História Too Good to Be Mine - Trip

Meu nome é Min Yoongi e eu sou muito confuso. Desculpe ser direto assim, mas não quero deixar ninguém ter grandes expectativas sobre mim e depois se desapontar. Qualquer um que me olha sente algum tipo de compaixão por eu ter olhos pequenos ou uma expressão — naturalmente — tristonha, eu nunca nego que sou alguém triste. Não é como se eu tivesse alguma escolha, a vida acontece e eu nunca descobri um jeito de impedi-la de qualquer jeito.

                Talvez eu esteja exagerando, eu tenho algumas coisas que me deixam feliz. Para ser mais exato, tenho três.

                A primeira delas é minha família. Eu nunca demonstro que estou feliz perto deles, sempre tenho a mesma expressão de sempre e nunca fui animado feito eles e, para ser mais realista comigo mesmo não acho que algum dia fui similar a qualquer familiar meu. Mas é essa a graça disso tudo, eu tenho a chance de assistir essas pessoas que tem o mesmo sangue que eu serem tão diferentes de mim e de alguma forma muito estranha isso me enche de vontade de viver. Ser a ovelha negra da família é o que me faz levantar da cama todos os dias.

                A segunda é o céu. Meio aleatório, mas eu posso explicar. Sempre que estou estressado com a escola ou qualquer outra coisa eu procuro o céu e quando o encontro começo a encará-lo, e de alguma forma aquilo me da uma grande paz, como ninguém consegue. Quase ninguém...

                A única pessoa que consegue me acalmar mais do que um simples pedaço de céu é Park Jimin, o garoto de grandes bochechas e um sorriso contagiante. Nos conhecemos por causa de amigos em comum, e de alguma forma – que até hoje não descobri – ele foi a única pessoa que consegui realmente confiar e jurar dar o melhor de mim para fazê-lo feliz. Ele é meu primeiro amor, e isso eu não tenho medo algum de demonstrar.

(...)

                Segunda-feira, 10h da manhã na aula de Física.

                O professor dizia algo sobre o movimento de algum meio de transporte que no momento eu não estava nem um pouco interessado, me interessava mesmo em dormir e perder aquele sono que sentia já tinha algumas semanas. Abaixei a cabeça a apoiando na mesa e quando estava quase caindo no sono sinto uma bolinha de papel cair em mim e levanto bravo. Quem ousa?

                Olho ao redor e quando me dou conta é o mais novo da sala, Jeongguk, apontando para a porta. Lá havia um Jimin sorridente e aparentemente ansioso, se aproveitando do professor lerdo que estava presente na sala para me chamar para fora.

                Não hesitei um segundo, saí da sala sem ao menos levar meu material e fui até ele.

                - Por que você está para fora da sala? – Perguntei sem primeiro o cumprimentar, aquela era a primeira vez que o via no dia.

                - Nós vamos fugir! Vem comigo. – Ele disse naturalmente e eu parei de correr com ele pelos corredores. Fugir? – O que foi Yoonie? – Ele percebeu que eu parei de o acompanhar e se dirigiu até mim.

                - Como assim fugir? Para onde? Por quê? – Meu namorado estava ficando louco, não é possível...

                - Lembra das nossas conversas até tarde da noite no Skype? Sobre viver grandes aventuras e guardar boas lembranças? – Eu me lembrava, faziam alguns meses que vínhamos falando sobre isso nas ligações que fazemos toda noite. Eu assenti, sem dizer uma palavra. – Isso irá se tornar realidade, eu venho preparando tudo.

                - Mas para aonde a gente vai? E as nossas famílias? – Tínhamos essa conversa enquanto corríamos pelos corredores da escola em direção a saída.

                - É isso o melhor, apenas Jeongguk e Taehyung saberão onde estaremos e caso nossas famílias se preocuparem muito eles tem um jeito de acalmá-los.

                - Você é louco Park Jimin. – Eu disse rindo ao ser puxado por ele, e logo em seguida receber um olhar contente dele.

                - Você ainda não viu nada Min Yoongi... – Ele disse e eu sorri envergonhado.

(...)

                Depois de alguns minutos andando naquele táxi segurando a mão dele comecei a me dar conta de onde o motorista nos levava. O aeroporto.

                - Nós podemos pagar isso? – Eu sussurrei ao pé de seu ouvido.

                - Eu posso. – Ele disse com um sorriso satisfeito estampado no rosto.

                Eu sorri para baixo e apertei sua mão com carinho. Ele é realmente alguém para guardar.

                Eu imaginava qual era o plano de Jimin com tudo aquilo. Para onde vamos? Por quanto tempo? Como ele conseguira dinheiro o suficiente para financiar duas passagens de avião? Eram dúvidas que eu preferia tirar ao longo dessa aventura.

                Assim que chegamos ao desembarque comecei a me perguntar sobre a bagagem.

                - Amor, acho que você esqueceu um detalhe. – Eu disse olhando ao nosso redor e ele acabou entendendo.

                - Até parece que você não me conhece direito, eu já pensei em tudo. Pode entrar no aeroporto. – Ele disse apontando para a porta automática e fui até a mesma enquanto ele pagava o taxista.

                Assim que atravessei a porta dei de cara com um cara de cerca de 2 metros de altura que poderia facilmente ser confundido com um jogador de basquete da NBA. Cumprimentei o homem e ele apenas sorriu sem mostrar os dentes, aquilo parecia ser o máximo do lado simpático dele enquanto trabalhava. Olhei atrás dele e me deparei com cerca de seis malas gigantes e me perguntei se aquilo era meu e de Jimin.

