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História Too Close - Parte 2


Escrita por: TheCabeca

Capítulo 2 - Parte 2


A semana que antecedeu nossas férias de natal foram as piores da minha vida. O tempo frio me deixou gripada e depois de um final de semana com febre, que me fizeram ficar enrolada como um burrito na minha cama, finalmente eu me sentia melhor. A dor de cabeça agora não era mais tão frequente e a coriza estava mais fácil de manejar. Graças a Deus era sexta-feira!

Foram nessas condições que Clarke Griffin invadiu mais uma vez meu espaço pessoal, no dia em que eu sentia que meu cérebro ia escorrer pelo meu nariz. Depois do aniversário de Raven, a dinâmica entre Clarke e eu ganhou um novo ritmo. Os insultos que trocamos agora carregava uma tensão, que faziam as pessoas ao nosso redor apostarem quanto tempo demoraria até sairmos no tapa ou ficarmos juntas. Raven era uma das pessoas que apostava no romance.

- Ela está afim de você Lexa - Raven disse cutucando meu ombro - E você gasta tanto tempo olhando para ela, que chega a ser ridículo vocês ainda não estarem juntas.

- Raven, nós podemos terminar logo esse... - parei para assoar o nariz - ...Esse experimento, meu nariz está me matando e eu não quero falar sobre isso.

- Você nem nega mais - ela cantarolou.

Rolei os olhos, mas não comentei nada rezando para que ela deixasse aquele assunto morrer. Para minha sorte ela deixou e conseguimos terminar nosso experimento antes do sinal tocar.

- Você deveria tomar alguma coisa para isso, está começando a ficar nojento - Raven comentou quando me viu assoar o nariz pela décima vez em menos de cinco minutos.

- Não é como se eu gostasse de estar assim, Raven.

Observei ela encolher os ombros e em seguida o sinal tocou, Raven se despediu e saiu correndo para fora da sala. Guardei meu material e percebi que meu estoque de lenços havia acabado. Droga! Meu armário estava muito distante para que pegasse um novo pacote, então optei por uma caminhada até o banheiro mais próximo. O banheiro do corredor da sala de artes estava esvaziando quando o adentrei, joguei minha mochila ao lado da pia e parei um minuto para olhar meu reflexo no espelho.

- Eu pareço um zumbi - comentei para o reflexo.

Aproveitei para lavar o rosto e tomar um remédio para dor de cabeça que ameaçava surgir. Por sorte o efeito do remédio foi imediato e quando estava cruzando a porta arrumando uma pequena quantidade de papel toalha na mochila, senti alguém se chocar contra mim.

- Desculpa, eu não vi você entrando - falei ajudando a pessoa a se equilibrar.

- Pelo menos dessa vez você não tentou quebrar minha mão - a voz de Clarke deu rosto ao corpo que eu ajudava.

- Griffin.

- Você parece horrível - Clarke comentou preocupada ao ver meu rosto.

- Obrigada - agradeci mau-humorada.

- Eu não quis te ofender Lexa. Você só...parece cansada - Clarke disse aproximando para analisar melhor o meu rosto.

Aquela era a primeira vez que Clarke me chamava pelo primeiro nome, e eu deveria estar com os olhos o dobro do tamanho em surpresa. Senti uma coceira curiosa no fundo do estômago ao perceber que meu nome soava muito bem na voz dela, mas para minha infelicidade meu nariz também começou a coçar. Não. Não. Não.

- Atchim!

Não deu para segurar e a coceira no meu nariz se transformou em um espirro. Droga! Eu espirrei no rosto da Clarke, ela se afastou em choque. Tentei me desculpar, mas no momento que abri a boca.

- Atchim!

O segundo espirro foi ainda mais embaraçoso que o primeiro, era como se o destino estivesse conspirando para minha humilhação. Eu estava abrindo minha bolsa para pegar  papel toalha e tentar me redimir com Clarke quando o sinal para próxima aula tocou. Apertei o nariz tentando parar a coceira que ainda havia no local para me desculpar.

- Clarke…

- Meninas o sinal já tocou, é melhor voltarem para sala antes de vocês se atrasarem - uma das fiscais do corredor me interrompeu.

Concordei com um aceno e Clarke espelhou meu gesto, enxugando o rosto do vestígio dos meus espirros com as mãos. Toda a situação era anti higiênica, embaraçosa e não tive coragem de encarar Clarke pelo resto do dia.

