História Too Good to be True - Capítulo Único

"Carambola, meu chefe é um saco. Mas eu gosto dele", Ana disse a Jessica, enquanto elas esperavam por seu jantar. Ela era a única no mundo que ainda dizia "carambola".

"Eu sei, o meu também. Ele é feio, muito mandão e preguiçoso. Eu não gosto dele, realmente não gosto", Jessica disse.

"Pelo menos o meu chefe é lindão. Jess, nós somos formadas no mesmo curso, por que você não tenta arranjar um emprego aonde eu trabalho? Isso seria ótimo! Meu chefe não é preguiçoso, como o seu é, ele só é um pouco entediante, frio e mandão, mas isso é só por ele ser O Chefe", Ana sugeriu.

"Seria ótimo, mesmo! Eu vou preparar meu currículo essa noite, quando eu chegar em casa", ela prometeu. Seria melhor para ela, trabalhar com sua amiga e se libertar de um chefe idiota e preguiçoso.

A comida chegou e as duas começaram a comer. Ana estava bebendo sua quinta Coca-Cola, e Jessica estava bebendo seu chá gelado de pêssego. Ana tinha um recorde – ela podia beber quinze copos de Coca-Cola numa só noite no Outback. Jessica era mais velha, e havia se formado primeiro, mas ambas as garotas eram formadas em Administração.

(...)

"Ok, não olhe nos olhos dele se ele já estiver olhando para os seus. Hum.. Não boceje. Não tussa. Não force risadas ou sorrisos. O que mais... Ah! Tenha certeza de que não há nada preso em seus dentes. Não hesite. Você nunca deve estar atrasada. Ainda temos três minutos. Você nunca deve chegar muito cedo. Nunca sorria para ele se ele não sorrir para você primeiro... Jesus Cristo, eu tô esquecendo de alguma coisa?!", Ana se perguntou, preocupada enquanto dava conselhos e avisos para Jessica, que estava prestes a ter uma reunião com o chefe de Ana. "Ele amou o seu currículo, então não estrague tudo!".

"É demais! Mas eu irei lembrar. Ok, quanto tempo eu ainda tenho?".

"Um minuto e meio. Você deve estar indo para o escritório dele quando faltarem quinze segundos para as três da tarde, eu estou contando".

"Por Deus, qual é o problema do seu chefe?!", a garota queria saber.

"Ele é estressado, rico, mal amado e coreano", Ana disse. "Tá, ser coreano não é um problema, mas alguns dizem que isso é determinante quando à sua personalidade. Mas ele é gentil, caloroso, educado e bom com quem merece. E, por alguma razão miraculosa, ele gosta de mim. Alguns dizem que ele é sem emoção, mas eu sei que não é. Ok, Jessica, hora de ir!".

Jessica andou até o escritório do chefe de Ana. Dois segundos antes das três da tarde, ela chegou, esperou mais um segundo, bateu na porta e entrou na sala.

"Você é pontual. Isso é ótimo. Vejo que Ana lhe ajudou com meu 'problema' com tempo", ele disse. "Prazer em conhecê-la, Jessica. Meu nome é Min Yoon-gi e eu espero que você esteja apta para ser minha funcionária".

Céus, Jessica quase se esquecera de como ela gostava de homens coreanos. Min Yoon-gi era gato. Cabelo branco, profundos olhos escuros, um belo nariz e uma boca fofa. Não, ela não era fofa. Era bonita, atrativa.

"Então, como você está hoje, garota latino-americana formada na Universidade de Nova York, curso de Administração?", ele perguntou olhando para o currículo dela.

"Estou muito bem hoje, obrigada. E você, Sr... Como eu deveria chamá-lo?".

"Chame-me de Min Yoon-gi ou apenas Yoon-gi se for preferível a você. E eu estou ótimo, obrigado".

Ele começou a olhar para os olhos dela, que escolheu olhar para suas mãos e nariz às vezes. Eles falaram sobre economia, política e o assunto concreto de Administração. Min Yoon-gi apresentou o objetivo de seu trabalho, e ela apreciou aquilo, afinal não era antiquado, mas inovador e sério. Embora ela gostasse de se divertir e fazer coisas loucas, ela sabia exatamente como e quanto ser séria.

