Através do espelho, ele se encarava, perguntando-se qual era a verdade por trás de sua expressão vazia, por trás de sua mascara.
Não sabia exatamente onde havia se perdido, em qual ponto em sua longa estrada sua essência o deixou, o transformando naquele ser tão vulgar, ele não sabia nem mesmo dizer o que um dia ele chamou de essência, tão perdido em seus pensamentos turbulentos e indesejados que era incapaz de se recordar o que havia deixado para trás.
Ele apenas se lembrada do esboço dos sorrisos, aqueles que ele tão alegremente desenhava quando criança, também se lembrava dos que estavam em suas fotos de adolescência, aquelas junto a todos aqueles amigos que ele nunca mais voltou a ver, se lembrava das mensagens deixadas em seus cadernos, de suas historias cheias de tantos planos e fantasias, de tantos sonhos que mais nada representavam para ele.
Perguntava-se por que aquela pessoa havia sido tão feliz e quando se tornou tão infeliz.
Seria porque não seguiu aqueles sonhos bobos e vazios?Seria por ter feito as escolhas erradas? Seria por se casar tão cedo? Por se separar? Talvez fosse por ter cortado o contato com seus pais?Seria por não ter tido coragem de desistir daquela faculdade que tanto odiava? Ou porque estava no melhor emprego possível, mesmo o detestando?
De fato, eram muitas possibilidades, mas em nenhuma delas ele encontrava sua resposta.
Agora, olhando-se no espelho, através de sua mascara existia alguém cansado, alguém triste e principalmente alguém vazio, alguém solitário.
E era em momentos como esses que ele odiava o seu antigo eu que sorria tão despreocupadamente, tão sem problemas, sem dores, o invejava enquanto sentia aquele sentimento melancólico e ate mesmo chegava a cogitar a ideia de que havia perdido.
Perdido para si mesmo.
Apenas em momentos como aqueles ele pensava que seus bens materiais não valiam mais nada, que todo o seu esforço e crescimento nos negócios nada mais eram do que um desperdício de um tempo que não voltaria, ali, deixando seus dedos percorrerem por seu rosto marcado por linhas do tempo, encarando os olhos frios e vazios, ele se dava conta do que havia perdido durante todos aqueles anos.
Ele havia perdido a chance de ser feliz.
E então ele voltava a sorrir, de modo triste, permitindo-se imaginar uma vida diferente daquela a qual seguiria o seus sonhos e se tornaria aquilo que ele realmente desejou ser.
Imaginou-se viajando pelo mundo, caminhando pelas areias quentes de uma praia, desenhando em uma pintura, com seus velhos amigos em uma praça de alimentação de shopping, se imaginou visitando seus pais, buscando os filhos que nunca chegou a ter na escola e então se imaginou ao lado de sua ex, tomando um copo de chá próximo a lareira de mãos dadas.
Sim, ele imaginou tudo, notando que não parecia tão ruim, ou precisar de todo aquele dinheiro acumulado que tinha, mas então seu celular tocou, o fazendo voltar a realidade.
E foi então que ele voltou a colocar sua mascara.
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