***

Sábados eram os meus dias preferidos na semana, aos sábado eu tinha a casa só para mim durante todo o dia. Eu adorava poder dormir sem ser importunada pelos meus primos que vinham para o almoço em família que acontecia aos domingos , mas hoje eu adora o sábado por outro motivo. Era o primeiro dia da pausa de natal e eu não teria que encarar Clarke Griffin pelos próximos dias.

O problema de ter tanto tempo livre, era que mesmo sem ter que encarar Clarke eu não conseguia parar de reviver na minha cabeça o acontecido do dia anterior. O momento de vergonha que a batalha perdida contra o meu próprio nariz havia me proporcionado. Droga de gripe!

Frustrada com a direção dos meus próprios pensamentos e com meu nariz que ainda escorria como uma fonte de água no meio do verão, saí do meu quarto em busca de comida. Não que eu conseguisse sentir o gosto de muita coisa, mas meus estômago começava a dar sinal de vida. Mal tive tempo de colocar a chaleira no fogo, quando batidas na porta da frente cortaram o silêncio da casa.

Ok, aquilo era incomum.Ninguém aparecia durante as manhãs de sábado, então por que tinha gente batendo na porta no meio da manhã? Minhas divagações foram interrompidas por outra batida, caminhei para atender a porta e minha surpresa não poderia ser maior. Clarke Griffin estava parada à minha frente com cara de poucos amigos e um nariz vermelho como o de um palhaço.

- O que você está fazendo aqui? - perguntei surpresa.

- Quanta educação, Woods. Bom dia para você também - Clarke resmungou - Você vai me deixar entrar?

- O que? - perguntei ainda sem acreditar que ela estava ali.

- Está frio aqui fora, Lexa.

Não consegui esboçar uma reação digna ao escutar ela me chamar pelo primeiro nome pela segunda vez em menos de 24 horas, então abri um pouco mais a porta para que ela entrasse. Ao fechar a porta e ver Clarke parada a poucos passos de mim, senti as memórias do dia anterior voltarem junto com um calor nas minhas orelhas.

- Sem querer parecer grosseira…

- Isso não seria a primeira vez - Clarke me interrompeu com uma fungada carrancuda - Apesar de ontem ter sido uma exibição única.

- Desculpa por ter espirrado em você ontem, Clarke - falei sentindo minhas orelhas esquentarem ainda mais - Não era a minha intenção, de verdade. Eu peguei a porcaria de uma gripe e ontem meu nariz não estava em boas condições...ele ainda não está, então sinto muito pelo que aconteceu.

Talvez aquele não fosse o melhor momento, mas era melhor me desculpar logo antes aquele pequeno encontro saísse de mão, que era o rumo mais provável. Para o meu crédito Clarke parecia surpresa com as minhas desculpas, ela estava até com o queixo um pouco caído na minha opnião.

- Bem...isso é inesperado.

- Assim como o que aconteceu ontem - apontei.

- Você tem razão.

A chaleira apitou na cozinha, me fazendo caminhar até o local com Clarke em meu encalço. Preparei minha xícara de chá, quando lembrei que minha mãe me mataria se ao menos sonhasse que não fui uma boa anfitriã, ofereci:

- Você quer um pouco de chá, Clarke?

- Eu adoraria - ela respondeu com uma fungada.

- Então...você ainda não disse porque veio até aqui - falei entregando a ela uma xícara.

- Por sua causa - Clarke respondeu dando um gole no chá e suspirando.

- Minha causa?

- Isso e se você não percebeu ainda, também estou gripada - Clarke explicou - Isso é culpa sua, então nada mais justo do que você cuidar de mim.

Claro que uma pessoa que não tem respeito pelo espaço pessoal dos outros, iria ter esse tipo de lógica.

- A sua mãe não é médica?

- É, mas ela está ocupada o suficiente salvando vidas para lembrar que tem uma filha - Clarke respondeu aborrecida.

Ouch! Mais uma bola fora com Clarke para minha lista.

- Eu não queria te aborrecer…

- Está tudo bem, ela nunca foi esse tipo de mãe, então acho que não tenho do que sentir falta no final das contas - Clarke encolheu os ombros fazendo pouco caso.