"Você concorda com os nossos métodos? Se sim, você já tem Ana como amiga aqui, e eu não tenho nada contra você por enquanto", ele disse e sorriu por três segundos. Ela sorriu de volta, rapidamente.

"Sim. Eu concordo".

Ele parou de olhar para os olhos dela, então ela começou a fazê-lo. Ele estava fazendo algo em seu computador, então ele pegou seu telefone e mandou uma mensagem para alguém. Ele olhou para ela novamente e sorriu. E ela sorriu de volta, novamente. Dois minutos depois, Ana apareceu na sala, segurando um monte de folhas de papel.

"Você trouxe tudo o que precisamos para um contrato, dongsaeng?", Yoongi perguntou à Ana, sorrindo, e ela, sorrindo também, respondeu:

"Claro, com certeza. Está tudo bem por aqui?".

"Sim".

Jessica estava feliz. Ela assinou o contrato e Min Yoon-gi os fez também. Ana pegou uma maquininha especial – um leitor de impressões digitais.  Como um rei, Yoongi jogou sua mão para a direita, e Ana a pegou, pressionando o dedo dele no dispositivo. Então ela fez o mesmo com Jessica, mas não pegou sua mão – Jessica teve que fazer aquilo sozinha.

"Certo. Você está contratada. Bem-vinda à SG Enterprise", ele disse e piscou para ela. Ele abriu a porta e as garotas saíram.

"Caramba, ele é gato", Jessica disse.

"Ah, é. Se não ele, eu quero sair com um de seus amigos", Ana disse, meio que pensando alto. "Você tem que conhecê-los. Eles são demais. Em breve você irá".

"Ok... Te vejo amanhã, colega de trabalho".

"Te vejo amanhã".

(...)

"Ele não é tão mandão, Annie", Jessica protestou.

"Mas ele era. Estou te falando... Ele costumava ser um pouco mais entediante, frio e sério. Ok, ele só fala com a gente, mas ele está muito feliz... Isso é estranho. Tem alguma coisa muito errada...", Ana disse.

"Hum, alguma coisa aconteceu, então".

"SIM... Algo muito estranho. Eita, ele acabou de me mandar mensagem. Ele quer um cappuccino do Starbucks. Graças a Deus o Starbucks é na frente do nosso prédio", Ana disse e saiu após responder a mensagem de seu chefe.

"Eu queria ser assistente dele", Jessica disse, sabendo que ninguém iria ouvir. Caraca, Yoongi era muito gato.

Ela tinha mais três colegas trabalhando com ela naquele andar, mas havia muito mais pessoas trabalhando na SG Enterprise. Subitamente, Yoongi mandou uma mensagem para ela: "Jessica, por favor, me encontre no toalete masculino".

Jesus Cristo, os olhos dela quase pularam para fora. Ela pensou em não ir até lá, mas ele já era seu chefe há quatro semanas, e ele era tão gato, então ela correu até o banheiro. Ela parou em frente à porta.

"Yoongi?", ela chamou, preocupada.

"Jessica", ele respondeu, aparentemente normal. "Por favor, entre. Eu preciso de sua ajuda. Ana está vindo?".

Ela abriu a porta e encontrou um coreano sentado no chão, ao lado da latrina, com um nariz sangrando e mãos trêmulas

"Jesus... Ela está quase chegando, chefe. O que aconteceu, do que você precisa?", ela estava realmente preocupada.

"Eu esqueci meus remédios. Mas isso não importa, o café irá me fazer sentir melhor. Ajude-me a ficar de pé e lavar meu rosto", ele pediu. "Mas, primeiro, diga à Ana onde nós estamos".

Ela mandou a mensagem para sua amiga e ajudou o chefe a levantar daquele chão frio. Ela abriu a torneira e o ajudou a lavar seu nariz, que parou de sangrar rapidamente. Alguém bateu na porta e entrou – era Ana.

"Meu Deus, Min Suga, você esqueceu sua medicação de novo?", Ana disse, preocupada também. Ele sorriu para ela, um sorriso doloroso, e bebeu seu cappuccino. Os remédios dele eram à base de cafeína, então o cappuccino faria com que ele se sentisse melhor. Ou não. Ele sentiu vertigem, não estava se sentindo bem, realmente não estava.

