História Too Close - Final

A primeira vez que invadi o espaço pessoal de Clarke Griffin estávamos em público e causamos uma grande comoção. Já faziam duas semanas desde o nosso primeiro beijo na minha cama, nós estávamos levando as coisas devagar e até o momento ninguém sabia sobre nós. Para falar a verdade, eu mesma não sabia o que éramos ainda.

Eu estava confusa. Na realidade as pessoas que convivem conosco eram as mais confusas na situação. Os cochichos nos corredores sobre a aposta que envolviam o futuro das nossas interações estavam cada vez mais absurdas, depois de quase duas semana sem insultos trocados.

Por um milagre divino a gripe de Clarke não durou mais que uma semana, mas para minha infelicidade os jogos de semifinal estavam a uma semana de distância. Eu ainda não sabia ao certo quando me tornei tão viciada na presença de Clarke, mas uma semana de contato reduzido por conta dos meus treinos havia intensificado a necessidade.

- Você sabe que está sendo ridícula, não é? - Raven comentou durante nosso almoço no refeitório.

- Humrum.

Respondi sem prestar atenção no que ela havia falado, com meu olhar treinado observando a figura loira do outro lado do refeitório. Clarke conversava com Bellamy e de alguma forma deve ter sentido meu olhar, porque logo em seguida ela olhava em minha direção com uma sobrancelha erguida, foi quando escutei Raven pigarrear ao meu lado.

- Quando você vai admitir que gosta dela?

- Raven…

- É sério Lexa! - Raven disse me cortando - É bem óbvio que aconteceu alguma coisa entre vocês duas, eu só não sei exatamente o que.

- Por que você acha que aconteceu alguma coisa?

- Clarke está sendo muito evasiva desde que ficou gripada, eu estive com ela durante quase toda semana e não percebi nenhum sintoma que a fizessem adoecer tão depressa - Raven explicou - Você era única pessoa que convivemos quase diariamente que estava doente, e devido ao histórico de discussões de vocês, acredito que você passou o vírus. Não sei como ou onde, mas acho que você é a responsável.

- Talvez você esteja imaginando coisas, pessoas adoecem o tempo todo Raven.

O raciocínio que Raven era assustador, a mente dela num geral era assustadoramente brilhante. Mas para minha sorte o assunto morreu e quando voltei a olhar Clarke, ela já havia virado para falar com Bellamy novamente. O sorriso dela mesmo ao longe era contagiante e acabei sorrindo junto.

O assunto daquele almoço foi esquecido com a aproximação das semifinais do campeonato de futebol e eu andava mais mau humorada que o de costume, segunda minhas companheiras de equipe por outro lado nossa treinadora adorava me ver tão focada em ganhar esse jogo. Eram dias de estudo, tardes de treinos e quando a noite chegava, o cansaço comandava meu corpo direto para cama sem um segundo pensamento.

O dia anterior ao jogo era de descanso, a treinadora liberou o time e agora sentada com Clarke na varanda da minha casa, tínhamos o primeiro momento a sós da semana. A sós não era a palavra certa, porque bastava minha mãe levantar a cabeça do livro em seu colo para ter uma visão clara de nós duas.

- Eu senti sua falta - Clarke disse tímida beijando meu rosto.

- Eu também senti sua falta - sorri para o gesto carinhoso - Quando esse jogo passar, quero levar você a um encontro.

- Um encontro, hein? - Clarke sorriu divertida - Estamos ficando sérias aqui.

- Bem...a não ser que você não queira nada sério - encolhi os ombros - Mas seria realmente estranho, já que você conheceu a minha mãe.

- Não precisa usar cartão da mãe comigo, Woods - Clarke riu acenando para minha mãe que havia levantado o olhar do livro.

- Voltamos ao Woods, hein?

- Só quando você age como se não soubesse dos meus sentimentos - Clarke disse segurando umas das minhas mãos e entrelaçando nossos dedos - Eu quero um lance sério com você, Lexa.

Sorrindo com as palavras dela, senti Clarke pressionar os lábios nos meus em um beijo suave.

- Você precisa descansar.

- Meu jogo só é amanhã a tarde - falei contra os lábios dela.

- Eu sei, mas ainda assim você precisa descansar - Clarke me beijou.

- Você tem razão - concordei com um suspiro cansado.

Clarke me beijou mais uma vez e em seguida acompanhei ela até o próprio carro.

- Você vai ao jogo amanhã, não é?

- Claro que eu vou - Clarke garantiu - É sempre bom ver o nosso time ganhar.

- Clarke… você nunca escutou a expressão o jogo só acaba quando termina? - perguntei divertida - Não vamos cantar vitória antes do tempo, dá azar.

- Você é quem manda comandante - Clarke riu batendo continência para me provocar - Mas ouvir dizer que a capitã do nosso time é um fenômeno a parte em campo, então gosto de pensar que estamos com a vitória garantida.

Sorri puxando o corpo de Clarke de encontro ao meu, para um beijo de despedida e quando ela entrou no carro e partiu.

O dia seguinte finalmente chegou e ao final do primeiro tempo nosso time havia aberto do placar,  um a zero marcava o painel quando descemos para o vestiário e meu olhar encontrou Clarke no meio da multidão a margem do campo. Ao lado de Raven e Bellamy o rosto dela estava corado, senti meu estômago ficar agitado com a presença dela, mas eu tinha que me concentrar afinal eu tinha um jogo para ganhar.

Depois de escutar o apito que selava o final da partida e a vitória do nosso time, a multidão nas arquibancadas começou a lotar o campo para comemorar. Foi difícil me livrar de todos os tapinhas de congratulações para achar Clarke. Imaginando que só conseguiria falar com ela quando chegasse em casa, fiz meu caminho em direção aos vestiários quando escuto alguém gritar:

- COMANDANTE!!! NÓS ESTAMOS NA FINAL!!! - Raven gritou pulando nas minhas costas.

O ataque dela foi acompanhado de uma gargalhada conhecida e quando senti o peso sumir das minhas costas, a figura de Clarke e Raven entraram em foco.

- Foi um jogo emocionante, Woods - Clarke disse com um sorriso de lado.

- Emocionante? Esse foi o jogo mais foda que eu…

As palavras de Raven perderam o sentido quando percebi o que Clarke estava vestindo. Por baixo do casaco azul que Clarke usava, ela vestia a blusa do time com meu número. Sentindo meu coração acelerar, me aproximei colocando as mãos na cintura dela.

- Gostei da sua blusa - comentei descansando a testa contra a dela com um sorriso bobo no rosto.

- Eu tinha um palpite que você gostaria.

Sem ligar para quem estava à nossa volta fechei o espaço que havia entre os nossos lábios, em um beijo que Raven gostava de chamar tempos depois de ridiculamente fofo. Foi embaraçoso quando nos afastamos e uma pequena multidão nos cercava aplaudindo, nos felicitando ou cobrando das pessoas ao redor que havia apostado contra o nosso romance. Não foi surpresa para ninguém quando Clarke e eu começamos a namorar, e Raven adorava implicar com a gente sobre como tudo isso começou, mas nós não ligamos afinal o conceito de espaço pessoal sempre foi supervalorizado mesmo.