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História Tormento - Um Alívio na Cor Verde


Escrita por: trishakarin

Notas do Autor


Meus amoooores, eu espero que a virada de ano de vcs tenha sido maravilhosa e que esse ano seja excelente!
(E que continuem por aqui, claro hehehe)

Boa leituraaa :*

Capítulo 13 - Um Alívio na Cor Verde


Após algum tempo ouvindo o farfalhar da luta de Camila com o agressor, ouviu-se um silêncio. Sentiu os músculos do antebraço que a segurava afrouxarem, confiando em Lauren. Alguns segundos depois a soltou, ainda lhe cobrindo os lábios.

- Por favor, não gritem - pedia a voz.

Lauren virou-se imediatamente em silêncio, olhando para a mulher que a segurara. Era ela, pensou. Era a policial que vira no dia anterior, procurando por elas. Não, ela não era policial, era mais alto que isso. Seu coração disparou a uma velocidade que não poderia calcular, seus olhos castanhos encaravam Lauren com firmeza, um sorriso no canto dos lábios acendeu o fio de esperança que ainda lhe restara. Era um resgate? Só podia ser isso, estariam salvas.

Olhou para trás e o sorriso que brotou em seus lábios tranquilizou Camila, que não havia notado a militar a sua frente. Sarah, era o nome que havia ouvido. Sarah era seu nome. A latina ainda não havia percebido o que acontecia e permanecia presa aos braços de Ellen. Aqueles olhos de um azul tão intenso a encarou, com um largo sorriso nos lábios. E que sorriso, pensou Lauren, que sorriso maravilhoso e reconfortante. Sarah olhou para a companheira e recebeu uma suave piscadela, com isso soltou Camila que já não se debatia mais. Camila sorria, um sorriso largo e esperançoso, de um brilho tão intenso que lágrimas brotaram em seus olhos escorrendo sorrateiramente pelo seu rosto ruborizado.

- Vocês - disse ela trêmula - São vocês.

- Estamos salvas? - perguntou Lauren curiosa.

- Sabia que iria encontrar elas - Sarah disse orgulhosa e passou o braço pelo ombro de Lauren, colando a lateral de seu corpo ao dela com respeito.

- Você sempre consegue o que quer, Sarah.

- Estamos salvas? - Lauren voltou a perguntar olhando para Sarah atentamente.

- Vocês não estão mais sozinhas, isso é o mais importante.

Ellen disse abrindo a mochila e tirando uma garrafinha de água mineral e jogando para Lauren, tirando outra e entregando para Camila que aceitou imediatamente, abrindo a tampa e despejando todo seu conteúdo dentro da boca já seca pelo calor. Lauren fez o mesmo, em um ato quase desesperado, enquanto olhava atentamente Sarah se afastar e abrir sua mochila da mesma forma, tirando dois potes envolvidos por uma folha de alumínio. Ela distribuiu entre as duas garotas cuidadosamente e com alguns passos para trás, sentou sobre um tronco caído no meio da mata.

Camila fora a primeira, arrancou o papel alumínio quase em um ato desesperado e arregalou os olhos para o conteúdo. A garota caiu de joelhos no chão em prantos, soluçava como uma garota pequena que se perdera dos pais. Lauren por impulso avançou em sua direção, ajoelhando-se a sua frente e abraçando-a com carinho. A latina aninhou-se em seu corpo, sentindo todo seu calor.

- O que aconteceu? - Ellen perguntou preocupada.

Sarah levantou-se e enlaçou a parceira, afastando-a das garotas erguendo cuidadosamente a mão, como se soubesse o que estava acontecendo. Aquilo era normal, haviam passado por situações desesperadoras, enfretado medos que jamais existiram em suas mentes, nem mesmo em seus piores pesadelos. O alívio era uma descarga poderosa no corpo, se depararem de forma tão surpresa com a menor das chances de aviso repentino, era clara a intensidade e a confusão dentro da mente. Era como um oásis no meio do deserto, ninguém nunca acredita na sua existência e quando a encontram, por diversas vezes sequer seguem pelo caminho correto, acreditando tratar-se de uma pegadinha em suas mentes.