"Não está funcionando. Vou buscar os seus remédios na sua casa", Ana disse, colocou a mão dentro do bolso do blazer de Yoongi e pegou suas chaves do carro. Ela saiu correndo do banheiro.

"Você quer sair?".

"Quê? Eu não posso sair daqui agora!", ele disse com os olhos fechados, estava tonto. "Ninguém pode ver isso. Esperarei que Ana volte com minhas coisas". Ele estava sentado no chão de novo, e Jessica sentou-se a seu lado.

"Ana realmente gosta de você. Ela diz que você é o melhor chefe do mundo", Jessica disse a ele, o que era completamente verdade.

"É sério? Eu pensei que eu fosse um chefe terrível para ela. Min Sem-Emoções", ele riu amargamente.

"O quê?! Nunca! Ela te admita. Mais do que nunca agora, já que ela disse que você aparenta estar mais legal... Você não vê? Ela foi à sua casa para pegar seus remédios, e ela não faria isso para qualquer um, mesmo que estivesse sendo paga. Ela se importa contigo. E ela acha você lindo".

"Uau! Sério? Bem... Eu sei. Digo, agora eu sei. Ugh, é a terceira vez que isso acontece. Merda, eu tenho que lembrar de trazer esses malditos remédios", ele reclamou consigo mesmo.

"Qual o problema?".

"Eu tenho este problema com sangramentos nasais e eu preciso de cafeína para continuar andando todos os dias. Eu tive alguns problemas emocionais que fizeram com que eu começasse a usar essas drogas... Você sabe, assuntos particulares".

"Ah, eu entendo. E eu sinto muito".

"Hm, não tem problema. Ei, eu sou seu chefe, certo? Então, posso lhe pedir uma coisa?

"Claro que sim! Qualquer coisa".

"Certo. Posso te beijar?".

O coração dela estava batendo rapidamente. Ele realmente tinha dito aquilo? Ela não conseguia dizer nada, então ela apenas confirmou com o balançar de sua cabeça, com uma expressão assustada. Então ele a beijou. Caramba, e que beijo. Ela ficou completamente perdida dentro de seus pensamentos, e ele também. Aquilo era bom demais para ser verdade.

Quando ela pensou que iriam parar, ele a beijou duas vezes mais. Uou.

"Eu não estava esperando por isso".

"Nem eu. Tenho que lhe dizer – se eu pareço mais legal agora, é por sua causa, pois eu queria impressionar você sendo um cara legal. Quando você entrou na minha sala, tudo o que eu pensava era 'UAU', o tempo todo".

Estressado, rico e mal amado – e ela podia mudar as duas coisas ruins sobre ele. Ele era diferente de todos os caras que ela já tinha namorado. Então, quebrando as "regras", ela sorriu para ele, tocou a mão dele e o beijou. E retribuiu o beijo.

Quando eles começaram a escutar alguma coisa, como alguém andando ou algo do tipo, eles pararam subitamente, e começaram a sorrir um para o outro. A educada Ana bateu na porta e a abriu. Quando ela viu aqueles dois seres sorridentes no chão, ela fez uma careta confusa.

"Aconteceu... Alguma coisa aqui?".

"O quê? Não, nada", Jessica disse.

"Nada, na verdade. Obrigada por trazer meus remédios. Você me salvou, Ana dongsaeng", ele disse e sorriu. Ana não sabia, mas ele a considerava como uma amiga.

"Sérião, não aconteceu nada aqui?", Ana perguntou confusa novamente, enquanto ajudava Yoongi com a dosagem dos medicamentos.

"Seríssimo. Está tudo bem", Yoongi disse e quando Ana não estava olhando, ele piscou para Jessica, que tentou não rir.

"Ok... Eu entendi", Ana sorriu de um jeito engraçado. Ela não podia acreditar no que estava acontecendo ali. Carambola.

"Perdão?", Yoongi disse e Jessica começou a corar.

"Se alguém aparecer procurando por você, direi que está ocupado", a assistente lançou uma piscadela e saiu do banheiro.