Apesar da atitude de Clarke, eu conseguia sentir o ressentimento por trás das palavras e apesar de não ter obrigação com ela, não custava perguntar:

- Como você está se sentindo?

- Horrível, quase não consegui dormir ontem com o nariz entupido e dor de cabeça - Clarke respondeu passando as mãos pelo rosto.

- O chá vai ajudar com o nariz, mas se você ainda estiver com muita dor de cabeça tenho alguns comprimidos no meu quarto que você pode tomar - ofereci.

- Vou aceitar os comprimidos, minha cabeça está me matando.

- Certo, volto em um minuto.

Coloquei minha xícara na pia e fui até o meu quarto em busca do remédio. Claro que eu deveria ter previsto que Clarke não me esperaria na cozinha.

- Seu quarto é tão organizado - ela comentou sentando na ponta da minha cama e me assustando um pouco.

- O seu não é?

- Não como o seu - Clarke disse apontando para minha estante de livros.

- Aqui, tem um copo no banheiro se você precisar de água - entreguei os comprimidos e apontei para a porta no canto do quarto.

Enquanto Clarke se dirigia ao banheiro, sentei na minha cama e me questionei o quão estranho esse dia estava sendo. Certo que depois do aniversário de Raven as coisas mudaram, mas ainda assim, ter Clarke Griffin na minha casa, no meu quarto era demais para processar.

- Lexa?

E tinha isso também, por algum motivo ela havia começado a me chamar pelo primeiro nome. Era prazeroso ouvi-la me chamar, mas no momento alguma coisa parecia fora de foco.

- Lexa? Você está aí?

Senti um dedo cutucando minha testa, me trazendo de volta a realidade e me fazendo focalizar os olhos confusos de Clarke me encarando.

- Desculpa...o que foi que você disse?

- Eu estava agradecendo, mas acho que é melhor voltar para casa - Clarke disse coçando o nariz.

- O que? Por que?

- Percebi que não faz sentido obrigar você a cuidar de mim, já que foi um acidente você ter espirrado no meu rosto.

- Mas você vai ficar sozinha em casa - falei não acreditando que realmente estava preocupada com ela - Se você piorar, quem vai te ajudar?

- Não vai ser a primeira vez que me viro sozinha - Clarke disse com um sorriso cansado.

- Mas dessa vez você tem uma opção, você pode ficar aqui se quiser.

Não sei o que foi mais chocante naquele momento, a oferta ou a vontade de que Clarke aceitasse o meu convite. Ninguém merece ficar sozinha quando está doente e com base no que passei no começo da semana, ela pioraria antes de melhorar.

- Não precisa sentir pena de mim, Lexa - ela disse com uma fungada.

- Eu posso sentir muitas coisas por você Clarke, mas pena não é uma delas.

O olhos de Clarke se alargaram em surpresa e o canto dos lábios dela estavam um pouco inclinados para cima, depois da minha declaração.

- Se eu ficar, você vai me dizer quais outras coisas sente por mim?

- Se você jogar os cartões certos - ofereci um sorriso.

Clarke sorriu de volta e minutos depois estávamos largadas no sofá da sala, assistindo um filme. Como eu havia previsto, Clarke acabou piorando e agora parecia um burrito enrolada com um cobertor ao meu lado, tentando melhorar da febre que havia aparecido.

- Você nunca me disse como sabia onde eu morava - comentei virando para encarar o Clarke.

- Eu tenho minhas fontes, isso é tudo que você precisa saber.

Apesar de tentar soar misteriosa, a imagem de Clarke toda enrolada só conseguiu me provocar risadas. No meio da tarde nós ainda estávamos no sofá, depois de um pouco de sopa no almoço Clarke parecia mais revigorada, apesar ter dado pequenos cochilos durante nossa sessão de filmes, eu mesma havia feito isso.

- Nós podemos parar o filme se você quiser dormir - comentei ao ver Clarke lutando para ficar acordada.

- Não, não precisa.

- Você está caindo de sono Clarke e você disse que não dormiu bem ontem - falei encarando o rosto cansado ao meu lado - Você pode dormir até a hora do jantar.

- Eu não quero incomodar…

- Não vai ser um incômodo - cortei pegando uma das mãos dela e nos guiando para o meu quarto.

