom mais esperançoso do que deveria. Pensou que talvez um dia poderia sentir o amor verdadeiro e não reclamaria se fosse com Jungkook. O jovem parou por um tempo olhando o Segador que tinha um pequeno sorriso no rosto, talvez ele estava pensando demais.

 

— Mais uma coisa que deve saber. — Taehyung elevou a voz chamando a atenção de Jungkook que rapidamente desviou o olhar agora atento no anjo mais amigável da sala.

 

— Nunca deve ter relações... íntimas com um anjo ou demônio. Humanos não conseguem aguentar a força celeste ou a força pecadora. — Explicou. Jungkook sentiu seu corpo tremer e sua mente o fez olhar para Jimin naquele instante, por que olhou para ele? Não deveria ter feito aquilo, agora iria se perguntar o quão forte Jimin era.

 

— Por que são tão brutos assim? — Jungkook perguntou. Ele realmente não queria uma resposta, nem soube porquê perguntou. Sentia suas bochechas arderem de vergonha, maldita boca que falava mais rápido que o cérebro.

 

— Anjos são fortes demais. E demônios… — Taehyung engoliu seco tentando não lembrar o que um demônio poderia fazer na cama. Ele sabia muito bem o que eram capazes de fazer. E ele se perguntava como um anjo conseguia sobreviver, pois até para ele era difícil. 

 

— Demônios são tomados pelo pecado... Ficam descontrolados. — Jungkook olhou imediatamente para Hoseok sentindo uma grande tensão crescer naquela casa, não queria imaginar saber do que o demônio era capaz. Então lembrou-se de Yoongi e ele realmente sentiu pena de quem ousasse se apaixonar ou tentar levar o Nefilim para a cama.

 

Tratou de mudar de assunto rapidamente e os cincos ficaram ali por um tempo conversando e falando um pouco mais de si para Jungkook até que a porta do seu apartamento se abriu brutalmente fazendo todos pularem e ficarem em modo de defesa. Jungkook foi rapidamente colocado para trás de Jimin e todos formaram uma barreira em frente ao garoto que se encolheu.

 

Namjoon entrou com Seokjin em seus braços. Ele estava desacordado e sangrava. Ambos estavam machucados, mas Seokjin inconsciente. Todos arregalaram os olhos diante daquilo. Como era possível o Grigori estar daquela forma?

 

— Estamos fodidos! — Foram as únicas palavras que Namjoon conseguiu dizer antes de cair no chão desacordado com Seokjin em seus braços.


Notas Finais


Desculpem a demora, meu PC resolveu restaurar e deu problemas. Ai tive que escrever boa parte no celular! Então se tiver algum erro, me perdoem, não tive tempo nenhum. E como podem ver, eu sempre posto de madrugada, único horário que tenho.
Espero que gostem. O que acham? Aparecerem novos personagens como Yerin <3 precisava colocar uma mulher na fanfic, né. Um monte de homem não da! kkk brinks.
O que vai acontecer? Deixem suas apostas


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