As mulheres permaneceram quietas, observando as duas garotas atentamente. O abraço delas era tão carinhoso, tão doce. Lauren envolvia Camila com tanta delicadeza, que chegavam a sentir a distância. O choro compulsivo agora tornavam-se apenas pequenos espasmos, um fungar delicado e então erguera o rosto, ainda segurando o pote de plástico entre as mãos. Olhou atentamente o rosto sereno de Lauren, que a encarava com tanto carinho. Sorriu um de seus melhores sorrisos, seus olhos explodiam em felicidade, não pelo que acontecia, mas parecia naquele instante, que poderia viver lindos e longos anos ao lado da mulher que descobrira tanto amar.

- O que aconte…

Lauren iniciou, mas não finalizou. Seus lábios foram tomados pelos lábios sedentos de Camila, em um beijo delicado, suave, lento. Seu coração mais uma vez batera apressadamente, explodindo dentro de seu peito, enquanto seu rosto corava e esquentava quase imediatamente. Camila, então, afastou seu rosto e a olhou novamente, deixando seu rosto e fixando o olhar sobre os rostos encantados de Ellen e Sarah.

- Desculpem - pediu timidamente.

- Não se preocupem. Está tudo bem, querida? - Ellen perguntou.

- Sim… Claro que está - Camila levantou-se acompanhada de Lauren - Nós não comemos ao que parecem dias. Meu estômago dói de fome, a única coisa que ele viu nesse tempo foram frutas que nem mesmo sabemos o nome delas. A água que tomamos parece que foi bombeada de uma piscina que acabara de receber quilos de cloro. Isso aqui - ela ergueu o pote plástico - É mais do que eu sonhei em dias.

- Estamos salvas?

Lauren era insistente. Mas havia algo no olhar das duas mulheres que não remetia a salvação repentina, mas havia algo mais complicado por trás de ambas. Sarah revirou os olhos, conhecia aquela atitude melhor que ninguém e Ellen apenas riu. Um sorriso tranquilo e confortador.

- Coma um pouco, Lauren. Então explicaremos melhor nossa situação e iremos encontrar a melhor maneira de tirar vocês dessa situação. Mas sim, enquanto eu viver e estiver perto de vocês, vocês estão salvas.

- E olhem que Sarah é uma rocha - Ellen sorriu - Agora por favor - uniu as mãos em um pedido desesperado - Comam, porque sei o quanto vocês estão exaustas e ainda precisamos continuar.

Ambas sorriram. Lauren retirou a embalagem de alumínio e retirou a tampa. Seus olhos brilharam ao se deparar com o aroma suave da comida, que mesmo fria, cheirava bem. Eram batatas assadas e pedaços de frango grelhado, visivelmente bem temperados. Ergueu os olhos, encarando agradecidamente as duas mulheres, que sorriram em resposta.

Camila já comia com as mãos, embora estivessem sujas devido ao tempo que passaram sem sequer tomarem um banho decente, o máximo que fizeram para limpar o corpo foi jogar um pouco da água que encontraram no corpo, mas isso não era nada.  

- O que faremos? - Lauren perguntou de boca cheia, esquecendo-se dos modos.

Aquilo ainda a preocupava bastante. Ellen riu gostosamente lembrando-se da sua própria atitude quando era apenas uma policial em treinamento. Olhou para o lado piscando para Sarah que sentou-se mais uma vez e passou a observar as duas moças resgatadas com sucesso. Quer dizer, quase resgatadas, já que ainda pisavam no solo podre.

- Já vi que não podemos demorar muito com nossas explicações - Ellen comentou sorrindo e sentando-se próxima as duas garotas - O mais importante foi encontrar vocês duas. Já foi um sucesso encontrarmos vocês tão rápido, mais rápido do que esperávamos. Então com a primeira etapa concluída, precisamos caminhar lentamente a segunda.

- E qual seria? - Lauren voltou a perguntar já acabando com as batatas.

- A segunda é sair daqui sem sermos pegas - disse pausadamente e um tremor tenso em sua voz - Isso não depende só de nós, mas o quanto vocês vão conseguir seguir o plano com exatidão.

- Como assim?

- Nós temos liberação para investigarmos essa área onde seus corpos foram encontra…

- Que corpos? - Camila perguntou sobressaltada - Aliás, nós ouvimos isso no rádio. Que corpos são esses se estamos vivas?

- Calma, Camila, calma - Sarah pediu - Obviamente foi uma notícia falsa.

- Mas quem deu essa notícia?

- Nós - Ellen prontificou-se.

- Como assim, vocês? - Lauren ficou boquiaberta pousando a embalagem plástica no colo - Vocês fizeram isso? Mas por qual motivo?