                Depois de alguns segundos esperando por ele, vi meu namorado passar pela porta com seus fios laranjas voando e me mostrando que eu na verdade namoro um deus grego. Deus, o que eu fiz para te merecer Park Jimin?

                - Olá Kiran! Obrigada por ter me ajudado dessa vez, minha família agradece sempre. – Jimin disse antes de apertar a mão do aspirante a jogador de basquete e o mesmo o devolver com um sorriso mostrando seus dentes brilhantes.

                Depois que Jimin terminou de falar e se voltou a mim, Kieran foi embora e apenas deixou as malas para nós.

                - Sua família é chefe de alguma máfia ou algo do tipo? – Perguntei e logo depois recebi um beijo seguido de um sorriso, ele pegou em minha cintura e disse.

                - Eles são poderosos, o que eles fazem é um tipo de segredo família. Você sabe que não posso te contar. – Ele me lembrou com as mãos em minha cintura e a apertando depois.

                - Eu sei, só é curioso como você consegue tudo o que quer. Se dependesse dos meus pais para eu te fazer uma surpresa dessas eu teria que começar a trabalhar.        

                - Tudo bem, que tal pararmos de pensar em nossos pais e pensarmos na nossa viagem? Temos 20 minutos para chegar ao portão de embarque. – Saiu de repente e pude perceber que foi buscar um carrinho para colocarmos as malas. De alguma forma todas elas couberam e fomos em direção àquela aventura da qual sempre falamos.

(...)

                22h em algum lugar no meio do Oceano Pacífico.

                Tinha dormido no meio do vôo e acordei com Jimin dormindo como um anjinho no meu ombro, eu posso jurar que aquela é a visão do paraíso. Sorri com aquela imagem e resolvi olhar pela janela do avião. Um breu foi tudo o que consegui ver, provavelmente estamos sobre o Oceano Pacífico então isso quer dizer que não vamos muito longe. A única coisa que Jimin me disse foi que iríamos para um lugar tropical, muito provável que essa seja a primeira vez que realmente pego Sol na minha vida inteira.

                Fiquei imaginando todos os destinos possíveis e cheguei a conclusão de que eu só descobriria quando chegasse lá, e depois disso caí no sono de novo apoiando minha cabeça em Jimin.

(...)

                1h da manhã, Emirados Árabes.

                Acordei sentindo beijos por todo o meu rosto e quando abri meus olhos por completo vi Jimin com um sorriso envergonhado e um rostinho inchado por ter acabado de acordar.

                - Chegamos meu amor. – Ele disse com uma voz sonolenta, mas mesmo assim muito ansiosa. Sorri o olhando e ao virar meus olhos para fora da janela novamente percebi que ainda era noite, conseguia apenas ver as luzes da asa do avião e a iluminação do aeroporto.

                - Pode me dizer agora onde estamos? – Perguntei esperando as pessoas saírem daquele corredor estreito para sairmos logo.

                - Você tem duas dicas e três chances. – Me desafiou sabendo que adoro uma coisa do tipo.

                - Siga em frente. – Eu agora tinha minha atenção apenas nele.

                - É quente. – É claro que é quente, são os Emirados Árabes. – Apareceu no último filme dos Velozes e Furiosos. – Essa é fácil.

                - Dubai? – Eu me lembro de que nosso primeiro encontro tinha sido no cinema para assistir esse filme.

                - Você é o melhor nesse jogo! – Ele riu e balançou a cabeça, aproveitando que agora tinham poucas pessoas dentro do avião para sairmos.

                Acabamos despachando todas as malas que tínhamos porque eram muitas então ficamos esperando por certo tempo elas virem.

                Quando finalmente passamos pelo portão de desembarque, lá fora tinha um chofer nos esperando com uma placa na mão que dizia “Park Jimin e Min Yoongi” com o nome de algum hotel ou resort embaixo.

                Parece que Jimin investiu um bom dinheiro nessa viagem e eu estava adorando todo esse esforço que ele fazia por mim. Queria poder retribuir...

(...)

                O chofer nos levou até um resort que ficava de frente para uma praia gigante e o lugar não era diferente.

                Chegamos à recepção e de lá uma mulher nos levou para nosso quarto, nem precisamos fazer check-in. Estava começando a ficar assustado com o quão perfeita essa viagem estava.

                Nosso quarto era maravilhoso, grande e tinha um banheiro junto dele. Eu não poderia pensar em nada melhor do que isso.

                Depois que a recepcionista nos explicou as regras do lugar fomos deixados sozinhos e então podemos mostrar nossas reais faces.

                Eu fui até ele e o beijei, apertando sua cintura com todo o carinho possível para fazer uma ação do tipo, quando parti nosso beijo sorri olhando fundo em seus olhos e o agradeci por tudo aquilo.

                - É tudo por você querido. – Ele acariciava minha orelha direita.

                - Eu amo quando ficamos sozinhos e quem comanda sou eu. – Sorri e não conseguia tirar meus olhos dos dele por nem um segundo.

                - Eu sei disso, e eu amo quando ficamos sozinhos. – Ele disse quase em um sussurro.

                Aproveitei que tinha minhas mãos em sua cintura e o empurrei até a cama, começando assim uma noite que nunca esqueceria.