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História Tormento - O tiro no meio do mato


Escrita por: trishakarin

Notas do Autor


Avisoooooooooooooo

A partir do dia 23, estarei viajando... então se eu conseguir escrever de boas, postarei normalmente, mas se acabar tendo dificuldade, vocês vão perceber pelos atrasos kkkkkkkkk vou avisar direitinho no grupo!

Beijooo

Capítulo 15 - O tiro no meio do mato


O sol pousou seus raios violentamente sobre a barraca que pousava em meio ao solo térreo da pequena mata fechada do deserto. O som de folhas secas se quebrando e galhos se movendo, fizeram com que Lauren abrisse os olhos apressadamente, olhando ao redor. Encontrou Camila, forçando seus olhos a abrirem, seu corpo nu colado ao seu, seus lábios rosados e o sorriso que lhe tomou o rosto, confortaram seu coração. Então não havia sido apenas um sonho bom, aquela noite realmente havia acontecido. Lauren sorriu docemente, tocando-lhe o rosto e buscando por suas roupas em seguida.

- Garotas - ouviram a voz de Sarah - Precisamos levantar acampamento e seguir.

- Tudo bem - Camila disse com a voz levemente rouca, tão comum quando se acabara de acordar - Nos aprontamos o mais depressa.

- Tomem o tempo que precisar.

Sarah parecia saber o que havia acontecido naquele lado da barraca, ao menos era o que sua voz demonstrava. Havia um vestígio de sorriso malicioso no tom de sua voz, mas nada muito grave ou indiscreto. Camila sorriu desdenhosa, tomando o corpo nu de Lauren com o seu. Ao sentir o toque levemente úmido devido ao suor, pôde notar seu corpo ser tomado por uma descarga forte de excitação e as memórias da noite anterior lhe tomavam conta, impedindo-a de manter-se normal.

Haviam selado naquele instante uma relação ainda mais forte que de duas amigas ou do romance que pareciam levar adiante. O leve envolvimento que tiveram antes toda aquela realidade não aparentava ser possível alongar-se por mais tempo, tendo em vista a situação a qual encontravam-se. Mas diante o alívio em meio ao desespero, a excitação pareceu tomar conta até mesmo da razão, transformando-se em animais no cio. Sentia os pêlos de todo o corpo arrepiarem-se ante a aproximação da latina e o sorriso que lhe invadia o rosto, parecia tomar conta de muito mais que aquilo, era um sorriso satisfeito cravado em sua alma com o mais doce aroma do amor.

Aprontaram-se depressa e não demoraram muito para deixarem a barraca. Abriu o zíper cuidadosamente, para que o mesmo não desprendesse do tecido ou rompesse no meio do caminho. Engatinharam até a parte externa da barraca encontrando ambas as mulheres sentadas ao redor de um pequeno aparelho que mais assemelhava-se a um condutor de gás. Pareciam preparar alguma coisa e o cheiro era deveras agradável meio aquele cheiro de terra e mato. Sarah mexia a panela, enquanto Ellen preparava alguma coisa em um pote pequeno de cor branca.

Ellen olhou na direção da barraca ao perceber que as garotas saiam sorrateiramente. Sorriu em um gesto quase maternal e apontou com a cabeça para dois pequenos pratos de plástico perto de onde Sarah preparava a comida.

- Preparamos ovos, antes que os mesmo estraguem - Sarah disse colocando nos pratos - Isso vai ajudar a termos proteína suficiente para continuarmos.

- Sarah, desmonte a barraca enquanto eu termino de arrumar as coisas.

- Vocês não vão comer? - Camila perguntou curiosa.

- Não se preocupem conosco, já comemos. Já é quase meio dia - Ellen riu diante a surpresa das garotas - Sabemos que estavam muito cansadas e permitimos que dormisse, mas agora precisamos seguir, não podemos ficar paradas em um mesmo lugar por muito tempo.

- Encontramos um pequeno acúmulo de água mais a frente, iremos recarregar nossas garrafas e tomar um rápido banho. Precisamos chegar até o ponto policial que fica alguns quilômetros daqui.

- Eu achei que fosse mais perto.

- De fato é, para nós - Sarah disse enquanto tirava os metais da areia - Para vocês será bastante cansativo alcançarmos e talvez devamos parar algumas vezes para que possam recarregar as energias.

- Quanto tempo levaremos? - Lauren perguntou em um tom desesperado.

- Esperamos que não demore muito. Só estaremos seguras quando alcançarmos esse ponto.

