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História Too Weird To Live, Too Rare To Die - Especial Halloween - Fase Um - Fome


Escrita por: RedCarrot

Capítulo 2 - Fase Um - Fome


Abri os olhos observando assustada ao meu redor. Eu estava no meio de várias árvores altas. Apertei as folhas entre os dedos ao sentir uma dor aguda em minha barriga me forçando a lembrar de tudo que havia acontecido. Eu tentava de todo modo bloquear as lembranças, tentava de todo modo não me arrastar novamente para aquele maldito quarto de cirurgia. Depois  que a anestesia passou tudo o que eu sentir foi dor, e tinha mãos passando pelo meu corpo, dentro do meu corpo. Eu deixei as lágrimas sair enquanto abraçava as minhas pernas. Eu aguentei o quanto eu podia, eu fugi o quanto eu podia. 

Levei a mão até as minhas costas onde eu possuía uma grossa cicatriz ainda recente. Eu não me lembro deles terem tocado aqui. Mais ela doía do qualquer modo. Dedilhei-a e descobrir que ela formava um sinal de um X. Meu corpo estava fraco e dolorido mais mesmo assim eu me levantei e andei em frente. Eu não me preocupava em correr, sabia que não havia ninguém atrás de mim. Ele havia me deixado fugir. 

Eu andei até chegar a uma estrada e eu esperava profundamente que alguém viesse. Eu desejava ir para casa, para o conforto da minha família. Eu só queria esquecer, pensar que tudo isso só foi um sonho ruim. Ouvi o som do caminhão na pista e estendi o braço quase sem força para chamar sua atenção. Por sorte ele parou, talvez estivesse com peno do meu estado totalmente acabado com sangue por toda a roupa e fraca. O senhor de idade abriu a porta do passageiro para mim com uma grande interrogação na testa. 

- Você está bem moça? – ouvi sua pergunta sem noção 

- Não, eu fui... Eu só quero a minha família o senhor pode me levar até algum posto policial ao alguma delegacia – quase lhe implorei. O senhor me olhou com piedade estampada no rosto e segurou a minha mão me ajudando a subir no caminhão. Ele não fez perguntas, talvez realmente não quisesse saber o porquê de eu ter tanto sangue na minha roupa. Analisei o homem com poucos cabelos, e com a cara enrugada. A sua pele era flácida mais extremamente deliciosa se eu puxasse com os meus dentes eu... minha garganta estancou. E eu espantei o pensamento. Céus, eu só podia estar louca. Talvez todas essas coisas que eu passei hoje tenham me deixa desequilibrada, mais não tinha como eu sair sã dessa, não existia essa possibilidade. Suspirei e encostei a minha cabeça no banco. Quando finalmente chegamos a um posto da policia o senhor me ajudou a sair do caminhão mais não andou comigo até a porta da pequena “delegacia”. 

- Obrigada – virei para agradecê-lo mais não pude esconder a minha expressão de horror. O senhor tão simpático que tinha me levado ao posto da polícia agora tinha os olhos pretos com a bolinha vermelha no meio. Ele sorriu para mim entrando no seu caminhão e seguindo em frente enquanto eu continuava estática em frente ao posto. 

Oh, céus isso nunca vai me deixar. Eu só quero um pouco de paz. Suspirei fundo balançando a cabeça em negação. Eu estava preparada para que quando estivesse em casa tudo não passasse de um sonho pra mim. Eu estava disposta a me convencer disso, estava disposta a pensar que monstros não existiam, que talvez eu não tivesse me transformado em um deles. Engoli seco dando as costas á estrada e entrando no posto. 

Depois de tentar conversa com o policial que me pedia explicações que eu não poderia dar, ele me deixou em uma sala de espera enquanto avisava a os meus pais. Eu estava incomodada com olhar que ele tinha sobre mim, ele queria me fazer mais perguntas, perguntas que eu não estava disposta a responder. Quando o carro dos meus pais chegou ao estacionamento do posto. Eu reagi de uma forma que eu não esperava. Era estranho, eu não me sentia completamente feliz, eu só conseguia sentir um pequeno alivio por eles estarem bem. 

- Filha! – minha mãe correu até mim. Ela me envolveu em seus braços com tanta saudade e a única coisa que eu consegui fazer foi sorrir. 

Logo meu pai se aproximou de mim segurando o meu rosto e procurando qualquer ferimento. Ele me envolveu nos seus braços querendo me proteger de todas as coisas no mundo. Pena que eu não conseguia me sentir como se estivesse segura, não conseguia me sentir como antes. Eu sabia agora que nem os braços do meu pai poderia me salvar das coisas perversas do mundo. Ninguém poderia me salvar a não ser eu mesma. 