- Infelizmente as leis aqui são diferentes e são bem cruéis. Nós não podemos simplesmentes investigar nada, procurar por vocês, nem mesmo prender esses idiotas que carregavam armas que jamais teríamos de forma legal - comentou Sarah com severidade.

- A alternativa que Sarah encontrou foi por dentro das leis, conseguir encontrar vocês - Ellen citou pensativa.

- Se não voltarmos em uma semana, uma equipe de resgate será enviada. Se até mesmo oficiais das leis acabarem desaparecendo, algo errado vai ser apontado aqui e eles não querem isso. Eles não querem ser notados, nem incomodados. Logo, quando dissemos encontrar seus corpos, eles nada poderiam fazer, pelo contrário, estariam orgulhosos do grande feito e o caso encerrado. É de praxe investigarmos o que aconteceu em seus corpos e se encontrarmos um desses criminosos por aqui, diremos que estamos quase resolvendo o caso.

- Como assim? - Camila questionou interessada.

- Diremos que vocês foram encontradas desnutridas, morreram por falta de comida e água - Sarah sorriu - É uma morte lógica e que não causaria desconfiança por parte deles em nenhum ponto, se é que conseguem acompanhar o raciocínio.

- Por que não prendem eles? Já que disseram que as armas que eles tinham não podem ser vendidas sem que sejam ilegais.

- Bom, Camila, infelizmente cada país possui suas próprias leis e regras. Nós não somos desse país, nós não trabalhamos para eles, estamos aqui como auxílio para uma busca e investigação. Isso é o que devemos fazer. Não temos autoridade de interrogar alguém daqui sem a autorização e uma espécie de mandato, como diriam em nosso país. Um documento federal que autorize algo que deveria ser simplesmente prático para agentes, militares, policiais, seja lá de qual país fosse.

- Mas se nós sairmos vivas, como espero que vamos - disse Lauren receosa - Então não podemos denunciá-los? Nada poderá acontecer?

- Não, não - Ellen adiantou-se - Veja bem, Lauren - a mulher estendeu a mão acalmando-a - Quando temos provas concretas ou um foco concreto, a investigação poderá ser aberta, criminosos serão estritamente investigados. Existe uma lei mundial, se eles sequestraram estrangeiras, no caso de vocês, e de repente vocês foram resgatadas com vida. É uma prova concreta que nos ligará ao agressor. Se vocês apontarem para qualquer um daqueles homens e dizerem que foram agredidas por eles, podemos investigá-los e até mesmo prendê-los. As coisas ficaram complicadas, existem federais para casos como esses, INTERPOL.

- Então…

- Então, o importante é nós sairmos disso com vida - Camila comentou pensativa.

- Isso com certeza, quanto ao restante - Sarah encarou Ellen com malícia - Nem que a gente precise resolver do nosso jeito.

Lauren encarou as mulheres com desconfiança, embora soubesse que de uma forma ou de outra, ambas estavam ali zelando pela segurança das garotas. Sarah parecia mais experiente, sua aparência era firme, autoritária até, mas ao mesmo tempo era cuidadosa quando se tratava da outra federal, de Ellen. As duas claramente tinham uma ligação mais forte, não saberia informar se por conta de parentesco ou qualquer que fosse a proximidade. Mas alguma coisa na maneira com a qual se olhavam, até mesmo a suavidade onde Ellen cuidadosamente pousava a mão sobre o ombro de Sarah.

Não sabiam por quanto tempo estavam ali e aquele dia parecia jamais terminar. Mais atrás havia um homem morto. Um homem que perdera sua vida de maneira agoniante e sofrida. A culpa que Lauren carregava fora tamanha que ambas as militares notaram a sombra que formou-se em seu olhar. O céu até então azulado, sem qualquer nuvem para lhe sujar a passagem, dava lugar a um tom rosado, que de forma tão bela anunciava a chegada da noite. Mais uma noite, Lauren pensou. Talvez e a esperança era esse, fosse a última noite das duas garotas naquele lugar horrível.

- O que aconteceu, Lauren? - Ellen perguntou maternalmente.

Lauren imediatamente ergueu os olhos, encarando-a com curiosidade. Camila que se entregava as emoções com mais facilidade, já tinha uma luz diferente no olhar, um brilho aliviado. Será que ela não sentia nada pelo homem que morrera lá atrás? A latina fez o mesmo, olhou para a amiga com certa desconfiança e curiosidade, mas no seu íntimo algo dizia que não era o momento para anunciar a culpa, dizer o que haviam feito.



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