Ellen se distanciou alegando verificar a área onde estavam. Sabiam da movimentação constante dos homens naquele trecho e qualquer deslize poderia ser fatal. Sabiam como estavam fortemente armados e o risco de serem pegas e gravemente feridas ou até mesmo mortas era enorme. Lauren comeu do ovo que haviam feito e apressou-se em auxiliar Sarah na desmontagem da barraca. Camila era mais lenta no que se dizia alimentar-se, parecia saborear cada pedaço que levava a boca, como se sendo a primeira comida de toda sua vida. O que de certa forma era. Sentiam-se renascidas no dia que encontraram as duas mulheres que vieram salvá-las. As únicas que acreditaram que estivessem vivas e que se arriscaram daquela forma para encontrá-las.

Sarah dobrava a barraca quando ouviu um farfalhar de pássaros deixarem as árvores seguido de um som seco e explosivo, do que parecia ser um tiro. A comandante enrijeceu-se e olhou em volta, o nervosismo e o desespero tomaram conta da mulher, quando percebeu que sua esposa não estava ali com elas. Jogou a mochila ao chão e correu para dentro da mata, mas Lauren a impediu segurando-a pelo braço e fazendo-a estancar com violência.

- Me solte, garota… - grunhiu Sarah.

- Espere, comandante - Lauren pediu assustada - Se for dessa maneira correrá perigo tanto quanto Ellen - disse sensata.

- Lolo tem razão, se correr como pretende dará bandeira.

Sarah estancou e encarou aquelas garotas com certa gratidão. Elas estavam certas, se saísse correndo feito uma louca, mata a dentro, gritando por Ellen, seja lá quem disparou aquela arma saberia da posição das demais e botaria todo o plano que tiveram juntas a perder. Ellen havia sentido a existência de perigo próximo. Ela sempre tivera uma sensibilidade e um instinto apurado na presença de perigo.

Pegou a mochila que já deixara arrumada pouco antes do som estrondoso e colocou nas costas, Pediu para que as garotas a seguissem com cuidado, um pouco mais distantes para o caso de haver mais alguém embrenhar pela mata. Os passos eram cuidadosos, pisavam com certa leveza o chão coberto por folhas secas que anunciavam a chegada das mulheres.

Por trás de algumas árvores, Sarah percebeu uma movimentação mais densa. Percebeu que o homem ainda brigava contra Ellen, mas em dado momento, quando a comandante notou a presença dos dois, ele agarrou seu pescoço e virou-se para trás ao perceber que a mulher saia de trás de duas árvores. Com um movimento rápido da mão, Lauren e Camila notaram que a mulher pedia para que ambas ficassem longe, para o caso do homem resolver agredi-la.

- Fica pra trás, dona - o homem alertou com a faca colada ao pescoço de Ellen.

Um leve filete de sangue escorrem por baixo da faca afiada que ele apertava contra ela. Ele não parecia disposto a negociar e tampouco devolver sua amada esposa aos seus braços. A única coisa que poderia fazer naquele momento era agir com frieza, como se Ellen fosse nada mais que sua colega de trabalho. Daquela maneira conseguia raciocinar melhor e encontrar uma saída para aquele pesadelo. Seus dias de tenente pareciam vir a tona em um dejavu desesperado.

Sarah ergueu as duas mãos, mostrando estar desarmada. O homem por sua vez, pareceu mais confiante e iniciou passos suaves para trás, puxando Ellen consigo. Ele estava disposto a ferí-la, caso Sarah avançasse contra ele e não poderia permitir que a mulher corresse perigo. Fixou os pés firmes onde estava, sem nem mesmo mover um único músculo. Notou que Ellen tinha o olhar confiante, apesar de uma rápida expressão de dor por conta da faca em seu pescoço, que com descuido o homem acabava machucando-a.

- Tome cuidado com essa faca, senhor - Sarah pediu - Não farei nada, mas por favor, tome cuidado com essa faca.

- A gente vai negociar essa puta aqui, dona. Mas não agora - disse ele com aparência exausta - Eu não vou fazer mal pra essa aqui não, mas não devolvo agora. Sei que vai me matar se…

- Eu não farei isso. Pode confiar em mim.

- Confio não, dona.

Ele olhou atento para a comandante e deu mais alguns passos para trás. Não demorou muito e ele desapareceu por entre os troncos e folhagem que se fechavam mais a frente.

- E a dona não me siga, senão eu mato essa aqui sem pensar duas vezes.

Faria o que ele esperava que ela fizesse, não poderia correr o risco de vê-la machucar-se por imaturidade de sua parte. Esperou até que o som de seus passos se tornassem mais apressados, até não serem mais possíveis de se ouvir a distância. Sarah olhou para trás no mesmo instante que Lauren e Camila apareceram por trás das árvores. O olhar da comandante era de profundo desespero, mas o olhar assustado daquelas duas garotas a trazia de volta. Tinha que pensar, tinha que ser mais inteligente que aquele idiota que sequestrara a mulher da sua vida.