- Acho melhor levá-la ao um hospital – ouvi o policial se dirigir a minha mãe que concordou. Afastei-me do meu pai negando. Eu não queria ir a um hospital. Eu queria ficar longe de qualquer doutor pelo resto da minha vida. Eu não queria mais sentir mãos de nenhum médico pelo meu corpo. 

- Eu não quero ir a um hospital – sussurrei cansada 

- Mais filha, nem ao menos sabemos o que aqueles malditos fizeram com você – ouvi a voz desesperada da minha mãe. 

- Eu não quero – repeti – Eles não fizeram nada contra mim, só me levaram longe o bastante do local e depois me jogaram na pista – minha garganta travou quando eu menti. 

- E esse sangue? – o policial se meteu apontando para a minha roupa. Nem eu sabia de onde vinha aquele sangue. Eu só acordei com ele ai, além de que eu também o sentia na minha boca. Eu só me forçava a pensar que era o meu próprio sangue. 

- Eu só quero ir para casa, só quero descansar um pouco e depois eu prometo que vocês poderão me lavar a um hospital se quiserem, por favor – implorei e minha mãe me olhou com preocupação e pena. 

- Mais filha... – o meu pai começou a falar e logo em seguida suspirou – Está certo – dei um mínimo sorriso para ele e olhei para o policial que parecia não satisfeito. 

Minha mãe me levou a até o carro tomando todo o cuidado comigo. Olhei pela janela avistando o policial que tinha o cenho franzido. Com toda certeza ela não deixaria o meu caso passar por ali sem fazer nada, eu só esperava nunca mais vê-lo e nem que ele tivesse que passar pela mesma experiência que a minha. 

Assim que cheguei em casa senti como se todo o peso do mundo tivesse sido tirada de minhas costas. Meus músculos finalmente relaxaram e eu finalmente consegui deixar as lágrimas rolarem. Senti o braço de minha mãe sobre os meus ombros enquanto ela dizia palavras acolhedoras era do mesmo jeito que eu tinha imaginado quando estava naquele lugar asqueroso. Ela iria me dizer coisas boas e tudo ficaria bem, se eu pudesse esquecer tudo seria perfeito. Mais pelo menos finalmente eu estava colocando em minha cabeça que todos aqueles monstros que eu vi não eram verdadeiros, eu estava com tanto medo que inventei algo que não existia, não poderia existir. Então deixei-me relaxar em seus braços. 

XxxX 

Sempre me disseram que o tempo curava as feridas; Eu sempre acreditei. Eu esperava ansiosamente que o tempo curasse as minhas. A cada dia que se passava era como se pequenas agulhas perfurassem a minha pele. Sentia frio, eu sentia um vazio tão grande que nem as coisas que  antes me alegravam preenchiam esse lugar, mas acima de tudo eu sentia fome. Eu tentava me livrar dela mais parecia impossível, já que tudo que eu comia não tinha gosto, era como se eu comesse aguá, bom tinha exceção de alguns como café que permanecia com o mesmo gosto, também tinha o peixe que ao invés do café tinha um gosto horrível, como se estivesse podre. 

Eu tentava fortemente sobreviver, fingido e comendo os que não tinha gosto de nada. Eu não queria dizer nada a minha família. Eu tinhas visto o que eles tinham passado esse último mês, espantando cada repórter de frente de nossa casa, tentando dar desculpas ao meu caso, tentando me esconder de todos. A noticia de que eu tinha desaparecido havia caído na boca do povo, durante o último mês era o que mais se comentava. Havia se passado um mês. Era estranho um dia eu tinha corrido feito loca pela mata, pegado carona com um estranho e parado em um delegacia. O mais estranho ainda era que eu lentamente comecei a esquecer de certas coisas que aconteceram lá, talvez eu mesma tenha mandado essas lembranças para o meu subconsciente. E seja o que for eu agradecia mentalmente por ter feito isso, quando eu as vezes me forçava a lembrar delas um arrepio passava pelo meu corpo avisando me que isso era uma coisa arriscada de se fazer. 

Enquanto eu olhava o carro do pai de Yerin ir embora a minha barriga resmungou. Céus, ela andava muito fazendo isso. De noite a fome era tanta que eu atacava a geladeira mesmo não obtendo resultado nenhum. Cada dia parecia pior era como se estivessem me rasgando por dentro. Como se tivesse alguém dentro mim dizendo-me; você sabe o que fazer. 