É claro que eu poderia ter deixado ela dormir no sofá, mas não seria uma experiência muito agradável para alguém que já tinha perdido uma noite de sono. Ao chegar no quarto apontei para cama indicando para Clarke se fazer confortavel, eu podia notar que ela estava tímida com toda a situação.

- Onde você vai ficar? - Clarke perguntou sentando no canto da cama.

- Vou voltar para o sofá.

- Isso não é justo, você também precisa descansar - Clarke retrucou.

- Então o que você sugere?

- Nós podemos compartilhar, afinal de contas é a sua cama - ela falou como se fosse a coisa mais simples do mundo.

Só que não era a coisa mais simples do mundo. Tentei não demonstrar que estava pirando por dentro, já que a última pessoa com quem dividi a cama foi minha ex-namorada e naquela ocasião não foi uma consequência de um ato de compaixão. Foi só de paixão mesmo.

- Isso não vai ser um problema para você, vai? - Clarke perguntou.

- Não, claro que não.

- Nós podemos tentar terminar de assistir o filme, se você quiser.

- Pode ser.

Tentando acalmar meus nervos fui atrás do meu notebook, enquanto Clarke se fazia confortável na minha cama. Quando deitei e dei play no filme, bastaram poucos minutos para Clarke cair no sono. Observei ela dormindo e comecei a sentir meu corpo ficar pesado com o sono também, desliguei o notebook guardando ele embaixo da cama e afundei um pouco mais na cama, adormecendo logo em seguida.

Era sábado quando mais uma vez senti Clarke Griffin invadir meu espaço pessoal. Dessa vez não foi um ato consciente, lembro de ter um espaço considerável entre a gente quando fomos dormir, coisa que não exista agora. De alguma forma durante o sono nossos corpos se encontraram e Clarke tinha o rosto enterrado no vão do meu pescoço, o nariz pressionado contra ele e os lábios roçando no local.

Isso era tortura, pensei um segundo depois de me dar contar das nossas posições. O quarto ainda não estava completamente escuro, o que significava que minha mãe ainda não havia chegado, mas que estava perto. Eu precisava acordar Clarke. Não porque minha mãe fosse achar ruim, mas até agora o dia não tinha sido comum e eu preferia não arriscar.

- Clarke? -  chamei sem obter resposta - Clarke?

Dessa vez ela senti ela fungar contra o meu pescoço, enviando um arrepio pelo meu corpo. A reação pareceu acordar Clarke, porque a próxima coisa que vejo são os olhos azuis dela me encarando com um brilho divertido.

- Você tem cócegas - Clarke afirmou ganhando e eu neguei com a cabeça - Qual explicação para o arrepio, então?

- Nenhuma relacionada a cócegas - respondi com a voz um pouco rouca.

Minha resposta fez Clarke sorrir da mesma forma magnética que havia feito no aniversário de Raven, mas diferente daquele dia foi ela que se inclinou em minha direção e não havia ninguém para interromper dessa vez.

Foi um beijo tranquilo. Os lábios de Clarke eram tão suaves contra os meus, que foi impossível não suspirar de prazer com o toque e quando a língua curiosa dela explorou a minha boca, amaldiçoei todos os deuses que conhecia por não conseguir sentir o gosto dela. Quando Clarke mordeu meu lábio inferior antes de se afastar para descansar a testa contra a minha, eu estava sorrindo.

- Eu não imaginei que precisaria gripa para conseguir terminar o que começamos na cozinha da Raven - Clarke comentou divertida.

- Então era assim que aquela noite terminaria? Com você na minha cama?

- Você não é tão sortuda assim Le...atchim!

Clarke espirrou em mim! Nos encaramos por um segundo e caímos na gargalhada.

- Acho que mereci isso - comentei enquanto sentia Clarke limpar meu rosto com o lençol.

- Claro que mereceu - ela disse entre risos.

Ficamos na cama trocando mais alguns beijos até minha mãe aparecer gritando que hoje era dia de pizza no jantar, ela sorriu ao ver Clarke e fez com que ela levasse metade do nosso estoque de chá ao perceber que ela também estava gripada. A partir daquele dia  percebi que o conceito de espaço pessoal era supervalorizado, que eu não me importava nenhum pouco em ter Clarke próxima de mim.


Notas Finais


Segunda parte postada! E passando para avisar que a história vai ter epílogo e que provavelmente vai sair no domingo.


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