Ajoelhou-se ao chão, segurando a densa terra entre os dedos, apertando com força, controlando a vontade desesperada de gritar. Anos que não se imaginara novamente naquela situação, anos que jamais sonhara com a possibilidade de afastar-se daquela maneira da mulher que mais amava em toda a sua vida. Fechou os olhos controlando as lágrimas que insistiam em subir-lhe até os olhos, respirou profundamente, sentindo o palpitar acelerado de seu coração e voltou a encarar as duas garotas que seguravam as mãos e olhavam apreensivas a mulher ajoelhada a sua frente.

- Vamos resgatá-la - Lauren disse confiante.

- Claro que vamos - Sarah levantou-se passando o dedo entre os olhos - Nós vamos sim.

Aquela parte de confiança era papel de Ellen. Seu papel sempre fora agir, arquitetar, se defender. Mas a esperança, as palavras de apoio e o levantamento da moral no grupo. Isso era o papel de Ellen. Sarah apressou-se em apertar a mochila contra suas costas e se posicionar no caminho que aquele homem fizera. Iria encontrá-lo desatento, recuperar sua esposa e matá-lo. Sim. Iria matá-lo. Aquele homem não era digno de permanecer com vida diante a merda que havia feito e Sarah se certificaria que ele não respirasse mais após seu segundo encontro.

- Vamos… vamos por aqui.

- Espere, Sarah -  Camila chamou-a com cuidado - Não seria melhor contornarmos?

Sarah encarou-a surpresa. A garota não estava errada e a agonia de saber que sua mulher estava nas mãos de um estranho que cheirava mal lhe corroia a alma e a consciência. Respirou fundo e tentou raciocinar nas palavras que aquela garota ditava. Ela estava certa. Se seguissem pela área deixada pelo homem, certamente ele estaria esperando-as e as pegaria. Certamente não as manteria com vida, já que isso arriscaria a sua própria. Sarah balançou a cabeça afirmativamente e estancou o passo, dando a volta e seguindo pelo outro lado, sentido o mesmo caminho seguido pelo homem.

- Deve haver alguma barraca ou vilarejo como aquele principal - disse Sarah pensativa.

Observava cada galho quebrado a sua volta, sabendo que a passagem de pessoas poderia ser frequente naquele lado do mato. Lauren seguia a comandante cuidadosamente, ficando próxima o suficiente, mas distante o necessário para poder não dar mais problema do que ela possivelmente já tinha. Se fosse Camila estaria do mesmo jeito, possivelmente já teria tirado a própria vida ante o desespero em tê-la perdido.

Ao longe perceberam uma pequena cabana mal feita, com galhos secos e folhagem para cobrí-la. Aparentemente temporária, como um acampamento levantado com recursos da própria área e seria deixado para trás sem qualquer problema. A construção daquele tipo de estrutura era rápida e eficiente para o que fosse desejado. Sarah agachou-se e com um movimento discreto da mão fez com que as duas garotas repetissem sua ação. Olhou atentamente para a cabana improvisada e ao seu lado, próximo a cinzas de uma fogueira feita recentemente, estava Ellen amarrada e com sua boca coberta por um pedaço de trapo sujo. O coração de Sarah disparou diante a cena, balançou a cabeça tentando controlar suas emoções e não deixá-las prejudicar seus planos. Queria correr até ela e libertá-la, mas não avistar o homem causava um pouco de receio. Olhou em volta, temendo que ele já estivesse próximo a elas.

Chamou a atenção de Lauren que parecia entender o que procurava e fazia o mesmo. Ela aproximou-se agachada e cuidando para não provocar qualquer ruído embaixo de seus pés. Aproximou seu rosto do de Sarah e esta praticamente colou o rosto rente ao seu.

- Preste atenção, vou olhar em volta, fiquem atentas. Quando eu der o sinal, vocês correm para soltar Ellen, enquanto eu pego ele.

Lauren confirmou com um movimento discreto da cabeça e Sarah não hesitou mais, ergueu-se e caminhou para o outro lado, com a intenção de contornar a área e verificar se o homem que havia sequestrado Ellen estivesse por perto, caso contrário ou estaria longe ou dentro do ambiente. Camila tremia levemente, mas seu rosto estava firme e seus olhos claramente atentos e prontos para agir. Lauren sorriu, sabia como era bom tê-la ali, sã e salva.



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