Não, eu não sabia o que fazer, pois se eu soubesse não estaria me torturando desta forma. Deixei um suspiro sair dos meus lábios tentando me concentrar em qualquer coisa que não fosse a minha fome extrema. Yerin tinha vindo aqui pela quarta vez desde que saiu do hospital. Eu não queria vê-la. Na verdade eu tinha um terrível medo de que só em imaginar seu rosto em minha mente aquelas lembranças mais temidas voltariam. Era um medo inexplicável, eu não sabia do que, não sabia porque, mas eu tinha medo. E novamente o estrondo veio de  baixo. Encarei minha barriga por cima da blusa branca tentando achar um jeito de faze-la parar. No final de tudo eu decidir dar um passeio. Fazia um bom tempo desde que eu sairá de casa. Eu tenho evitado muito isso. 

 Assim que passei pelo portão de ferro um vento gélido soprou em meus cabelos fazendo os ir pra frente. Comecei a andar sem rumo seguindo a calçada. Não havia muitas pessoas na rua talvez por ainda ser inverno. Quando ventou novamente eu aproveitei fechando os olhos e respirando fundo. E droga como isso foi errado, pois assim que puxei o ar um doce aroma me inebriou. Céus, era delicioso eu quase podia sentir o sabor em minha língua. Uma onde se apossou do meu corpo e quando vi eu já estava seguindo o caminho que me levava ao lugar onde estaria o tão adocicado e delicioso alimente. E como eu queria prova-lo. Quanto mais perto eu chegava mais  eu salivava. Estava praticamente correndo quando cheguei ao destinado lugar. Não um restaurante, nem mesmo uma barraquinha. 

Era um beco sujo e asqueroso e mesmo assim eu não foi embora. Lentamente eu entrei no beco olhando atentamente para os lados verificando o que havia me chamado. No final do beco havia uma curva onda dava para uma parede acabada, mais o que chamou a minha atenção não foi a parede e sim o que estava em frente a ela. A cena era de deixar qualquer um horrorizado. Mais eu não estava horrorizada pela cena e sim com o que surgiu dentro de mim. Era um tipo de desejo misturado com medo. Por um momento eu pensei que o desejo iria vencer esse batalha já que eu tinha dado um passo em direção aos dois corpos no chão, mais foi quando o homem melado de sangue notou minha presença e me encarou e novamente eu estava em uma pista cinza com grandes árvores a minha volta, havia sangue no chão e na minha frente estavam eles com aqueles olhos monstruosos. 

Engoli seco quando o homem praticamente rosnou para mim. Eu tinha que ir embora. Eu tinha que sair dali não importava o quanto a fome era grande, não importavam o incrível desejo de jogar aquele homem para longe e degustar do corpo da pequena criança praticamente dilacerado no chão. Pobre criança. Quando eu finalmente conseguir dar um passo para trás ouvi risadas atrás de mim. Olhei por cima dos meus ombros sentindo o medo crescer. Eu estava cercada. Meu corpo foi praticamente empurrado para o lado quando um dois homem quis chegar mais perto do outro no chão. Eles me ignoraram era a minha chance de sair dali mais eu não conseguia eu estava paralisada e o único movimente que eu consegui fazer foi me sentar no chão e abraçar os meus joelhos fortemente. O que eu tinha na cabeça era que se eu ficasse quieta talvez eles nem reaparecem em mim. 

- Ora o que temos aqui! - falou o homem de cabelos loiros. Ele era alto e forte e parecia que nunca tirava o sorriso sacana do rosto - Pensei que tínhamos avisado a todos que não poderiam caçar aqui. 

- Nós avisamos - disse o outro, este tinha os cabelos longos, até os ombros e parecia asiático - Mais parece que esse aqui quis quebrar a regra - rio 

- O Taehyung não vai gosta nada disso - assim que o loiro terminou de falar houve o breve silencio que foi cortado por  uma voz rouca vindo da entrada do beco. 

- Não vou mesmo - olhei para o homem que acabou de chegar e encolhi o meu corpo mais para o canto. O mesmo nem olhou para mim e assim como os outros passou indo em direção ao homem que tremia ainda protegendo a sua presa no chão. 

- Você sabe das regras Luke - disse devagar - Você sabia que não poderia caçar na minha área sem permissão - se aproximou mais do cara que anda não tinha dito uma palavra. - E ainda sabe o que eu tenho que fazer, preciso manter a minha reputação - ajeitou a jaqueta no corpo como se fosse um terno e os outros riram. O homem no chão continuava a proteger sua presa e parecia pronto para atacar. Eu não consegui acompanhar os seus movimentos. Tudo aconteceu rápido demais e quando tudo acabou eu só senti as gotas de sangue caírem em meu rosto. O cheiro era ótimo, extremamente adocicado, extremamente saboroso. Sem resistir passei a ponta da língua na gota que caiu em cima do meu lábio. Era como se tudo tivesse paralisado, como se eu não pudesse ver e nem ouvir, como se conseguisse acalmar pelo menos um pouco aquele fera que estava presa e que se contorcia em meu estômago. A sensação foi parada pela dor aguda em meu olho direito. Era como se estivesse espremendo-o, insuportável, completamente insuportável. 

- Humm... - não consegui conter um gemido. Não que eu estivesse me importando eu só queria que aquela dor parasse. Meu pequeno gemido acabou chamando a atenção dos homens a minha frente, todos eles olharam em minha direção. 

- O que é isso? - ouvi a voz rouca perto de mim, senti a sua mão em meu queixo e não pude evitar olhar para o seu rosto. Não era assustador, seus olhos voltaram ao normal e eram um castanhos suave, que me lembrava mel. Ele franziu a testa fungando. Sua mão delicadamente tirou a minha de cima do meu olho direito e por um momento eu me esqueci da dor. 

- Quem é você? - perguntou-me um pouco surpreso. A dor voltou mais forte e eu voltei o meu olhar para o corpo da criança no chão. Parece que o monstro dentro da minha barriga acordou novamente irritado. - Está com fome - estendeu a mão para o homem que arrancou bruscamente o braço da criança, lhe dando. 

E novamente surgiu aquele aroma irresistível. Céus, eu estava salivando por um braço, um braço de uma criança, uma criança humana. O que eu me tornei? Porque isso esta acontecendo comigo? Mais droga quem se importa a fome que me consumia era como se arrancassem um órgão de mim, era como se eu não comesse a décadas. Ele arrastou o braço para mais perto. Eu abri a boca para abocanhar a carne, mais eu não consegui, como eu poderia conseguir. Isso seria como se eu traísse o meu próprio povo, comer um humano, uma pessoa da sua própria espécie. Era nojento mesmo que o cheiro fosse irresistível, mesmo que eu estivesse a beira da loucura, eu não poderia, eu.. não poderia. 

- Eu... Eu não posso - disse fracamente afastando o meu corpo de perto do braço. - Eu não posso - ele me encarou confuso. 

- Não está com fome? - perguntou e eu assenti. - Não irei lhe fazer mal, eu te dou a minha permissão para comer, não tenha medo - disse franco e eu senti uma revolta dentro de mim. 

- Não ter medo. Como não ter medo se eu acabei de ver você matar aquele homem bem na minha frente, como não ter medo depois de tudo que eu passei com monstros como vocês - cuspi as palavras expressando a minha raiva em cada sílaba. 

- Monstros - um dois homens atrás dele disse e logo caiu na gargalhada. O homem a minha frente me olhava com a expressão vazia, indiferente. 

- Ainda não entendi o que quis dizer - disse ainda sereno. 

- O que eu quis dizer é que eu nunca seria capaz de comer alguém da minha própria espécie, nunca - falei olhando em seus olhos. Ele me encarou por um tempo ainda confuso e depois desviou o olhar. 

- Sua espécie - assentiu e logo se levantou dando um sorrisinho e me deixando confusa. - Vamos! - disse autoritário e os outros dois assentiram. 

Quando eles desapareceram da minha frente fiquei um pouco sentada tentando assimilar tudo o que havia ocorrido. Céus, eu só poderia estar louca. Como tudo isso poderia ser real, como tudo isso poderia existir antes de tudo sem eu saber, só poderia ter uma explicação; não existia, era só um colapso da minha mente, só poderia ser. 

Sai do beco completamente travada, parecia que havia esquecido como andar e respirar. Eu não deveria ter saído de casa, não deveria ter nem mesmo pensado nisso era obvio que iria dar errado, eu fui cega e burra por não perceber. Assim que cheguei a rua de minha casa senti que alguém estava me seguindo e olhei para trás. E lá estava ele o homem de olhos azuis claros. Mais que droga ele estava fazendo aqui? Me virei completamente para ele e ameacei dar um passo em sua direção, parei subitamente quando os olhos azuis foram engolidos pela novem preta e as veias pulsaram em seu rosto. O meu medo era palpável no ar e pareceu deixá-lo ainda mais confuso em minha relação. Eu estremeci por completo passando rapidamente pelo portão de ferro da minha casa. 


Notas Finais


Desculpa o atraso, mas é que tá difícil a internet aqui.


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